Nao e segredo para ninguem que a velha midia (grupos Globo, Folha de Sao Paulo, Estado de Sao Paulo, Abril e congeneres) tem um lado, ainda que nao estejam muito preocupados em declina-lo. Isto fica bem patente quando se trata da abordagem politica, qualquer que seja o assunto. O lulismo nao lhes cabe bem, e pouco palatavel ao "gosto refinado" com que sempre foram acostumados a sorver o naco de poder que lhes cabia. O "mainstream" nao suporta a ideia de que um operario tenha feito o trabalho que, certamente de uma forma bem diferente, caberia aqueles que representam. Isto fez com que um outro grupo, estranho a este - acostumado ao exercicio do poder central do pais, e a influenciar intimamente os seus designios -, ocupasse o Planalto e, por consequencia, toda uma estrutura que antes lhes era favoravel e confiavel. Com efeito o paradigma de poder no pais, sobre um determinado aspecto, sofreu uma enorme mudanca.
Assim e que, empurrada para a "oposicao", a velha midia, na inapetencia da verdadeira oposicao em levantar grandes temas relevantes para a nacao, em formar seu discurso com um projeto claro que pudesse cativar e avancar na parte do eleitorado que hoje vota no Lula ou em quem ele indicar, ocupou um espaco que devia ser, naturalmente, de competencia dos partidos politicos, de modo que o oficio de bem informar ficou em um plano invertido para dar lugar ao oficio do proselitismo difarcado, seja pela omissao descarada, seja pela manipulacao de informacoes, seja pela utilizacao de termos ou tecnicas que diminuam ou detratem a imagem do Presidente e daqueles que o cercam ou o apoiam. Nao que uma empresa de comunicacao nao possa ter suas preferencias. Mas isso e um assunto que deveria ficar restrito aos editoriais, de modo a que o publico tivesse acesso as noticias daquele orgao, sabendo qual sua preferencia politica. Seria mais honesto. De qualquer modo hoje se sabe por vias transversas.
De fato isto e um fenomeno mundial, como ressaltou Bernard Cassen, no seu texto "Midias viraram Arma Ideologica e Politica", quando ressalta que os meios de comunicacao deixam de lado a informação e se transformam em “arma ideológica e política, abandonando toda a fachada do pluralismo”. Cita tambem a situacao da Venezuela, destacando que “oitenta por cento das mídias venezuelanas são privadas e em guerra aberta ao governo. Não fazem informação, fazem guerra”.
Essas constatacoes ficaram mais evidentes com o acesso a internet, que diminuiu em muito o poder dos articulistas dos grandes jornais e canais de televisao, ainda que estes tenham migrado para os portais homonimos. Isto porque na web quem faz a rede de noticias e o internauta, e, com a abertura das caixas de comentarios, ficou mais dificil a manutencao de posicoes fundadas em argumentos frageis ou pouco confiaveis.
Mas a velha midia insiste em enveredar pelo mesmo comportamento que lhe batizou com a alcunha, tratando o seu publico como se so ela continuasse a ter a exclusividade da informacao e da constatacao. E o caso agora da pesquisa Vox Populi, que, fora da blogosfera, e da cobertura da Band, quase nao teve repercussao. Verdade que e uma pesquisa com possiveis candidatos e que ninguem esta obrigado a divulgar resultado algum, mas, ate o mundo mineral (com a licenca do Mino Carta) sabe que, se o desempenho de um dos possiveis candidatos fosse outro, sem a menor sombra de duvida a cobertura seria bem diferente.
Mas, de fato, a velha midia tem experiencia de sobra para saber que este comportamento e a unica forma que tem para tentar influir no sistema politico, seja nos eleitores mais ingenuos, seja nos proprios partidos que sao por ela apoiados, ainda que estejam jogando pelo ralo a credibilidade. Porque a blogosfera e a web nao tem, ainda, a penetracao na sociedade brasileira para deixar patente e claro para a maior parte da populacao a sabujice que impera nestes meios de comunicacao. E nao se trata apenas de acesso a banda larga ou inclusao digital. Tem que haver tambem a educacao politica. Entretanto, a fama precede o ator, e, para a populacao, ainda que alguem seja fanatico pelos "big brothers" da vida, sabe-se bem quem a Rede Globo ou a Veja apoiam ou querem ver pelas costas. O problema e de vulnerabilidade e de maturidade politica, que so fica menos evidente quando se tem emprego e dinheiro no bolso.
A verdade e que as velhas midias tem a tarefa ingloria de brigar contra os fatos reais de um governo que, ainda que envolvido nos velhos problemas do sistema politico brasileiro, melhorou a vida de toda a populacao, que tem tido, justamente, mais emprego, dinheiro no bolso, acesso ao credito e uma vida mais digna.
Ha um outro aspecto importante a se destacar. Nos estados mais conservadores e mais ricos do pais (do sul e sudeste), principalmente Sao Paulo, a velha midia tem conseguido, com algumas interrupcoes, ajudar a manter no poder aqueles a quem apoiam. De fato e para este publico que ela se dirige com mais afinco, com maior empenho, porque e nesta regiao onde se concentram seus maiores interesses. Nao que nunca tiveram no resto do pais - algumas tem alcance ate fora do pais - mas e porque as disparidades regionais combatidas com sucesso, favorecem o governo, principalmente no norte-nordeste.
Por fim, e possivel concluir que as novas midias tem, de alguma forma, contribuido para a formacao de uma consciencia politica que, ainda sem a penetracao desejada, tem se espalhado por setores mais politizados da sociedade, nao deixando que a velha midia, com efeito ainda muito poderosa, fique a falar sozinha, mesmo que sob o olhar desconfiado da nacao. Tem, para isso, a tarefa facilitada pelo desempenho de um governo que teve a sensatez de fazer o bolo crescer e distribuir as fatias para todos enquanto este mesmo bolo crescia.
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