sábado, 24 de abril de 2010

BBC Brasil: Bird vê 'avanços dramáticos' em redução da pobreza no Brasil

Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington

Apesar de ainda ter uma das mais altas taxas de desigualdade do mundo, o Brasil conseguiu avanços "dramáticos" em redução da pobreza e distribuição de renda, diz um relatório com indicadores de desenvolvimento divulgado nesta terça-feira pelo Banco Mundial (Bird).
"Enquanto as desigualdades de renda se agravaram na maioria dos países de renda média, o Brasil assistiu a avanços dramáticos tanto em redução da pobreza quanto em distribuição de renda", diz um trecho do documento.
"A desigualdade permanece entre as mais altas do mundo, mas os avanços recentes mostram que nem sempre o desenvolvimento precisa vir acompanhado de desigualdade", diz o texto sobre o Brasil.
Segundo os indicadores do Bird, a taxa de pobreza do Brasil caiu de 41% no início da década de 90 para entre 33% e 34% em 1995. Depois de se manter nesse nível até 2003, a taxa de pobreza apresentou declínio constante, caindo para 25,6% em 2006.
O documento diz que as taxas de pobreza extrema seguiram padrão semelhante, caindo de 14,5% em 2003 para 9,1% em 2006.
"A redução do número de pessoas vivendo na pobreza foi acompanhada por um declínio na desigualdade de renda", diz o relatório.
De acordo com o Bird, fatores como inflação baixa e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, tiveram papel importante nesse desempenho.

Outros indicadores
O relatório também destaca os avanços registrados pelo Brasil em outros indicadores sociais, como a redução da taxa de mortalidade infantil, que passou de 56 para 22 em cada mil no período entre 1990 e 2008, em parte devido a melhores índices de vacinação.
Segundo o documento, o Brasil registrou ainda uma rápida redução nos índices de trabalho infantil e aumentou os níveis de frequência escolar.

O relatório traz dados sobre o cumprimento das Metas do Milênio, estabelecidas pelas Nações Unidas em 2000. Elas preveem melhoras em vários indicadores até 2015.
De acordo com o Bird, dez anos depois do lançamento da iniciativa, o progresso tem sido desigual e somente pouco mais da metade dos países com dados disponíveis está no caminho para atingir as metas.
"Cerca de 41% das pessoas em nações de baixa e média renda vivem em países que não devem atingir as metas. E 12% vivem nos 60 países sobre os quais não há dados suficientes para medir o progresso", diz o relatório.

No entanto, segundo o Bird, houve progressos consideráveis nesses 10 anos e, apesar da crise econômica e financeira, "a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas vivendo na extrema pobreza ainda pode ser alcançada em diversas regiões em desenvolvimento".

Entrevista ao SBT: O que Ciro disse, sem intépretes.

Quer dizer que o Ciro Gomes "rasgou seda" pro Serra?! Sei. Verdade que o Carlos Nascimento fez o jogo, tentando trazer o Ciro pro outro lado, na base do raciocínio da indignação. E pelos vídeos, é claro que o Ciro faz duras críticas, mas daí o possível candidato apoiar a candidatura oposicionista, vai um grande salto. Entretanto, observando a reação da grande mídia para o fato, a impressão é outra. Senão vejamos: O Globo - “Ciro critica Lula. elogia Serra e diz que não fará campanha”; O Estadão: Serra tem mais preparo contra crise que Dilma, diz Ciro. Não dá a impressão que o Ciro vai apoiar o Serra?

Parte 1


Parte 2

Nassif: Lula ganha a Aposta de Belo Monte

Hehehehe! Empreiteira é que nem "quenga" (com todo o respeito): não tem tempo ruim. E a mídia engajada levando na cabeça.

Do blog do Nassif
Por Alexandre Leite


Da série a frase mais lido no Brasil da era Lula:
“O Mercado se surpreendeu ….”
Grandes empreiteiras tentam aderir a consórcio vencedor de Belo Monte
Enquanto o mercado ainda estava atordoado com a vitória do consórcio Norte Energia na licitação da hidrelétrica de Belo Monte, na terça-feira, representantes das empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht procuraram a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informando interesse em aderir ao consórcio vencedor, como mostra reportagem de Eliane Oliveira e Gerson Camarotti, publicada na edição deste sábado, no GLOBO.
http://bit.ly/cwhRGq
- O jogo de xadrez começou e cada um já começa a movimentar suas peças. Mas a Chesf é a dona do jogo – disse uma fonte do governo.
Governo Lula deu mais um show de competência. As grandes empreiteira tentaram chantagear o governo tentando nos convencer que era um mau negócio, conseguiram o apoio incondicional da imprensa, mas o governo não cedeu.
O resultado é que o leilão foi um sucesso, com deságio e ainda por cima agora todos querem aderir.

Não chore por Wall Street

Paul Krugman
do New York Times


Na quinta-feira, o presidente Barack Obama foi a Manhattan, onde pediu a uma plateia composta em grande parte por pessoas de Wall Street para apoiar a reforma financeira. “Eu acredito”, ele declarou, “que essas reformas são, no final, não apenas do melhor interesse de nosso país, mas do melhor interesse do setor financeiro”.
Bem, eu gostaria que ele não tivesse dito isso –e não porque ele realmente precisa, por razões políticas, assumir uma postura populista, para se distanciar publicamente dos banqueiros. O fato é que Obama deve tentar fazer o que é melhor para o país –ponto. Se para isso for preciso prejudicar os banqueiros, tudo bem.
Mais do que isso, a reforma deve de fato prejudicar os banqueiros. Um conjunto crescente de análises sugere que um setor financeiro inchado está prejudicando a economia como um todo. Encolher esse setor não deixará Wall Street feliz, mas o que é ruim para Wall Street é bom para os Estados Unidos.
Mas as reformas atualmente na mesa –que eu apoio– podem acabar sendo boas para o setor financeiro tanto quanto para nós, porque elas lidam apenas com parte do problema: elas tornariam as finanças mais seguras, mas poderiam não tornar o setor financeiro menor.
E qual o problema com o setor financeiro? Começa pelo fato de que o setor financeiro moderno gera lucros e contracheques imensos, mas fornece poucos benefícios tangíveis.
Lembra do filme “Wall Street –Poder e Cobiça” de 1987, no qual Gordon Gekko declarava: ganância é bom? Segundo os padrões de hoje, Gekko era um amador. Nos anos que antecederam a crise de 2008, o setor financeiro foi responsável por um terço do total dos lucros domésticos –quase duas vezes a participação de duas décadas atrás.
Esses lucros eram justificados, eles nos diziam, porque o setor estava fazendo grandes coisas para a economia. Ele estava canalizando capital para usos produtivos; estava diluindo o risco; estava ampliando a estabilidade financeira. Nada disso era verdade. O capital não estava sendo canalizado para inovadores criadores de empregos, mas para uma bolha imobiliária insustentável; o risco foi concentrado, não diluído; e quando a bolha imobiliária estourou, o sistema financeiro supostamente estável implodiu, com a pior recessão global desde a Grande Depressão como dano colateral.
Então para que os banqueiros estavam ganhando tanto dinheiro? Minha posição, refletindo os esforços dos economistas financeiros para entender a catástrofe, é de que, principalmente, para apostar com o dinheiro dos outros. O setor financeiro fez grandes apostas arriscadas com fundos emprestados –apostas que deram retornos elevados até perderem– mas que só foram possíveis de ser tomados de forma barata porque os investidores não entendiam quão frágil era o setor.
E quanto aos muito falados benefícios da inovação financeira? Eu estou com os economistas Andrei Shleifer e Robert Vishny, que argumentaram em um recente trabalho que grande parte dessa inovação foi para criar a ilusão de segurança, fornecendo aos investidores “falsos substitutos” para ativos à moda antiga, como depósitos bancários. No final a ilusão acabou –e o resultado foi uma crise financeira desastrosa.
Em seu discurso de quinta-feira, a propósito, Obama insistiu –duas vezes– que a reforma financeira não limitaria a inovação. Que pena.
E aqui está o pior: após serem duramente atingidos logo após a crise, os lucros do setor financeiro estão subindo de novo. Parece bastante provável que o setor em breve voltará a jogar os mesmos jogos que nos colocaram nesta confusão.
E o que deve ser feito? Como eu disse, eu apoio as propostas de reforma do governo Obama e de seus aliados no Congresso. Entre outras coisas, seria uma vergonha ver a campanha antirreforma dos líderes republicanos –uma campanha marcada por uma desonestidade e hipocrisia de tirar o fôlego– ser bem-sucedida.
E essas reformas devem ser apenas o primeiro passo. Nós também precisamos reduzir o tamanho do setor financeiro
E não são apenas críticos de fora dizendo isto (não que haja algo errado com críticos de fora, que têm se mostrado muito mais certos do que as pessoas de dentro supostamente conhecedoras; veja o caso de Alan Greenspan). Uma proposta intrigante está prestes a ser apresentada por, quem diria, o Fundo Monetário Internacional. Em um estudo que vazou, preparado para uma reunião deste fim de semana, o fundo pede por um Imposto Sobre Atividade Financeira, um imposto sobre os lucros e remuneração do setor financeiro.
Esse imposto, argumenta o fundo, poderia “atenuar a excessiva tomada de risco”. Também poderia ajudar a “reduzir o tamanho do setor financeiro”, o que o fundo considera algo bom.
Na verdade, a proposta do FMI é bastante branda. Todavia, se ela caminha na direção da realidade, Wall Street se queixará.
Mas o fato é que estamos dedicando uma parcela grande demais de nossa riqueza, uma parcela grande demais do talento de nosso país, ao trabalho de conceber e vender esquemas financeiros complexos –esquemas que têm a tendência de destruir a economia. Dar um fim a este estado das coisas prejudicará o setor financeiro. E daí?
Tradução: George El Khouri Andolfato

sexta-feira, 23 de abril de 2010

As Propostas Econômicas de José Serra

Imaginem se Lula, na época em que era candidato, assumisse que iria "rever contratos" logo que fosse eleito. Seria um Deus nos acuda, não? Quando é o contrário, talvez um espaço aberto para futuras terceirizações ou privatizações, a conversa muda de rumo. Não se vê um piu da mídia engajada. Rever contratos é salutar, desde que se reveja para melhor. É bom ressaltar que foi com a revisão de contratos que o ex-Ministro da Saúde, Humberto Costa, descobriu o escândalo dos Vampiros, sendo responsabilizado pela mídia e depois inocentado na Justiça. E a questão do Mercosul, dando-se prioridade ao comércio com os países do eixo EUA-Europa, será que teríamos surfado nas ondas caudalosas da crise do subprime? Será que daí sairia o tão sonhado acordo com a ALCA que parte das elites deste país almejam? E outra, acreditar que o BNDES só deu prioridade a fusões é achar que somos todos alienados, haja vista os valores disponíveis para quem tivesse projeto e responsabilidade na condução das políticas públicas, bem como a quantidade de linhas de crédito que foram abertas para todos os setores produtivos. Não fosse assim não se teria aberto doze milhões de vagas pelo atual governo. Aliás, governo que, ao invés de ir comprar plataformas em Cingapura, resolveu reativar a indústria naval brasileira e construir aqui mesmo, com tecnologia nossa e por brasileiros, estimulando, inclusive, o desenvolvimento em regiões outrora desprovidas de qualquer política governamental neste sentido, como o Nordeste. Será que o Estado realmente está muito grande, ou foi uma necessidade? Por fim, contra a Belo Monte? Mas pra quem foi de um governo que permitiu que ocorresse um apagão das dimensões que ocorreu, tem que pensar muito para falar em política energética. Olha, acredito que a alternância no poder é algo bom, desde que não haja rompimentos profundos, criando-se uma rotina do tipo "um faz e outro desmancha". O atual governo criou ativos de Estado, que podem até ser modificados, mas como política de ordem pública, permanecerão, como no caso do bolsa família. É importante que o eleitor esteja atento para estes aspectos e faça uma boa reflexão na hora de votar.

Valor Econômico – 20/04/2010
César Felício, de Belo Horizonte


O Mercosul é uma barreira ao Brasil, o BNDES deveria dar prioridade a novos investimentos – deixando o fomento a fusões para épocas de crise – e todos os contratos da União estão sujeitos a revisão. O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, fez ontem na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) seu mais claro discurso sobre as mudanças que pretende adotar se for eleito. E ainda deu pistas de que terá o atual secretário de Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, na equipe. ” Muitos não acreditam, mas ele tem enorme sensibilidade social ” , disse.

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo José Serra, afirmou ontem a empresários reunidos na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) que, caso seja eleito, poderá promover uma revisão de todos contratos de empresas privadas com a União, nos moldes da que fez ao assumir o governo de São Paulo de 2007.

” Em São Paulo assumimos uma administração que já estava enxuta, mas renegociamos os contratos, reduzimos os valores e não diminuímos de forma alguma o funcionamento governamental ” , afirmou o tucano, referindo-se ao pacote de medidas que adotou no primeiro dia de seu governo estadual.

A renegociação de 2007, que envolveu contratos assinados pelo antecessor Geraldo Alckmin, também tucano, se deu em termos suaves, ao contrário da renegociação feita pelo tucano ao assumir a Prefeitura de São Paulo em 2005, sucedendo a petista Marta Suplicy. Na ocasião, o governo tucano acusou os antecessores de terem contratado despesas sem o empenho orçamentário correspondente e escalonou os pagamentos a fornecedores e prestadores de serviço. De acordo com Serra, a renegociação dos contratos virá junto com ” o corte das gorduras dos quadros comissionados ” , com o objetivo de diminuir o que chamou de ” rigidez fiscal ” .

Serra foi o segundo presidenciável a expor ideias de seu futuro programa de governo ao empresariado mineiro. A primeira foi Dilma Rousseff (PT) em 7 de abril. O tucano prometeu uma completa reformulação da estratégia comercial brasileira e chamou atenção para a reversão de expectativas em relação à balança comercial. No primeiro trimestre deste ano, o superávit ficou em US$ 895 milhões, ou 70% a menos que no mesmo período do ano passado.

” Em relação à questão externa, nós temos reservas, mas os investidores olham para o estoque e o fluxo. Nós temos que nos antecipar aos acontecimentos ” , afirmou o tucano, propondo como saída para fomentar as exportações o fim do Mercosul da forma como opera hoje. Serra não disse qual seria em seu governo o destino do bloco após a completa reformulação que proporia. Mas afirmou que ” o Mercosul é uma barreira para o Brasil fazer acordos comerciais ” . Serra relembrou que, quando ministro da Saúde, não pode celebrar um acordo comercial entre Brasil e Índia porque teriam que ser estabelecidas compensações para Argentina, Uruguai e Paraguai. ” Ficar carregando esse Mercosul não faz sentido ” , comentou o tucano. Para Serra, ” a união aduaneira é uma farsa, exceto quando serve para atrapalhar".

O tucano propôs ainda o redirecionamento dos financiamentos do BNDES para a atração de novos investimentos. ” O BNDES teve uma boa atuação durante a crise econômica global, mas em situação normal não se justifica desembolsar bilhões para fomentar fusões. A prioridade deve ser para a formação de capital novo ” , afirmou o tucano, já nas suas considerações finais. Serra ainda prometeu um ” fast track ” ambiental, para licenciar investimentos de infraestrutura. ” A questão básica não é encontrar soluções, é a rapidez com que se faz isso ” disse.

Ele criticou, contudo, a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, cujo leilão pode ocorrer hoje. ” Neste processo, houve tanta complicação ambiental e tanta falta de transparência que a gente sabe que vai haver problema ” , disse. Ao contrário do que Dilma fez há duas semanas, Serra procurou também dar uma coloração regional ao seu rol de propostas. Afirmou que é favorável a uma mudança constitucional para que os royalties sejam inteiramente destinados a investimentos em infraestrutura. E afirmou ser favorável à revisão dos valores pagos por mineradoras. ” O que Minas leva é uma ninharia É o mesmo caso do Pará ” , afirmou.
Serra deu pistas ainda sobre o que seria a sua equipe. Ele sinalizou que o secretário de Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Machado Costa, que foi também presidente da Funasa durante o governo Fernando Henrique Cardoso e presidente da estatal de saneamento Copasa durante o primeiro mandato do mineiro Aécio Neves, sempre por indicação sua, participaria de uma gestão federal sob seu comando. ” Muitos não acreditam, mas ele tem enorme sensibilidade social ” , afirmou.

Da mesma forma como aconteceu em relação a Dilma, a elite do empresariado mineiro compareceu ao encontro. A lista dos presentes teve ligeiras variações entre o 7 de abril com a petista e o 19 de abril com o tucano. Presente no primeiro encontro, o presidente da Fiat e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, desta vez não foi visto na palestra. Mas o empreiteiro Murillo Mendes, do grupo Mendes Júnior, compareceu, ao contrário do ocorrido no evento da petista. Também estavam ontem, entre outros, Wilson Brumer (Usiminas), José Nogueira (DMA Supermercados), e Aguinaldo Diniz (Cedro Têxtil).

Futuro presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o presidente da Fiemg, Robson Braga de Andrade, apresentou uma pauta completa de reivindicações da indústria nacional. Pediu incentivos para a agregação de valor às exportações de commodities, desoneração de investimentos e a retirada de pauta de temas como o da redução da jornada de trabalho.

Pediu, explicitamente, a redução da atuação do Estado: ” Vamos ter uma política mais liberal ou mais nacionalista? Hoje as empresas brasileiras são valorizadas, o que é bom, mas por outro lado é muito grande a dependência do governo federal. O governo federal emite 40 milhões de pagamentos, entre contracheques, benefícios sociais, pensões e aposentadorias. ”

Ao apresentar Dilma, duas semanas atrás, Andrade foi sucinto. Limitou-se a lembrar que aquela era a primeira federação empresarial a ser visitada pela petista e que ela já havia estado na Fiemg em duas outras ocasiões como ministra de Estado.

Leandro Fortes: A Idade Mendes

Muitos reconhecem a atuação do ministro Gilmar Mendes a frente do CNJ como indutor da implantação de políticas de aperfeiçoamento do Poder Judiciário, incluindo aí a elaboração de planos de metas que estão sendo, gradativamente, implantados, ajudando a mudar a cultura cartorial que prevalecia naquele Poder. Entretanto, ao que parece há um outro perfil do Ministro que se imporá sobre estas e outras iniciativas salutares, e que se tornou preponderante para refletir a sua passagem como presidente da mais alta corte de justiça do país.

A Idade Mendes
Por Leandro Fortes

No fim das contas, a função primordial do ministro Gilmar Mendes à frente do Supremo Tribunal Federal foi a de produzir noticiário e manchetes para a falange conservadora que tomou conta de grande parte dos veículos de comunicação do Brasil. De forma premeditada e com muita astúcia, Mendes conseguiu fazer com que a velha mídia nacional gravitasse em torno dele, apenas com a promessa de intervir, como de fato interveio, nas ações de governo que ameaçavam a rotina, o conforto e as atividades empresariais da nossa elite colonial. Nesse aspecto, os dois habeas corpus concedidos ao banqueiro Daniel Dantas, flagrado no mesmo crime que manteve o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda no cárcere por 60 dias, foram nada mais que um cartão de visitas. Mais relevante do que tudo foi a capacidade de Gilmar Mendes fixar na pauta e nos editoriais da velha mídia a tese quase infantil da existência de um Estado policialesco levado a cabo pela Polícia Federal e, com isso, justificar, dali para frente, a mais temerária das gestões da Suprema Corte do País desde sua criação, há mais cem anos.

Num prazo de pouco menos de dois anos, Mendes politizou as ações do Judiciário pelo viés da extrema direita, coisa que não se viu nem durante a ditadura militar (1964-1985), época em que a Justiça andava de joelhos, mas dela não se exigia protagonismo algum. Assim, alinhou-se o ministro tanto aos interesses dos latifundiários, aos quais defende sem pudor algum, como aos dos torturadores do regime dos generais, ao se posicionar publicamente contra a revisão da Lei da Anistia, de cuja à apreciação no STF ele se esquivou, herança deixada a céu aberto para o novo presidente do tribunal, ministro Cezar Peluso. Para Mendes, tal revisão poderá levar o País a uma convulsão social. É uma tese tão sólida como o conto da escuta telefônica, fábula jornalística que teve o presidente do STF como personagem principal a dialogar canduras com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.

A farsa do grampo, publicada pela revista Veja e repercutida, em série, por veículos co-irmãos, serviu para derrubar o delegado Paulo Lacerda do comando da PF, com o auxílio luxuoso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se valeu de uma mentira para tal. E essa, não se enganem, foi a verdadeira missão a ser cumprida. Na aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá tempo para refletir e registrar essa história amarga em suas memórias: o dia em que, chamado “às falas” por Gilmar Mendes, não só se submeteu como aceitou mandar para o degredo, em Portugal, o melhor e mais importante diretor geral que a Polícia Federal brasileira já teve. O fez para fugir de um enfrentamento necessário e, por isso mesmo, aceitou ser derrotado. Aliás, creio, a única verdadeira derrota do governo Lula foi exatamente a de abrir mão da política de combate permanente à corrupção desencadeada por Lacerda na PF para satisfazer os interesses de grupos vinculados às vontades de Gilmar Mendes.

O presidente do STF deu centenas de entrevistas sobre os mais diversos assuntos, sobretudo aqueles sobre os quais não poderia, como juiz, jamais se pronunciar fora dos autos. Essa é, inclusive, a mais grave distorção do sistema de escolha dos nomes ao STF, a de colocar não-juízes, como Mendes, na Suprema Corte, para julgar as grandes questões constitucionais da nação. Alheio ao cargo que ocupava (ou ciente até demais), o ministro versou sobre tudo e sobre todos. Deu força e fé pública a teses as mais conservadoras. Foi um arauto dos fazendeiros, dos banqueiros, da guarda pretoriana da ditadura militar e da velha mídia. Em troca, colheu farto material favorável a ele no noticiário, um relicário de elogios e textos laudatórios sobre sua luta contra o Estado policial, os juízes de primeira instância, o Ministério Público e os movimentos sociais, entre outros moinhos de vento vendidos nos jornais como inimigos da democracia.

Na imprensa nacional, apenas CartaCapital, por meio de duas reportagens (“O empresário Gilmar” e Nos rincões de Mendes”), teve coragem de se contrapor ao culto à personalidade de Mendes instalado nas redações brasileiras como regra de jornalismo. Por essa razão, somos, eu e a revista, processados pelo ministro. Acusa-nos, o magistrado, de má fé ao divulgar os dados contábeis do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma academia de cursinhos jurídicos da qual Mendes é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, sobre terreno público praticamente doado pelo ex-governador do DF Joaquim Roriz e mantido às custas de contratos milionários fechados, sem licitação, com órgãos da União.

Assim, a figura de Gilmar Mendes, além de tudo, está inserida eternamente em um dos piores momentos do jornalismo brasileiro. E não apenas por ter sido o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão, mas, antes de tudo, por ter dado enorme visibilidade a maus jornalistas e, pior ainda, fazer deles, em algum momento, um exemplo servil de comportamento a ser seguido como condição primordial de crescimento na carreira. Foi dessa simbiose fatal que nasceu não apenas a farsa do grampo, mas toda a estrutura de comunicação e de relação com a imprensa do STF, no sombrio período da Idade Mendes.

Emblemática sobre essa relação foi uma nota do informe digital “Jornalistas & Companhia”, de abril de 2009, sobre o aniversário do publicitário Renato Parente, assessor de imprensa de Gilmar Mendes no STF (os grifos são originais):
“A festa de aniversário de 45 anos de Renato Parente, chefe do Serviço de Imprensa do STF (e que teve um papel importante na construção da TV Justiça, apontada como paradigma na área da tevê pública), realizada na tarde do último domingo (19/4), em Brasília, mostrou a importância que o Judiciário tem hoje no cenário nacional. Estiveram presentes, entre outros, a diretora da Globo, Sílvia Faria, a colunista Mônica Bergamo, e o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, entre outros.”

Olha, quando festa de aniversário de assessor de imprensa serve para mostrar a importância do Poder Judiciário, é sinal de que há algo muito errado com a instituição. Essa relação de Renato Parente com celebridades da mídia é, em todos os sentidos, o pior sintoma da doença incestuosa que obriga jornalistas de boa e má reputação a se misturarem, em Brasília, em cerimônias de beija-mão de caráter duvidoso. Foi, como se sabe, um convescote de sintonia editorial. Renato Parente é o chefe da assessoria que, em março de 2009, em nome de Gilmar Mendes, chamou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), às falas, para que um debate da TV Câmara fosse retirado do ar e da internet. Motivo: eu critiquei o posicionamento do presidente do STF sobre a Operação Satiagraha e fiz justiça ao trabalho do delegado federal Protógenes Queiroz, além de citar a coragem do juiz Fausto De Sanctis ao mandar prender, por duas vezes, o banqueiro Daniel Dantas.

Certamente em consonância com o “paradigma na área de tevê pública” da TV Justiça tocada por Renato Parente, a censura na Câmara foi feita com a conivência de um jornalista, Beto Seabra, diretor da TV Câmara, que ainda foi mais além: anunciou que as pautas do programa “Comitê de Imprensa”, a partir dali, seriam monitoradas. Um vexame total. Denunciei em carta aberta aos jornalistas e em todas as instâncias corporativas (sindicatos, Fenaj e ABI) o ato de censura e, com a ajuda de diversos blogs, consegui expor aquela infâmia, até que, cobrada publicamente, a TV Câmara foi obrigada a capitular e recolocar o programa no ar, ao menos na internet. Foi uma das grandes vitórias da blogosfera, até então, haja vista nem um único jornal, rádio ou emissora de tevê, mesmo diante de um gravíssimo caso de censura e restrição de liberdade de expressão e imprensa, ter tido coragem de tratar do assunto. No particular, no entanto, recebi centenas de e-mails e telefonemas de solidariedade de jornalistas de todo o país.

Não deixa de ser irônico que, às vésperas de deixar a presidência do STF, Gilmar Mendes tenha sido obrigado, na certa, inadvertidamente, a se submeter ao constrangimento de ver sua gestão resumida ao caso Daniel Dantas, durante entrevista no youtube. Como foi administrada pelo Google, e não pelo paradigma da TV Justiça, a sabatina acabou por destruir o resto de estratégia ainda imaginada por Mendes para tentar passar à história como o salvador da pátria ameaçada pelo Estado policial da PF. Ninguém sequer tocou nesse assunto, diga-se de passagem. As pessoas só queriam saber dos HCs a Daniel Dantas, do descrédito do Judiciário e da atuação dele e da família na política de Diamantino, terra natal dos Mendes, em Mato Grosso. Como último recurso, a assessoria do ministro ainda tentou tirar o vídeo de circulação, ao menos no site do STF, dentro do sofisticado e democrático paradigma de tevê pública bolado por Renato Parente.

Como derradeiro esforço, nos últimos dias de reinado, Mendes dedicou-se a dar entrevistas para tentar, ainda como estratégia, vincular o próprio nome aos bons resultados obtidos por ações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), embora o mérito sequer tenha sido dele, mas de um juiz de carreira, Gilson Dipp. Ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor do órgão, Dipp foi nomeado para o cargo pelo presidente Lula, longe da vontade de Gilmar Mendes. Graças ao ministro do STJ, foi feita a maior e mais importante devassa nos tribunais de Justiça do Brasil, até então antros estaduais intocáveis comandados, em muitos casos, por verdadeiras quadrilhas de toga.

É de Gilson Dipp, portanto, e não de Gilmar Mendes, o verdadeiro registro moralizador do Judiciário desse período, a Idade Mendes, de resto, de triste memória nacional.
Mas que, felizmente, se encerra hoje.

Fonte: http://brasiliaeuvi.wordpress.com/

E se fosse na Venezuela?

Diretor de TV é morto com tiro na cabeça em Honduras
Do Ópera Mundi

O jornalista hondurenho Georgino Orellana, de um canal de televisão de San Pedro Sula, foi assassinado ontem (21/4), em meio a uma onda de violência contra jornalistas que já custou a vida neste ano de sete profissionais.

Orellana, de 48 anos, recebeu um disparo na cabeça quando saía do trabalho depois de concluir um programa. "Sei que foi uma pessoa que o esperava embaixo de uns arbustos na saída do canal 5, onde trabalhava", disse o ministro de Segurança, Oscar Álvarez. Orellana trabalhava também como professor da Escola de Jornalismo da Universidade Nacional Autônoma.

Com este assassinato somam sete os repórteres de diversos meios mortos a bala neste ano em Honduras. As vítimas são Joseph Ochoa, do canal 51 de Tegucigalpa; David Meza, de Rádio O Pátio, na Ceiba; e José Bayardo Mairena e Víctor Manuel Juárez, de Rádio Súper 10, em Olancho. Também foram assassinados Nahum Palácios, da Televisão do Aguán, em Colón, e Luis Antonio Chévez, locutor da emissora W105, de San Pedro Sula.

"Não encontramos explicações, estamos na defensiva. Não temos palavras para manifestar o repúdio que sentimos", disse o presidente do Colégio de Jornalistas, Elán Reyes.

Até agora os crimes permanecem impunes e as autoridades não processaram nenhum dos autores materiais e intelectuais dos atentados contra o setor.

A diretora geral da Organização de Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Irina Bokova, condenou os assassinatos e instou o governo a perseguir aos culpados. "Preocupam-me muito os ataques contra os jornalistas em Honduras", disse Bokova.

A situação se agravou após o golpe de Estado de 28 de junho, quando meios de imprensa foram fechados ou militarizados e vários jornalistas foram presos ou obrigados a abandonar o país.

http://www.operamundi.com.br/noticias_ver.php?idConteudo=3771

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entrevista de Dilma Rousseff ao Datena na Band

PARTE 1


PARTE 2


PARTE 3


PARTE 4


PARTE 5


PARTE 6


PARTE 7


PARTE 8

FMI eleva projeção de crescimento da economia brasileira

Da Agência Brasil
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento do Brasil em 2010 e 2011. Em relatório lançado hoje (19), o FMI estima crescimento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2010, um aumento de 0,8 ponto percentual em relação à previsão feita em janeiro, de 4,7%.

O fundo também reavaliou a projeção para 2011. Na análise anterior, a previsão era de que o Brasil chegaria a um crescimento de 3,7%. A nova estimativa aponta aumento de 4,1% no PIB. De acordo com o relatório World Economic Outlook, o crescimento brasileiro será consequência do forte consumo interno e do investimento privado.

O crescimento global também foi recalculado e deve chegar a 4,2%, 0,3 ponto percentual mais otimista que a previsão de janeiro. Segundo o FMI, a economia global está se recuperando da crise melhor que o esperado. Em grande parte, de acordo com o relatório, porque as maiores economias emergentes – como o Brasil, a Índia e a China – mantiveram crescimento e atraíram fluxo de capital das grandes economias.

Apesar dos avanços, o FMI alerta para o risco de superaquecimento das economias e recomenda cautela com a manutenção de políticas de estímulo, que podem levar a pressões inflacionárias.

A orientação do fundo é que as políticas monetárias fiquem cada vez mais neutras. Segundo o relatório, o Brasil está mais próximo de uma política monetária desse tipo que países como Colômbia e México.

Edição: Nádia Franco

http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=E27A3831C1B690587CBB7833E56E3797?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-4&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=4&_56_groupId=19523&_56_articleId=204460

quarta-feira, 21 de abril de 2010

CENÁRIOS-E se a erupção vulcânica durar semanas ou meses?

Da Reuters
Por Peter Apps


LONDRES (Reuters) - Especialistas dizem que não é possível prever a duração da nuvem de cinzas vulcânicas que continua a atrapalhar a aviação europeia e, portanto, o seu impacto econômico.

O tráfego aéreo da Europa poderá retornar à normalidade em alguns dias ou a erupção poderá durar alguns meses. Abaixo há três cenários com o impacto sobre a economia e os mercados caso a crise dure mais uma semana, um mês ou seis meses ou mais.

RESTRIÇÃO POR MAIS UMA SEMANA

Se a interrupção durar mais uma segunda semana, o impacto econômico aumentará fortemente.

-- Muitos viajantes retidos conseguirão voltar para casa, mas não seriam substituídos por novos visitantes, deixando os hotéis com baixa taxa de ocupação, após uma semana bastante movimentada.

-- As ações das companhias aéreas cairiam drasticamente, dependendo em boa parte de os governos parecerem abertos ou não à ideia de socorro financeiro.

-- O preço do petróleo cairia ainda mais e o impacto no mercado de câmbio observado até agora seria exacerbado. O xelim queniano e a lira turca permaneceriam sob pressão por causa de preocupações relacionadas à horticultura e ao turismo.

-- Mais empresas começariam a sofrer com a ausência de suprimentos normalmente entregues via aérea "em cima da hora". Faltariam a alguns fabricantes componentes essenciais, os supermercados não teriam flores, frutas e verduras provenientes da África, alguns laboratórios farmacêuticos poderiam ficar com estoques baixos.

-- As cadeias de abastecimento ficariam mais flexíveis. Alguns supermercados já estão transportando bens perecíveis de avião da África para a Espanha e a partir daí de caminhão para os destinos que se encontram sob a nuvem vulcânica. Firmas de logística estão organizando centrais nos aeroportos ainda em funcionamento e depois usam bicicletas e vans dentro da área afetada.

-- É difícil calcular o impacto sobre o produto interno bruto e boa parte disso dependerá do grau de restrição. Áreas do espaço aéreo europeu abriam e fechavam na terça-feira à medida que a nuvem se movia, e isso é difícil prever e impossível de se criar um modelo.

-- A PricewaterhouseCoopers estima que uma semana de restrição acabaria com entre 0,025 e 0,05 por cento do PIB anual britânico e o mesmo provavelmente seria verdade para outros países europeus.

RESTRIÇÃO POR MAIS UM MÊS

-- Isso forçaria muitas empresas a revolucionarem a forma com que operam. Conferências e reuniões seriam canceladas, não apenas durante o mês, mas também mais tarde, ao longo do ano.

-- Empresas de logística poderiam se adaptar melhor, reduzindo o impacto com o uso de outras centrais ou métodos de entrega. A indústria do turismo seria afetada gravemente, sobretudo as economias do Mediterrâneo, como Turquia, Grécia, Itália e Espanha. Mesmo que a nuvem desapareça até o fim de maio, é provável que as reservas para o verão europeu sejam bastante afetadas.

-- A restrição com um mês de duração teria um impacto quase que certo sobre o PIB europeu trimestral, embora seja impossível estimar o quanto sem saber o grau de restrição e como as empresas reagirão. Alguns economistas afirmam que há muitas variáveis para que valha a pena fazer modelos.

-- As companhias aéreas pressionarão muito os governos para que abrandem as restrições, colocando as autoridades numa posição complicada. Se o espaço aéreo europeu ficar 99,9 por cento seguro, com entre 20 mil e 22 mil voos por dia, isso ainda significaria que por volta de 20 aeronaves por dia ainda sofreriam com efeitos prejudiciais ou pane no motor. Qualquer acidente seria politicamente desastroso tanto para as companhias aéreas como para as autoridades.

-- Os atrasos nas viagens quase certamente diminuiriam o compasso da resposta europeia e do FMI à crise da dívida da Grécia. O adiamento de uma reunião do FMI e da UE na segunda-feira pressionou as taxas de juros gregas ainda mais para cima e qualquer adiamento maior seria mal avaliado pelos mercados.

CRISE DE SEIS MESES

A última erupção desse vulcão durou mais de um ano; portanto, essa possibilidade não pode ser descartada.

-- As companhias aéreas e os governos ficariam desesperados para colocar os voos em operação de novo e teriam de ser convencidos sobre a necessidade do fechamento do espaço aéreo se tivessem de mantê-lo.

-- Mesmo uma restrição intermitente seria devastadora em termos de reservas perdidas. As empresas de logística poderiam se adaptar com relativa rapidez, normalizando a produção, mas a remessa aérea de algumas commodities poderia simplesmente cessar, caso nenhum outro método custo-efetivo estiver disponível.

-- O impacto sobre a indústria do turismo ao longo do período do verão exercerá um forte impacto sobre o PIB. Alguns economistas sugeriram que isso poderá ser o suficiente para conduzir a Europa de volta à recessão. A economista da Chatam House Vanessa Rossi estimou que a restrição praticamente total vista na semana passada por mais meses poderia diminuir o PIB europeu entre 1 e 2 por cento.

-- O impacto deverá variar de país a país. Na Grã-Bretanha, os prejuízos decorrentes da ausência de turistas norte-americanos e europeus poderiam ser mais do que compensados pelos britânicos passando férias no próprio país. No Mediterrâneo, é quase certo que o impacto seria negativo. A África do Sul sofreria bastante caso a Copa do Mundo fosse afetada.

-- O FMI e a UE teriam de encontrar formas de organizar pacotes de ajuda que não exijam visitas frequentes ou correriam o risco de atrasar a assistência financeira a uma série de países da Europa.

http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE63J0IV20100420?sp=true

Ópera Mundi: O alerta verde: a criação do novo inimigo muçulmano

Do Ópera Mundi

O alerta verde: a criação do novo inimigo muçulmano

Os eventos do 11 de Setembro criaram as bases para o surgimento de uma terrível forma de islamofobia que facilitou os objetivos dos Estados Unidos de construção de império no século 21. Esta forma de islamofobia concentrou-se no inimigo "lá fora", contra o qual os EUA tinham supostamente de ir à guerra para se proteger, do Afeganistão ao Iraque.

Como George W. Bush disse notoriamente, "nós os combatemos lá, portanto não precisamos combatê-los aqui". Ou como ele afirmou em seu discurso na academia militar de West Point em 2002: "Precisamos travar a batalha contra o inimigo em seu território, frustrar seus planos e enfrentar as piores ameaças." Em resumo, uma infindável "guerra ao terror" contra o inimigo além das fronteiras dos EUA estava então justificada, na visão de Bush.

Esta iniciativa levou à prisão e ao assédio de inúmeros árabes e muçulmanos inocentes em todo o território norte-americano, onde comunidades inteiras foram postas sob suspeita, quando não criminalizadas, no rastro do 11/9.

Mas a reação contra os muçulmanos foi ainda mais forte em vários países europeus. Os conservadores do continente argumentaram que os muçulmanos não estavam adequadamente "integrados" à sociedade e, portanto, eram suscetíveis à propaganda jihadista. Liberais e social-democratas ecoaram esses argumentos com frequência.

Esta dimensão da islamofobia agora chegou aos EUA. Ao longo dos últimos oito meses, uma série de casos que receberam grande atenção levou a um furor midiático em torno do "terrorismo feito em casa". Com isso, a mídia não se refere aos lunáticos da Milícia de Michigan ou do movimento Tea Party, mas sim a uma série de casos envolvendo cidadãos ou residentes muçulmanos nos EUA acusados de planejar ou participar de atividades terroristas.

Seja planejada ou acidental, essa exposição na mídia resultou em uma nova variação da islamofobia e da política do medo que guarda um paralelo notável com o Alerta Vermelho da Guerra Fria. Como o Alerta Vermelho, este novo "Alerta Verde" (a cor se refere aqui ao Islã, e não aos ambientalistas) também busca promover o medo e a desconfiança em relação a nossos amigos, vizinhos e colegas de trabalho.

A mais virulenta expressão do "Alerta Verde" foi articulada por Tunku Varadarajan, professor da Universidade de Nova York. Em um artigo intitulado "Virando muçulmano", publicado em novembro de 2009 no site Forbes.com, Varadarajan argumentou que o fato que precipitou a tragédia de Fort Hood – onde o major Nidal Hasan disparou uma arma contra seus colegas e matou 13 – não foi o assédio racista que Hasan sofria no Exército ou a fragilidade emocional decorrente do trabalho excessivo como psiquiatra militar, e sim uma condição que o acadêmico vê como inerente a todos os muçulmanos: a tendência à violência.

Ele argumentou que Hasan não "virou carteiro" - isto é, não entrou em crise e se tornou violento, como às vezes ocorre com funcionários do correio. Na verdade, disse o professor, Hasan simplesmente pôs em prática, de modo frio e calculista, os ensinamentos do Islã.

Varadarajan escreveu: "Esta expressão ('virando muçulmano') descreveria o evento no qual um muçulmano norte-americano supostamente integrado – um amigável vendedor de rosquinhas em Nova York, digamos, ou um oficial do Exército dos EUA em Fort Hood – deixa de lado sua aparente integração à sociedade norte-americana e opta por vingar sua religião em um ato de violência messiânica contra seus companheiros norte-americanos."

Em resumo, Varadarajan argumenta que todos os muçulmanos norte-americanos são "iminentemente violentos" e, embora pareçam integrados à sociedade, na verdade são bombas-relógio que inevitavelmente explodirão em um acesso de fúria violenta e assassina. O professor apoia seu ponto de vista nas ações de Hasan e Najibullah Zazi (o "amigável vendedor de rosquinhas"), escolhidos para representar todos os muçulmanos norte-americanos.

O caso de Zazi, cidadão afegão e residente legal nos EUA que foi preso em setembro de 2009 sob acusações de conspiração para usar "armas de destruição em massa", recebeu atenção significativa da mídia.

Um mês depois, o cidadão norte-americano David Coleman Headley foi preso por planejar um ataque contra o jornal dinamarquês que havia publicado cartuns racistas sobre o profeta Maomé. Acredita-se que Headley também esteve envolvido com o Lashkar-e-Taiba, grupo paquistanês que promoveu os ataques de 2008 em Mumbai. Em dezembro de 2009, cinco jovens da Virgínia, todos cidadãos norte-americanos e alguns nascidos nos EUA, foram presos no Paquistão por ter viajado ao país para trabalhar com o Talibã.

A rápida sucessão desses casos e a atenção da mídia noticiosa inaugurou um novo léxico em torno do "terrorismo feito em casa". O jornal The Washington Post fez um comentário típico: "As prisões ocorrem em um momento de preocupação crescente com o terrorismo feito em casa, depois do recente tiroteio na base militar de Fort Hood, no Texas (o caso de Hasan), e acusações feitas nesta semana contra um homem de Chicago (Headley) por envolvimento nos ataques terroristas do ano passado em Mumbai." Assentavam-se as bases para o novo "Alerta Verde".

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Lula: Diplomacia sem Subserviência

terça-feira, 20 de abril de 2010

Chuvas no Rio sob outro Ângulo

A Saia Justa de Gilmar Mendes que foi retirada do Ar

E, não se assustem: a Globo mentiu (de novo)!

Do blog do Nassif
Por Edson Joanni

GLOBO MENTE DE NOVO
No portal Rede Globo, seçao “Direto do Projac”, a prova de que o video da campanha de 45 anos foi gravado poucos dias atrás.
http://redeglobo.globo.com/novidades/direto-do-projac/noticia/plantao/1.html
Nessa página várias entradas do dia 14 de abril noticiam que atores comparecem para gravar a mensagem.
http://redeglobo.globo.com/novidades/direto-do-projac/noticia/2010/04/direto-do-projac-reynaldo-gianecchini-grava-video-dos-45-anos.html
http://redeglobo.globo.com/novidades/direto-do-projac/noticia/2010/04/direto-do-projac-fernanda-montenegro-grava-mensagem.html
http://redeglobo.globo.com/novidades/direto-do-projac/noticia/2010/04/direto-do-projac-regina-case-se-diverte-gravando-mensagem.html
http://redeglobo.globo.com/novidades/direto-do-projac/noticia/2010/04/direto-do-projac-nelson-araujo-chega-para-gravar-campanha.html
http://redeglobo.globo.com/novidades/direto-do-projac/noticia/2010/04/direto-do-projac-mariana-ximenes-na-campanha-globo-45-anos.html
A conversa de que o filme foi criado em 2009 é mais uma mentira deslavada.

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

E a Globo tirou o Vídeo do ar


Do Portal Uol

A TV Globo tirou do ar o jingle da comemoração dos 45 anos da emissora, veiculado desde ontem à noite. Em nota, a emissora afirma que o filme foi criado em novembro de 2009, quando “não existiam nem candidaturas muito menos slogans”.

“Qualquer profissional de comunicação sabe que uma campanha como esta demanda tempo para ser elaborada”, diz nota da Central Globo de Comunicação. “Mas a Rede Globo não pretende dar pretexto para ser acusada de ser tendenciosa e está suspendendo a veiculação do filme.

A página da emissora que mostrava a propaganda também saiu do ar. Quem clica nela recebe a seguinte informação: página não encontrada.

A medida acontece logo depois de integrantes da pré-campanha da petista Dilma Rousseff criticaram a propaganda.

Na avaliação de Marcelo Branco, um dos responsáveis pela campanha de Dilma na internet, o jingle embute, de forma disfarçada, propaganda favorável ao tucano José Serra.

“Eu e toda a rede [vimos essa alusão]“, escreveu Branco no Twitter em resposta ao comentário de que estaria enxergando na peça mensagem subliminar de apoio ao tucano.

De acordo com Branco, que corrobora tese difundida em sites de apoio ao PT, a mensagem estaria embutida no “45″, o número do PSDB, e em frases do jingle como “todos queremos mais”, o que seria, de acordo com os petistas, referência ao slogan “o Brasil pode mais” dito por Serra no lançamento de sua pré-candidatura.

Em seu blog, o secretário de Comunicação do PT, André Vargas, escreve: “Denúncia: Lema de Serra “inspira” jingle da Rede Globo

No jingle aparecem atores, jornalistas e apresentadores da emissora comemorando os 45 anos da TV, que serão completados na próxima segunda feira.

Em determinado trecho da peça, os atores falam: “Todos queremos mais. Educação, saúde e, claro, amor e paz. Brasil? Muito mais.”

Com RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília

Eleições 2010: A Pesquisa Datafolha, o jingle da Globo e o pastiche da Veja

Com a divulgação da última pesquisa Datafolha ficou claro que neste campo há resultados para todos os gostos. Mas com o advento da internet, nada ficará impune, ou pelo menos sob o véu da impermeabilidade. Verifica-se que o instituto, segundo o blog os amigos do presidente Lula apostou numa brutal mudança na distribuição geográgica da base amostral, com o número de cidades paulistas pesquisadas passando de 25 para 55 e o de bairros paulistanos passando  de 18 para 71, mantendo a mesma base amostral do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Isto é no mínimo manipulação, sabendo-se que o Estado de São Paulo, apesar de ser o mais populoso da federação, passou a ter um maior percentual em face do aumento do seu peso no calculo estatístico para a pesquisa do Datafolha, e sabendo-se que lá é a base eleitoral de José Serra. Com isto a disparidade em relação aos demais institutos (pelo menos até agora). Em tese, todos os institutos poderiam fazer isto, o que demonstra como estas pesquisas, especificamente neste caso, estão servindo apenas para para impedir debandada de aliados, conseguir apoio de empresários, consolidar alianças com outros partidos, e manter a militância acordada.

O outro ponto é o jingle da Rede Globo apresentado no último domingo após o Fantástico, e que tem como slogan "nós queremos mais", uma "semelhança" com o slogan de campanha  do José Serra que é "O Brasil pode Mais", além, é claro, da alusão disfarçada ao número 45 (anos da Rede Globo = ao número do Serra). Quer dizer que a Globo quer mais educação e saúde? Interessante o que diz o Nassif sobre o assunto:
Endoidaram de vez. Pretendem reconquistar poder político para enfrentar os grandes grupos de comunicação que começam a chegar no Brasil. E o fazem em uma aposta de tudo-ou-nada, jogando fora a legitimidade perante parcela expressiva da opinião pública. Quem vai hastear bandeiras nacionalistas para defender esse acúmulo permanente de arrogância, de demonstração espúria de poder? Como uma organização desse tamanho não dispõe de um conselho de estrategistas capazes de apontar para essa crônica do desastre anunciado?


E aqui, como um "grand finale", uma amostra de como "eles" realmente perderam o senso do ridículo (claro, com a revista Veja):


E assim vai girando a roda das preferências "não declaradas", mas escancaradas, ainda que manipuladas, falseadas, disfarçadas. Como diria o Azenha: estamos diante da soma das campanhas de 1989 e 2006. Será que eles acham que a população não está atenta a tudo isto? Ou o brasileiro é gado a ser tocado na direção que eles quiserem?

BBC Brasil: Brasil é 'jogador intrigante' na diplomacia global, diz revista britânica

Da BBC Brasil
A revista Monocle, editada na Grã-Bretanha, traz na edição deste mês uma reportagem sobre os motivos do que chama de boom diplomático brasileiro, afirmando que o Brasil é “um jogador intrigante” na diplomacia global.

“Está claro que o Brasil se tornou um jogador intrigante no cenário diplomático mundial, flexionando seus joviais músculos e usando seus cotovelos para gentilmente cutucar as antigas potências, especialmente os Estados Unidos, para que saiam de seu caminho quando necessário”, diz o artigo "Um Ministério de Sol - Brasília", assinado pelo jornalista Andrew Tuck.

A revista diz que analistas ocidentais e brasileiros de classe média acham que o Brasil está se aproximando demais de países como o Irã, a Venezuela e a China, e ignorando tradicionais parceiros comerciais como os Estados Unidos e Israel.

Do outro lado, diz o artigo, há os que acreditam que o país está simplesmente buscando o respeito que “essa nação próspera e rica em recursos merece” e que a promoção de novas alianças é um “inovador contrapeso ao poder norte-americano”.

“O que todos têm certeza é que o Brasil quer ser ouvido e que a principal ambição do país é conquistar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU”, afirma.

Desafios
Essa ambição, no entanto, deverá esbarrar em desafios no futuro, segundo analistas ouvidos pela reportagem.
Entre eles estariam as incertezas sobre os rumos da política externa brasileira quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar o poder, a suspeita de que o Itamaraty só pode ser audacioso “enquanto a economia estiver forte” e a resistência de alguns países latino-americanos à expansão da influência do Brasil.

“Eles (alguns países latino-americanos) estão temerosos de que os Estados Unidos possam se retirar e deixar o Brasil liderar toda a política externa”, afirma Michael Shifter, presidente do Programa Andino no Diálogo Interamericano, uma organização com sede em Washington.
“Eles querem multiplicar suas opções, não querem ser submetidos aos desejos do Brasil”, diz.

A revista também fala sobre a influência cultural brasileira. “Diferente dos debates econômicos, envolver o público com a cultura brasileira não é tarefa difícil – da música ao futebol, o mundo está aberto ao poder suave do Brasil.”
“Colocando simplesmente, o mundo gosta dos brasileiros e do que eles representam.”

Estilo brasileiro
Segundo a Monocle, o estilo informal do presidente brasileiro pode ser visto como um trunfo. A revista cita, como exemplo, o fato de Lula ter substituído os tradicionais jantares de Estado por almoços no esquema self-service, um esquema que teria sido aceito sem problemas pelos chefes de Estado.

“É uma metáfora adequada para a nova diplomacia do governo: talvez problemática para os tradicionalistas, estranhamente inovadora para outros, certamente quebrando algumas regras”, diz.
“Mas tudo feito com um estilo brasileiro que, no final das contas, deveria deixar poucas pessoas se sentindo ameaçadas.”

Veja a edição da matéria (só para assinantes).

Mino Carta: O que Será?

O que será?
Mino Carta


Proponho um teste: quem pronunciou a seguinte sentença? “Não se deve pensar no Estado da inércia, da improdutividade. O Estado deve ser forte, não obeso. Forte em seu papel de cumprir as funções básicas e ativar o desenvolvimento, a justiça social e o bem-estar da população.” Respostas: a) Karl Marx; b) Antonio Gramsci; c) José Serra; d) Lenin; e) Dilma Rousseff.

Não obrigo os leitores a procurar na última página desta edição a resposta correta, colocada de cabeça para baixo. Digo logo: resposta C. A apreciação do pré-candidato tucano à Presidência da República consta da entrevista que ele deu à Folha de S.Paulo, publicada no domingo 11. Excluído do teste, obviamente, o público do jornal.

Talvez haja quem se surpreenda com uma declaração que coincide, ao menos na essência, com algumas anteriores feitas pela pré-candidata Dilma Rousseff. Os meus afáveis botões murmuram em surdina que a mim não cabe surpresa. Com sua definição a favor do Estado ativo (o adjetivo é dele), Serra foi certamente sincero. Outra situação que não justifica espantos é o entusiasmo da mídia nativa com o lançamento da candidatura do ex-governador, sábado 10. De volta aos botões, eles sentenciam: é a beatificação em vida.

Foi de fato uma apoteose, com o condimento das lágrimas de Fernando Henrique e da súbita empolgação de Aécio Neves. Sobram aspectos da cobertura midiática de compreensão intrincada, se não francamente impossível. Se Dilma fala em Estado forte, o pânico coa das páginas e do vídeo. Em compensação, a Serra tudo se permite. Será que editorialistas, colunistas, articulistas, repórteres não levam Serra a sério quando usa argumentos banidos do catecismo dos herdeiros do udenismo velho de guerra? E apostam então na ação concentrada do tucanato para conter os arroubos de um ex-cepalino ainda sob contágio?

Talvez. Coisa certa: a mídia nativa está contra Lula, desde sempre, e contra sua candidata. Portanto, a favor de Serra. Favor? Algo mais do que isto, como se no firmamento as estrelas tremelicassem em desespero. A campanha que esboça é, porém, antiga, anacrônica, mofada igual às roupas da bisavó nos baús do sótão. O propósito continua a ser a semeadura do medo. Funcionou contra Getúlio em 1950, contra JK, contra Lott, contra Jango. No golpe de 64. E contra as Diretas Já e contra Lula em 1989, aquele momento em que o presidente da Fiesp, Mario Amato, vaticinou o êxodo da burguesia caso vencesse o fundador do PT.

Com a candidatura de Fernando Henrique, tudo ficou fácil, os graúdos e sua mídia enamoraram-se dele. A vitória do ex-metalúrgico muda o quadro em 2002 e 2006. Fica provado que o jornalismo pátrio com suas aulas de pavor não chega lá. Chegaria agora? Lula não cativou apenas seu povo, que de resto é maioria. Cativou também largos setores do empresariado nacional que a mídia insiste em pretender assustar quando denuncia o ódio, pretensamente estimulado pelos governistas em um confronto entre ricos e pobres e entre Sul e Norte.

Os editoriais dos jornalões clamam contra a ideia do plebiscito, como se toda eleição não implicasse o confronto entre as realidades do passado e as promessas do futuro, e como se os índices de rejeição de FHC não alcançassem a abóbada celeste. Sim, Dilma é a candidata de Lula. Serra, entretanto, é a figura política que cresceu à sombra de Fernando Henrique, o amigo inseparável sob a batuta de Sergio Motta, o parceiro cativo.

Como escapar a esta circunstância? Houve tentativas de tirar o ex-presidente da ribalta. Em vão. Ali está ele, a reivindicar seu lugar na história e o próprio Serra não consegue fugir à injunção de recomendá-lo aos pósteros e de lhe provocar a comoção. A mídia malha Lula sem perceber que, desta maneira, endossa o conceito do pleito plebiscitário. Mostra, antes de mais nada, é seu medo, em face de uma candidata que absorve o prestígio de quem a ungiu.

Um ponto permanece obscuro: resta saber se a mídia nativa, desta vez e finalmente, dirá quem apoia, em lugar de alegar uma imparcialidade fajuta. A bem da verdade factual.

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=6471