sábado, 9 de janeiro de 2010

PLANO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - PNDH: A Histeria da Imprensa.

Do blog Politika etc.

Golpe comunista

Escrito por Raphael Neves

Isto só pode ser coisa de comunista: “Garantir a possibilidade de fiscalização da programação das emissoras de rádio e televisão, com vistas a assegurar o controle social sobre os meios de comunicação e a penalizar, na forma da lei, as empresas de telecomunicação que veicularem programação ou publicidade atentatória aos direitos humanos”. Absurdo, querer “censurar” a imprensa, não? Coisas do PT…

Ôpa, peraí, mas esse é o texto do 2º Programa Nacional de Direitos Humanos, decreto assinado por Fernando Henrique Cardoso em maio de 2002 (confira aqui e veja o item 102).

A depender da histeria que se vê na imprensa, estamos à beira de um golpe. O deputado Ronaldo Caiado manifestou no Twitter seu “medo” de uma possível ditadura, de um golpe branco. Em entrevista ao Jornal da Globo, o Senador Tasso Jereissati disse que o PNDH viola as liberdades fundamentais. E, para completar, Ricardo Noblat anuncia o PNDH como um programa de um novo mandato petista, assinado um ano antes da eleição (o PNDH anterior foi assinado 6 meses antes da eleição de 2002).

Quem está contra o programa, em resumo, são: a) Militares, que não querem nem ouvir falar em Comissão da Verdade; b) Mídia, que é contra debate sobre regulamentação dos meios de comunicação (vide Confecom); c) Produtores rurais, que são contrários à proposta de se alterar a mediação de conflitos no campo.

A reação foi muito exagerada. A regulação dos meios de comunicação, como já foi mencionado logo no início, não é novidade. A intenção existe desde programas anteriores. A proposta (veja bem: é algo programático, não existe nem mesmo projeto de lei para isso) é de se criar audiências com envolvidos (trabalhadores rurais, proprietários, Ministério Público e polícia) para se tentar acabar com ações violentas no campo.

O PNDH de 2002 tinha dispositivo parecido: “Apoiar a aplicação da Lei Complementar no 88/96, relativa ao rito sumário, assim como outras proposições legislativas que objetivem dinamizar os processos de expropriação para fins de reforma agrária, assegurando-se, para prevenir atos de violência, maior cautela na concessão de liminares”.

Nunca é demais lembrar, o Programa está em conformidade com o artigo 84, VI, a da Constituição Federal. Compete ao Presidente da República organizar o funcionamento da administração federal. Esse Programa nada mais é do que uma séria de diretivas para o próprio Executivo, que pode propor leis. Qualquer coisa ali, para se tornar efetiva, necessita ser aprovada na forma de lei pelo Legislativo.

De fato, o programa inova em relação à questão da anistia, pois pretende instituir uma Comissão de Verdade. Mas, de resto, ruralistas e oposição pegam carona para atacar o PNDH como um todo. Difícil acusar o governo de querer dar um golpe branco quando, na verdade, esse know-how é justamente daqueles que criticam o Programa Nacional de Direitos Humanos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Licitacao FX para a Compra de Avioes - O Relatorio da Aeronautica.


A negociacao de material belico e realmente um negocio complexo. A compra de materiais tao modernos, caros e estrategicos nao levam em conta, apenas, a questao de preco. Levam em conta toda uma cadeia contributiva, que vai da transferencia de tecnologia a contrapartidas em escala de politica internacional. O Brasil tem querido atrelar, e com toda a razao, a compra de avioes a todo um processo que, certamente, nao vai se limitar aos bilhoes de dolares iniciais. Envolve um projeto mais ambicioso e de longo prazo, compativel com a posicao de potencial regional, que tem uma de suas maiores riquezas escondidas no mar, alem das parcerias geoestrategicas no hemisferio sul com o aumento de sua influencia nesta area do planeta.
Por isso o governo tem insistido que a escolha entre os tres modelos finais: o Super Hornet, da Boeing; o Rafale, da francesa Dassault e o sueco Gripen, da Saab; sera baseada, primeiramente, em criterios politicos, observando-se aqueles que melhor atendam aos interesses nacionais. E sabido que a preferencia e pelos franceses, que se comprometeram com transferencia total de tecnologia, alem de ajudar no projeto do submarino nuclear brasileiro com a tecnologia do casco (o que ja reduziria em alguns anos o tempo do projeto), bem como em apoiar o pais para um assento permanente no Conselho de Seguranca da ONU. Pesa contra os americanos da Boeing o fato de que transferir tecnologia e um negocio bastante dificil, principalmente porque atrelada a avaliacao do Congresso americano. E contra os suecos o fato de muitos dos avionicos serem americanos, o que tambem dificultaria a questao da transferencia, sempre atrelada aos limites estabelecidos pelos EUA; alem de ser um projeto ainda em andamento e desenvolvimento, nao acabado como o Rafale e o Hornet.
Recentemente vazou um relatorio da Aeronautica que revelaria uma possivel preferencia pelos avioes suecos. Posteriormente um novo relatorio foi divulgado, agora mais tecnico, sem listar ordem de preferencia (vejam materia do Estadao logo abaixo).
A verdade e que interesses poderosos estao envolvidos, mas, antes de tudo, o governo deve estar atento para que o melhor para o Brasil seja concretizado, inclusive para que o pais possa adquirir teconologia suficiente, compativel com a seu papel de "player" importante na nova geopolitica mundial.




Do Estadao

FAB entrega relatório sobre caças que agrada ao Planalto
Nova avaliação, que lista características, permite apontar caça francês como melhor



BRASÍLIA
O relatório final do Comando da Aeronáutica sobre o projeto FX-2, que envolve a compra de 36 caças e um negócio estimado em R$ 10 bilhões, agradou ao Palácio do Planalto. O documento indica que as aeronaves Rafale, da companhia francesa Dassault, e F-18 Super Hornet, da americana Boeing, contam com características técnicas e militares superiores aos Gripen NG, da sueca Saab. O Ministério da Defesa confirmou a entrega do parecer, que tem 390 páginas. Um colaborador direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também teve acesso ao documento.

O conteúdo do novo relatório - modificado por pressão do governo, que permite apontar o francês Rafale como o melhor - contrasta com a versão anterior, na qual a Aeronáutica hierarquizou os três concorrentes e apontou o Gripen NG no topo da lista. Ao caça Rafale, que é o preferido de Lula e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, a Aeronáutica reservara o terceiro e último lugar, em função especialmente de seu custo mais elevado. A publicação dessa versão pela Folha de S. Paulo, no início da semana, irritou a Presidência, que avaliou o ato como uma pressão adicional da Força Aérea para fazer valer seus critérios na decisão final e o qualificou como nocivo à "segurança nacional".

"Não acho bom que um relatório da Defesa transcenda ao público. Isso afeta a segurança nacional. Pode não trazer problemas hoje, mas eles podem ser mais visíveis no futuro", afirmou o colaborador de Lula, que teve acesso à versão final.

O novo documento não traz uma hierarquia dos concorrentes, como o anterior. Mas expõe as vantagens dos caças Rafale e F-18 Super Hornet, como os fatos de serem projetos já construídos, testados e birreatores, enquanto os Gripen NG são monorreatores.

Parlamentares que acompanham essa concorrência para a renovação da frota da Força Aérea consideram que o documento final apenas alivia a saia-justa entre a Aeronáutica e a Presidência.

Mesmo que o relatório viesse a apontar o Rafale como a escolha perfeita, as sucessivas tentativas da Aeronáutica de constranger o governo a recuar em sua preferência foram registradas pelo Palácio do Planalto e devem resultar em punição. Em outubro, a cúpula da Aeronáutica apresentou a deputados da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional as razões pelas quais considerava os caças Gripen NG mais apropriados.

O próprio comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, alegara a um parlamentar que o fato de o projeto do caça sueco ainda estar em fase de desenvolvimento aumentaria a chance de absorção de tecnologia pela Embraer. Além disso, Saito reforçara as vantagens dos Gripen NG em termos de custo e de manutenção. O ápice, entretanto, foi o vazamento do relatório anterior, quando a nova versão estava prestes a ser concluída.

PAINEL INTERNACIONAL





É a guerra de Obama

Lluís Bassets


A pior de todas é a que se trava em nossos cérebros. Pode dar-se por perdida quando se aceitam seus termos. E é preciso escrevê-lo com todas as letras: na Europa está sendo perdida. É a guerra cultural, na qual as ações violentas têm uma dupla função persuasiva: amedrontar o conjunto da população e transferir a responsabilidade, a culpa, para os que atuam em desconformidade com o islamismo radical, transformando-se com isso em alvos potenciais. O resultado é que conduzem à restrição da liberdade de expressão e à censura. Essa guerra tem muitos cúmplices, porque não são só os muçulmanos radicais que pedem um estatuto especial para sua religião. Na Irlanda, no primeiro dia do ano, entrou em vigor a lei antiblasfêmia, que pune com uma multa de até 25 mil euros quem as proferir em público. Um soldado dessa guerra é o somali que no primeiro dia do ano tentou assassinar, de machado e faca na mão, Kurt Westergard, o desenhista que publicou uma caricatura de Maomé no jornal dinamarquês "Jyllands Posten" em 2005, e que desde então se encontra sob proteção policial. Nas críticas às caricaturas de Maomé concordaram o papa, Tony Blair e inclusive George Bush, apesar de em seu país a liberdade de expressão estar muito melhor protegida do que na Europa.

Não fica atrás a guerra seguinte, que é travada à vista de todos, na rua e nas instituições. Como a anterior, tem a virtude de que começa a ser perdida quando se aceita que existe. O sonho da invulnerabilidade pode conduzir a maiores aberrações. Dura será a vida dos que utilizam o transporte aéreo. Mas o mesmo pode acontecer com trens, ônibus, metrôs e inclusive automóveis particulares. Há no entanto uma inversão de termos neste caso. Na Europa, hoje mais acostumada à sociedade de risco, a reação é moderada. Nos EUA, por sua vez, onde prosperou a lenda de um país invulnerável, nem mesmo Obama conseguiu reverter os efeitos da guerra sobre o estado de direito e as liberdades. O soldado dessa guerra é o nigeriano que tentou explodir o avião da Northwest ao chegar a Detroit, vindo de Amsterdã, no dia de Natal. Guantánamo continuará aberta graças a ela. Como continuará havendo presos sem julgamento, ordens de detenção secretas, escutas sem controle judicial e tudo o que Bush fez, sim, no atacado, agora no varejo e com mais cuidados e prevenções.

Mas onde mais se nota que estamos perdendo a segunda guerra, a dos valores, é na terceira, que é onde há realmente combatentes, batalhas e Estados-maiores confrontados e é no fundo a verdadeira guerra de Obama. É lamentável e repugnante como toda a guerra, mas é a mais certa e eficaz. Trava-se em segredo, sem bravatas, silenciosamente. Embora seus efeitos surjam de vez em quando, com não pouco alarme. Por exemplo, no ataque suicida à base da CIA no Afeganistão, um revés histórico para os EUA, que acreditavam ter Bin Laden ao alcance das mãos através de um agente duplo e afinal perdeu sete agentes próprios e um de um país aliado como a Jordânia. Essa ação da Al Qaeda é a resposta a uma guerra cibernética, através de aviões teleguiados, que a CIA mantém no Afeganistão e no Paquistão e que custou a vida de pelo menos uma vintena de importantes dirigentes terroristas.

Com Obama se intensificou esse tipo de guerra, a ponto de alguns especialistas afirmarem que substituirá a atual presença maciça de tropas na zona de conflitos que se estende do Paquistão à Somália. A CIA realizou 55 ataques com seus "drones" Predator e Reaper durante o primeiro ano de Obama na Casa Branca, uma cifra que é o dobro da de 2008 com Bush e supera toda a atividade durante os oito anos da presidência anterior. Formalmente, trata-se de um programa de assassinatos seletivos autorizado por Bush, depois que outro presidente republicano, Gerald Ford, o proibiu em 1976.

O australiano Philip Alston, relator especial da ONU sobre Execuções Extrajudiciais e professor de direito na Universidade de Nova York, considera que esse tipo de ação pode ser legal em condições de guerra justa: quando não há outro meio para deter ou impedir que o inimigo prossiga sua atividade e quando se tomam todas as precauções para evitar as vítimas civis. Mas não parece ser o caso, porque nem sequer há informação oficial nem possibilidade de controle judicial ou parlamentar sobre esse tipo de ação.

Bush fazia um pacote com todas as guerras, ao qual denominava Guerra Global contra o Terror, que alguns confundiam com uma guerra contra os árabes ou contra o islã. As faturas por aqueles erros, cada vez mais elevadas, continuam chegando hoje. Obama matiza e distingue: mas isso não o torna imune às críticas, da direita por sua excessiva moderação e da esquerda por sua continuidade com a guerra ilegal de Bush. De sua perícia para travá-la sem muito desgaste e para ganhá-la, isto é, terminar com o perigo certeiro da Al Qaeda, não depende unicamente sua presidência, mas também a segurança de todos.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Noam Chomsky: Os Estados Unidos e a "Pacificacao Presidencial" na America Latina


Da Agencia Carta Maior.

O presidente Barack Obama distanciou os EUA de quase toda América Latina e Europa ao aceitar o golpe militar que derrubou a democracia hondurenha em junho passado. O apoio ao processo eleitoral garantiu para os EUA o uso da base aérea de Palmerola, em território hondurenho, cujo valor para o exército estadunidense aumenta na medida em que está sendo expulso da maior parte da América Latina. Obama abriu a brecha ao apoiar um golpe militar, repetindo uma prática dos EUAbem conhecida na América Latina. O artigo é de Noam Chomsky.

Noam Chomsky

Barack Obama é o quarto presidente estadunidense a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, unindo-se a outros dentro de uma longa tradição de pacificação que desde sempre serviu aos interesses dos EUA. Os quatro presidentes deixaram sua marca em nossa “pequena região” ("nosso quintal"), que "nunca incomodou ninguém", como caracterizou o secretário de Guerra, Henry L. Stimson, em 1945. Dada a postura do governo de Obama diante das eleições em Honduras, em novembro último, vale a pena examinar esse histórico.

Theodore Roosevelt
Em seu segundo mandato como presidente, Theodore Roosevelt disse que a expansão de povos de sangue branco ou europeu durante os quatro últimos séculos viu-se ameaçada por benefícios permanentes aos povos que já existiam nas terras onde ocorreu essa expansão (apesar do que possam pensar os africanos nativos, americanos, filipinos e outros supostos beneficiados).

Portanto, era inevitável e, em grande medida, desejável para a humanidade em geral que o povo estadunidense terminasse por ser maioria sobre os mexicanos ao conquistar a metade do México, além do que estava fora de qualquer debate esperar que os (texanos) se submetessem à supremacia de uma raça inferior. Utilizar a diplomacia dos navios de artilharia para roubar o Panamá da Colômbia e construir um canal também foi um presente para a humanidade.

Woodrow Wilson
Woodrow Wilson é o mais honrado dos presidentes premiados com o Nobel e, possivelmente, o pior para a América Latina. Sua invasão do Haiti, em 1915, matou milhares de pessoas, praticamente reinstaurou a escravidão e deixou grande parte do país em ruínas.

Para demonstrar seu amor à democracia, Wilson ordenou a seus mariners que desintegrassem o Parlamento haitiano a ponta de pistola em represália pela não aprovação de uma legislação progressista que permitiria às corporações estadunidenses comprar o país caribenho. O problema foi resolvido quando os haitianos adotaram uma Constituição ditada pelos Estados Unidos e redigida sob as armas dos mariners. Tratava-se de um esforço que resultaria benéfico para o Haiti, assegurou o Departamento de Estado a seus cativos.

Wilson também invadiu a República Dominicana para garantir seu bem-estar. Esta nação e o Haiti ficaram sob o mando de violentos guardas civis. Décadas de tortura, violência e miséria em ambos países foram o legado do idealismo wilsoniano, que se converteu em um princípio da política externa dos EUA.

Jimmy Carter
Para o presidente Jimmy Carter, os direitos humanos eram a alma de nossa política externa. Robert Pastor, assessor de segurança nacional para temas da América Latina, explicou que havia importantes distinções entre direitos e política: lamentavelmente a administração teve que respaldar o regime do ditador nicaragüense Anastásio Somoza, e quando isso se tornou impossível, manteve-se no país uma Guarda Nacional treinada nos EUA, mesmo depois de terem ocorrido massacres contra a população com uma brutalidade que as nações reservam para seus inimigos, segundo assinalou o mesmo funcionário, e onde morreram cerca de 40 mil pessoas.

Para Pastor, a razão era elementar: os EUA não queriam controlar a Nicarágua nem nenhum outro país da região, mas tampouco queria que os acontecimentos saíssem do seu controle. Queria que os nicaragüenses atuassem de forma independente, exceto quando essa independência afetasse os interesses dos Estados Unidos.

Barack Obama
O presidente Barack Obama distanciou os EUA de quase toda América Latina e Europa ao aceitar o golpe militar que derrubou a democracia hondurenha em junho passado. A quartelada refletiu abismais e crescentes divisões políticas e socioeconômicas, segundo o New York Times. Para a reduzida classe social alta, o presidente hondurenho Manuel Zelaya converteu-se em uma ameaça para o que esta classe chama de democracia, que, na verdade, é o governo das forças empresariais e políticas mais fortes do país.

Selaya adotou medidas tão perigosas como o incremento do salário mínimo em um país onde 60% da população vive na pobreza. Tinha que ir embora. Praticamente sozinho, os EUA reconheceram as eleições de novembro (nas quais saiu vitorioso Pepe Lobo), realizadas sob um governo militar e que foram uma “grande celebração da democracia”, segundo o embaixador de Obama em Honduras, Hugo Llorens. O apoio ao processo eleitoral garantiu para os EUA o uso da base aérea de Palmerola, em território hondurenho, cujo valor para o exército estadunidense aumenta na medida em que está sendo expulso da maior parte da América Latina.

Depois das eleições, Lewis Anselem, representante de Obama na Organização de Estados Americanos (OEA), aconselhou aos atrasados latinoamericanos que aceitassem o golpe militar e seguissem os EUA no mundo real e não no mundo do realismo mágico.

Obama abriu a brecha ao apoiar um golpe militar. O governo estadunidense financia o Instituto Internacional Republicano (IRI, na sigla em inglês) e o Instituto Nacional Democrático (NDI) que, supostamente, promovem a democracia. O IRI apóia regularmente golpes militares para derrubar governos eleitos, como ocorreu na Veenzuela, em 2002, e no Haiti, em 2004. O NDI tem se contido. Em Honduras, pela primeira vez, esse instituto concordou em observar as eleições realizadas sob um governo militar de facto, ao contrário da OEA e da ONU, que seguiram guiando-se pelo mundo do realismo mágico.

Devido à estreita relação entre o Pentágono e o exército de Honduras e à enorme influência econômica estadunidense no país centroamericano, teria sido muito simples para Obama unir-se aos esforços latinoamericanos e europeus para defender a democracia em Honduras. Mas Barack Obama optou pela política tradicional.

Em sua história das relações hemisféricas, o acadêmico britânico Gordon Connell-Smith escreve: "Enquanto fala, da boca para fora, em defesa de uma democracia representativa para a América Latina, os Estados Unidos têm importantes interesses que vão justamente na direção contrária e que exigem um modelo de democracia meramente formal, especialmente com eleições que, com muita freqüência, resultam numa farsa".

Uma democracia funcional pode responder às preocupações do povo, enquanto os EUA estão mais preocupados em construir as condições mais favoráveis para seus investimentos privados no exterior? Requer-se uma grande dose do que às vezes se chama de ignorância intencional para não ver esses fatos. Uma cegueira assim deve ser zelosamente guardada se é que se deseja que a violência de Estado siga seu curso e cumpra sua função. Sempre em favor da humanidade, é claro, como nos lembrou Obama mais uma vez ao receber o Prêmio Nobel.

Tradução: Katarina Peixoto

Robert Fisk: A Falta de Objetividade da CIA


Robert Fisk e um dos mais respeitados jornalistas para o Oriente Medio, tendo se notabilizado pelas coberturas de fatos importantes como a segunda guerra do golfo (2003) e do conflito israelo-palestino. Lembro-me de seus relatos, em tempo real, sobre a ocupacao de Bagda pelo exercito estadunindense, e a utlizacao de bombas de fragmentacao (proibidas pela Convencao de Genebra) contra a populacao civil de uma cidade de mais de cinco milhoes de habitantes. Num momento em que os "embeded" eram o must da cobertura de guerra, mas atrelados a visao do exercito invasor. Correspondente do Independent, traz um artigo sobre a relacao da CIA com agentes no Oriente Medio, e de como tal relacao esta longe de criar um clima de respeito e temor pelos EUA. O texto foi traduzido pelo Azenha.

Fisk: A falta de objetividade da CIAAtualizado e Publicado em 06 de janeiro de 2010 às 23:30
(do Blog do Azenha)

A ânsia dos EUA, de serem amados e temidos, rouba há muito tempo a objetividade da CIA


6/1/2010, Robert Fisk, The Independent, UK

No imenso prédio da embaixada dos EUA nas colinas nos arredores de Amã, capital da Jordânia, há uma sala especial, onde trabalha um oficial das Forças Especiais dos EUA, em escritório também ‘diferente’. Ele compra informação de oficiais da inteligência e do exército jordaniano – paga em dinheiro, é claro –, mas também ajuda a treinar policiais e soldados afegãos e iraquianos. Não lhe interessam só informações sobre a al-Qa'ida, mas também sobre os próprios jordanianos, sobre a lealdade do exército ao rei Abdullah, sobre os guerrilheiros antiamericanos que vivem na Jordânia, sobretudo os iraquianos, e também sobre os contatos entre a al-Qa'ida e o Afeganistão.

É fácil subornar oficiais do exército no Oriente Médio. Os norte-americanos gastaram boa parte de 2001 e 2002 subornando senhores-da-guerra afegãos. Pagaram a soldados jordanianos para unir-se ao exército norte-americano de ocupação no Iraque – motivo pelo qual a embaixada jordaniana em Bagdá foi implacavelmente bombardeada pelos inimigos de Washington.

O que o agente duplo da CIA Humam Khalil Abu-Mulal al-Balawi fez – era médico, como tantos seguidores da al-Qa'ida – foi serviço de rotina. Trabalhava para os dois lados, porque os inimigos dos EUA estão há muito tempo infiltrados entre os ‘aliados’ de Washington nas forças de inteligência árabes. Abu Musab al-Zarqawi, que efetivamente liderou o ramo da al-Qa'ida da guerrilha iraquiana, ele próprio cidadão jordaniano, manteve contatos com o Departamento Geral de Inteligência de Amã, cujo oficial responsável n. 1, Sharif Ali bin Zeid, foi assassinado com sete norte-americanos, essa semana, no maior desastre da CIA desde que a embaixada dos EUA em Beirute foi bombardeada em 1983.

Mas nada há de romântico em torno dos espiões, no Oriente Médio. Muitos dos homens da CIA mortos no Afeganistão eram, de fato, mercenários contratados; e os espiões “mukhabbarat” jordanianos, para os quais ambos, bin Zeid e al-Balawi trabalhavam, são torturadores muito experientes, para quem a tortura é rotina; de fato, sempre torturaram gente que, também rotineiramente, foi levada para Amã pela CIA do governo Bush.

O mistério, porém, não está na existência de agentes duplos dentro do aparelho de segurança dos EUA no Oriente Médio. O mistério está em que utilidade teria, no Afeganistão, uma ‘mula’ jordaniana. Poucos árabes falam pashtun ou dari ou urdu, embora muitos afegãos falem árabe. A coisa toda sugere, isso sim, que houve laços muito mais íntimos entre os guerrilheiros iraquianos anti-americanos baseados em Amã e no Afeganistão.

O que se vê é que – apesar do enorme Irã que separa os dois países – agentes iraquianos e afegãos da al-Qa’ida tem trabalhado juntos. Em outras palavras, enquanto a CIA simploriamente assume que poderia ‘ser amiga’ e confiar na inteligência local no mundo muçulmano, os grupos guerrilheiros bem podem ter resolvido trabalhar pelo mesmo plano. A presença de um espião jordaniano antiamericano no Afeganistão – capaz de ofercer-se ao martírio tão longe de casa – prova o quanto são profundos os laços entre os inimigos dos EUA em Amã e no Afeganistão oriental. Não exageraria quem sugerisse que os jordanianos antiamericanos têm conexões até em Islamabad.

Quem veja aí excesso de fantasia, lembre que assim como a CIA apoiou os combatentes árabes contra o exército soviético no Afeganistão, assim também os mesmos combatentes árabes eram pagos com dinheiro saudita. No início dos anos 80s, o próprio comandante da inteligência saudita mantinha reuniões regulares com Osama bin Laden na embaixada saudita em Islamabad e com o serviço secreto paquistanês – que dava apoio logístico aos “mujahedin” e, depois, aos Talibã – como até hoje. Se os norte-americanos creem que os sauditas não mandam dinheiro para os inimigos dos EUA no Afeganistão – ou para outros inimigos dos EUA também fundamentalistas no Iraque e na Jordânia –, então a CIA ainda não faz nem ideia do que está acontecendo no Oriente Médio.

Infelizmente, a CIA, provavelmente, ainda não faz nem ideia etc. O desejo dos norte-americanos, de serem ao mesmo tempo amados e temidos, há muito tempo tem arrastado a inteligência norte-americana a confiar nos ‘amigos’ ostensivos e, simultanemante, a seviciar, violentar, bestializar os pressupostos inimigos. Foi precisamente o que aconteceu no Líbano antes de um suicida-bomba muçulmano xiita fazer explodir a embaixada dos EUA em Beirute em 1983 – num momento em que quase todos os agentes da CIA em operação no Oriente Médio lá estavam reunidos. A maioria deles morreu ali. A entrada principal dos escritórios da CIA na parte fronteira da embaixada estavam bem protegidos. Mas a CIA recrutara, como agentes locais no Líbano, homens e mulheres que trabalhavam para os dois lados: para Israel e para o que, então, era a versão inicial do Hizbollah. O pessoal de apoio local da inteligência dos EUA na embaixada em Beirute encontrava-se com mulheres libanesas cuja existência a inteligência dos EUA ignorava.

Mas o eixo jordanianos-norte-americanos era diferente. Aqui, a CIA operava em ambiente quase totalmente muçulmano sunita, entre jordanianos que, ao mesmo tempo em que embolsavam o dinheiro da CIA, tinha centenas de motivos para opor-se às políticas de Washington e do rei da Jordânia. Minoria significativa dos “muhabarrat” jordanianos são de origem palestina; para esses, o apoio ilimitado, sem regras ou critério, que os EUA dão a Israel, destruiu a ‘nação’ palestina e está destruindo o povo palestino. O desejo da CIA de confiar em “operadores locais” não é muito diferente da fé que os britânicos depositavam em seus sepoys indianos, na véspera do Motim: os regimentos locais “deles” jamais se oporiam ao império inglês, os oficiais “deles” continuariam leais. Exatamente o contrário do que aconteceu. [...]

PAINEL INTERNACIONAL





EUA operam frente antiterror no Iêmen
Objetivo é enfrentar a Al Qaeda, cada vez mais forte no país

Por ERIC SCHMITT
e ROBERT F. WORTH
WASHINGTON - Em meio a duas grandes guerras inacabadas, os EUA abriram discretamente uma terceira frente, em larga medida sigilosa, de combate contra a Al Qaeda, no Iêmen.
Um ano atrás, a Inteligência americana enviou alguns de seus principais agentes de campo ao país, de acordo com um ex-funcionário de primeiro escalão. Ao mesmo tempo, algumas das mais secretas unidades de operações especiais americanas começaram a treinar as forças de segurança iemenitas em táticas de combate ao terrorismo, informaram líderes militares.
O Pentágono vai investir mais de US$ 70 milhões e usará pessoal de suas forças especiais, nos próximos 18 meses, para treinar e equipar as Forças Armadas, a Guarda Costeira e unidades do Ministério do Interior do Iêmen, mais que duplicando o nível anterior de assistência militar.
Investigadores tentavam corroborar as alegações de um nigeriano de 23 anos, que pode ter sido treinado pela Al Qaeda no Iêmen para explodir um avião em Detroit, no dia de Natal, e a trama coloca em destaque o complicado relacionamento entre o governo de Barack Obama e o Iêmen.
O país há muito serve de refúgio a combatentes da jihad, em parte porque o governo iemenita abriu os braços para receber os combatentes islâmicos que lutaram no Afeganistão durante os anos 80. Mas os esforços dos militantes da Al Qaeda para estabelecer uma base no Iêmen ganharam muito mais intensidade nos últimos anos, quando eles recrutaram grande número de militantes para ataques muito mais frequentes contra embaixadas estrangeiras e outros alvos.
A Casa Branca quer estabelecer elos duradouros com o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, e estimulá-lo a combater a afiliada local da Al Qaeda, conhecida como Al Qaeda na península Árabe, apesar dos problemas internos que afligem o Iêmen. Isso porque Washington teme que o país se torne o próximo polo operacional e de treinamento da Al Qaeda, como alternativa às áreas tribais insubmissas do Paquistão.
Como consequência, o general David Petraeus, comandante das forças militares dos EUA na região, e John Brennan, assessor de combate ao terrorismo de Obama, fizeram visitas sigilosas ao Iêmen no terceiro trimestre de 2009.
O presidente Saleh concordou em aceitar assistência expandida, tanto aberta quanto sigilosa, em resposta à crescente pressão dos EUA e de países como a Arábia Saudita (origem de muitos agentes da Al Qaeda) e à crescente ameaça que os terroristas representam para a liderança política nacional.
"Os problemas de segurança do Iêmen não ficam apenas ali", disse Christopher Boucek, pesquisador-associado do Carnegie Endowment for International Peace. "São de problemas regionais, que afetam os interesses do Ocidente."
O extremismo no Iêmen ganhou destaque um ano atrás, quando um ex-prisioneiro saudita em Guantánamo, Said Ali al Shihri, fugiu de seu país para o Iêmen a fim de aderir à Al Qaeda e apareceu em um vídeo on-line. Diversos outros ex-detentos de Guantánamo também aderiram ao grupo.
As áreas remotas do Iêmen são notórias pelo desgoverno, e o caos do país se agravou nos últimos anos devido a uma rebelião armada no noroeste e um movimento separatista cada vez mais forte no sul. O petróleo iemenita está acabando, e os recursos financeiros cada vez mais escassos do governo afetaram sua capacidade de ação.
Enquanto isso, o envolvimento de iemenitas em complôs contra os EUA vem crescendo. O líder religioso radical iemenita Anwar al Awlaki foi conectado a diversos suspeitos de terrorismo, entre os quais Nidal Malik Hasan, o major do Exército norte-americano que enfrenta acusações de homicídio após matar 13 pessoas em Fort Hood, Texas, em novembro.
O Iêmen reforçou sua campanha contra a Al Qaeda com fortes ataques aéreos -nos quais suspeita-se de participação dos EUA- em dezembro. Au Bakr al-Qirbi, chanceler iemenita, confirma a cooperação com os EUA e a Arábia Saudita. "Eles [militantes] se tornaram mais presentes e tentam demonstrar capacidade de realizar ações terroristas abertas. O governo teve de reagir a isso."

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Le Monde, Lula e o Jornal Nacional.


O presente de Natal do Jornal Nacional

Por Venício A. de Lima em 5/1/2010 (No Observatorio da Imprensa)

Qualquer lista séria dos principais jornais do mundo incluirá o Le Monde. Fundado pelo general Charles de Gaulle (1890-1970), em dezembro de 1944, era parte do programa maior de libertação da França que se seguiu ao fim da ocupação nazista na Segunda Grande Guerra. Dirigido ao longo de 25 anos por um membro da Resistência e respeitado intelectual – Hubert Beuve-Méry (1902-1989) –, o Le Monde consolidou sua posição de "independência" com as denúncias de tortura perpetradas pelo exército francês na Argélia, convencendo seus leitores de que a guerra colonial "não era apenas uma questão política, mas era também moral". Tornou-se, desde então, uma referência na e da França.

Depois de 65 anos de existência, o Le Monde decidiu eleger, pela primeira vez, um personagem do ano em 2009. E essa escolha recaiu sobre o presidente Lula. O tema mereceu a primeira página do jornal francês na edição de 24 de dezembro, mais capa e longa matéria na sua revista semanal.

O que é notícia?

Serviria ao interesse público saber que um dos mais importantes jornais do mundo escolheu um presidente brasileiro – qualquer que seja o presidente brasileiro – como "Homem do Ano" e quais as razões que justificaram tal escolha? Constituiria esse fato uma "notícia" a ser divulgada no Brasil?

Aparentemente, sim. O portal G1, das Organizações Globo, por exemplo, postou matéria às 10h46 do dia 24/12 com o título "Le Monde escolhe Lula como `homem do ano 2009".

Vejamos qual foi o julgamento dos editores dos nossos principais telejornais sobre a "noticiabilidade" da escolha do Le Monde.´

O Repórter Brasil Noite, da TV Brasil, deu chamada...

O jornal francês Le Monde elege o presidente Lula o homem do ano de 2009. É a primeira vez que o diário de Paris, com 65 anos de história, faz esse tipo de indicação (ver aqui).

... e nota com o seguinte texto:

Pela primeira vez o Le Monde escolhe o homem do ano: Lula

Apresentadora Carla Ramos – Pela primeira vez, em seus 65 anos, o jornal francês Le Monde escolheu a personalidade do ano e o eleito foi o presidente Lula. Segundo o jornal, um dos mais tradicionais da França, a escolha levou em conta a projeção internacional que o presidente Lula ganhou com as iniciativas de diálogo entre os países pobres e ricos. O jornal diz que Lula mudou a cara da América Latina e transformou o Brasil em uma potência. Mas o Le Monde lembrou que o Brasil ainda tem problemas estruturais na educação, casos de corrupção e uma Justiça preguiçosa (ver aqui).

O Jornal da Record não deu chamada, mas deu nota com o texto abaixo:

Presidente Lula é eleito o homem do ano pelo Le Monde

Apresentador Celso Freitas -: O presidente Lula foi eleito personalidade do ano pelo jornal francês Le Monde. É a primeira vez, em 65 anos de história, que o jornal elege uma personalidade. Em uma reportagem de quatro páginas com o título `O homem do ano`, a revista semanal do veículo destacou a preocupação de Lula com o desenvolvimento econômico do Brasil, além dos esforços do presidente na luta contra a desigualdade social e na defesa do meio ambiente (ver aqui).

O Jornal da Band deu chamada, nota e comentário:

Jornal da maior prestígio da França elege Lula homem do ano (ver aqui).

Apresentador Ricardo Boechat – O presidente Lula foi eleito pela segunda vez o homem do ano. Depois do jornal espanhol El País, agora o título veio do francês Le Monde.

Apresentadora Ticiana Villas Boas – É a primeira vez, em 65 anos de história do jornal, que o Le Monde faz esse tipo de indicação. A publicação justificou a escolha de Lula como o homem do ano por sua trajetória de antigo sindicalista por seu sucesso à frente de um país tão complexo como o Brasil, pela preocupação com o desenvolvimento econômico, com o combate à desigualdade e com a defesa do meio ambiente.

No começo do mês, o presidente já havia recebido a mesma homenagem do jornal espanhol El País. Em um artigo escrito pelo primeiro-ministro, José Luis Zapatero, Lula foi chamado de homem que assombra o mundo.

Comentário de Joelmir Beting – Para o Le Monde, francês, Lula é o homem do ano. Agora, para a revista Time americana, o cara do ano é Ben Bernanke, presidente do Banco Central dos Estados Unidos. Pararraios da crise global, ele usa e abusa. Para Lula, a crise não passou de `marolinha´, sua versão light aqui no Brasil. Para Bernanke, ela custou um desembolso em pronto-socorro, até agora, de US$ 2,7 trilhões, ou dois PIBs do Lula (ver aqui).

O SBT Brasil também deu chamada e nota:

O presidente Lula é o homem do ano. É o que diz um dos jornais mais importantes do mundo (ver aqui).

Apresentador César Filho – O presidente Lula ganhou o prêmio de `homem do ano´ de um dos jornais mais importantes do mundo: o Le Monde, da França. Pela primeira vez, em 65 anos, o Le Monde escolheu a personalidade mais importante do ano. Lula foi eleito pela trajetória singular à frente de um país tão complexo como o Brasil. Esta é a segunda homenagem a Lula na imprensa internacional só neste mês. No dia 11, ele entrou na lista das 100 personalidades mais importantes de 2009 feita pelo jornal espanhol El País. Em um artigo assinado pelo próprio primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, Lula foi classificado de `homem que assombra o mundo´ (ver aqui).

E o Jornal Nacional da Rede Globo, o telejornal de maior audiência do país, editado e apresentado pelo jornalista que, segundo pesquisa da Datafolha, é a personalidade que recebe da nossa população a segunda maior nota na escala de "confiabilidade" entre todos os brasileiros?

Para o JN, a escolha de um presidente brasileiro como "Homem do Ano" pelo Le Monde não é notícia. O assunto simplesmente não entrou na pauta do telejornal (ver aqui).

Direito a informação e censura

Qual seria a justificativa editorial do JN para, ao contrário dos outros telejornais brasileiros, sonegar de seus muitos milhões de telespectadores essa informação?

Seria pedagógico conhecer essas razões, já que o JN considera – e anuncia, inclusive, nas universidades brasileiras – que pratica o paradigma do "bom jornalismo", a ser seguido por todos nós.

Seria, sobretudo, pedagógico discutir o critério jornalístico do JN à luz do direito à informação do telespectador. Esse direito tem sido veementemente evocado e defendido, não pelo seu sujeito, o cidadão, mas por grupos de mídia concessionários do serviço público de radiodifusão na permanente e incansável campanha que movem contra as "ameaças" de censura advindas do que consideram um Estado autoritário, incluindo decisões judiciais.

Seria a censura – partindo de onde? – uma possível justificativa para a omissão do JN, inexplicável do ponto de vista jornalístico?

Até que as razões sejam tornadas públicas, o telespectador do JN terá que se contentar com esse "presente de Natal" às avessas, no 24 de dezembro de 2009: omitir e esconder uma informação à qual ele – o telespectador – tem direito.

Contra Fatos nao ha Argumentos


Um colaborador mandou um texto provocador, comparando os governos FHC e Lula. Como nao consegui colocar a tabela dele em html, vai como icone do post (cliquem nela para ver ampliada). Por fim, trago uma abordagem feita no Blog do Nassif, tambem por um colaborador, levantando os erros do governo Lula. Vai logo depois. Tirem suas conclusoes:

Por GPS2

PARA SER ANALISADO ...
IMPRESSIONANTE O QUE UM TORNEIRO MECÂNICO FEZ...
BALANÇO BRASIL 2009

O ex-presidente FHC mandou um recado esta semana pela televisão ao Senhor Lula da Silva para que “trabalhasse mais, mentisse menos e não pensasse em terceiro mandato”. Com base em dados publicados pela imprensa, tomo a liberdade de fazer um pequeno balanço comparativo dos 8 anos do governo FHC com 7 anos do governo LULA.
Balanços comparativos são previstos na Lei das Sociedades Anônimas (art. 176).




Por Ninguem (do Blog do Nassif):
(...)
1. aceitar a China como economia de mercado, acreditando que ela apoiaria a legítima ambição brasileira de obter um assento permanente no Conselho de Segurança. Dificilmente a China aceitará um CS no qual o Japão seja membro permanente (Brasil e Japão estão no mesmo barco);

2. ser excessivamente conciliador, de um modo geral;

3. ser leniente em situações específicas que mereceriam maior assertividade: (i) afastamento e “exílio” do Paulo Lacerda e afastamento e possível exoneração do Protógenes; (ii) troca do ministro da Defesa (e foi colocar justamente quem? O Nelson Jobim?!) durante a “crise” fabricada pela mídia (o “Caosaéreo”); e (iii) não ter chamado Gilmar Mendes às falas por ocasião do grampo que não houve;

4. levar a reforma agrária em banho-maria;

5. não encaminhar ao Congresso legislação legalizando o aborto, o casamento de homossexuais e a descriminalização de todas as drogas atualmente consideradas ilegais;

6. ter firmado a recente Concordata com o Vaticano. Sou absolutamente contrário a qualquer tipo de ensino religioso – independentemente de credo – em escolas públicas. Se é para fazer proselitismo religioso, que isto seja feito na própria igreja, mesquita, sinagoga, templo ou que tais e não em escolas públicas. Ah, sim, e com dinheiro exclusivo dos seus respectivos fiéis. Por isso, acredito que o Executivo deveria propor legislação para acabar imediatamente com essa palhaçada de isenção fiscal para atividades religiosas. Por que eu, que sou ateu, sou obrigado a cobrir esse buraco criado por essas isenções?;

7. de um modo geral, acho que o governo federal, principalmente neste segundo mandato, deveria ter ousado mais, no sentido de efetivamente sedimentar os enormes avanços na distribuição de renda e resgate dos mais desassistidos. Ainda acredito que, em 2010, Lula irá, mais uma vez, nos surpreender positivamente;

8. o governo federal já poderia ter, há muito tempo, mandado o Meireles & Cia. para escanteio. Quem tem de efetivamente mandar no BACEN é o governo eleito; jamais seguidores da cartilha torta do mercado. Um artigo da Marilena Chauí, ainda pré-posse de 2003, cantava a bola: “quem manda é o governo eleito. O papel do tecnocrata é executar aquilo que o governo determina” (não necessariamente com essas palavras). Ainda nesta linha, acredito que o governo federal já poderia, desde o primeiro dia de governo, ter ordenado que o BB e a CEF baixassem radicalmente as taxas de juros cobradas nos empréstimos aos clientes, para forçar os bancos privados a diminuírem o spread, que, no Brasil, é obsceno;

9. Lula, aparentemente, aceitou a imposição de condições (temas sensíveis decididos por meio de voto qualificado) do Saad (Rede Bandeirantes de TV) para participar do CONFECON. Se isso realmente ocorreu, ele deveria ter mandado o Saad ir pastar; e

10. o Executivo deveria ter aproveitado a enorme popularidade, para forçar a votação da reforma política.

11. Tem mais, muito mais. Por exemplo, acabar com essa palhaçada que são as agências reguladoras, que regulam o modo como os consumidores podem ser legalmente explorados; rever detalhadamente o modo como as “privatizações” foram feitas e, se for o caso, retomar sem indenização tudo aquilo que foi vendido a preço de banana (só os lucros absurdos que tiveram ao longo desses anos mais do que cobrem qualquer indenização).


Tirem suas conclusões.
Forte abraço.

A Longa Despedida da Ditadura


Interessante artigo do Leandro Fortes, do site "Brasilia, Eu vi", que trata da tradicao castrense brasileira e sua imutabilidade no que se refere a visao politica da sociedade, pela inacao dos diversos governos, ainda que vivamos novos tempos, novos momentos.


Por Leandro Fortes.
Ainda não surgiu, infelizmente, um ministro da Defesa capaz de tomar para si a única e urgente responsabilidade do titular da pasta sobre as forças armadas brasileiras: desconectar uma dúzia de gerações de militares, sobretudo as mais novas, da história da ditadura militar brasileira. A omissão de sucessivos governos civis, de José Sarney a Luiz Inácio Lula da Silva, em relação à formação dos militares brasileiros tem garantido a perpetuação, quase intacta, da doutrina de segurança nacional dentro dos quartéis nacionais, de forma que é possível notar uma triste sintonia de discurso – anticomunista, reacionário e conservador – do tenente ao general, obrigados, sabe-se lá por que, a defender o indefensável. Trata-se de uma lógica histórica perversa que se alimenta de factóides e interpretações de má fé, como essa de que, ao instituir uma Comissão Nacional da Verdade, o governo pretende rever a Lei de Anistia, de 1979.

Essa Lei de Anistia, sobre a qual derramam lágrimas de sangue as viúvas da ditadura em rituais de loucura no Clube Militar do Rio de Janeiro, não serviu para pacificar o país, mas para enquadrá-lo em uma nova ordem política ditada pelos mesmos tutores que criaram a ditadura, os Estados Unidos. A sucessão de desastres sociais e econômicos, o desrespeito sistemático aos Direitos Humanos e a distensão política da Guerra Fria obrigaram os regimes de força da América Latina a ditarem, de forma unilateral, uma saída honrosa de modo a preservar instituições e pessoas envolvidas na selvageria que se seguiu aos golpes das décadas de 1960 e 1970. Não foi diferente no Brasil.

Uma coisa, no entanto, é salvaguardar as Forças Armadas e estabelecer um expediente de perdão mútuo para as forças políticas colocadas em campos antagônicos, outra é proteger torturadores. Essas bestas-feras que trucidaram seres humanos nos porões, alheios, inclusive, às leis da ditadura, não podem ficar impunes. Não podem ser tratados como heróis dentro dos quartéis e escolas militares e, principalmente, não podem servir de exemplo para jovens oficiais e sargentos das Forças Armadas. Comparar esses animais sádicos aos militantes da esquerda armada é uma maneira descabida e sórdida de manipular os fatos em prol de uma camarilha, à beira da senilidade, que ainda acredita ter vencido uma guerra em 1964.

Assim, ao se perfilarem num jogo de cena melancólico em favor dessas pessoas, o ministro Nelson Jobim e os comandantes militares prestam um desserviço à sociedade brasileira. Melhor seria se Jobim determinasse aos mesmos comandantes que pedissem desculpas à nação, em nome das Forças Armadas, pelos crimes da ditadura, como fizeram os militares da Argentina e do Chile, ponto de partida para a depuração de uma época terrível que, no entanto, não pode ser esquecida. Jobim faria um grande favor ao país se, ao invés de dar guarida a meia dúzia de saudosistas dos porões, fizesse uma limpeza ideológica e doutrinária na Escola Superior de Guerra, de onde ainda emanam os ensinamentos adquiridos na antiga Escola das Américas, mantida pelos EUA, onde militares brasileiros iam aprender a torturar e matar civis brasileiros.

A criação do Ministério da Defesa, em 1999, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, deu-se por um misto de necessidade política e operacional. O Brasil era, então, um dos pouquíssimos países a ter um ministro fardado para cada força militar, o que fazia de cada uma delas – Marinha, Exército e Aeronáutica – um feudo administrativo indevassável e obrigava o presidente a negociar no varejo assuntos que diziam respeito ao conjunto de responsabilidades gerais das Forças Armadas. Do ponto de vista de gerenciamento da segurança nacional, aquele modelo herdado da ditadura era, paradoxalmente, um desastre. Ainda assim, apesar de ter havido alguma resistência na caserna, o Ministério da Defesa foi montado, organizado e colocado em prática.

Faltou, no entanto, zelo na indicação de nomes para a pasta. Desde o governo FHC, o Ministério da Defesa serviu para abrigar políticos desempregados ou servidores públicos sem qualquer ligação e conhecimento de políticas de defesa e realidade militar. A começar pelo primeiro deles, o ex-senador Élcio Álvares, do ex-PFL, acusado de colaborar com o crime organizado no Espírito Santo. Defenestrado, foi substituído, sem nenhum critério, pelo então advogado-geral da União, Geraldo Quintão, praticamente obrigado a aceitar o cargo por absoluta falta de outros interessados. No governo Lula, já foram quatros os ministros da Defesa: o diplomata José Viegas Filho, o vice José Alencar e o ex-governador da Bahia Waldir Pires, além do atual, Nelson Jobim.

Todos, em maior ou menor grau, gastaram tempo e energia em cima das mesmíssimas discussões sobre salários e equipamentos, mas ninguém ousou tratar da questão doutrinária e de novos parâmetros para a educação e a formação dos militares brasileiros. Na Estratégia de Defesa Nacional, elaborada por Jobim e pelo ex-ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger, em 2008, o tema é abordado, simplesmente, em um mísero parágrafo. A saber:

“As instituições de ensino das três Forças ampliarão nos seus currículos de formação militar disciplinas relativas a noções de Direito Constitucional e de Direitos Humanos, indispensáveis para consolidar a identificação das Forças Armadas com o povo brasileiro”.

A polêmica sobre a possibilidade ou não de revisão da Lei de Anistia é um reflexo direto do descolamento quase que absoluto dos quartéis da chamada sociedade civil brasileira, que, a partir de 1985, cometeu o erro de relegar os militares a uma quarentena política aparentemente infindável, da qual eles só se arriscam a sair de quando em quando, mesmo assim, de forma envergonhada e, não raras vezes, desastrada. Basta dizer que, para reivindicar melhores salários, recorrem os nossos homens de farda às mulheres, normalmente, esposas de oficiais de baixa patente e de praças subalternos, a se lançarem em panelaços e acampamentos públicos a fim de sensibilizar os generais. Estes mesmos generais que se mostram tão irritados com a possibilidade de instalação, aliás, tardia em relação a toda América Latina, da Comissão Nacional da Verdade, prevista no Plano Nacional de Direitos Humanos.

Mas, afinal, por que se irritam os generais e, com eles, o ministro Nelson Jobim? Com a possibilidade de, finalmente, o Estado investigar e nomear um bando de animais que esfolaram, mutilaram, estupraram e assassinaram pessoas às custas do contribuinte? Por que diabos o Ministério da Defesa se coloca ao lado de uma escória com a qual sequer existe, hoje em dia, uma mínima ligação geracional na caserna?

O Brasil precisa se livrar da ditadura militar, mas não antes de dissecá-la e neutralizar-lhe as sementes. Os militares de hoje não podem ser obrigados a defender gente como o coronel Brilhante Ustra, o carniceiro do DOI-CODI de São Paulo, nem o capitão Wilson Machado, vítima mutilada pela própria bomba que pretendia explodir, em 1º de maio de 1981, durante um show de música no Riocentro, onde milhares de pessoas comemoravam o Dia do Trabalho. Um Exército que dá guarida e, pior, se orgulha de gente assim não precisa de mais armamento. Precisa de ar puro.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tragedia Brasil - Angra dos Reis II

Dentro do tema, ha um excelente artigo no Observatorio da Imprensa, do Luciano Martins Costa, que trata das "geografias sociais", se assim pudermos denominar, a forma como a imprensa lida com tragedias envolvendo pobres e ricos. Tomo a liberdade de aqui reproduzi-lo.

A imprensa, de morro em morro

Por Luciano Martins Costa em 4/1/2010

Comentário para o programa radiofônico do OI, 4/1/2010

Os jornais abrem o ano com a tradicional contagem dos mortos por causa de morros que deslizam e casas que desabam com as fortes chuvas do início do verão. Mas há uma diferença flagrante de morro para morro: há os morros dos pobres e os morros dos ricos.

Em algumas dessas geografias, a culpa pela tragédia, na visão da imprensa, é sempre das vítimas, que insistem em ocupar ilegalmente áreas de encostas e outras topografias sujeitas a desmoronamentos e enchentes.No máximo, autoridades que toleram tais invasões compartilham a condenação da imprensa.

Em outras geografias, a culpa é simplesmente da natureza.

Ou seja, a imprensa parece ver uma enorme diferença entre morros com barracos e morros com construções mais sofisticadas. Ou será que as mansões de celebridades erguidas em áreas de proteção da Ilha Grande e outros locais do litoral brasileiro não deveriam também estar sujeitas ao crivo da imprensa, tanto quanto os amontoados de casas e barracos que sobem as encostas em lugares menos charmosos?

Descaso e omissão

É muito provável que, em alguns dos casos, as autoridades encarregadas tenham falhado ou se omitido. Também é muito provável que, em outros casos, essas mesmas autoridades tenham sido simplesmente subornadas.

Até a segunda-feira (4/1), os jornais ainda escondiam, por exemplo, que em junho de 2009 o governador do Rio liberou as regras para construções em áreas de preservação ambiental em Angra e outras regiões do Estado. O decreto, de número 41.921, é conhecido como "lei Luciano Huck", porque teria sido feito para beneficiar o apresentador da televisão.

Quando busca as causas das tragédias que se repetem regularmente, nesta época do ano, a imprensa costuma escorregar pelos chavões das chuvas recordes e da inadequação das construções. Mas nunca se aprofunda na investigação dos processos de ocupação de áreas de risco ou de áreas de proteção ambiental por propriedades privadas. Praias fechadas por condomínios ou casas particulares são parte dessas irregularidades.

Quando os morros deslizam, revela-se não apenas a precariedade das construções. Revelam-se também o descaso das autoridades e a omissão da imprensa.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

As Raizes do Lulismo

Encontrei este texto atraves de um link do blog do Nassif. E do Andre Singer e foi publicado na revista Cebrap. Achei-o bastante esclarecedor para desvendar as raizes do lulismo, a sua genese, bem como o fenomeno da reeleicao do Lula em 2006, baseada na triade Bolsa Familia, oferta de credito e salario minimo, em plena crise do mensalao.

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domingo, 3 de janeiro de 2010

Tragedia Brasil - Angra dos Reis

Quando nos ressentimos de politicas publicas consistentes que minimizem e evitem situacoes como essas, devemos nos lembrar do dever de cada cidadao em exigir dos seus representantes atencao a ocupacao urbana. Apesar das leis de ocupacao do solo e protecao ambiental, que a maioria dos municipios possuem, interesses outros se sobrepoem a seguranca e planejamento urbanos, dando margem a ocorrencia de tragedias, como a que vimos em Angra, embora a da pousada da Ilha Grande nao se encaixe exatamente neste aspecto, vez que ali existia uma cobertura de Mata Atlantica. A quem reclamar no momento em que a contagem de corpos esta em 42? Havera um engajamento do Ministerio Publico, da midia e da sociedade organizada? Nao e possivel que fiquemos apenas a culpar o "El Nino" ou o comportamento das pessoas em face da ausencia de educacao ambiental. Os governos tem que dar o pontape inicial e a sociedade fiscalizar e exigir providencias definitivas!

Orgulho de Ser Nordestino. Feliz 2010!

Por Jacy.
Ano novo bem arretado pra vocês tudim !!!!

1. Sobre as suas metas para o Ano Novo

- Anote os seus querê e pendure num lugar que você enxergue todo dia.
- Mesmo que seus objetivos estejam lá prá baixa da égua, vale à pena correr atrás. Não se agonie e nem esmoreça. Peleje.
- Se vire num cão chupando manga e mêta o pé na carreira, pois pra gente conseguir o que quer, tem é Zé.
- Lembre que pra ficar estribado é preciso trabalhar. Não fique só frescando.


2. Sobre o amor


- Não fique enrolando e arrudiando prá chegar junto de quem você gosta. Tome rumo, avie, se avexe
- Dê um desconto prá peste daquela cabrita que só bate fofo com você. Aperreia ela. Vai que dá certo e nasce um bruguelim réi amarelo.
- Você é um corralinda. Se você ainda não tem ninguém, não pegue qualquer marmota. Escolha uma corralinda igual a você.
- Não bula no que tá quieto. Num seje avexado, pois de tanto coisar com uma, coisar com outra, você acaba mesmo é com um chapéu de touro.
- As cabritas num devem se agoniar. O certo é pastorar até encontrar alguém pai d'égua. Num devem se atracar com um cabra peba, malamanhado e fulerage. O segredo é pelejar e não desistir nunca. Num peça pinico e deixe quem quiser mangar. Um dia vai aparecer um machoréi da sua bitola.

3. Sobre o trabalho

- Trabalhe, num se mêta a besta. Quem num dá um prego numa barra de sabão num tem vez não..
- Se você vive fumando numa quenga, puto nas calças e não agüenta mais aquele seu chefe réi fulerage, tenha calma, não adianta se ispritar.
Se ele não lhe notou até agora é porque num tá nem aí se você rala o bucho no trabalho. Procure algo melhor e cape o gato assim que puder.
- Se a lida não está como você quer, num bote boneco, num se aperreie e nem fique de lundu. Saia com aquele magote de amigos pra tomar uns merol.
Tome umas meiotas e conte uma ruma de piadas que tudo melhora.

4. Sobre a sua vidinha

- Você já é um cagado só por estar vivo. Pense nisso e agradeça a Deus.
- Cuide bem dos bruguelos e da mulher. Dê sempre mais que o sustento, pois eles lhe dão o aconchego no fim da lida.
- Não fique resmungando e batendo no quengo por besteira. Seje macho e pense positivo.
- Num se avexe, num se aperreie e nem se agonie. Num é nas carreira que se esfola um preá.

5. Arrumação motivacional

- No forró da entrada do ano, coma aquela gororoba até encher o bucho. É prá dar sorte, mas cuidado, senão dá gastura.
- Tome um burrim e tire o gosto com passarinha ou panelada que é prá num perder a mania.
- Prá começar o ano dicunforça:
- Reflita sobre as besteiras do ano passado e rebole no mato os maus pensamentos.
- Murche as orêia, respire fundo e grite bem alto:

Sai mundiça !!!

Agora é só levantar a cabeça e desimbestar no rumo da venta que vai dar tudo certo em 2010,

Afinal de contas você é NORDESTINO.

E para os que não são da terrinha, mas são doidim prá ser,

nosso desejo é que sejam tão felizes quanto nós.


Peeeeennnnse num ano que vai ser muito bom.

Respeite como vai ser pai d’égua esse 2010.