da Folha Online
Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha, mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.
No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.
Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma.
A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.
Atualizacao 1: No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma. E a Folha acaba de inventar o "empate tecnico impreciso". Tese nova, uma vez que em outras ocasioes sequer se pensava em tal argumento. Nao acredita?
Leia aqui e aqui...
Atualizacao 2: Nada no Jornal Nacional...
Principais análises e notícias sobre politica, economia, relações internacionais, etc., etc.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Leandro Fortes: Remédio por Juros
Do blog do Azenha
por Leandro Fortes, em Carta Capital
Sem alarde e com um grupo reduzido de técnicos, coube a um pequeno e organizado órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus), descobrir um recorrente crime cometido contra a saúde pública no Brasil. Em três dos mais desenvolvidos e ricos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS têm sido aplicados, ao longo dos últimos quatro anos, no mercado financeiro.
A manobra serviu aparentemente para incrementar programas estaduais de choques de gestão, como manda a cartilha liberal, e políticas de déficit zero, em detrimento do atendimento a uma população estimada em 74,8 milhões de habitantes. O Denasus listou ainda uma série de exemplos de desrespeito à Constituição Federal, a normas do Ministério da Saúde e de utilização ilegal de verbas do SUS em outras áreas de governo. Ao todo, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passa de 6,5 bilhões de reais, sem falar nas consequências para seus usuários, justamente os brasileiros mais pobres.
As auditorias, realizadas nos 26 estados e no DF, foram iniciadas no fim de março de 2009 e entregues ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em 10 de janeiro deste ano. Ao todo, cinco equipes do Denasus percorreram o País para cruzar dados contábeis e fiscais com indicadores de saúde. A intenção era saber quanto cada estado recebeu do SUS e, principalmente, o que fez com os recursos federais. Na maioria das unidades visitadas, foi constatado o não cumprimento da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que obriga a aplicação em saúde de 12% da receita líquida de todos os impostos estaduais. Essa legislação ainda precisa ser regulamentada.
Ao analisar as contas, os técnicos ficaram surpresos com o volume de recursos federais do SUS aplicados no mercado financeiro, de forma cumulativa, ou seja, em longos períodos. Legalmente, o gestor dos recursos é, inclusive, estimulado a fazer esse tipo de aplicação, desde que antes dos prazos de utilização da verba, coisa de, no máximo, 90 dias. Em Alagoas, governado pelo também tucano Teotônio Vilela Filho, o Denasus constatou operações semelhantes, mas sem nenhum prejuízo aos usuários do SUS. Nos casos mais graves, foram detectadas, porém, transferências antigas de recursos manipulados, irregularmente, em contas únicas ligadas a secretarias da Fazenda. Pela legislação em vigor, cada área do SUS deve ter uma conta específica, fiscalizada pelos Conselhos Estaduais de Saúde, sob gestão da Secretaria da Saúde do estado.
O primeiro caso a ser descoberto foi o do Distrito Federal, em março de 2009, graças a uma análise preliminar nas contas do setor de farmácia básica, foco original das auditorias. No DF, havia acúmulo de recursos repassados pelo Ministério da Saúde desde 2006, ainda nas gestões dos governadores Joaquim Roriz, então do PMDB, e Maria de Lourdes Abadia, do PSDB. No governo do DEM, em vez de investir o dinheiro do SUS no sistema de atendimento, o ex-secretário da Saúde local Augusto Carvalho aplicou tudo em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Em março do ano passado, essa aplicação somava 238,4 milhões de reais. Parte desse dinheiro, segundo investiga o Ministério Público Federal, pode ter sido usada no megaesquema de corrupção que resultou no afastamento e na prisão do governador José Roberto Arruda.
Essa constatação deixou em alerta o Ministério da Saúde. As demais equipes do Denasus, até então orientadas a analisar somente as contas dos anos 2006 e 2007, passaram a vasculhar os repasses federais do SUS feitos até 2009. Nem sempre com sucesso. De acordo com os relatórios, em alguns estados como São Paulo e Minas os dados de aplicação de recursos do SUS entre 2008 e 2009 não foram disponibilizados aos auditores, embora se tenha constatado o uso do expediente nos dois primeiros anos auditados (2006-2007). Na auditoria feita nas contas mineiras, o Denasus detectou, em valores de dezembro de 2007, mais de 130 milhões de reais do SUS em aplicações financeiras.
O Rio Grande do Sul foi o último estado a ser auditado, após um adiamento de dois meses solicitado pelo secretário da Saúde da governadora tucana Yeda Crusius, Osmar Terra, do PMDB, mesmo partido do ministro Temporão. Terra alegou dificuldades para enviar os dados porque o estado enfrentava a epidemia de gripe suína. Em agosto, quando a equipe do Denasus finalmente desembarcou em Porto Alegre, o secretário negou-se, de acordo com os auditores, a fornecer as informações. Não permitiu sequer o protocolo na Secretaria da Saúde do ofício de apresentação da equipe. A direção do órgão precisou recorrer ao Ministério Público Federal para descobrir que o governo estadual havia retido 164,7 milhões de recursos do SUS em aplicações financeiras até junho de 2009.
O dinheiro, represado nas contas do governo estadual, serviu para incrementar o programa de déficit zero da governadora, praticamente único argumento usado por ela para se contrapor à série de escândalos de corrupção que tem enfrentado nos últimos dois anos. No início de fevereiro, o Conselho Estadual de Saúde gaúcho decidiu acionar o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas do Estado e a Assembleia Legislativa para apurar o destino tomado pelo dinheiro do SUS desde 2006.
Ainda segundo o relatório, em 2007 o governo do Rio Grande do Sul, estado afetado atualmente por um surto de dengue, destinou apenas 0,29% dos recursos para a vigilância sanitária. Na outra ponta, incrivelmente, a vigilância epidemiológica recebeu, ao longo do mesmo ano, exatos 400 reais do Tesouro estadual. No caso da assistência farmacêutica, a situação ainda é pior: o setor não recebeu um único centavo entre 2006 e 2007, conforme apuraram os auditores do Denasus.
Com exceção do DF, onde a maioria das aplicações com dinheiro do SUS foi feita com recursos de assistência farmacêutica, a maior parte dos recursos retidos em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul diz respeito às áreas de vigilância epidemiológica e sanitária, aí incluído o programa de combate à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas também há dinheiro do SUS no mercado financeiro desses três estados que deveria ter sido utilizado em programas de gestão de saúde e capacitação de profissionais do setor.
Informado sobre o teor das auditorias do Denasus, em 15 de fevereiro, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, colocou o assunto em pauta, em Brasília, na terça-feira 23. Antes, pediu à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, à qual o Denasus é subordinado, para repassar o teor das auditorias, em arquivo eletrônico, para todos os 48 conselheiros nacionais. Júnior quer que o Ministério da Saúde puna os gestores que investiram dinheiro do SUS no mercado financeiro de forma irregular. "Tem muita coisa errada mesmo."
No caso de São Paulo, a descoberta dos auditores desmonta um discurso muito caro ao governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, que costuma vender a imagem de ter sido o mais pródigo dos ministros da Saúde do País, cargo ocupado por ele entre 1998 e 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da auditoria do Denasus, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados a programas de assistência farmacêutica, 12,2 milhões a programas de gestão, 15,7 milhões à vigilância epidemiológica e 7,7 milhões ao combate a DST/Aids, entre outros programas.
Ainda em São Paulo, o Denasus constatou que os recursos federais do SUS, tanto os repassados pelo governo federal como os que tratam da Emenda nº 29, são movimentados na Conta Única do Estado, controlada pela Secretaria da Fazenda. Os valores são transferidos imediatamente para a conta, depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED). "O problema da saúde pública (em São Paulo) não é falta de recursos financeiros, e, sim, de bons gerentes", registraram os auditores.
Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o governo paulista deixou de aplicar na saúde, apenas nos dois exercícios analisados, um total de 2,1 bilhões de reais. Destes, 1 bilhão, em 2006, e 1,1 bilhão, em 2007. Apesar de tudo, Alckmin e Serra tiveram as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O mesmo fenômeno repetiu-se nas demais unidades onde se constatou o uso de dinheiro do SUS no mercado financeiro. No mesmo período, Minas Gerais deixou de aplicar 2,2 bilhões de reais, segundo o Denasus. No Rio Grande do Sul, o prejuízo foi estimado em 2 bilhões de reais.
Leia mais no Azenha...
por Leandro Fortes, em Carta Capital
Sem alarde e com um grupo reduzido de técnicos, coube a um pequeno e organizado órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus), descobrir um recorrente crime cometido contra a saúde pública no Brasil. Em três dos mais desenvolvidos e ricos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS têm sido aplicados, ao longo dos últimos quatro anos, no mercado financeiro.
A manobra serviu aparentemente para incrementar programas estaduais de choques de gestão, como manda a cartilha liberal, e políticas de déficit zero, em detrimento do atendimento a uma população estimada em 74,8 milhões de habitantes. O Denasus listou ainda uma série de exemplos de desrespeito à Constituição Federal, a normas do Ministério da Saúde e de utilização ilegal de verbas do SUS em outras áreas de governo. Ao todo, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passa de 6,5 bilhões de reais, sem falar nas consequências para seus usuários, justamente os brasileiros mais pobres.
As auditorias, realizadas nos 26 estados e no DF, foram iniciadas no fim de março de 2009 e entregues ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em 10 de janeiro deste ano. Ao todo, cinco equipes do Denasus percorreram o País para cruzar dados contábeis e fiscais com indicadores de saúde. A intenção era saber quanto cada estado recebeu do SUS e, principalmente, o que fez com os recursos federais. Na maioria das unidades visitadas, foi constatado o não cumprimento da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que obriga a aplicação em saúde de 12% da receita líquida de todos os impostos estaduais. Essa legislação ainda precisa ser regulamentada.
Ao analisar as contas, os técnicos ficaram surpresos com o volume de recursos federais do SUS aplicados no mercado financeiro, de forma cumulativa, ou seja, em longos períodos. Legalmente, o gestor dos recursos é, inclusive, estimulado a fazer esse tipo de aplicação, desde que antes dos prazos de utilização da verba, coisa de, no máximo, 90 dias. Em Alagoas, governado pelo também tucano Teotônio Vilela Filho, o Denasus constatou operações semelhantes, mas sem nenhum prejuízo aos usuários do SUS. Nos casos mais graves, foram detectadas, porém, transferências antigas de recursos manipulados, irregularmente, em contas únicas ligadas a secretarias da Fazenda. Pela legislação em vigor, cada área do SUS deve ter uma conta específica, fiscalizada pelos Conselhos Estaduais de Saúde, sob gestão da Secretaria da Saúde do estado.
O primeiro caso a ser descoberto foi o do Distrito Federal, em março de 2009, graças a uma análise preliminar nas contas do setor de farmácia básica, foco original das auditorias. No DF, havia acúmulo de recursos repassados pelo Ministério da Saúde desde 2006, ainda nas gestões dos governadores Joaquim Roriz, então do PMDB, e Maria de Lourdes Abadia, do PSDB. No governo do DEM, em vez de investir o dinheiro do SUS no sistema de atendimento, o ex-secretário da Saúde local Augusto Carvalho aplicou tudo em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Em março do ano passado, essa aplicação somava 238,4 milhões de reais. Parte desse dinheiro, segundo investiga o Ministério Público Federal, pode ter sido usada no megaesquema de corrupção que resultou no afastamento e na prisão do governador José Roberto Arruda.
Essa constatação deixou em alerta o Ministério da Saúde. As demais equipes do Denasus, até então orientadas a analisar somente as contas dos anos 2006 e 2007, passaram a vasculhar os repasses federais do SUS feitos até 2009. Nem sempre com sucesso. De acordo com os relatórios, em alguns estados como São Paulo e Minas os dados de aplicação de recursos do SUS entre 2008 e 2009 não foram disponibilizados aos auditores, embora se tenha constatado o uso do expediente nos dois primeiros anos auditados (2006-2007). Na auditoria feita nas contas mineiras, o Denasus detectou, em valores de dezembro de 2007, mais de 130 milhões de reais do SUS em aplicações financeiras.
O Rio Grande do Sul foi o último estado a ser auditado, após um adiamento de dois meses solicitado pelo secretário da Saúde da governadora tucana Yeda Crusius, Osmar Terra, do PMDB, mesmo partido do ministro Temporão. Terra alegou dificuldades para enviar os dados porque o estado enfrentava a epidemia de gripe suína. Em agosto, quando a equipe do Denasus finalmente desembarcou em Porto Alegre, o secretário negou-se, de acordo com os auditores, a fornecer as informações. Não permitiu sequer o protocolo na Secretaria da Saúde do ofício de apresentação da equipe. A direção do órgão precisou recorrer ao Ministério Público Federal para descobrir que o governo estadual havia retido 164,7 milhões de recursos do SUS em aplicações financeiras até junho de 2009.
O dinheiro, represado nas contas do governo estadual, serviu para incrementar o programa de déficit zero da governadora, praticamente único argumento usado por ela para se contrapor à série de escândalos de corrupção que tem enfrentado nos últimos dois anos. No início de fevereiro, o Conselho Estadual de Saúde gaúcho decidiu acionar o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas do Estado e a Assembleia Legislativa para apurar o destino tomado pelo dinheiro do SUS desde 2006.
Ainda segundo o relatório, em 2007 o governo do Rio Grande do Sul, estado afetado atualmente por um surto de dengue, destinou apenas 0,29% dos recursos para a vigilância sanitária. Na outra ponta, incrivelmente, a vigilância epidemiológica recebeu, ao longo do mesmo ano, exatos 400 reais do Tesouro estadual. No caso da assistência farmacêutica, a situação ainda é pior: o setor não recebeu um único centavo entre 2006 e 2007, conforme apuraram os auditores do Denasus.
Com exceção do DF, onde a maioria das aplicações com dinheiro do SUS foi feita com recursos de assistência farmacêutica, a maior parte dos recursos retidos em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul diz respeito às áreas de vigilância epidemiológica e sanitária, aí incluído o programa de combate à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas também há dinheiro do SUS no mercado financeiro desses três estados que deveria ter sido utilizado em programas de gestão de saúde e capacitação de profissionais do setor.
Informado sobre o teor das auditorias do Denasus, em 15 de fevereiro, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, colocou o assunto em pauta, em Brasília, na terça-feira 23. Antes, pediu à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, à qual o Denasus é subordinado, para repassar o teor das auditorias, em arquivo eletrônico, para todos os 48 conselheiros nacionais. Júnior quer que o Ministério da Saúde puna os gestores que investiram dinheiro do SUS no mercado financeiro de forma irregular. "Tem muita coisa errada mesmo."
No caso de São Paulo, a descoberta dos auditores desmonta um discurso muito caro ao governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, que costuma vender a imagem de ter sido o mais pródigo dos ministros da Saúde do País, cargo ocupado por ele entre 1998 e 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da auditoria do Denasus, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados a programas de assistência farmacêutica, 12,2 milhões a programas de gestão, 15,7 milhões à vigilância epidemiológica e 7,7 milhões ao combate a DST/Aids, entre outros programas.
Ainda em São Paulo, o Denasus constatou que os recursos federais do SUS, tanto os repassados pelo governo federal como os que tratam da Emenda nº 29, são movimentados na Conta Única do Estado, controlada pela Secretaria da Fazenda. Os valores são transferidos imediatamente para a conta, depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED). "O problema da saúde pública (em São Paulo) não é falta de recursos financeiros, e, sim, de bons gerentes", registraram os auditores.
Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o governo paulista deixou de aplicar na saúde, apenas nos dois exercícios analisados, um total de 2,1 bilhões de reais. Destes, 1 bilhão, em 2006, e 1,1 bilhão, em 2007. Apesar de tudo, Alckmin e Serra tiveram as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O mesmo fenômeno repetiu-se nas demais unidades onde se constatou o uso de dinheiro do SUS no mercado financeiro. No mesmo período, Minas Gerais deixou de aplicar 2,2 bilhões de reais, segundo o Denasus. No Rio Grande do Sul, o prejuízo foi estimado em 2 bilhões de reais.
Leia mais no Azenha...
Reuters: Justiça da Colômbia impede terceiro mandato de Uribe
Por Patrick Markey
BOGOTÁ (Reuters) - A Corte Constitucional da Colômbia declarou ilegal nesta sexta-feira um referendo que poderia autorizar o presidente Álvaro Uribe a disputar um terceiro mandato consecutivo.
Agora, o favorito para vencer as eleições de 30 de maio é o seu ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, associado à batalha contra os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
No entanto, a decisão jurídica, a mais importante dos últimos anos na política colombiana, marca o início de uma difícil campanha para os rivais que buscam substituir Uribe, que se tornou um dos presidentes mais populares do país por sua estratégia para combater as guerrilhas de esquerda.
A Corte decidiu vetar o referendo por 7 votos a 2 citando irregularidades que vão desde o financiamento da consulta popular à controversa aprovação do plebiscito no Congresso.
Uribe, eleito em 2002 e em 2006, disse a repórteres após a decisão: "Eu aceito e respeito a decisão da Corte Constitucional".
Ele não confirmava nem desmentia sua intenção de disputar um novo mandato, mas seus seguidores se entusiasmavam com a ideia. Caso o referendo fosse autorizado, haveria pouco tempo para organizar a votação e, em caso de vitória do "sim", registrar sua candidatura.
Em seu governo, a mais antiga insurgência da América Latina sofreu um revés e investimentos estrangeiros fluíram continuamente para a Colômbia, país outrora considerado sinônimo de um Estado falido.
Muitos colombianos elogiaram Uribe como o homem que conseguiu conduzir o país sul-americano para o caminho certo.
Seu eventual sucessor não deve abandonar suas políticas de segurança, embora a maioria dos virtuais candidatos prometa mais ênfase social no país que é um dos principais exportadores de café da América Latina.
"O afastamento de Uribe da corrida presidencial é positivo a nosso ver, abrindo as portas para um grupo de candidatos que são amplamente favoráveis à continuidade da política", disse o analista do Eurasia Group, Patrick Esteruelas.
A transição pode causar preocupação nos mercados cambial e de títulos da dívida, mas em longo prazo a maioria dos analistas prevê estabilidade na Colômbia.
"Embora uma rejeição da Corte Constitucional possa desencadear um reação por reflexo negativa (na cotação do peso), isso deve ser transitório, já que não se espera nenhuma grande mudança econômica, regulatória ou na política de segurança", declarou a empresa RBC Capital Markets.
Excluindo Uribe, Santos tem liderado as pesquisas de intenção de voto, mas Sergio Fajardo, um candidato independente elogiado por seu desempenho como prefeito de Medellín, está ganhando espaço.
Outro ex-ministro da Defesa e três vezes candidato, Noemi Sanin, também avançou recentemente nas pesquisas.
BOGOTÁ (Reuters) - A Corte Constitucional da Colômbia declarou ilegal nesta sexta-feira um referendo que poderia autorizar o presidente Álvaro Uribe a disputar um terceiro mandato consecutivo.
Agora, o favorito para vencer as eleições de 30 de maio é o seu ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, associado à batalha contra os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
No entanto, a decisão jurídica, a mais importante dos últimos anos na política colombiana, marca o início de uma difícil campanha para os rivais que buscam substituir Uribe, que se tornou um dos presidentes mais populares do país por sua estratégia para combater as guerrilhas de esquerda.
A Corte decidiu vetar o referendo por 7 votos a 2 citando irregularidades que vão desde o financiamento da consulta popular à controversa aprovação do plebiscito no Congresso.
Uribe, eleito em 2002 e em 2006, disse a repórteres após a decisão: "Eu aceito e respeito a decisão da Corte Constitucional".
Ele não confirmava nem desmentia sua intenção de disputar um novo mandato, mas seus seguidores se entusiasmavam com a ideia. Caso o referendo fosse autorizado, haveria pouco tempo para organizar a votação e, em caso de vitória do "sim", registrar sua candidatura.
Em seu governo, a mais antiga insurgência da América Latina sofreu um revés e investimentos estrangeiros fluíram continuamente para a Colômbia, país outrora considerado sinônimo de um Estado falido.
Muitos colombianos elogiaram Uribe como o homem que conseguiu conduzir o país sul-americano para o caminho certo.
Seu eventual sucessor não deve abandonar suas políticas de segurança, embora a maioria dos virtuais candidatos prometa mais ênfase social no país que é um dos principais exportadores de café da América Latina.
"O afastamento de Uribe da corrida presidencial é positivo a nosso ver, abrindo as portas para um grupo de candidatos que são amplamente favoráveis à continuidade da política", disse o analista do Eurasia Group, Patrick Esteruelas.
A transição pode causar preocupação nos mercados cambial e de títulos da dívida, mas em longo prazo a maioria dos analistas prevê estabilidade na Colômbia.
"Embora uma rejeição da Corte Constitucional possa desencadear um reação por reflexo negativa (na cotação do peso), isso deve ser transitório, já que não se espera nenhuma grande mudança econômica, regulatória ou na política de segurança", declarou a empresa RBC Capital Markets.
Excluindo Uribe, Santos tem liderado as pesquisas de intenção de voto, mas Sergio Fajardo, um candidato independente elogiado por seu desempenho como prefeito de Medellín, está ganhando espaço.
Outro ex-ministro da Defesa e três vezes candidato, Noemi Sanin, também avançou recentemente nas pesquisas.
Marcadores:
Álvaro Uribe,
Colômbia,
Corte Constitucional,
esquerda,
guerrilhas,
tercerio mandato
Erros diplomáticos de Israel provocam alarme
Financial Times
À primeira vista, a morte violenta de um dirigente do Hamas em Dubai, no mês passado, pareceria ter pouco em comum com a altura dos sofás no Ministério das Relações Exteriores de Israel. Ou as recentes ameaças do ministro das Relações Exteriores de Israel contra o presidente da Síria. Ou a recusa rude de um alto funcionário israelense em receber um grupo de legisladores americanos na semana passada.
Mas há um tema que os liga: todos falam da capacidade de Israel de irritar seus vizinhos, antagonizar seus aliados e aprofundar o isolamento do país. Em um momento em que Israel já está diplomaticamente na defensiva por todo o mundo e cambaleando da reação negativa internacional contra a guerra na Faixa de Gaza no ano passado, é um hábito que está começando a alarmar muitas pessoas, inclusive dentro do próprio Israel.
Há, é claro, uma boa chance de que o assassinato de Mahmoud al Mabhouh nunca seja conclusivamente ligado ao serviço secreto de Israel. Mas a suposição predominante de que os assassinos foram de fato enviados pelo Mossad –utilizando passaportes britânicos, irlandeses, alemães e franceses para a viagem– já estremeceu os laços de Israel com esses países aliados europeus.
Israel não tem relacionamento oficial com Dubai que poderia estragar. Mas o emirado é um dos países árabes considerados “moderados” por Israel, e forma um bloco potencialmente importante na aliança contra o Irã. Em outras palavras, não é um campo de batalha ideal para a guerra secreta de Israel contra os militantes palestinos.
A aliança estratégica crucial de Israel com a Turquia, por sua vez, está abalada pelo recente caso “Sofagate”. Em uma ação que enfureceu tanto o governo quanto a opinião pública turca, o embaixador turco foi instruído pelo vice-ministro das Relações Exteriores de Israel a se sentar em um sofá baixo, em uma aparente tentativa de humilhar o emissário diante da mídia israelense. Danny Ayalon foi posteriormente forçado a pedir desculpas, mas há pouca dúvida de que o episódio causou um dano duradouro a uma das alianças mais importantes de Israel.
O incidente não foi um caso isolado. Sob Avigdor Lieberman, o ministro das Relações Exteriores e líder do partido de extrema direita Yisrael Beiteinu, Israel parece ter abraçado uma escola de diplomacia que gosta de fala rude e gestos provocadores. Em sua mais recente explosão, Lieberman alertou o presidente sírio de que ele e sua família seriam derrubados do poder caso ocorra outra guerra entre os dois países.
Isso ocorreu após outra decisão igualmente danosa na semana passada, desta vez por parte de Ayalon, de se recusar a se encontrar com uma delegação visitante de legisladores americanos. Isso ocorreu porque os legisladores –representando a maior e mais importante aliado de Israel– viajavam com um grupo de lobby judeu de esquerda, visto por alguns membros da direita de Israel como críticos demais da política israelense.
Alguns israelenses estão claramente desesperados com esta série de gols contras diplomáticos. É um desdobramento ainda mais enigmático dado que Israel está plenamente ciente dos riscos que corre com uma reação negativa internacional. Muitos israelenses estão convencidos de que seu país é vítima de uma campanha de “deslegitimização” comandada por grupos palestinos e ativistas anti-Israel de todo o mundo. Eles ficaram profundamente enfurecidos com os esforços, mais notadamente no Reino Unido, de processar políticos e soldados israelenses por supostos crimes de guerra. Eles temem pedidos de boicote. E rejeitam firmemente a onda de condenação internacional e protestos provocada pela guerra do ano passado na Faixa de Gaza.
Por trás de tudo isso há o medo de que Israel no final será tratado como um Estado pária, como a África do Sul da época do apartheid, com todas as consequências que poderiam resultar: nenhum cantor israelense no concurso anual da canção Eurovision, nenhuma laranja de Jaffa nos pratos europeus e nenhum apoio europeu e americano às políticas israelenses na ONU.
É um cenário que permanece fantasioso. O apoio a Israel é sólido nos Estados Unidos e entre a maioria dos governos europeus.
Mas Israel teme, acertadamente, que está perdendo a solidariedade de grande parte da opinião pública ocidental. O cultivo cuidadoso dos laços diplomáticos de Israel com seus aliados não é tema para manchetes dramáticas. Mas os laços servem mais aos interesses de longo prazo do Estado judeu do que um militante palestino morto em um quarto de hotel em Dubai.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/fintimes/2010/02/25/erros-diplomaticos-de-israel-provocam-alarme.jhtm
Marcadores:
Avigdor Lieberman,
diplomacia,
Dubai,
Hamas,
Irã,
Israel,
Mahmoud al Mabhouh,
Mossad,
ONU,
Síria,
Turquia,
Yisrael Beiteinu
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Lembram dele?
Do Diário de Pernambuco
Ministério Público pede absolvição de Humberto Costa no caso da máfia dos vampiros.
A advogada do secretário estadual das Cidades, Humberto Costa (PT), Marília Fragoso, acaba de informar que o Ministério Público pedirá à Justiça a absolvição do petista no processo em que ele é acusado de envolvimento na ‘máfia dos vampiros’ quando dirigia o Ministério da Saúde (janeiro de 2003 a julho de 2005). Segundo ela, o MP opinou por inocentar Humberto por absoluta falta de provas.
A denúncia foi feita em 2006 pelo procurador da República no Distrito Federal, Gustavo Pessanha, que acusou o petista por corrupção e formação de quadrilha na tal ‘máfia dos vampiros’. A representação foi fundamentada na Operação Vampiro, da Polícia Federal, que investigou o envolvimento de empresários e funcionários do Ministério da Saúde na compra superfaturada de medicamentos que atuam no processo de coagulação do sangue, os hemoderivados. Segundo a advogada, o MP pediu a absolvição porque até mesmo “testemunhas de acusação acabaram elogiando a postura, a conduta e honestidade do
ministro”. “O MP, que é o titular da ação penal, não teve outra saída se não pedir a absolvição, reconhecendo, ele próprio, que a denúncia é improcedente”, disse.
Marília Fragoso explicou que ao longo de “quatro anos de luta” conseguiu desmembrar o processo que envolvia um grande numero de denunciados. Com isso, Humberto passou a responder separadamente ao processo que foi, inclusive, transferido para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, sediado no Recife.
O relator é o desembargador Geraldo Apoliano. Como ele está de férias, o parecer com o pedido de absolvição deve ir para as mãos de um juiz substituto. Humberto esperava o resultado do julgamento para voltar a pensar em voos mais altos na política. Na época, a denúncia acabou por comprometer sua candidatura ao governo do estado, abrindo espaço para a vitória de Eduardo Campos (PSB). Agora, deve ganhar fòlego novo para pleitear cargos majoritários. Hoje ele é um dos cotados do PT para concorrer ao Senado.
Em 2006, em plena campanha para o governo do estado, Humberto disse, em nota, que estranhava o fato de a denúncia ter sido feita tão próximo ao dia da eleição (era a semana do 1º turno). Para ele, tudo reforçava a tese de que existia um complô contra a sua candidatura e contra a reeleição de Lula a presidente da República.
Na nota, Humberto acusava o procurador de usar “dois pesos e duas medidas” no caso. Disse ainda estranhar o fato de Pessanha não ter levado em conta as denúncias de participação na ‘máfia dos vampiros’ de pessoas ligadas ao ex- governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), como o ex-secretário de Saúde, Guilherme Robalinho. A nota dizia ainda que o petista estava “sereno e confiante de que vai poder provar na Justiça que não tem nada a ver com o caso”. Se depender do Ministério Público, ele já está livre da acusação. Hoje, às 19h, Humberto dará coletiva, no Sindsep.
Por Josué Nogueira
Vá ao Diário de Pernambuco...
Ministério Público pede absolvição de Humberto Costa no caso da máfia dos vampiros.
A advogada do secretário estadual das Cidades, Humberto Costa (PT), Marília Fragoso, acaba de informar que o Ministério Público pedirá à Justiça a absolvição do petista no processo em que ele é acusado de envolvimento na ‘máfia dos vampiros’ quando dirigia o Ministério da Saúde (janeiro de 2003 a julho de 2005). Segundo ela, o MP opinou por inocentar Humberto por absoluta falta de provas.
A denúncia foi feita em 2006 pelo procurador da República no Distrito Federal, Gustavo Pessanha, que acusou o petista por corrupção e formação de quadrilha na tal ‘máfia dos vampiros’. A representação foi fundamentada na Operação Vampiro, da Polícia Federal, que investigou o envolvimento de empresários e funcionários do Ministério da Saúde na compra superfaturada de medicamentos que atuam no processo de coagulação do sangue, os hemoderivados. Segundo a advogada, o MP pediu a absolvição porque até mesmo “testemunhas de acusação acabaram elogiando a postura, a conduta e honestidade do
ministro”. “O MP, que é o titular da ação penal, não teve outra saída se não pedir a absolvição, reconhecendo, ele próprio, que a denúncia é improcedente”, disse.
Marília Fragoso explicou que ao longo de “quatro anos de luta” conseguiu desmembrar o processo que envolvia um grande numero de denunciados. Com isso, Humberto passou a responder separadamente ao processo que foi, inclusive, transferido para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, sediado no Recife.
O relator é o desembargador Geraldo Apoliano. Como ele está de férias, o parecer com o pedido de absolvição deve ir para as mãos de um juiz substituto. Humberto esperava o resultado do julgamento para voltar a pensar em voos mais altos na política. Na época, a denúncia acabou por comprometer sua candidatura ao governo do estado, abrindo espaço para a vitória de Eduardo Campos (PSB). Agora, deve ganhar fòlego novo para pleitear cargos majoritários. Hoje ele é um dos cotados do PT para concorrer ao Senado.
Em 2006, em plena campanha para o governo do estado, Humberto disse, em nota, que estranhava o fato de a denúncia ter sido feita tão próximo ao dia da eleição (era a semana do 1º turno). Para ele, tudo reforçava a tese de que existia um complô contra a sua candidatura e contra a reeleição de Lula a presidente da República.
Na nota, Humberto acusava o procurador de usar “dois pesos e duas medidas” no caso. Disse ainda estranhar o fato de Pessanha não ter levado em conta as denúncias de participação na ‘máfia dos vampiros’ de pessoas ligadas ao ex- governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), como o ex-secretário de Saúde, Guilherme Robalinho. A nota dizia ainda que o petista estava “sereno e confiante de que vai poder provar na Justiça que não tem nada a ver com o caso”. Se depender do Ministério Público, ele já está livre da acusação. Hoje, às 19h, Humberto dará coletiva, no Sindsep.
Por Josué Nogueira
Vá ao Diário de Pernambuco...
Mais um Erro no Afeganistão e a Greve de Fome em Cuba
Deu no The Times
"(...) Era escuro quando Mohamed Taleb Abdul Ajan despertou ao som de cães latindo. Em seguida, ele ouviu o barulho de botas e vozes fora seu quarto. "Suas pistolas mataram sem um som", disse ele. Pela madrugada três dos filhos do Taleb, dois de seus irmãos, três sobrinhas, um rapaz pastor e um vizinho foram mortos (..)."
Este é mais um dos relatos sobre erros de operações militares da OTAN no Afeganistão, sob o comando dos EUA. Você viu isto em algum lugar aqui na imprensa tupiniquim? Eu não.
Mas em compensação você deve ter ouvido sobre a morte de Orlando Zapata, preso político em greve de fome em Cuba. E da pressão da oposição cobrando uma declaração pública do Pres. Lula sobre a questão dos direitos humanos naquele país.
Abstraindo as questões políticas, não deveria a morte de inocentes no Afeganistão ter a mesma cobertura que a de presos políticos em Cuba?
Leia mais no The Times (em inglês)...
"(...) Era escuro quando Mohamed Taleb Abdul Ajan despertou ao som de cães latindo. Em seguida, ele ouviu o barulho de botas e vozes fora seu quarto. "Suas pistolas mataram sem um som", disse ele. Pela madrugada três dos filhos do Taleb, dois de seus irmãos, três sobrinhas, um rapaz pastor e um vizinho foram mortos (..)."
Este é mais um dos relatos sobre erros de operações militares da OTAN no Afeganistão, sob o comando dos EUA. Você viu isto em algum lugar aqui na imprensa tupiniquim? Eu não.
Mas em compensação você deve ter ouvido sobre a morte de Orlando Zapata, preso político em greve de fome em Cuba. E da pressão da oposição cobrando uma declaração pública do Pres. Lula sobre a questão dos direitos humanos naquele país.
Abstraindo as questões políticas, não deveria a morte de inocentes no Afeganistão ter a mesma cobertura que a de presos políticos em Cuba?
Leia mais no The Times (em inglês)...
Marcadores:
afeganistao,
Cuba,
direitos humanos,
greve de fome,
lula,
oposição,
Orlando Zapata,
OTAN,
The Times
BBC Brasil: Campanhas caras e leis duras estimulam corrupção no Brasil, diz 'Economist'
A edição desta semana da revista britânica The Economist traz um artigo em que afirma que os altos custos das campanhas políticas no Brasil, aliados a regras de financiamentos eleitorais “estritas de maneira irrealista”, são a origem de muitos dos escândalos de corrupção no país.
A revista cita o recente caso envolvendo o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e brinca ao afirmar que “no Brasil, quando dinheiro, política e escândalos se encontram, há geralmente uma câmera em algum lugar para fazer com que qualquer declaração de inocência se esvazie”.
Afirmando que o “Brasil provavelmente não é mais corrupto que países de tamanho e riqueza similares” – com resultados melhores em índices de percepção da corrupção que Índia, China e Rússia -, a Economist ressalta que os escândalos no país costumam ser investigados por uma imprensa “agressiva e competitiva” e instituições fortes como o Ministério Público.
Citando informações da ONG Transparência Brasil, a publicação diz que, embora parte do dinheiro da corrupção seja usada em propinas, a maior quantidade vai para financiamentos de campanhas, cujas regras no Brasil são bastante estritas.
Como exemplo dessas regras duras, a revista cita a cassação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, depois suspensa pela Justiça.
A Economist também afirma que as campanhas no Brasil são muito caras, devido ao tamanho dos distritos eleitorais e a uma cultura entre empresas de que é necessário fazer doações a políticos de todas as tendências, como forma de ficar bem com o governo.
Para a revista, a visão de que a prisão de Arruda representa um progresso no combate à corrupção é “otimista”. Além disso, a publicação sugere que ele só foi preso por governar o Distrito Federal, que é “pequeno”, e representar um partido, o DEM, “cuja importância está diminuindo”.
“Uma lição mais prática do episódio (Arruda) para os aspirantes a políticos pode ser a de checar vasos, malas e móveis para ver se há câmeras escondidas antes de lidar com grandes maços de dinheiro”, diz a revista.
A revista cita o recente caso envolvendo o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e brinca ao afirmar que “no Brasil, quando dinheiro, política e escândalos se encontram, há geralmente uma câmera em algum lugar para fazer com que qualquer declaração de inocência se esvazie”.
Afirmando que o “Brasil provavelmente não é mais corrupto que países de tamanho e riqueza similares” – com resultados melhores em índices de percepção da corrupção que Índia, China e Rússia -, a Economist ressalta que os escândalos no país costumam ser investigados por uma imprensa “agressiva e competitiva” e instituições fortes como o Ministério Público.
Citando informações da ONG Transparência Brasil, a publicação diz que, embora parte do dinheiro da corrupção seja usada em propinas, a maior quantidade vai para financiamentos de campanhas, cujas regras no Brasil são bastante estritas.
Como exemplo dessas regras duras, a revista cita a cassação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, depois suspensa pela Justiça.
A Economist também afirma que as campanhas no Brasil são muito caras, devido ao tamanho dos distritos eleitorais e a uma cultura entre empresas de que é necessário fazer doações a políticos de todas as tendências, como forma de ficar bem com o governo.
Para a revista, a visão de que a prisão de Arruda representa um progresso no combate à corrupção é “otimista”. Além disso, a publicação sugere que ele só foi preso por governar o Distrito Federal, que é “pequeno”, e representar um partido, o DEM, “cuja importância está diminuindo”.
“Uma lição mais prática do episódio (Arruda) para os aspirantes a políticos pode ser a de checar vasos, malas e móveis para ver se há câmeras escondidas antes de lidar com grandes maços de dinheiro”, diz a revista.
Marcadores:
campanhas políticas,
corrupção,
DEM,
doações,
Enocomist,
financiamento,
José Roberto Arruda
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Nassif 2: o Lobby da Folha
Eletronet: O Lobby da Folha
Por Luis Nassif
Fecha-se o circuito de um dos grandes lobbies montados recentemente pela mídia.
Acompanhe:
1. A Folha, através do repórter Marcos Aith, traz a manchete bombástica de que um cliente de José Dirceu, Nelson dos Santos – sócio da massa falida da Eletronet – iria receber R$ 200 milhões do governo, caso saísse o Plano Nacional de Banda Larga, em cima da rede de fibras óticas da empresa – que o governo já tinha pegado de volta, sem nada pagar. Atribuiu a operação – que, segundo Aith, beneficiaria Nelson – ao lobby de José Dirceu.
2. No mesmo dia, aqui, se desmontou essa tese. Mostrou-se que, na verdade, governo e Nelson estavam em lados opostos. O governo retirando a rede da Eletronet, sem nada pagar; e Nelson querendo manter o controle da empresa.
3. A matéria era maliciosa e relacionava a caução que o governo teve que depositar no processo movido pelos credores (para poder ficar com a rede de fibras óticas) com os supostos benefícios ao Nelson. Ora, a ação era de credores querendo receber pelo que entregaram, não dos ex-acionistas. De que modo Nelson ganharia R$ 200 milhões? A matéria não explicava. E foi duramente cobrado do Aith, aqui, que mostrasse de que forma se daria o pagamento.
4. No dia seguinte, mudou totalmente o enfoque da matéria – mas sempre colocando a União como cúmplice do Nelson. Agora – na matéria do Aith – a Oi estava querendo adquirir as dívidas dos credores para poder assumir a rede da Eletronet. Do que se aproveitou Aith/Folha para relembrar o caso BrOi, Gamecorp, a assessoria do José Dirceu etc. A matéria foi abatida em pleno vôo por outra – esta, séria – do Estadão, informando que Nelson ganharia R$ 70 milhões, mas só na hipótese da Oi entrar. E a Oi não entrou justamente porque foi barrada pela Eletrobras, em função do PNBL. Ou seja, quem gorou a aventura do Nelson (que assumiu 51% da Eletronet por R$ 1,00) foi o PNBL – o oposto do que Aith/Folha falava. Nelson só ganharia se o plano gorasse.
5. Durante dois dias seguidos, Aith/Folha ficaram com a broxa na mão. Afinal, iriam deixar passar batido a barriga ou abririam as cartas sobre as fontes da informação.
Sem alternativa, na matéria de hoje Aith abre as cartas: a fonte da tal matéria era o próprio Nelson dos Santos.
Qualquer repórter iniciante, mais que isso, qualquer pessoa medianamente inteligente e intelectualmente honesta se perguntaria porque uma fonte estaria lhe passando informações denunciando uma operação da qual supostamente ela seria beneficiária. Aith não é ingênuo, não é novato e não é despreparado. Mesmo assim, não perguntou.
Não há hipótese de Aith/Folha não saberem que as informações vindas de Nelson dos Santos se destinavam a melar o PNBL. E, sendo assim, seria impossível que o PNBL beneficiasse Nelson e a Eletronet. Então por que insistiram nesse falso escândalo? Aliás, pela própria declaração de Nelson – só agora revelada por Aith – se constata que o repórter já sabia das pendências entre governo e Eletronet antes de saírem as denúncias. Estava informado sobre o imbróglio jurídico e sobre a maneira como a lógica do PNBL contrariava os interesses de Nelson. E reportou justamente o contrário, fazendo o jogo da fonte.
A lógica final é simples.
1. Nelson só receberia R$ 70 milhões se não saísse o PNBL e ele pudesse negociar a Eletronet com as teles. Nesse caso, a candidata pagaria os credores (no lugar do governo pagar), a empresa sairia da falência e ele receberia R$ 70 milhões pela venda.
2. A única arma que ele tinha eram os recibos de pagamentos ao José Dirceu. A maneira que encontrou para torpedear o PNBL foi pegar os recibos do que pagou a José Dirceu, chamar o notório Aith e combinar uma matéria que diria que o pagamento foi para viabilizar o PNBL e beneficiar a ele, Nelson. Com essa jogada primária, pretendia inviablizar o PNBL e depois sair com a história de que o setor privado resolveu o problema, pagando as dívidas da Eletronet em lugar de gastar dinheiro público. E, aí, embolsaria algo entre R$ 70 milhões e R$ 200 milhões, pagos pela compradora.
A última matéria de Aith, em que a trama é deslindada, porque obrigado a abrir a fonte, é um fecho clássico para uma das grandes manobras de lobby contemporâneo.
Leia mais no Nassif...
Por Luis Nassif
Fecha-se o circuito de um dos grandes lobbies montados recentemente pela mídia.
Acompanhe:
1. A Folha, através do repórter Marcos Aith, traz a manchete bombástica de que um cliente de José Dirceu, Nelson dos Santos – sócio da massa falida da Eletronet – iria receber R$ 200 milhões do governo, caso saísse o Plano Nacional de Banda Larga, em cima da rede de fibras óticas da empresa – que o governo já tinha pegado de volta, sem nada pagar. Atribuiu a operação – que, segundo Aith, beneficiaria Nelson – ao lobby de José Dirceu.
2. No mesmo dia, aqui, se desmontou essa tese. Mostrou-se que, na verdade, governo e Nelson estavam em lados opostos. O governo retirando a rede da Eletronet, sem nada pagar; e Nelson querendo manter o controle da empresa.
3. A matéria era maliciosa e relacionava a caução que o governo teve que depositar no processo movido pelos credores (para poder ficar com a rede de fibras óticas) com os supostos benefícios ao Nelson. Ora, a ação era de credores querendo receber pelo que entregaram, não dos ex-acionistas. De que modo Nelson ganharia R$ 200 milhões? A matéria não explicava. E foi duramente cobrado do Aith, aqui, que mostrasse de que forma se daria o pagamento.
4. No dia seguinte, mudou totalmente o enfoque da matéria – mas sempre colocando a União como cúmplice do Nelson. Agora – na matéria do Aith – a Oi estava querendo adquirir as dívidas dos credores para poder assumir a rede da Eletronet. Do que se aproveitou Aith/Folha para relembrar o caso BrOi, Gamecorp, a assessoria do José Dirceu etc. A matéria foi abatida em pleno vôo por outra – esta, séria – do Estadão, informando que Nelson ganharia R$ 70 milhões, mas só na hipótese da Oi entrar. E a Oi não entrou justamente porque foi barrada pela Eletrobras, em função do PNBL. Ou seja, quem gorou a aventura do Nelson (que assumiu 51% da Eletronet por R$ 1,00) foi o PNBL – o oposto do que Aith/Folha falava. Nelson só ganharia se o plano gorasse.
5. Durante dois dias seguidos, Aith/Folha ficaram com a broxa na mão. Afinal, iriam deixar passar batido a barriga ou abririam as cartas sobre as fontes da informação.
Sem alternativa, na matéria de hoje Aith abre as cartas: a fonte da tal matéria era o próprio Nelson dos Santos.
O empresário diz que a autofalência da Eletronet não é culpa dos sócios privados. “O pedido de autofalência foi feito pela Lightpar [que representa o governo na empresa] e não pela AES [sócia majoritária na época]“, disse Santos à Folha antes da publicação da reportagem.Aí, o leitor mais desavisado perguntaria: mas a troco de quê o próprio Nelson faria uma denúncia sobre uma operação (o PNBL) que, segundo a própria matéria, o beneficiaria? Mania de suicídio?
Qualquer repórter iniciante, mais que isso, qualquer pessoa medianamente inteligente e intelectualmente honesta se perguntaria porque uma fonte estaria lhe passando informações denunciando uma operação da qual supostamente ela seria beneficiária. Aith não é ingênuo, não é novato e não é despreparado. Mesmo assim, não perguntou.
Não há hipótese de Aith/Folha não saberem que as informações vindas de Nelson dos Santos se destinavam a melar o PNBL. E, sendo assim, seria impossível que o PNBL beneficiasse Nelson e a Eletronet. Então por que insistiram nesse falso escândalo? Aliás, pela própria declaração de Nelson – só agora revelada por Aith – se constata que o repórter já sabia das pendências entre governo e Eletronet antes de saírem as denúncias. Estava informado sobre o imbróglio jurídico e sobre a maneira como a lógica do PNBL contrariava os interesses de Nelson. E reportou justamente o contrário, fazendo o jogo da fonte.
A lógica final é simples.
1. Nelson só receberia R$ 70 milhões se não saísse o PNBL e ele pudesse negociar a Eletronet com as teles. Nesse caso, a candidata pagaria os credores (no lugar do governo pagar), a empresa sairia da falência e ele receberia R$ 70 milhões pela venda.
2. A única arma que ele tinha eram os recibos de pagamentos ao José Dirceu. A maneira que encontrou para torpedear o PNBL foi pegar os recibos do que pagou a José Dirceu, chamar o notório Aith e combinar uma matéria que diria que o pagamento foi para viabilizar o PNBL e beneficiar a ele, Nelson. Com essa jogada primária, pretendia inviablizar o PNBL e depois sair com a história de que o setor privado resolveu o problema, pagando as dívidas da Eletronet em lugar de gastar dinheiro público. E, aí, embolsaria algo entre R$ 70 milhões e R$ 200 milhões, pagos pela compradora.
A última matéria de Aith, em que a trama é deslindada, porque obrigado a abrir a fonte, é um fecho clássico para uma das grandes manobras de lobby contemporâneo.
Leia mais no Nassif...
Marcadores:
banda larga,
Eletronet,
fibras óticas,
Folha de São Paulo,
José Dirceu,
luis nassif,
Marcos Aith,
massa falida,
PNBL
Nassif 1: Nova denúncia da Folha é desmentida pelo Estadão
Na terça-feira, matéria de Márcio Aith, na Folha de São Paulo, denunciou que a decisão do governo de recuperar a rede de fibras óticas da Eletronet - massa falida administrada pela Justiça do Rio - permitiria a Nelson Santos, ex-acionista, receber R$ 200 milhões. E relacionava essa operação com a consultoria que lhe foi prestada por José Dirceu. Os fatos foram amplamente desmentidos no decorrer do dia. Matéria do Estadão acabou expondo o factóide. O blog do Nasif conta essa história.
Luis Nassif
Veja em que lamaçal se meteu a Folha.
Aqui, um resumo. Na sequência, a descrição:
1. Ontem matéria do notório Márcio Aith denunciou que a decisão do governo de recuperar a rede de fibras óticas da Eletronet – massa falida administrada pela Justiça do Rio – permitiria a Nelson Santos, ex-acionista, receber R$ 200 milhões. E relacionava essa operação com a consultoria que lhe foi prestada por José Dirceu.
2. Os fatos foram amplamente desmentidos no decorrer do dia. Mostrou-se que seria impossível qualquer pagamento a Nelson, já que o governo retomou a rede de fibras óticas da empresa e as pendências remanescentes são com os credores, não com os ex-acionistas.
Hoje, o notório Aith volta ao tema, não toca mais no assunto Nelson Santos. Substituiu o escândalo anterior por um novo: a operação, na verdade, destinava-se a permitir a Oi, em conluio com o governo, assumir a rede da Eletronet.
É outro factóide desmentido pelos fatos: o governo quer que a Telebras se incumba da rede de banda larga, contrariando os interesses das operadoras. Quais os dados objetivos que fundamentam a acusação de Aith? Nenhum. Ou melhor, uma tentativa da Oi de negociar com os credores da Eletronet. E que não deu certo, porque, segundo a OI, chegou-se a um «impasse comercial».
3. Aí a reportagem do Estadão driblou o controle do aquário e mostrou a razão do impasse comercial: a tentativa da OI foi vetada pela Eletrobras, controlada pelo governo. Com isso, impediu-se a OI de assumir a empresa e o Nelson de embolsar R$ 70 milhões.
Leia mais no Nassif...
Marcadores:
Eletronet,
Estadão,
Folha de São Paulo,
José Dirceu,
luis nassif,
Márcio Aith,
Nelson Santos,
Oi,
Telebrás
Painel Internacional: Lula dá total apoio político e econômico ao regime cubano
El País
(do Portal UOL)
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou nesta terça-feira a Havana para dar o último apoio ao governo cubano antes de deixar o poder. Trata-se da quarta viagem que realiza à ilha em seus oito anos na presidência, e a visita tem dois objetivos principais: afiançar sua aposta política na revolução castrista, apoiar setores estratégicos da economia cubana, como as infraestruturas ou o petróleo, em momentos em que a falta de liquidez e a crise asfixiam as autoridades da ilha.
Na agenda não há espaço para os dissidentes, o que não surpreendeu, pois Lula é um velho aliado. Talvez o presidente brasileiro não seja tão incondicional quanto o venezuelano Hugo Chávez. Mas está igualmente comprometido com o símbolo da revolução cubana e sempre parece disposto a lhe dar uma mão. Durante anos, antes de ser eleito presidente, Lula viajou a Havana em numerosas ocasiões para se encontrar com Fidel Castro e traçar estratégias. Agora, no final de seu mandato, manterá uma reunião "entre amigos" com o líder comunista, no lugar onde este se recupera há três anos e meio de uma grave doença que o afastou do poder. Também falará com seu irmão Raúl, o herdeiro e atual presidente, com quem acaba de compartilhar uma tribuna na Cúpula do Rio, realizada no México no começo da semana.
Antes do encontro com Fidel, o mandatário brasileiro deverá visitar na quarta-feira as obras de ampliação e modernização do porto de Mariel, a 50 km de Havana, uma empresa de importância capital para o governo cubano que o Brasil financiou com créditos de US$ 300 milhões (cerca de R$ 550 milhões), cerca da metade dos quais já foi desembolsada. O projeto é transformar Mariel - mundialmente famoso como o lugar de onde partiu um êxodo de 125 mil pessoas em 1980 - no principal porto de mercadorias do país, desviando todo o tráfego de Havana.
Segundo o porta-voz de Lula, Marcelo Baumbach, o Brasil já aprovou créditos a Cuba no valor de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 1,8 bilhão), dos quais US$ 350 milhões (cerca de R$ 640 milhões) serão destinados à compra de alimentos e cerca de US$ 600 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) a iniciativas para a produção de arroz e cana-de-açúcar, a construção de estradas e o porto de Mariel. "Desse total, 150 milhões já foram desembolsados. Está em negociação outra parcela de 300 milhões, embora a parte cubana tenha solicitado um extra de 230 milhões. Esta última parte está pendente de questões administrativas", explicou Baumbach antes da visita.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2010/02/24/lula-da-total-apoio-politico-e-economico-ao-regime-cubano.jhtm
(do Portal UOL)
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou nesta terça-feira a Havana para dar o último apoio ao governo cubano antes de deixar o poder. Trata-se da quarta viagem que realiza à ilha em seus oito anos na presidência, e a visita tem dois objetivos principais: afiançar sua aposta política na revolução castrista, apoiar setores estratégicos da economia cubana, como as infraestruturas ou o petróleo, em momentos em que a falta de liquidez e a crise asfixiam as autoridades da ilha.
Na agenda não há espaço para os dissidentes, o que não surpreendeu, pois Lula é um velho aliado. Talvez o presidente brasileiro não seja tão incondicional quanto o venezuelano Hugo Chávez. Mas está igualmente comprometido com o símbolo da revolução cubana e sempre parece disposto a lhe dar uma mão. Durante anos, antes de ser eleito presidente, Lula viajou a Havana em numerosas ocasiões para se encontrar com Fidel Castro e traçar estratégias. Agora, no final de seu mandato, manterá uma reunião "entre amigos" com o líder comunista, no lugar onde este se recupera há três anos e meio de uma grave doença que o afastou do poder. Também falará com seu irmão Raúl, o herdeiro e atual presidente, com quem acaba de compartilhar uma tribuna na Cúpula do Rio, realizada no México no começo da semana.
Antes do encontro com Fidel, o mandatário brasileiro deverá visitar na quarta-feira as obras de ampliação e modernização do porto de Mariel, a 50 km de Havana, uma empresa de importância capital para o governo cubano que o Brasil financiou com créditos de US$ 300 milhões (cerca de R$ 550 milhões), cerca da metade dos quais já foi desembolsada. O projeto é transformar Mariel - mundialmente famoso como o lugar de onde partiu um êxodo de 125 mil pessoas em 1980 - no principal porto de mercadorias do país, desviando todo o tráfego de Havana.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2010/02/24/lula-da-total-apoio-politico-e-economico-ao-regime-cubano.jhtm
Marcadores:
Fidel Castro,
Havana,
infraestrutura,
lula,
petróleo,
porto de Mariel,
revolução castrista
BC aumenta depósito compulsório e começa a reverter uma das medidas para combater a crise internacional
Da Agência Brasil
Brasília – O Banco Central (BC) decidiu hoje (24) desfazer uma das principais medidas para combater a crise internacional iniciada em setembro de 2008. A instituição anunciou o aumento do recolhimento de compulsório bancário sobre depósitos a prazo (como os populares CDBs), voltando aos níveis anteriores à crise.
O anúncio foi feito há pouco pelo presidente do BC, Henrique Meirelles. Segundo ele, a medida é uma “estratégia de saída das medidas tomadas para combater a crise”. Na prática, com a medida, será reduzida a quantidade de recursos disponíveis para empréstimos a pessoas físicas e empresas no mercado financeiro.
O recolhimento compulsório é a exigência de que os bancos deixem uma parte do dinheiro de seus clientes congelados no BC e usem os recursos para empréstimos.
Na crise, o BC criou facilidades, reduzindo o compulsório bancário sobre os depósitos a prazo, com o objetivo de dar mais liquidez ao mercado, medida que acabou transferindo R$ 99,8 bilhões do recolhimento compulsório para os bancos, possibilitando a manutenção da oferta de crédito.
De acordo com o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, com a volta dos patamares anteriores à crise, devem sair do mercado financeiro pelo menos R$ 70 bilhões que vinham sendo aplicados livremente pelas instituições financeiras.Meirelles destacou que o compulsório, hoje em vigor, de 13,5%, retorna ao patamar antigo de 15%. Para saber quanto será retirado do mercado, o BC vai fazer cálculos do recolhimento de depósitos do período entre 29 de março e 1º de abril e fazer o primeiro recolhimento dentro das novas normas, a partir de 9 de abril.
Mendes explicou que haverá outra mudança. O valor do recolhimento compulsório, que atualmente atinge depósitos superiores a R$ 10 mil, vai passar para R$ 500 mil. As alíquotas de exigibilidades adicionais também aumentam dos atuais 4% para 8%, no caso dos depósitos à vista, a partir de 22 de março.
Marcadores:
banco central,
BC,
CDBs,
compulsório,
crédito,
henrique meirelles,
política monetária
A Mìdia Engajada ou Velha Mídia ou os nossos cães de guarda.
Após o recente factóide fabricado pela Folha de São Paulo como contraponto ao escândalo do DEM, do José Roberto Arruda no DF, com a publicação de um possível benefício dado pelo governo federal a um cliente do José Dirceu numa empresa cognominada Eletronet, envolvendo aí o Plano Nacional de Banda Larga, a recriação da Telebrás, títulos do tesouro, massa falida, nota da AGU, tudo bem misturado pra não se entender nada, ou apenas para tentar fixar aquilo que era (para os cães de guarda) o essencial: Dirceu, governo federal, Dilma Rousseff e roubalheira. Provas? Nenhuma! O que fica então de todo este comportamento? Interessante o artigo do Professor de Filosofia e Ética do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Orlando Tambosi, publicado no Observatório da Imprensa, que, ainda que comparando a imprensa francesa com a brasileira, citando um livro intitulado "Os Novos Cães de Guarda", talvez joque um pouco de luz sobre o caminho que resolveu enveredar a nossa querida e velha mídia.
Nossos cães de guarda não
latem como os da França?
Orlando Tambosi
Pensamento único, na expressão criada pelos franceses, significa a doutrina que traduz, em termos ideológicos e com pretensão universal, "os interesses do capital internacional", isto é, dos tristemente famosos "mercados financeiros", grandes acumuladores de fundos (leia-se: especuladores) - gordos filhotes, todos eles, do Banco Mundial, do FMI e do GATT, instituições internacionais que usam e abusam da reputação de imparcialidade que lhes é atribuída.
Não se reconhecendo como doutrina, o pensamento único pretende-se tão científico e verdadeiro quanto as leis físicas. Os que o criticam ou a ele resistem, são desde logo (des)qualificados como "retardatários", "jurássicos" e "neobobos". Afinal, pontificam os iluminados, "não é o pensamento que é único, mas a realidade é que se tornou única".
E tome-se "modernidade" (comércio livre, moeda forte, desregulamentação, privatizações, "liberalização dos mercados financeiros") contra "arcaísmos" como o Estado do bem-estar social (Estado, proclama-se, só tem a ver com forças armadas, polícia, prisões e receita federal), contra os sindicatos ("corporativismo"), o setor público ("monopólio") e o "povo" (massa de manobra para o "populismo").
Tudo isso favorecido pela confluência ideológica da direita e de boa parte da esquerda em torno de algumas prioridades econômicas, o que facilitou a adesão de muitos jornalistas ao "economicamente correto". A ponto de um deles, americano, dizer que "a economia global é um mecanismo muito dispendioso e delicado que exige a participação dos investidores no lugar dos cidadãos".
É a estes jornalistas, fiéis serviçais da economia de mercado - com seu culto à empresa, seu amor à mundialização, suas louvações à Bolsa de Valores e suas diatribes contra os direitos sociais -, que o também jornalista Serge Halimi (do Le Monde Diplomatique) critica no livro Os novos cães de guarda, recentemente lançado pela Edit. Vozes na coleção Zero à esquerda. O autor esteve no Brasil em outubro (ver entrevista na ed. 55 do Observatório) e participou de eventos no Rio de Janeiro e em São Paulo, organizados pelo Jornal do Brasil e Folha de São Paulo, respectivamente.
Ignorado pelos grandes jornais e revistas franceses, que não lhe dedicaram sequer uma resenha, o opúsculo de Halimi nem por isso deixou de vender 200 mil exemplares já nas primeiras semanas. A edição brasileira, como era de se esperar, também enfrentou problemas (além da tradução com alguns erros graves). Jornalistas procurados para prefaciar o livro declinaram do convite, segundo o filósofo Paulo Arantes - coordenador da coleção -, alegando desconhecer os casos citados, que seriam "muito ligados à realidade francesa".
O pensamento único, claro, nada tem a ver com a "realidade brasileira". Por aqui, não se cogita em desmonte do Estado nem se cultua o "mercado", não se ataca o funcionário público nem a previdência social, não se fala em privatizações, desregulamentação, desconstitucionalização nem em "flexibilização" dos direitos sociais (aliás, "privilégios"). E nossos bravos "âncoras" e comentaristas econômicos, diferentemente dos franceses, não praticam um "jornalismo de reverência" ao governo e às elites nem entoam o hino das Bolsas de Valores e da "única política possível".
A confluência ideológica denunciada por Halimi arrasta a vida política francesa para a direita, praticamente impedindo a expressão de projetos alternativos. "O pensamento único", diz ele, "sonha com um debate democrático destituído de sentido, uma vez que deixaria de ser juiz entre os dois termos de uma alternativa".
Ceder a esse pensamento - completa Halimi - "é aceitar que, por toda parte, a rentabilidade tome o lugar da utilidade social, é encorajar o desprezo pelo político e submeter-se ao reino do dinheiro", é sucumbir à "lenga-lenga patronal" incessantemente martelada por milhares de instituições organismos e comissões. Com raras exceções, "a mídia (...) lhes tem servido de ventríloquo, de orquestra sinfônica ao diapasão dos mercados financeiros que marcam o compasso de nossas existências num mundo sem sono e sem fronteiras".
Nesse quadro, a imprensa deixa de ser um "contrapoder" e muitos jornalistas, supondo-se "atrasados", passam a acompanhar as opções da classe dirigente. Considere-se o exemplo do Le Monde, que, criticado pela repentina orientação neoliberal de suas análises econômicas e financeiras, assim justificou-se: "Tínhamos necessidade de nos adaptar à economia-mundo - e fizemos isso com atraso. Ainda aí, o simples fato de nos profissionalizar, de nos atualizar, provoca uma superinterpretação ideológica. A ideologia encontra-se sobretudo no olhar nostálgico dos que criticam".
A conclusão não poderia ser mais reveladora: ideológico, hoje, é quem critica, porque os arrogantes criticados - na França como no Brasil - pretensamente fazem ciência, isto é, consideram-se acima das ideologias.
Diante disso, não espanta que um jornalista da TV francesa tenha solicitado a uma autoridade que explicasse por que, na França, a economia ainda é "conturbada pelo debate público e pelos militantes de um partido ou de outro". Ora, se a realidade é que é única - como desconversam os arautos do pensamento único -, para esse jornalista "economicamente correto" era incompreensível que a economia ainda fosse "utilizada pelos partidários desta ou daquela tese política".
Halimi não poupa os nomes dos "barões da profissão", uma elite onipresente em todos os meios, da TV aos jornais e revistas. Jornalistas ou "intelectuais", eles "não passam de um punhado de trinta, inevitáveis e volúveis". São coniventes entre si, "encontram-se, freqüentam-se, apreciam-se, comentam as obras uns dos outros, estão de acordo sobre quase tudo".
Entre os intelectuais citados, algumas figuras conhecidas no Brasil, como Alain Minc (o homem dos "relatórios" Minc), o "novo filósofo" Bernard-Henri Lévy (que, além de falar sobre tudo, é agora também cineasta), o nostálgico filósofo Alain Finkielkraut (que há poucos anos lamentava "a derrota do pensamento") e o sociólogo Alain Touraine, colaborador assíduo de jornais brasileiros e comensal do Palácio da Alvorada, cujo ocupante é seu amigo).
E, por falar em Brasil, vale lembrar o que disse o cronista Luiz Fernando Verissimo, a propósito do "rolo compressor" que tem desabado sobre as redações nos últimos anos. São freqüentes no meio jornalístico - escreveu ele recentemente - histórias "sobre pressões de anunciantes e de Brasília para maneirar as críticas e controlar a resistência ao pensamento único. Isso quando a imprensa precisa de pressões para exercer a sua vocação oficialista e sua adesão entusiasmada ao pensamento único. Nunca se viveu um clima parecido".
Em nome desse oficialismo (inato e mal disfarçado), aliás, Alberto Dines foi censurado pela Folha de S. Paulo e João Ubaldo Ribeiro, pelo Estadão. Apesar de todas as publicações, bastante precavidas, advertirem que as opiniões dos colaboradores "não expressam necessariamente" a opinião do jornal e de seus proprietários - o que constitui um escândalo e um agravante para essa censura "privatizada".
As reflexões de Halimi, como se vê, são sugestivas também para nós, jornalistas ou não. Ainda que as diferenças entre a França e o Brasil sejam enormes, pelo menos algo em comum existe: os cães de guarda daqui não ladram como os de lá?
Nossos cães de guarda não
latem como os da França?
Orlando Tambosi
Pensamento único, na expressão criada pelos franceses, significa a doutrina que traduz, em termos ideológicos e com pretensão universal, "os interesses do capital internacional", isto é, dos tristemente famosos "mercados financeiros", grandes acumuladores de fundos (leia-se: especuladores) - gordos filhotes, todos eles, do Banco Mundial, do FMI e do GATT, instituições internacionais que usam e abusam da reputação de imparcialidade que lhes é atribuída.
Não se reconhecendo como doutrina, o pensamento único pretende-se tão científico e verdadeiro quanto as leis físicas. Os que o criticam ou a ele resistem, são desde logo (des)qualificados como "retardatários", "jurássicos" e "neobobos". Afinal, pontificam os iluminados, "não é o pensamento que é único, mas a realidade é que se tornou única".
E tome-se "modernidade" (comércio livre, moeda forte, desregulamentação, privatizações, "liberalização dos mercados financeiros") contra "arcaísmos" como o Estado do bem-estar social (Estado, proclama-se, só tem a ver com forças armadas, polícia, prisões e receita federal), contra os sindicatos ("corporativismo"), o setor público ("monopólio") e o "povo" (massa de manobra para o "populismo").
Tudo isso favorecido pela confluência ideológica da direita e de boa parte da esquerda em torno de algumas prioridades econômicas, o que facilitou a adesão de muitos jornalistas ao "economicamente correto". A ponto de um deles, americano, dizer que "a economia global é um mecanismo muito dispendioso e delicado que exige a participação dos investidores no lugar dos cidadãos".
É a estes jornalistas, fiéis serviçais da economia de mercado - com seu culto à empresa, seu amor à mundialização, suas louvações à Bolsa de Valores e suas diatribes contra os direitos sociais -, que o também jornalista Serge Halimi (do Le Monde Diplomatique) critica no livro Os novos cães de guarda, recentemente lançado pela Edit. Vozes na coleção Zero à esquerda. O autor esteve no Brasil em outubro (ver entrevista na ed. 55 do Observatório) e participou de eventos no Rio de Janeiro e em São Paulo, organizados pelo Jornal do Brasil e Folha de São Paulo, respectivamente.
Ignorado pelos grandes jornais e revistas franceses, que não lhe dedicaram sequer uma resenha, o opúsculo de Halimi nem por isso deixou de vender 200 mil exemplares já nas primeiras semanas. A edição brasileira, como era de se esperar, também enfrentou problemas (além da tradução com alguns erros graves). Jornalistas procurados para prefaciar o livro declinaram do convite, segundo o filósofo Paulo Arantes - coordenador da coleção -, alegando desconhecer os casos citados, que seriam "muito ligados à realidade francesa".
O pensamento único, claro, nada tem a ver com a "realidade brasileira". Por aqui, não se cogita em desmonte do Estado nem se cultua o "mercado", não se ataca o funcionário público nem a previdência social, não se fala em privatizações, desregulamentação, desconstitucionalização nem em "flexibilização" dos direitos sociais (aliás, "privilégios"). E nossos bravos "âncoras" e comentaristas econômicos, diferentemente dos franceses, não praticam um "jornalismo de reverência" ao governo e às elites nem entoam o hino das Bolsas de Valores e da "única política possível".
A confluência ideológica denunciada por Halimi arrasta a vida política francesa para a direita, praticamente impedindo a expressão de projetos alternativos. "O pensamento único", diz ele, "sonha com um debate democrático destituído de sentido, uma vez que deixaria de ser juiz entre os dois termos de uma alternativa".
Ceder a esse pensamento - completa Halimi - "é aceitar que, por toda parte, a rentabilidade tome o lugar da utilidade social, é encorajar o desprezo pelo político e submeter-se ao reino do dinheiro", é sucumbir à "lenga-lenga patronal" incessantemente martelada por milhares de instituições organismos e comissões. Com raras exceções, "a mídia (...) lhes tem servido de ventríloquo, de orquestra sinfônica ao diapasão dos mercados financeiros que marcam o compasso de nossas existências num mundo sem sono e sem fronteiras".
Nesse quadro, a imprensa deixa de ser um "contrapoder" e muitos jornalistas, supondo-se "atrasados", passam a acompanhar as opções da classe dirigente. Considere-se o exemplo do Le Monde, que, criticado pela repentina orientação neoliberal de suas análises econômicas e financeiras, assim justificou-se: "Tínhamos necessidade de nos adaptar à economia-mundo - e fizemos isso com atraso. Ainda aí, o simples fato de nos profissionalizar, de nos atualizar, provoca uma superinterpretação ideológica. A ideologia encontra-se sobretudo no olhar nostálgico dos que criticam".
A conclusão não poderia ser mais reveladora: ideológico, hoje, é quem critica, porque os arrogantes criticados - na França como no Brasil - pretensamente fazem ciência, isto é, consideram-se acima das ideologias.
Diante disso, não espanta que um jornalista da TV francesa tenha solicitado a uma autoridade que explicasse por que, na França, a economia ainda é "conturbada pelo debate público e pelos militantes de um partido ou de outro". Ora, se a realidade é que é única - como desconversam os arautos do pensamento único -, para esse jornalista "economicamente correto" era incompreensível que a economia ainda fosse "utilizada pelos partidários desta ou daquela tese política".
Halimi não poupa os nomes dos "barões da profissão", uma elite onipresente em todos os meios, da TV aos jornais e revistas. Jornalistas ou "intelectuais", eles "não passam de um punhado de trinta, inevitáveis e volúveis". São coniventes entre si, "encontram-se, freqüentam-se, apreciam-se, comentam as obras uns dos outros, estão de acordo sobre quase tudo".
Entre os intelectuais citados, algumas figuras conhecidas no Brasil, como Alain Minc (o homem dos "relatórios" Minc), o "novo filósofo" Bernard-Henri Lévy (que, além de falar sobre tudo, é agora também cineasta), o nostálgico filósofo Alain Finkielkraut (que há poucos anos lamentava "a derrota do pensamento") e o sociólogo Alain Touraine, colaborador assíduo de jornais brasileiros e comensal do Palácio da Alvorada, cujo ocupante é seu amigo).
E, por falar em Brasil, vale lembrar o que disse o cronista Luiz Fernando Verissimo, a propósito do "rolo compressor" que tem desabado sobre as redações nos últimos anos. São freqüentes no meio jornalístico - escreveu ele recentemente - histórias "sobre pressões de anunciantes e de Brasília para maneirar as críticas e controlar a resistência ao pensamento único. Isso quando a imprensa precisa de pressões para exercer a sua vocação oficialista e sua adesão entusiasmada ao pensamento único. Nunca se viveu um clima parecido".
Em nome desse oficialismo (inato e mal disfarçado), aliás, Alberto Dines foi censurado pela Folha de S. Paulo e João Ubaldo Ribeiro, pelo Estadão. Apesar de todas as publicações, bastante precavidas, advertirem que as opiniões dos colaboradores "não expressam necessariamente" a opinião do jornal e de seus proprietários - o que constitui um escândalo e um agravante para essa censura "privatizada".
As reflexões de Halimi, como se vê, são sugestivas também para nós, jornalistas ou não. Ainda que as diferenças entre a França e o Brasil sejam enormes, pelo menos algo em comum existe: os cães de guarda daqui não ladram como os de lá?
Ciro Gomes admite "desafio" de disputar governo de SP
Da Reuters
Brasília - O deputado Ciro Gomes (PSB) afirmou nesta quarta-feira (24), pela primeira vez de forma enfática, que poderá concorrer ao governo de São Paulo, apesar de manter sua disposição de disputar a Presidência da República.
"De repente, o projeto nacional que o presidente Lula representa precisaria ter como uma engrenagem modesta que eu aceitasse esse desafio (disputar São Paulo). Nesse caso, a serviço do Brasil, a serviço dessa fração de São Paulo eu não titubearia em ir", afirmou Ciro a jornalistas.
Ele ponderou, no enquanto, que um cenário em que seja forçado a concorrer em São Paulo é "quase impossível" e um "exagero".
As declarações foram feitas após reunião com dirigentes de partidos da base aliada do governo convocada para discutir seu futuro político. Representantes de PT, PDT, PCdoB e do PSB paulista disseram a Ciro que uma aliança potencial de 11 legendas poderia sustentar sua eventual candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
Pressionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta tirá-lo da disputa presidencial para garantir espaço à pré-candidata do PT ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), Ciro mudou seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo em outubro do ano passado.
Lula deseja que a eleição de outubro seja um confronto entre o PT e o PSDB do governador de São Paulo, José Serra.
Mesmo com a troca de domicílio, o parlamentar vinha se colocando apenas como pré-candidato a presidente, o que ele reiterou na semana passada no programa de televisão do PSB.
"Estou decidido. Sou candidato à Presidência da República, mas só o tempo poderá afirmar se essa minha decisão vai se materializar", destacou Ciro nesta quarta. "Neste instante, não é possível afirmar senão que eu sou candidato a presidente do Brasil."
Para Ciro, que retornou em 2010 à cena política depois de passar as férias de janeiro no exterior, o primeiro movimento no xadrez político em São Paulo não deve ser dos partidos aliados a Lula.
"Há grande dúvida se o atual governador de São Paulo (José Serra, do PSDB) será mesmo candidato à Presidência da República ou não. Entre nós, a avaliação majoritária é que ele será candidato a presidente. A minha avaliação, minoritária, é de que ele não será e haverá uma grande mudança no quadro se ele não for."
O deputado vê risco na continuidade do governo Lula, pois as pesquisas mostram que a população ainda não reconhece a ministra Dilma como a candidata do presidente e que ela pode ter dificuldades em São Paulo, no Sul e no Centro-Oeste.
"Sou muito melhor candidato que qualquer um desses aí", disparou Ciro.
"Não é por nada não e isso não diminui nenhum deles, que são grandes quadros. A Dilma é extraordinária, mas é tão extraordinária, mas não tem, por exemplo, uma história de 20 eleições que eu tenho."
Em sondagem de intenção de voto para presidente divulgada este mês pelo Instituto Sensus, Ciro registrou queda, indo de 17,5% para 11,9% no principal cenário, em que Serra e Dilma aparecem emparelhados no topo. Pesquisa Ibope que veio a público dia 18, mostra Ciro com índice próximo ao do Sensus, com 11%.
"Ele deu um sinal. Ele afirma que é candidato a presidente, mas trabalha para que, se for dentro de um projeto nacional e se o projeto nacional não correr risco, ele não descarta se candidatar ao governo de São Paulo", comentou o presidente do PT em São Paulo, Edinho Silva. "Ele abriu a possibilidade", acrescentou.
Sob a condição do anonimato, um aliado de Ciro comentou que a reunião comoveu o deputado. No entanto, disse, o parlamentar ainda teria dúvidas sobre as chances reais de o eleitorado paulista despejar votos em sua chapa.
Os partidos aliados marcaram mais duas reuniões com o parlamentar. A primeira ocorrerá na primeira quinzena de março, em São Paulo. A outra, em Brasília, está agendada para a primeira semana de abril. Ciro deve ter uma conversa, considerada definitiva, com o presidente Lula em meados de março.
O deputado recomendou que seus interlocutores coloquem "gelo nas veias" e tenham "paciência".
"Essa ansiedade é legítima, até porque o PT é um partido que tem condição de lançar um candidato e vencer as eleições sozinho (em SP)."
Brasília - O deputado Ciro Gomes (PSB) afirmou nesta quarta-feira (24), pela primeira vez de forma enfática, que poderá concorrer ao governo de São Paulo, apesar de manter sua disposição de disputar a Presidência da República.
"De repente, o projeto nacional que o presidente Lula representa precisaria ter como uma engrenagem modesta que eu aceitasse esse desafio (disputar São Paulo). Nesse caso, a serviço do Brasil, a serviço dessa fração de São Paulo eu não titubearia em ir", afirmou Ciro a jornalistas.
Ele ponderou, no enquanto, que um cenário em que seja forçado a concorrer em São Paulo é "quase impossível" e um "exagero".
As declarações foram feitas após reunião com dirigentes de partidos da base aliada do governo convocada para discutir seu futuro político. Representantes de PT, PDT, PCdoB e do PSB paulista disseram a Ciro que uma aliança potencial de 11 legendas poderia sustentar sua eventual candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
Pressionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta tirá-lo da disputa presidencial para garantir espaço à pré-candidata do PT ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), Ciro mudou seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo em outubro do ano passado.
Lula deseja que a eleição de outubro seja um confronto entre o PT e o PSDB do governador de São Paulo, José Serra.
Mesmo com a troca de domicílio, o parlamentar vinha se colocando apenas como pré-candidato a presidente, o que ele reiterou na semana passada no programa de televisão do PSB.
"Estou decidido. Sou candidato à Presidência da República, mas só o tempo poderá afirmar se essa minha decisão vai se materializar", destacou Ciro nesta quarta. "Neste instante, não é possível afirmar senão que eu sou candidato a presidente do Brasil."
Para Ciro, que retornou em 2010 à cena política depois de passar as férias de janeiro no exterior, o primeiro movimento no xadrez político em São Paulo não deve ser dos partidos aliados a Lula.
"Há grande dúvida se o atual governador de São Paulo (José Serra, do PSDB) será mesmo candidato à Presidência da República ou não. Entre nós, a avaliação majoritária é que ele será candidato a presidente. A minha avaliação, minoritária, é de que ele não será e haverá uma grande mudança no quadro se ele não for."
O deputado vê risco na continuidade do governo Lula, pois as pesquisas mostram que a população ainda não reconhece a ministra Dilma como a candidata do presidente e que ela pode ter dificuldades em São Paulo, no Sul e no Centro-Oeste.
"Sou muito melhor candidato que qualquer um desses aí", disparou Ciro.
"Não é por nada não e isso não diminui nenhum deles, que são grandes quadros. A Dilma é extraordinária, mas é tão extraordinária, mas não tem, por exemplo, uma história de 20 eleições que eu tenho."
Em sondagem de intenção de voto para presidente divulgada este mês pelo Instituto Sensus, Ciro registrou queda, indo de 17,5% para 11,9% no principal cenário, em que Serra e Dilma aparecem emparelhados no topo. Pesquisa Ibope que veio a público dia 18, mostra Ciro com índice próximo ao do Sensus, com 11%.
Aliados comemoram
Mesmo que discretamente, os representantes dos partidos que conversaram nesta quarta com o deputado comemoraram o resultado da reunião."Ele deu um sinal. Ele afirma que é candidato a presidente, mas trabalha para que, se for dentro de um projeto nacional e se o projeto nacional não correr risco, ele não descarta se candidatar ao governo de São Paulo", comentou o presidente do PT em São Paulo, Edinho Silva. "Ele abriu a possibilidade", acrescentou.
Sob a condição do anonimato, um aliado de Ciro comentou que a reunião comoveu o deputado. No entanto, disse, o parlamentar ainda teria dúvidas sobre as chances reais de o eleitorado paulista despejar votos em sua chapa.
Os partidos aliados marcaram mais duas reuniões com o parlamentar. A primeira ocorrerá na primeira quinzena de março, em São Paulo. A outra, em Brasília, está agendada para a primeira semana de abril. Ciro deve ter uma conversa, considerada definitiva, com o presidente Lula em meados de março.
O deputado recomendou que seus interlocutores coloquem "gelo nas veias" e tenham "paciência".
"Essa ansiedade é legítima, até porque o PT é um partido que tem condição de lançar um candidato e vencer as eleições sozinho (em SP)."
Marcadores:
Ciro Gomes,
cnt/sensus,
Dilma Rousseff,
governo,
ibope,
lula,
Presidência da República,
pt,
São Paulo
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
José Dirceu teria sido contratado por parceira da nova Telebrás
Do Portal Terra
O ex-ministro José Dirceu teria recebido mais de R$ 600 mil do grupo Star Overseas Ventures, dono de uma das empresas que fornecerão a estrutura de fibras óticas da nova Telebrás, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estatal Telebrás, responsável pela telefonia pública no Brasil, será reativada para um grande projeto de banda larga no País. Nesse projeto, as redes de transmissão da Eletronet serão utilizadas, segundo afirmou o ministro do Planejamento Paulo Bernardo na última sexta.
De acordo com a reportagem, o dinheiro foi pago a Dirceu pelo empresário Nelson dos Santos, dono do grupo Star Overseas, que contratou o ex-ministro entre 2007 e 2009. Nelson teria comprado a empresa Eletronet, falida em 2003, por apenas R$ 1 em 2005. A empresa teria uma rede de 16 mil km em cabos de fibra ótica, mas as dívidas alcançavam R$ 800 milhões. A contratação de José Dirceu por Santos teria ocorrido logo antes das decisões de reativar a Eletronet, com o governo bancando o resgate da rede sem a necessidade da contrapartida do empresário, segundo o jornal. Nelson dos Santos negou à reportagem relação entre a contratação de Dirceu e um possível lobby quanto à participação da Eletronet na nova Telebrás.
Do blog do José Dirceu
Folha joga sujo para atacar plano de banda larga do governo e me atingir
Fui surpreendido hoje com a manchete de 1ª página da Folha de S.Paulo (“Nova Telebrás beneficia cliente de Dirceu”), extraída da reportagem “Dirceu recebe de empresa por trás da Telebrás”, preparada sob encomenda para atingir dois objetivos:
1) atacar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) do governo federal;
2) levantar suspeitas sobre minha participação em uma disputa que corre na Justiça do Rio de Janeiro, entre os credores da empresa Eletronet, seus sócios privados e o governo, pelo controle do ativo de 16 mil km de fibras ópticas.
Uma disputa, repito, judicial, sobre a qual nem eu, nem qualquer cidadão tem condições de interferir. Exista ou não o PNBL e a reorganização da Telebrás, os credores, os proprietários da Eletronet e o governo federal terão que responder pelos passivos e ativos da Eletronet. E cada um poderá ser prejudicado ou beneficiado.
Há que se lembrar que já existe liminar favorável ao governo, concedida pela Justiça do Rio determinando a reintegração de posse de parte dos ativos da Eletronet (as fibras “apagadas” ou não utilizadas atualmente) a empresas do grupo Eletrobrás. Logo, sugerir que minha atuação na consultoria que dei sobre rumos da economia na América Latina tenha algo a ver com uma possível decisão que não cabe ao governo, mas ao Poder Judiciário, é uma ilação descabida e irresponsável do jornal.
Ligar meu nome ao PNBL e a um suposto favorecimento de um dos proprietários da Eletronet apenas porque dei consultoria a ele é típico da Folha, que já vinha atacando o Plano com a teoria conspiratória de que o vazamento de informações privilegiadas sobre ele tem feito subir os preços das ações da Telebrás. O jornal já vinha insinuando que haveria cumplicidade de ONGs e mesmo de membros do governo.
Agora me acusa de estar por trás da criação da Telebrás e, pior, favorecendo uma empresa privada para a qual dei consultoria legal e registrada em contrato. Saí do governo há quase cinco anos. Não tenho impedimento para dar consultorias e não há nada que me ligue a qualquer intervenção ou ação do Executivo federal. Os responsáveis pela ação judicial e pelo PNBL são testemunhas de minha não participação ou intervenção na definição da política da União.
Como em todas as questões importantes do país, manifesto minha posição publicamente em meu blog ou na imprensa. A Folha esconde que meu primeiro comentário no blog é uma reprodução de um post de um site especializado e que o segundo é um artigo de opinião, que não contém nada de comprometedor. Mais do que isso, a Folha finge não entender que minhas opiniões manifestadas no blog e no artigo são contrárias aos interesses das empresas privadas envolvidas no caso Eletronet, e favoráveis à política do governo.
Lamento mais uma vez que meu nome seja envolvido em suspeições e reservo-me o direito de me defender e de não recuar de minha atuação, seja como advogado, seja como militante político.
Vá ao blog do José Dirceu
Marcadores:
Eletronet,
Folha de São Paulo,
José Dirceu,
lobby,
Plano Nacional de Banda Larga,
PNBL,
Star Overseas,
Telebrás
Brasil tem melhor resultado em pesquisa sobre recuperação da crise entre países latinos
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Pela segunda vez consecutiva, o país apresentou o melhor resultado entre os 11 acompanhados na Sondagem Econômica da América Latina. O Índice de Clima Econômico (ICE) da região subiu de 5,2 para 5,6 pontos entre outubro de 2009 e janeiro de 2010.
Divulgada nesta segunda-feira (22) pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o Institute for Economic Research at the University of Munich (IFO), instituto alemão de pesquisas, a sondagem mostrou que a economia da América Latina manteve a trajetória de recuperação após a crise financeira internacional.
De acordo com o levantamento, para o conjunto de países da região, o ritmo de recuperação acompanha o da economia mundial, passado o período crítico da crise. O resultado ascendente foi puxado principalmente pela melhora das avaliações sobre a situação presente da economia.
Numa escola que varia de 1 a 9 pontos, o Índice de Situação Atual (ISA) passou de 3,3 para 4,0 pontos. Embora o avanço tenha sido considerado “expressivo”, o que ocorre pelo segundo trimestre consecutivo, o documento destaca que economia da região ainda não voltou à situação anterior à crise. Em junho de 2008, o ISA havia alcançado 5,7 pontos.
O Índice de Expectativas (IE) manteve o patamar observado no trimestre anterior, passando de 7,0 para 7,1 pontos, o que, segundo os técnicos dos institutos, sinaliza “otimismo dos especialistas com as economias da região durante o primeiro semestre de 2010”.
Na análise por países que compõem a região, o documento destaca que, além do Brasil, cujo ICE atingiu 7,8 pontos, quatro nações estão em fase de expansão econômica. Chile (7,4), Peru (7,3), Uruguai (7,0) e Argentina (5,3). O grupo formado por Bolívia, Colômbia, Equador, México e Paraguai está em fase de recuperação. A Venezuela (3,0) é o único país que permanece em recessão.
O Brasil também liderou o ranking das avaliações sobre a situação atual, tendo sido o único país com ISA superior a 7,0 pontos (7,7). Em seguida, aparecem Uruguai (6,3) e Chile (6,1). No quesito que mede as expectativas em relação aos próximos seis meses, dez dos 11 países apresentaram situação favorável. Os destaques foram Peru (8,8), Chile (8,6), Paraguai (8,3) e Colômbia (8,2).
A Sondagem Econômica da América Latina é um levantamento divulgado trimestralmente com o objetivo de monitorar e antecipar tendências econômicas. Para a pesquisa de janeiro de 2010 foram consultados 139 especialistas em 17 países.
Por: Thais Leitão
Publicado em 22/02/2010, 12:25
Última atualização às 12:25
Rio de Janeiro - Pela segunda vez consecutiva, o país apresentou o melhor resultado entre os 11 acompanhados na Sondagem Econômica da América Latina. O Índice de Clima Econômico (ICE) da região subiu de 5,2 para 5,6 pontos entre outubro de 2009 e janeiro de 2010.
Divulgada nesta segunda-feira (22) pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o Institute for Economic Research at the University of Munich (IFO), instituto alemão de pesquisas, a sondagem mostrou que a economia da América Latina manteve a trajetória de recuperação após a crise financeira internacional.
De acordo com o levantamento, para o conjunto de países da região, o ritmo de recuperação acompanha o da economia mundial, passado o período crítico da crise. O resultado ascendente foi puxado principalmente pela melhora das avaliações sobre a situação presente da economia.
Numa escola que varia de 1 a 9 pontos, o Índice de Situação Atual (ISA) passou de 3,3 para 4,0 pontos. Embora o avanço tenha sido considerado “expressivo”, o que ocorre pelo segundo trimestre consecutivo, o documento destaca que economia da região ainda não voltou à situação anterior à crise. Em junho de 2008, o ISA havia alcançado 5,7 pontos.
O Índice de Expectativas (IE) manteve o patamar observado no trimestre anterior, passando de 7,0 para 7,1 pontos, o que, segundo os técnicos dos institutos, sinaliza “otimismo dos especialistas com as economias da região durante o primeiro semestre de 2010”.
Na análise por países que compõem a região, o documento destaca que, além do Brasil, cujo ICE atingiu 7,8 pontos, quatro nações estão em fase de expansão econômica. Chile (7,4), Peru (7,3), Uruguai (7,0) e Argentina (5,3). O grupo formado por Bolívia, Colômbia, Equador, México e Paraguai está em fase de recuperação. A Venezuela (3,0) é o único país que permanece em recessão.
O Brasil também liderou o ranking das avaliações sobre a situação atual, tendo sido o único país com ISA superior a 7,0 pontos (7,7). Em seguida, aparecem Uruguai (6,3) e Chile (6,1). No quesito que mede as expectativas em relação aos próximos seis meses, dez dos 11 países apresentaram situação favorável. Os destaques foram Peru (8,8), Chile (8,6), Paraguai (8,3) e Colômbia (8,2).
A Sondagem Econômica da América Latina é um levantamento divulgado trimestralmente com o objetivo de monitorar e antecipar tendências econômicas. Para a pesquisa de janeiro de 2010 foram consultados 139 especialistas em 17 países.
Grupo do Rio apoia Argentina sobre Malvinas
Da Reuters
Por Miguel Angel Gutiérrez e Luis Jaime Acosta
PLAYA DEL CARMEN, México (Reuters) - A Argentina obteve apoio de líderes da América Latina e do Caribe a suas reclamações contra a exploração petrolífera do Reino Unido nas Ilhas Malvinas durante a cúpula do Grupo do Rio na segunda-feira.
No encontro, também conhecido como Cúpula da Unidade da América Latina e Caribe, no balneário mexicano de Playa del Carmen, a presidente argentina, Cristina Kirchner, conseguiu o apoio das nações da região ao seu país, que mantém uma histórica disputa com a Grã-Bretanha pela soberania do arquipélago.
O governo argentino reagiu nas últimas semanas após conhecer as intenções da empresa Desire Petroleum de iniciar a exploração de petróleo nas ilhas.
"O importante é ter conseguido um apoio muito, muito forte à legitimidade de nossas reclamações e fundamentalmente também ao que é a nova atividade petrolífera, a partir da nova plataforma que foi instalada", disse Cristina.
Fontes diplomáticas argentina garantiram que o presidente mexicano, Felipe Calderón, disse na reunião a portas fechadas que os países haviam aprovado o documento apoiando a Argentina na disputa territorial.
Outros líderes também tornaram público seu apoio à Argentina.
"É uma das mais grosseiras demonstrações do velho colonialismo unido ao novo, o neocolonialismo", disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, numa referência aos trabalhos da empresa britânica que, apesar das reclamações, iniciou na segunda-feira os trabalhos de exploração.
Apesar disso, a presidente argentina disse que seu país não considera a tomada de medidas mais graves que não estejam contempladas no direito internacional.
Durante o encontro --ao qual os jornalistas não têm acesso por conta das rígidas medidas de segurança que os impedem de se aproximar do hotel onde os presidentes se reúnem-- as empresas latino-americanas e caribenhas buscam ainda a criação de um novo organismo diplomático regional que exclua os Estados Unidos.
Depois do que muitos classificaram como um fracasso da Organização dos Estados Americanos (OEA) em unir uma região dividida entre a esquerda e a direita, os países da região tentam estabelecer um bloco que os permita ter uma voz única em fóruns multilaterais sem o domínio de Washington.
A ideia é que o novo organismo reúna o Grupo do Rio e a Comunidade do Caribe (Caricom) e funcione em paralelo à OEA, órgão criticado em seu papel como guardião da democracia regional após seus esforços infrutíferos de reverter o golpe de Estado em Honduras.
(Reportagem adicional de Mica Rosenberg e de Guido Nejamkis em Buenos Aires)
Por Miguel Angel Gutiérrez e Luis Jaime Acosta
PLAYA DEL CARMEN, México (Reuters) - A Argentina obteve apoio de líderes da América Latina e do Caribe a suas reclamações contra a exploração petrolífera do Reino Unido nas Ilhas Malvinas durante a cúpula do Grupo do Rio na segunda-feira.
No encontro, também conhecido como Cúpula da Unidade da América Latina e Caribe, no balneário mexicano de Playa del Carmen, a presidente argentina, Cristina Kirchner, conseguiu o apoio das nações da região ao seu país, que mantém uma histórica disputa com a Grã-Bretanha pela soberania do arquipélago.
O governo argentino reagiu nas últimas semanas após conhecer as intenções da empresa Desire Petroleum de iniciar a exploração de petróleo nas ilhas.
"O importante é ter conseguido um apoio muito, muito forte à legitimidade de nossas reclamações e fundamentalmente também ao que é a nova atividade petrolífera, a partir da nova plataforma que foi instalada", disse Cristina.
Fontes diplomáticas argentina garantiram que o presidente mexicano, Felipe Calderón, disse na reunião a portas fechadas que os países haviam aprovado o documento apoiando a Argentina na disputa territorial.
Outros líderes também tornaram público seu apoio à Argentina.
"É uma das mais grosseiras demonstrações do velho colonialismo unido ao novo, o neocolonialismo", disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, numa referência aos trabalhos da empresa britânica que, apesar das reclamações, iniciou na segunda-feira os trabalhos de exploração.
Apesar disso, a presidente argentina disse que seu país não considera a tomada de medidas mais graves que não estejam contempladas no direito internacional.
Durante o encontro --ao qual os jornalistas não têm acesso por conta das rígidas medidas de segurança que os impedem de se aproximar do hotel onde os presidentes se reúnem-- as empresas latino-americanas e caribenhas buscam ainda a criação de um novo organismo diplomático regional que exclua os Estados Unidos.
Depois do que muitos classificaram como um fracasso da Organização dos Estados Americanos (OEA) em unir uma região dividida entre a esquerda e a direita, os países da região tentam estabelecer um bloco que os permita ter uma voz única em fóruns multilaterais sem o domínio de Washington.
A ideia é que o novo organismo reúna o Grupo do Rio e a Comunidade do Caribe (Caricom) e funcione em paralelo à OEA, órgão criticado em seu papel como guardião da democracia regional após seus esforços infrutíferos de reverter o golpe de Estado em Honduras.
(Reportagem adicional de Mica Rosenberg e de Guido Nejamkis em Buenos Aires)
Marcadores:
Argentina,
Cancún,
caricom,
Cúpula do Rio,
Grã Bretanha,
Ilhas Malvinas,
OEA
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Ricardo Noblat: A Sina da Formiga
Do O Globo
Era um inferno. Sempre que passava por ali, o elefante esmagava a entrada do formigueiro. Então as formigas decidiram reagir.
Um dia, aos milhares, saltaram sobre o elefante e começaram a picá-lo. Com um abanão das orelhas, o elefante livrou-se delas. Restou uma agarrada ao seu pescoço.
“Esgana o bicho, esgana”, gritavam as outras em coro.
O elefante da história está mais para Lula, aprovado por oito entre 10 brasileiros, assim como as formigas estão mais para a oposição – PSDB, PPS, DEM em fase terminal e uma fatia do PMDB.
Quem será a formiga que insiste inutilmente em esganar o elefante? Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado?
Ora, Arthur anda sumido desde que perdeu a batalha pelo afastamento de José Sarney da presidência do Senado. Há duas semanas, voou para um café da manhã com Barack Obama em Washington. Imaginava trocar idéias com ele. Havia dois mil convidados.
O Amazonas de Arthur é fortaleza do lulismo. Ele pretende se reeleger. Sabe como é...
A formiguinha suicida seria José Agripino Maia, líder do DEM no Senado?
Agripino anda muito ocupado com o escândalo que engoliu o único governador do seu partido, José Roberto Arruda, do Distrito Federal, preso numa cela da Polícia Federal, em Brasília. O escândalo ainda ameaça engolir o vice Paulo Octávio, do DEM.
E Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB?
Poupemos Guerra. O coração dele bate acelerado diante da demora do governador José Serra, de São Paulo, em se declarar candidato à vaga de Lula. E bate aflito diante do risco do próprio Guerra não se reeleger senador por Pernambuco. É uma carga dupla e bastante pesada.
De Aécio Neves, outra estrela do infausto formigueiro, diga-se que jamais aprovaria o plano de um ataque em massa ao elefante.
Se dependesse dele, o formigueiro simplesmente teria mudado de endereço para escapar de eventuais danos. Como não o levaram em conta, mergulhou terra à dentro e foi cuidar de sua vida.
Tudo deu certo para Lula desde que se elegeu presidente em 2002. Seu governo sobreviveu ao explosivo escândalo do mensalão. A economia cresceu. Milhões de brasileiros ascenderam à classe C. A maioria dos partidos se rendeu aos seus encantos. E o PT à candidata que ele sacou do bolso.
Dizem que a próxima será a primeira eleição em 21 anos onde os brasileiros estarão impedidos de votar em Lula. De fato, é verdade. Mas na prática, não.
Dilma só existe como candidata porque Lula a inventou. Nada mais direto, pois, do que o apelo que orientará sua campanha: votar em Dilma significa votar em Lula.
Caberá à oposição separar os dois – fácil, não?
A ela caberá também a difícil tarefa de vender Serra como o melhor candidato pós-Lula. Melhor até mesmo do que Dilma, a quem Lula escolheu. E logo quem?
E logo Serra que concorreu contra Lula em 2002. Se Serra tivesse vencido não haveria Lula presidente por duas vezes. Oh, céus!
O ex-metalúrgico que chegou ao lugar antes privativo dos verdadeiros donos do poder deixou de pertencer à categoria dos homens comuns – embora daí extraia sua força.
Foi promovido nos últimos oito anos à condição de mito. E como tal deverá ser encarado pelas futuras gerações. É improvável que alguém como ele reprise sua trajetória.
A oposição se propõe a derrotar um mito. E tentará fazê-lo sem reunir sua força máxima.
Serra está pronto para conversar com Aécio sobre a vaga de vice em sua chapa. Quanto a isso, há duas coisas mais ou menos certas. Serra oferecerá a vaga a Aécio. E Aécio a recusará.
Descarte-se a hipótese de Serra sugerir: “Bem, nesse caso, você sai para presidente com meu apoio e eu irei disputar um novo mandato de governador”.
Aécio tem a resposta na ponta da língua: “Agora, é tarde. Quis ser candidato. Sugeri a realização de prévias dentro do partido. Não fui ouvido. Serei candidato ao Senado”.
E aí, José?
Aí José só vencerá a eleição se Dilma conseguir perder para ela mesma.
Possível, é, embora...
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/02/22/sina-de-formiga-268279.asp
Era um inferno. Sempre que passava por ali, o elefante esmagava a entrada do formigueiro. Então as formigas decidiram reagir.
Um dia, aos milhares, saltaram sobre o elefante e começaram a picá-lo. Com um abanão das orelhas, o elefante livrou-se delas. Restou uma agarrada ao seu pescoço.
“Esgana o bicho, esgana”, gritavam as outras em coro.
O elefante da história está mais para Lula, aprovado por oito entre 10 brasileiros, assim como as formigas estão mais para a oposição – PSDB, PPS, DEM em fase terminal e uma fatia do PMDB.
Quem será a formiga que insiste inutilmente em esganar o elefante? Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado?
Ora, Arthur anda sumido desde que perdeu a batalha pelo afastamento de José Sarney da presidência do Senado. Há duas semanas, voou para um café da manhã com Barack Obama em Washington. Imaginava trocar idéias com ele. Havia dois mil convidados.
O Amazonas de Arthur é fortaleza do lulismo. Ele pretende se reeleger. Sabe como é...
A formiguinha suicida seria José Agripino Maia, líder do DEM no Senado?
Agripino anda muito ocupado com o escândalo que engoliu o único governador do seu partido, José Roberto Arruda, do Distrito Federal, preso numa cela da Polícia Federal, em Brasília. O escândalo ainda ameaça engolir o vice Paulo Octávio, do DEM.
E Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB?
Poupemos Guerra. O coração dele bate acelerado diante da demora do governador José Serra, de São Paulo, em se declarar candidato à vaga de Lula. E bate aflito diante do risco do próprio Guerra não se reeleger senador por Pernambuco. É uma carga dupla e bastante pesada.
De Aécio Neves, outra estrela do infausto formigueiro, diga-se que jamais aprovaria o plano de um ataque em massa ao elefante.
Se dependesse dele, o formigueiro simplesmente teria mudado de endereço para escapar de eventuais danos. Como não o levaram em conta, mergulhou terra à dentro e foi cuidar de sua vida.
Tudo deu certo para Lula desde que se elegeu presidente em 2002. Seu governo sobreviveu ao explosivo escândalo do mensalão. A economia cresceu. Milhões de brasileiros ascenderam à classe C. A maioria dos partidos se rendeu aos seus encantos. E o PT à candidata que ele sacou do bolso.
Dizem que a próxima será a primeira eleição em 21 anos onde os brasileiros estarão impedidos de votar em Lula. De fato, é verdade. Mas na prática, não.
Dilma só existe como candidata porque Lula a inventou. Nada mais direto, pois, do que o apelo que orientará sua campanha: votar em Dilma significa votar em Lula.
Caberá à oposição separar os dois – fácil, não?
A ela caberá também a difícil tarefa de vender Serra como o melhor candidato pós-Lula. Melhor até mesmo do que Dilma, a quem Lula escolheu. E logo quem?
E logo Serra que concorreu contra Lula em 2002. Se Serra tivesse vencido não haveria Lula presidente por duas vezes. Oh, céus!
O ex-metalúrgico que chegou ao lugar antes privativo dos verdadeiros donos do poder deixou de pertencer à categoria dos homens comuns – embora daí extraia sua força.
Foi promovido nos últimos oito anos à condição de mito. E como tal deverá ser encarado pelas futuras gerações. É improvável que alguém como ele reprise sua trajetória.
A oposição se propõe a derrotar um mito. E tentará fazê-lo sem reunir sua força máxima.
Serra está pronto para conversar com Aécio sobre a vaga de vice em sua chapa. Quanto a isso, há duas coisas mais ou menos certas. Serra oferecerá a vaga a Aécio. E Aécio a recusará.
Descarte-se a hipótese de Serra sugerir: “Bem, nesse caso, você sai para presidente com meu apoio e eu irei disputar um novo mandato de governador”.
Aécio tem a resposta na ponta da língua: “Agora, é tarde. Quis ser candidato. Sugeri a realização de prévias dentro do partido. Não fui ouvido. Serei candidato ao Senado”.
E aí, José?
Aí José só vencerá a eleição se Dilma conseguir perder para ela mesma.
Possível, é, embora...
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/02/22/sina-de-formiga-268279.asp
Marcadores:
Aécio Neves,
Dilma Rousseff,
eleições,
Jose Serra,
oposicao,
Presidência da República
Ecos de Brasília: Cinco empresas doaram R$ 6,8 mi e já receberam R$ 243 mi da Prefeitura
Do Estado de São Paulo
Montante foi repassado por contratos firmados com o governo, mas valores a serem pagos podem ser maiores.
Por Fábio Leite
Cinco empreiteiras responsáveis pelas doações na campanha de 2008, que levaram à cassação de mandato do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e de sua vice, Alda Marco Antonio (PMDB), em primeira instância pela Justiça Eleitoral, somam R$ 243 milhões em contratos já pagos pela Prefeitura desde 2009, início da atual gestão. O valor dos contratos pode ser superior, já que nem todos foram ainda 100% executados.
O montante recebido pelas empreiteiras desde janeiro de 2009 corresponde a 12% de todo o investimento feito pela Prefeitura no ano passado: R$ 1,98 bilhão. Os dados estão disponíveis no site De Olho nas Contas, da Prefeitura. Juntas, Camargo Corrêa, OAS, Carioca Christiani Nielsen, Engeform e S/A Paulista doaram R$ 6,8 milhões para a campanha de Kassab à reeleição. No último ano, elas obtiveram contratos com secretarias da administração municipal que superam o valor doado em 3.400%, segundo levantamento feito no site.
Maior doadora do comitê do DEM, com R$ 3 milhões, a Camargo Corrêa é a campeã em valor de contratos: R$ 83,2 milhões. Os maiores são com as Secretarias de Educação e Habitação, para a construção de Centros Educacionais Unificados (CEUs) e urbanização de favelas.
Segundo o advogado do DEM, Ricardo Penteado, e da Prefeitura, as doações "estão dentro da lei" e os contratos "obedecem a processos de concorrência".
Além das cinco construtoras, Serveng Civilsan e CR Almeida - que não têm contratos com a Prefeitura no período -, Banco Itaú e a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) complementam as doações consideradas ilegais pela Justiça Eleitoral à campanha do prefeito, totalizando R$ 10 milhões. O valor equivale a 33,6% dos R$ 29,8 milhões arrecadados pela coligação Kassab/Alda em 2008.
Leia mais no Estadão.
Montante foi repassado por contratos firmados com o governo, mas valores a serem pagos podem ser maiores.
Por Fábio Leite
Cinco empreiteiras responsáveis pelas doações na campanha de 2008, que levaram à cassação de mandato do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e de sua vice, Alda Marco Antonio (PMDB), em primeira instância pela Justiça Eleitoral, somam R$ 243 milhões em contratos já pagos pela Prefeitura desde 2009, início da atual gestão. O valor dos contratos pode ser superior, já que nem todos foram ainda 100% executados.
O montante recebido pelas empreiteiras desde janeiro de 2009 corresponde a 12% de todo o investimento feito pela Prefeitura no ano passado: R$ 1,98 bilhão. Os dados estão disponíveis no site De Olho nas Contas, da Prefeitura. Juntas, Camargo Corrêa, OAS, Carioca Christiani Nielsen, Engeform e S/A Paulista doaram R$ 6,8 milhões para a campanha de Kassab à reeleição. No último ano, elas obtiveram contratos com secretarias da administração municipal que superam o valor doado em 3.400%, segundo levantamento feito no site.
Maior doadora do comitê do DEM, com R$ 3 milhões, a Camargo Corrêa é a campeã em valor de contratos: R$ 83,2 milhões. Os maiores são com as Secretarias de Educação e Habitação, para a construção de Centros Educacionais Unificados (CEUs) e urbanização de favelas.
Segundo o advogado do DEM, Ricardo Penteado, e da Prefeitura, as doações "estão dentro da lei" e os contratos "obedecem a processos de concorrência".
Além das cinco construtoras, Serveng Civilsan e CR Almeida - que não têm contratos com a Prefeitura no período -, Banco Itaú e a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) complementam as doações consideradas ilegais pela Justiça Eleitoral à campanha do prefeito, totalizando R$ 10 milhões. O valor equivale a 33,6% dos R$ 29,8 milhões arrecadados pela coligação Kassab/Alda em 2008.
Leia mais no Estadão.
Marcadores:
cassação,
DEM,
doações ilegais,
empresas,
Gilberto Kassab,
Justiça Eleitoral
O mergulho em parafuso mortal na Califórnia e a reforma da saúde nos EUA
Do Portal Uol
Por Paul Krugman
(The New York Times)
Os preços dos planos de saúde estão subindo –e os conservadores temem que o espetáculo revigore a pressão pela reforma. Na “Fox Business Network”, um apresentador repreendeu um vice-presidente da WellPoint, que disse aos clientes da Califórnia que esperassem grandes aumentos de preços: “Você deu carne vermelha aos políticos em um momento em que uma reforma da saúde está sendo discutida. Você a deu para eles!”
De fato. Aumentos enormes de preços representam um argumento poderoso para a ação. E eles mostram, em particular, que precisamos de uma cobertura abrangente, garantida –que é exatamente o que os democratas estão tentando fazer.
Aqui está a história: cerca de 800 mil pessoas na Califórnia que pagam por planos de saúde individuais –e não os recebem de seus empregadores– possuem cobertura da Anthem Blue Cross, uma subsidiária da WellPoint. Foi para essas pessoas que foi dito recentemente que esperem aumentos dramáticos nos preços, em alguns casos de até 39%.
Por que tamanho aumento? Não se trata de exploração, diz a WellPoint, que alega em vez disso (sem usar o termo) estar enfrentando um clássico mergulho em parafuso mortal.
Tenha em mente que um plano de saúde privado só funciona se as seguradoras puderem vender planos tanto para clientes doentes quanto com saúde. Se pessoas demais com saúde decidirem que preferem se arriscar e permanecer sem um plano, o pool de risco deteriora, forçando as seguradoras a aumentar os preços. Isto, por sua vez, leva mais pessoas com saúde a abrirem mão do plano de saúde, piorando ainda mais o pool de risco e assim por diante.
Mas o que a WellPoint alega é que foi forçada a aumentar os preços por causa dos “tempos econômicos difíceis”: os californianos sem dinheiro têm abandonado seus planos ou adotado planos mais simples. Aqueles que mantêm a cobertura tendem a ser pessoas com altas despesas médicas. E o resultado, diz a empresa, é um drástico agravamento do pool de risco: na prática, um mergulho em parafuso mortal.
Logo, insiste a WellPoint, os aumentos de preços não são sua culpa: “Outras seguradoras estão enfrentando a mesma dinâmica e estão sendo forçadas a adotar medidas semelhantes”. De fato, um relatório divulgado na quinta-feira pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos mostra que ocorreram de fato ou foram propostos fortes aumentos nos preços dos planos de várias seguradoras.
Então vamos supor que os planos de saúde não sejam os principais vilões nesta história. Mesmo assim, o mergulho em parafuso na Califórnia torna tolice todos os principais argumentos contra uma reforma abrangente da saúde.
Por exemplo, alguns alegam que os custos da saúde cairiam dramaticamente se as seguradoras fossem autorizadas a vender apólices de um Estado para outro. Mas a Califórnia já é um mercado imenso, com muito mais concorrência do que em outros Estados; infelizmente, as seguradoras só competem na arte de negar cobertura para as pessoas que mais precisam. E a concorrência não evitou o mergulho em parafuso. Logo, por que a criação de um mercado nacional tornaria as coisas melhores?
De modo mais amplo, os conservadores fazem você acreditar que os planos de saúde sofrem com interferência demais do governo. Na verdade, o verdadeiro motivo para pressionar pela autorização da venda para outros Estados é uma nivelação por baixo, para eliminação da regulamentação estadual. Mas o mercado de planos de saúde da Califórnia já é notável pela falta de regulamentação, certamente em comparação a Estados como Nova York –mas o mercado está sofrendo colapso assim mesmo.
Finalmente, há os pedidos para uma reforma da saúde minimalista, que proibiria a discriminação com base em condições pré-existentes e que pararia por aí. É uma ideia popular, mas como todo economista de saúde sabe, também é tolice. Pois uma proibição à discriminação médica levaria a valores mais altos para as pessoas com saúde, causando, portanto, mais e maiores mergulhos em parafuso mortais.
Assim, os problemas na Califórnia mostram que as prescrições dos conservadores para a reforma da saúde não funcionam.
E o que funcionaria? De todas as formas, vamos proibir a discriminação com base no histórico médico, mas também vamos manter as pessoas com saúde no pool de risco, o que significa obrigar as pessoas a comprarem um plano de saúde. Isso, por sua vez, exige uma ajuda substancial aos americanos de renda mais baixa para que possam arcar com o custo da cobertura.
E se você reunir tudo isso, você acaba tendo algo muito parecido com os projetos de reforma da saúde que já foram aprovados pela Câmara e pelo Senado.
E quanto às alegações de que esses projetos de lei forçariam os americanos a caírem nas garras de planos de saúde inescrupulosos? Bem, a principal resposta é uma regulamentação mais forte; mas também seria uma ideia muito boa, política e substancialmente, o Senado fazer uso da reconciliação para colocar a opção pública de volta ao seu projeto.
Mas o principal argumento é este: o mergulho em parafuso mortal na Califórnia é um lembrete de que nosso sistema de saúde está ruindo e que a inação não é uma opção. O Congresso e o presidente precisam fazer com que a reforma aconteça –e já.
Por Paul Krugman
(The New York Times)
Os preços dos planos de saúde estão subindo –e os conservadores temem que o espetáculo revigore a pressão pela reforma. Na “Fox Business Network”, um apresentador repreendeu um vice-presidente da WellPoint, que disse aos clientes da Califórnia que esperassem grandes aumentos de preços: “Você deu carne vermelha aos políticos em um momento em que uma reforma da saúde está sendo discutida. Você a deu para eles!”
De fato. Aumentos enormes de preços representam um argumento poderoso para a ação. E eles mostram, em particular, que precisamos de uma cobertura abrangente, garantida –que é exatamente o que os democratas estão tentando fazer.
Aqui está a história: cerca de 800 mil pessoas na Califórnia que pagam por planos de saúde individuais –e não os recebem de seus empregadores– possuem cobertura da Anthem Blue Cross, uma subsidiária da WellPoint. Foi para essas pessoas que foi dito recentemente que esperem aumentos dramáticos nos preços, em alguns casos de até 39%.
Por que tamanho aumento? Não se trata de exploração, diz a WellPoint, que alega em vez disso (sem usar o termo) estar enfrentando um clássico mergulho em parafuso mortal.
Tenha em mente que um plano de saúde privado só funciona se as seguradoras puderem vender planos tanto para clientes doentes quanto com saúde. Se pessoas demais com saúde decidirem que preferem se arriscar e permanecer sem um plano, o pool de risco deteriora, forçando as seguradoras a aumentar os preços. Isto, por sua vez, leva mais pessoas com saúde a abrirem mão do plano de saúde, piorando ainda mais o pool de risco e assim por diante.
Mas o que a WellPoint alega é que foi forçada a aumentar os preços por causa dos “tempos econômicos difíceis”: os californianos sem dinheiro têm abandonado seus planos ou adotado planos mais simples. Aqueles que mantêm a cobertura tendem a ser pessoas com altas despesas médicas. E o resultado, diz a empresa, é um drástico agravamento do pool de risco: na prática, um mergulho em parafuso mortal.
Logo, insiste a WellPoint, os aumentos de preços não são sua culpa: “Outras seguradoras estão enfrentando a mesma dinâmica e estão sendo forçadas a adotar medidas semelhantes”. De fato, um relatório divulgado na quinta-feira pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos mostra que ocorreram de fato ou foram propostos fortes aumentos nos preços dos planos de várias seguradoras.
Então vamos supor que os planos de saúde não sejam os principais vilões nesta história. Mesmo assim, o mergulho em parafuso na Califórnia torna tolice todos os principais argumentos contra uma reforma abrangente da saúde.
Por exemplo, alguns alegam que os custos da saúde cairiam dramaticamente se as seguradoras fossem autorizadas a vender apólices de um Estado para outro. Mas a Califórnia já é um mercado imenso, com muito mais concorrência do que em outros Estados; infelizmente, as seguradoras só competem na arte de negar cobertura para as pessoas que mais precisam. E a concorrência não evitou o mergulho em parafuso. Logo, por que a criação de um mercado nacional tornaria as coisas melhores?
De modo mais amplo, os conservadores fazem você acreditar que os planos de saúde sofrem com interferência demais do governo. Na verdade, o verdadeiro motivo para pressionar pela autorização da venda para outros Estados é uma nivelação por baixo, para eliminação da regulamentação estadual. Mas o mercado de planos de saúde da Califórnia já é notável pela falta de regulamentação, certamente em comparação a Estados como Nova York –mas o mercado está sofrendo colapso assim mesmo.
Finalmente, há os pedidos para uma reforma da saúde minimalista, que proibiria a discriminação com base em condições pré-existentes e que pararia por aí. É uma ideia popular, mas como todo economista de saúde sabe, também é tolice. Pois uma proibição à discriminação médica levaria a valores mais altos para as pessoas com saúde, causando, portanto, mais e maiores mergulhos em parafuso mortais.
Assim, os problemas na Califórnia mostram que as prescrições dos conservadores para a reforma da saúde não funcionam.
E o que funcionaria? De todas as formas, vamos proibir a discriminação com base no histórico médico, mas também vamos manter as pessoas com saúde no pool de risco, o que significa obrigar as pessoas a comprarem um plano de saúde. Isso, por sua vez, exige uma ajuda substancial aos americanos de renda mais baixa para que possam arcar com o custo da cobertura.
E se você reunir tudo isso, você acaba tendo algo muito parecido com os projetos de reforma da saúde que já foram aprovados pela Câmara e pelo Senado.
E quanto às alegações de que esses projetos de lei forçariam os americanos a caírem nas garras de planos de saúde inescrupulosos? Bem, a principal resposta é uma regulamentação mais forte; mas também seria uma ideia muito boa, política e substancialmente, o Senado fazer uso da reconciliação para colocar a opção pública de volta ao seu projeto.
Mas o principal argumento é este: o mergulho em parafuso mortal na Califórnia é um lembrete de que nosso sistema de saúde está ruindo e que a inação não é uma opção. O Congresso e o presidente precisam fazer com que a reforma aconteça –e já.
Marcadores:
Califórnia,
eua,
planos de sáude,
preços,
reforma agraria,
Well Point
domingo, 21 de fevereiro de 2010
O Estado Forte!
E por falar em Dilma e Estado Forte...
Certamente é o tipo de entrevista que não vamos ver por essas bandas...
Certamente é o tipo de entrevista que não vamos ver por essas bandas...
Nassif: Serra e o Fim da Era Paulista na Política
Belíssima análise do jornalista Luis Nassif sobre o serrismo, suas características, como funciona o mecanismo que se formou em torno do governador paulista, principalmente o apoio da velha mídia, sua personalidade e a encruzilhada política em que se encontra, mostrando que os rumos da oposição no país deverá mudar consideravelmente após às próximas eleições, dependendo dos resultados que sairão das urnas. Considerações bastante lúcidas, vale a pena ler.
Por Luis Nassif
Por que José Serra vacila tanto em anunciar-se candidato?
Para quem acompanha a política paulista com olhos de observador e tem contatos com aliados atuais e ex-aliados de Serra, a razão é simples.
Seu cálculo político era o seguinte: se perde as eleições para presidente, acaba sua carreira política; se se lança candidato a governador, mas o PSDB consegue emplacar o candidato a presidente, perde o partido para o aliado. Em qualquer hipótese, iria para o aposentadoria ou para segundo plano. Para ele só interessava uma das seguintes alternativas: ele presidente ou; ele governador e alguém do PT presidente. Ou o PSDB dava certo com ele; ou que explodisse, sem ele.
Esta foi a lógica que (des)orientou sua (in)decisão e que levou o partido a esse abraço de afogado. A ideia era enrolar até a convenção, lá analisar o que lhe fosse melhor.
De lá para cá, muita água rolou. Agora, as alternativas são as seguintes:
1. O xeque que recebeu de Aécio Neves (anunciando a saída da disputa para candidato a presidente) demoliu a estratégia inicial de Serra. Agora, se desiste da presidência e sai candidato a governador, leva a pecha de medroso e de sujeito que sacrificou o partido em nome de seus interesses pessoais.
2. Se sai candidato a presidente, no dia seguinte o serrismo acaba.
Hoje em dia, a liderança de Serra sobre seu governo é próxima a zero. Ele mantém o partido unido e a administração calada pelo medo, não pelas ideias ou pela liderança.
Há mágoas profundas do covismo, mágoas dos aliados do DEM – pela maneira como deserdou Kassab -, afastamento daqueles que poderiam ser chamados de serristas históricos – um grupo de técnicos de alto nível que, quando sobreveio a inércia do período FHC-Malan, julgou que Serra poderia ser o receptador de ideias modernizantes.
Outro dia almocei com um grande empresário, aliado de primeira hora de Serra. Cauteloso, leal, não avançou em críticas contra Serra. Ouviu as minhas e ponderou uma explicação que vale para todos, políticos, homens de negócio e pensadores: “As ideias têm que levar em conta a mudança das circunstâncias e do país”. Serra foi moderno quando parlamentar porque, em um período de desastre fiscal focou seu trabalho na responsabilidade fiscal.
No governo paulista, não conseguiu levantar uma bandeira modernizadora sequer. Pior: não percebeu que os novos tempos exigiam um compromisso férreo com o bem estar do cidadão e a inclusão social. Continuou preso ao modelito do administrador frio, ao mesmo tempo em que comprometia o aparato regulatório do Estado com concessões descabidas a concessionárias.
O castigo veio a cavalo. A decisão de desviar todos os recursos para o Rodoanel provocou o segundo maior desastre coletivo da moderna história do país, produzido por erros de gestão: o alagamento de São Paulo devido à interrupção das obras de desassoreamento do rio Tietê. O primeiro foi o “apagão” do governo FHC.
É bobagem taxar o PSDB histórico de golpista. Na origem, o partido conseguiu aglutinar quadros técnicos de alto nível, de pensamento de centro-esquerda e legalistas por excelência. E uma classe média que também combateu a ditadura, mas avessa a radicalizações ideológicas.
Ao encampar o estilo Maluf – virulência ideológica (através de seus comandados na mídia), insensibilidade social, (falsa) imagem de administrador frio e insensível, ênfase apenas nas obras de grande visibilidade, desinteresse em relação a temas centrais, como educação e segurança – Serra destruiu a solidariedade partidária criada duramente por lideranças como Mário Covas, Franco Montoro e Sérgio Motta.
Quadros acadêmicos do PSDB, de alto nível, praticamente abandonaram o sonho de modernizar a política e ou voltaram para a Universidade ou para organizações civis que lhe abriram espaço.
O primeiro, a tendência de chamar a si todos os méritos, não admitir críticas e tratar todos subordinados com desprezo, inclusive proibindo a qualquer secretário sequer mostrar seu trabalho. Principalmente, a de exigir a cabeça de jornalistas que o criticavam.
O mal-estar na administração é geral. Em vez de um Estadista, passaram a ser comandados por um chefe de repartição que não admite o brilho de ninguém, nem lhes dá reconhecimento, não é eficiente e só joga para a torcida.
O segundo, a deslealdade. Duvido que exista no governo Serra qualquer estrela com luz própria que lhe deva lealdade. A estratégia política de FHC e Lula sempre foi a de agregar, aparar resistências, afagar o ego de aliados. A de Serra foi a do conflito maximizado não por posições políticas, mas pelo ego transtornado.
O uso do blogueiro terceirizado da Veja para ataques descabidos (pela virulência) contra Geraldo Alckmin, Chalita, Aécio, deixou marcas profundas no próprio partido.
Alckmin não lhe deve lealdade, assim como Aloizio Nunes – que está sendo rifado por Serra. Alberto Goldmann deve? Praticamente desapareceu sob o personalismo de Serra, assim como Guilherme Afif e Lair Krähenbühl – sujeito de tão bom nível que conseguiu produzir das poucas coisas decentes do malufismo e não se sujar.
No interior, há uma leva enorme de prefeitos esperando o último sopro de Serra para desvencilhar-se da presença incômoda do governador.
O que segura o serrismo, hoje em dia, é apenas o temor do espírito vingativo de Serra. E um grupo de pessoas que será varrido da vida pública com sua derrota por absoluta falta de opção. Mas que chora amargamente a aposta na pessoa errada.
Aliás, se Aécio Neves for esperto (e é), tratará de reasgatar esses quadros para o partido.
Saindo candidato a presidente e ficando claro que não terá chance de vitória, o PSDB paulista se bandeará na hora para o novo rei. Pelas possibilidades eleitorais, será Alckmin, político limitado, sem fôlego para inaugurar uma nova era. Por outro lado, o PT paulista também não logrou se renovar, abrir espaço para novos quadros, para novas propostas. Continua prisioneiro da polarização virulenta com o PSDB, sem ter conseguido desenvolver um discurso novo ou arregimentado novas alianças.
O resultado final será o fim da era paulista na política nacional, um modelo que se sustentou décadas graças ao movimento das diretas e à aliança com a velha mídia.
Acaba em um momento histórico, em que o desenvolvimento se interioriza e o monopólio da opinião começa a cair.
A história explica grande parte desse fim de período. Mas o desmonte teria sido menos traumático se conduzido por uma liderança menos deletéria que a de Serra.
Vá ao blog do Nassif
Por Luis Nassif
Por que José Serra vacila tanto em anunciar-se candidato?
Para quem acompanha a política paulista com olhos de observador e tem contatos com aliados atuais e ex-aliados de Serra, a razão é simples.
Seu cálculo político era o seguinte: se perde as eleições para presidente, acaba sua carreira política; se se lança candidato a governador, mas o PSDB consegue emplacar o candidato a presidente, perde o partido para o aliado. Em qualquer hipótese, iria para o aposentadoria ou para segundo plano. Para ele só interessava uma das seguintes alternativas: ele presidente ou; ele governador e alguém do PT presidente. Ou o PSDB dava certo com ele; ou que explodisse, sem ele.
Esta foi a lógica que (des)orientou sua (in)decisão e que levou o partido a esse abraço de afogado. A ideia era enrolar até a convenção, lá analisar o que lhe fosse melhor.
De lá para cá, muita água rolou. Agora, as alternativas são as seguintes:
1. O xeque que recebeu de Aécio Neves (anunciando a saída da disputa para candidato a presidente) demoliu a estratégia inicial de Serra. Agora, se desiste da presidência e sai candidato a governador, leva a pecha de medroso e de sujeito que sacrificou o partido em nome de seus interesses pessoais.
2. Se sai candidato a presidente, no dia seguinte o serrismo acaba.
O balanço que virá
O clima eleitoral de hoje, mais o poder remanescente de Serra, dificulta a avaliação isenta do seu governo. Esse quadro – que vou traçar agora – será de consenso no ano que vem, quando começar o balanço isento do seu governo, sem as paixões eleitorais e sem a obrigatoriedade da velha mídia de criar o seu campeão a fórceps. Aí se verá com mais clareza a falta de gestão, a ausência total do governador do dia-a-dia da administração (a não ser para inaugurações), a perda de controle sobre os esquemas de caixinha política.Hoje em dia, a liderança de Serra sobre seu governo é próxima a zero. Ele mantém o partido unido e a administração calada pelo medo, não pelas ideias ou pela liderança.
Há mágoas profundas do covismo, mágoas dos aliados do DEM – pela maneira como deserdou Kassab -, afastamento daqueles que poderiam ser chamados de serristas históricos – um grupo de técnicos de alto nível que, quando sobreveio a inércia do período FHC-Malan, julgou que Serra poderia ser o receptador de ideias modernizantes.
Outro dia almocei com um grande empresário, aliado de primeira hora de Serra. Cauteloso, leal, não avançou em críticas contra Serra. Ouviu as minhas e ponderou uma explicação que vale para todos, políticos, homens de negócio e pensadores: “As ideias têm que levar em conta a mudança das circunstâncias e do país”. Serra foi moderno quando parlamentar porque, em um período de desastre fiscal focou seu trabalho na responsabilidade fiscal.
No governo paulista, não conseguiu levantar uma bandeira modernizadora sequer. Pior: não percebeu que os novos tempos exigiam um compromisso férreo com o bem estar do cidadão e a inclusão social. Continuou preso ao modelito do administrador frio, ao mesmo tempo em que comprometia o aparato regulatório do Estado com concessões descabidas a concessionárias.
O castigo veio a cavalo. A decisão de desviar todos os recursos para o Rodoanel provocou o segundo maior desastre coletivo da moderna história do país, produzido por erros de gestão: o alagamento de São Paulo devido à interrupção das obras de desassoreamento do rio Tietê. O primeiro foi o “apagão” do governo FHC.
O fim das ideias
O Serra que emergiu governador decepcionou aliados históricos. Mostrou-se ausente da administração estadual, sem escrúpulos quando tornou-se o principal alimentador do macartismo virulento da velha mídia – usando a Veja e a Folha – e dos barra-pesadas do Congresso. Quando abriu mão dos quadros técnicos, perdeu o pé das ideias. Havia meia dúzia de intelectuais que o abastecia com ideias modernizantes. Sem eles, sua única manifestação “intelectual” foi o artigo para a Folha criticando a posição do Brasil em relação ao Irã – repetindo argumentos do seu blogueiro -, um horror para quem o imaginava um intelectual refinado.É bobagem taxar o PSDB histórico de golpista. Na origem, o partido conseguiu aglutinar quadros técnicos de alto nível, de pensamento de centro-esquerda e legalistas por excelência. E uma classe média que também combateu a ditadura, mas avessa a radicalizações ideológicas.
Ao encampar o estilo Maluf – virulência ideológica (através de seus comandados na mídia), insensibilidade social, (falsa) imagem de administrador frio e insensível, ênfase apenas nas obras de grande visibilidade, desinteresse em relação a temas centrais, como educação e segurança – Serra destruiu a solidariedade partidária criada duramente por lideranças como Mário Covas, Franco Montoro e Sérgio Motta.
Quadros acadêmicos do PSDB, de alto nível, praticamente abandonaram o sonho de modernizar a política e ou voltaram para a Universidade ou para organizações civis que lhe abriram espaço.
O personalismo exacerbado
Principalmente, chamaram a atenção dois vícios seus, ambos frutos de um personalismo exacerbado – para o qual tantas e tantas vezes FHC tinha alertado.O primeiro, a tendência de chamar a si todos os méritos, não admitir críticas e tratar todos subordinados com desprezo, inclusive proibindo a qualquer secretário sequer mostrar seu trabalho. Principalmente, a de exigir a cabeça de jornalistas que o criticavam.
O mal-estar na administração é geral. Em vez de um Estadista, passaram a ser comandados por um chefe de repartição que não admite o brilho de ninguém, nem lhes dá reconhecimento, não é eficiente e só joga para a torcida.
O segundo, a deslealdade. Duvido que exista no governo Serra qualquer estrela com luz própria que lhe deva lealdade. A estratégia política de FHC e Lula sempre foi a de agregar, aparar resistências, afagar o ego de aliados. A de Serra foi a do conflito maximizado não por posições políticas, mas pelo ego transtornado.
O uso do blogueiro terceirizado da Veja para ataques descabidos (pela virulência) contra Geraldo Alckmin, Chalita, Aécio, deixou marcas profundas no próprio partido.
Alckmin não lhe deve lealdade, assim como Aloizio Nunes – que está sendo rifado por Serra. Alberto Goldmann deve? Praticamente desapareceu sob o personalismo de Serra, assim como Guilherme Afif e Lair Krähenbühl – sujeito de tão bom nível que conseguiu produzir das poucas coisas decentes do malufismo e não se sujar.
No interior, há uma leva enorme de prefeitos esperando o último sopro de Serra para desvencilhar-se da presença incômoda do governador.
O que segura o serrismo, hoje em dia, é apenas o temor do espírito vingativo de Serra. E um grupo de pessoas que será varrido da vida pública com sua derrota por absoluta falta de opção. Mas que chora amargamente a aposta na pessoa errada.
Aliás, se Aécio Neves for esperto (e é), tratará de reasgatar esses quadros para o partido.
Saindo candidato a presidente e ficando claro que não terá chance de vitória, o PSDB paulista se bandeará na hora para o novo rei. Pelas possibilidades eleitorais, será Alckmin, político limitado, sem fôlego para inaugurar uma nova era. Por outro lado, o PT paulista também não logrou se renovar, abrir espaço para novos quadros, para novas propostas. Continua prisioneiro da polarização virulenta com o PSDB, sem ter conseguido desenvolver um discurso novo ou arregimentado novas alianças.
O resultado final será o fim da era paulista na política nacional, um modelo que se sustentou décadas graças ao movimento das diretas e à aliança com a velha mídia.
Acaba em um momento histórico, em que o desenvolvimento se interioriza e o monopólio da opinião começa a cair.
A história explica grande parte desse fim de período. Mas o desmonte teria sido menos traumático se conduzido por uma liderança menos deletéria que a de Serra.
Vá ao blog do Nassif
Marcadores:
Aécio Neves,
alagamento,
candidato,
DEM,
Folha de São Paulo,
Gilberto Kassab,
Jose Serra,
personalismo,
Presidência,
PSDB,
Rodoanel,
Veja,
velha midia
Em discurso de pré-candidata, Dilma minimiza críticas ao “inchaço da máquina”
Da Agência Brasil
Brasília – Visivelmente emocionada, trajando uma roupa vermelha, a cor do PT, a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, assumiu neste sábado (20) o posto de pré-candidata à Presidência da República, tarefa que chamou de “honrosa”.
“Recebo com humildade essa tarefa que vocês estão me conferindo, mas com coragem e determinação. Jamais pensei que a vida me reservaria tal desafio”, disse a ministra.
E com firmeza, Dilma procurou passar uma mensagem de confiança, lembrando que o equilíbrio macroeconômico e a redução da vulnerabilidade externa foram marcas da política econômica do governo Lula. A pré-candidata, por outro lado, minimizou as críticas ao “inchaço da máquina estatal”.
“Alguns falam todos os dias do inchaço da máquina estatal. Nós vamos continuar valorizando o servidor público. Vamos continuar reaparelhando o Estado, recompondo sua capacidade de planejamento.”
Além disso, a ministra atribuiu à resistência dos brasileiros a interrupção do processo de privatização levado a cabo nos anos 90. “Aqui no Brasil o desastre só não foi maior como em outros países porque os brasileiros resistiram e conseguiram impedir a privatização parcial ou integral da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica.”
Dilma lembrou ainda os anos da ditadura militar, em que atuou na luta armada, e ressaltou que o governo Lula promoveu o fortalecimento da democracia. “Com serena convicção digo que nunca mais viveremos numa gaiola, numa jaula ou numa prisão”, afirmou.
Brasília – Visivelmente emocionada, trajando uma roupa vermelha, a cor do PT, a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, assumiu neste sábado (20) o posto de pré-candidata à Presidência da República, tarefa que chamou de “honrosa”.
“Recebo com humildade essa tarefa que vocês estão me conferindo, mas com coragem e determinação. Jamais pensei que a vida me reservaria tal desafio”, disse a ministra.
E com firmeza, Dilma procurou passar uma mensagem de confiança, lembrando que o equilíbrio macroeconômico e a redução da vulnerabilidade externa foram marcas da política econômica do governo Lula. A pré-candidata, por outro lado, minimizou as críticas ao “inchaço da máquina estatal”.
“Alguns falam todos os dias do inchaço da máquina estatal. Nós vamos continuar valorizando o servidor público. Vamos continuar reaparelhando o Estado, recompondo sua capacidade de planejamento.”
Além disso, a ministra atribuiu à resistência dos brasileiros a interrupção do processo de privatização levado a cabo nos anos 90. “Aqui no Brasil o desastre só não foi maior como em outros países porque os brasileiros resistiram e conseguiram impedir a privatização parcial ou integral da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica.”
Dilma lembrou ainda os anos da ditadura militar, em que atuou na luta armada, e ressaltou que o governo Lula promoveu o fortalecimento da democracia. “Com serena convicção digo que nunca mais viveremos numa gaiola, numa jaula ou numa prisão”, afirmou.
Marcadores:
Dilma Rousseff,
inchaço,
máquina estatal,
pré-candidata,
Presidência da República,
pt
Assinar:
Postagens (Atom)