sábado, 20 de março de 2010

Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral: A Campanha Ficha Limpa

Nos milhares de fóruns de discussão sobre os escândalos financeiros e políticos tão comuns no cenário eleitoral brasileiro o consenso é o de uma cultura de caixa 2 e de conchavos vários entre o poder econômico e político em detrimento do interesse público. Com isto, milhões e milhões vão para destinos outros que não aqueles que legalmente deveriam ser observados. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral é uma iniciativa cidadã, de suma importância para contribuir na mudança desta cultura, através de elementos de pressão no Congresso Nacional, para a aprovação do PLP nº 168/2003, e da conscientização de toda a sociedade da necessidade desta mudança. Não é possível que o Brasil continue convivendo com tamanha permissividade que atravanca e atrasa o desenvolvimento do país.



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E agora, Veja?

Veja dá de Ombro aos Desmentidos
Por Luis Nassif

O jogo ficou assim:

1. Veja informou que o Vaccari foi denunciado pelo doleiro (que ela chama de consultor financeiro) em um sistema de delação premiada. Deu como provas o relatório sigiloso do depoimento, que estaria no inquérito do “mensalão”. Só disse isso, não apresentou provas maiores. O leitor fica dependendo, então, de confiar na palavra do repórter. Pouco antes, noticiou que o promotor Blat pediria a quebra do sigilo de Vaccari, devido à suspeita de que tivesse havido desvios para financiamento de campanha. São duas denúncias sem apresentação de provas, baseadas exclusivamente na palavra de duas pessoas: do repórter e do procurador. O PT desmentiu, Vaccari desmentiu. Até aí, morreu Neves. É a palavra de um lado contra a do outro.

2. Aí vem o juiz – que recebeu o pedido de quebra do sigilo de Vaccari – e espinafra o promotor. Acusa-o de promover eventos puramente políticos, já que não havia nada que fundamentasse seu novo pedido. Ou seja, a palavra do promotor foi para vinagre.

3. Depois, vem a procuradora de São Paulo que colheu os depoimentos de Funaro. E garante que o nome de Vaccaro sequer foi mencionado. Desmontou a palavra do repórter.

4. A revista volta ao tema esta semana, espinafra a defesa do PT, critica os que falam de “mídia golpista” mas sobre os desmentidos oficiais à matéria, nada.Fala sobre “evidências” na cobrança de propinas que já haviam sido desmontadas pelo juiz e pela procuradora – em informações que se espalharam por toda a Internet e por todas as redações do país. Depois do desmentido da procuradora, o jovem repórter Diego Escosteguy ficou sob suspeita de ter inventado uma matéria. Ele não pode simplesmente responder indignando-se com a não resposta do PT. Seu papel, agora, é mostrar as provas de que a matéria da semana passada não foi inventada, inclusive para não prejudicar uma carreira promissora.

Da Veja

O PT continua dando de ombros…

…e repete o mesmo erro visto no mensalão: ignora as evidências de que seu tesoureiro cobrava propina e decide mantê-lo no cargo.

Na noite da última terça-feira, o lobista e deputado cassado José Dirceu, acusado pela Procuradoria-Geral da República de comandar a “organização criminosa” do mensalão, réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha, celebrou seus 64 anos numa alegre festa em Brasília. Dirceu, o perseguido, aproveitou a tertúlia para anunciar sua enigmática convicção de que será absolvido no STF – e propôs um brinde especial ao novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como um dos operadores do mensalão petista e, também, como responsável por desfalques milionários na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, a Bancoop. “Vamos defender nossos amigos dessas denúncias infundadas”, arengou o petista, observado de perto pelo presidente do Senado, José Sarney, e pelo senador Renan Calheiros, ambos do PMDB, políticos retos que, como Dirceu, conhecem bem esse tipo de “denúncia infundada”. Até o outrora discreto chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, foi às falas: “Não vamos aceitar linchamento sem provas”. O partido, portanto, está disposto a manter no cargo João Vaccari, o coletor de propina do mensalão junto aos fundos de pensão.
As declarações no convescote de Dirceu demonstram que o PT resolveu aplicar no caso de Vaccari a mesma tática belicosa que adota desde o começo do governo Lula sempre que surgem evidências de malfeitorias cometidas pelos companheiros. É uma estratégia rudimentar, na qual o partido se defende tão somente atacando os autores das denúncias – ou, ainda, o mensageiro delas: “a mídia golpista”. Essa atitude prepotente, de deprezo aos demais protagonistas do jogo democrático, serve ao propósito político de interditar o debate e a validade de quaisquer investigações, ignorando, assim, a substância objetiva das provas apresentadas ao público. A nota divulgada pelo tesoureiro na semana passada – em resposta às revelações de VEJA sobre os depoimentos sigilosos do corretor Lúcio Funaro aos procuradores que investigam o mensalão – ratifica isso. Nela, lê-se apenas que as denúncias visam a “influenciar o processo eleitoral”. Nada diz sobre os fatos. Ou seja, nega sem negar. Não nega que Vacca-ri recebeu o corretor e o deputado mensaleiro Valdemar Costa Neto na sede da Bancoop, no fim de 2004. Não nega que nesse encontro Vaccari explicou que, para fazer negócios nos fundos de pensão, era necessário pagar um pedágio ao PT. Não nega que, na conversa, Vaccari explicou que Funaro e Valdemar também deveriam pagar propina para participar dessas negociatas.

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Os Senhores da Guerra e os Negócios da Guerra: Tony Blair escondeu acordo milionário com companhia coreana, diz jornal

Londres, 19 mar (EFE).- O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair manteve em segredo por dois anos um lucrativo acordo com a companhia petrolífera sul-coreana UI Energy Corporation, que tem grandes interesses no Iraque, segundo o jornal “Daily Mail”.

O ex-líder também procurou evitar vazamento de informações de outro contrato, de um milhão de libras (aproximadamente US$ 1,5 milhões) para assessorar a família real kuaitiana, acrescenta o jornal.
Blair, que ganhou pelo menos 22 milhões de euros desde que deixou o poder, em junho de 2007, convenceu o comitê que examina os novos empregos dos ex-membros do Governo a ocultar esses dados durante vinte meses com o argumento de que era informação “comercialmente muito delicada”.

Os acordos finalmente foram conhecidos nesta quinta-feira, depois que o chamado Comitê Assessor sobre Nomeações em Empresas decidiu adotar uma postura diferente e publicá-los.
Segundo o “Daily Mail”, essas revelações são importantes para pessoas e organizações que acusam Blair de lucrar com a Guerra do Iraque e de utilizar seu papel de enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio (formado pelos EUA, a UE, Rússia e a ONU) para se beneficiar pessoalmente.
Seus críticos assinalam que boa parte de sua renda milionária (e impossível de calcular, já que Blair construiu uma grande rede de companhias), procedem de pessoas e assinaturas americanas e do Oriente Médio.
Blair aceitou assessorar um consórcio de investidores liderados pela empresa sul-coreana UI Energy em agosto de 2008.

A empresa, que é uma dos maiores investidoras no Curdistão iraquiano, região rica em petróleo, tem também como assessores o ex-primeiro-ministro australiano Bob Hawke, assim como importantes políticos americanos.

Painel Internacional: Reino Unido vive a sua própria tragédia grega e terá que fazer cortes orçamentários

Der Spiegel
Por Marco Evers

O déficit orçamentário da Grécia é absurdamente alto. Mas o do Reino Unido é ainda maior. O primeiro-ministro Gordon Brown terá uma tarefa bem definida neste ano eleitoral – e os cortes orçamentários que estão por vir serão dolorosos.

No momento mais difícil da luta contra Adolf Hitler, o Ministério da Informação britânico – que existiu durante a Segunda Guerra Mundial – encomendou um pôster especial. Com o objetivo de promover a calma no cenário interno, ele mostrava a coroa do rei George VI contra um fundo vermelho, com as palavras “Mantenham a Calma e Sigam em Frente” impressas abaixo da imagem.
A situação jamais se tornou suficientemente desesperadora para justificar o uso do pôster, e os milhões de cópias impressas foram arquivados sem nunca terem sido utilizados. Dez anos atrás, um vendedor de livros descobriu uma única cópia e a pendurou na parede da sua loja. Isso poderia muito bem ter sido o fim da história do pôster, mas o país deparou-se subitamente com crises múltiplas: ataques terroristas, uma crise no setor bancário e, finalmente, a crise econômica e de crédito.

O pôster de um vermelho vivo está atualmente dependurado nas paredes dos gabinetes de vários diretores e membros do parlamento, em quarteis militares e dormitórios de estudantes. Ministérios inteiros o estão utilizando para estimular a moral, e versões emolduradas do pôster estariam até adornando as paredes de 10 Downing Street (residência e gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido) e do Palácio de Buckingham.

Só que desta vez não está sendo fácil manter a calma e seguir em frente. A libra esterlina anda mal das pernas. A economia está mergulhada na pior crise desde 1931, e o país por muito pouco não despencou em uma recessão profunda. Os especuladores estão apostando que não haverá uma recuperação econômica. A instabilidade no setor financeiro tem provocado um impacto mais severo nas finanças do governo do Reino Unido do que nas de outros países industrializados. O déficit orçamentário de Londres chegará a 186 bilhões de libras esterlinas (205 bilhões de euros, US$ 280 bilhões, R$ 494,5 bilhões) neste ano – o que representa 12,9% do produto interno bruto do país.

Ninguém sabe como resolver o problema
Este país, que já foi chamado de “Cool Britannia” (termo usado de meados até o final da década de noventa para descrever a cultura moderna do Reino Unido), está imerso em uma série crise, com um rombo no orçamento ainda maior do que o déficit orçamentário da Grécia, que atualmente é de 12,2%. E ninguém sabe como resolver o problema.

De fato, esse problema tornou-se tão preocupante que a Comissão Europeia disse na quarta-feira (17/03) a Londres que se empenhasse mais em enxugar o seu orçamento, segundo uma cópia de um relatório que foi vazado para a agência de notícias “Reuters” no início desta semana. “A estratégia fiscal delineada no programa de convergência do Reino Unido não prevê a correção do déficit excessivo até o ano fiscal de 2014/2015, conforme recomendado pelo conselho”, afirmou a Comissão Europeia na sua declaração.
Para tornar as coisas ainda mais complicadas, os britânicos irão às urnas daqui a algumas semanas, provavelmente em 6 de maio. O próximo primeiro-ministro terá uma tarefa definida pela frente: reduzir o déficit orçamentário maciço, reestruturar a indústria bancária e reorientar eficientemente a economia. E ele terá que fazer isso tudo com um orçamento limitado.

Ambos os candidatos darão aos eleitores motivos para que estes questionem as suas qualificações para implementar as medidas que se fazem necessárias. O atual primeiro-ministro, Gordon Brown, 59, quando ocupava o seu antigo cargo de chancellor of the exchequer (cargo equivalente ao do Ministro da Fazenda brasileiro) no governo do seu predecessor, Tony Blair, gabava-se de ter acabado para sempre com as oscilações da economia. Entretanto, mal ele recebeu o cargo de Blair e a economia do país despencou.
Brown foi ridicularizado na imprensa, enfrentou revoltas no seu partido e o desprezo da população. Mas ele foi persistente. O primeiro-ministro engoliu as críticas e gradualmente construiu a reputação de um gerente de crise capaz, pelo menos durante a crise econômica global. Pesquisas realizadas nos últimos anos demonstram que, embora poucos britânicos o apreciem, uma quantidade cada vez maior de eleitores está disposta a votar nele mesmo assim.

Impostos e taxas mais elevados
Parte da imagem robusta de Brown deve-se primariamente ao seu adversário conservador, David Cameron, 43, que faz parte da arrogante classe alta, e cuja atuação como assessor especial do chancellor of the exchequer, durante a queda da libra esterlina em 1992, é considerada a sua única experiência em lidar com dificuldades econômicas. Além do mais, os seus colegas de partido questionam as qualificações de George Osborne, 38, o chancellor of the exchequer designado por Cameron.

O Reino Unido tem pela frente tempos difíceis. Tão difíceis, de fato, que nenhum dos partidos ousou dizer em voz alta aquilo que muitos dos seus membros já sabem. No mínimo, os britânicos podem esperar aumentos de impostos e taxas. “Teremos que fazer muitos sacrifícios”, avisa o economista Carl Emmerson, do independente Instituto para Estudos Fiscais, em Londres. “Os cortes no orçamento serão mais drásticos do que aqueles implementados no governo da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher”.
Mais drásticos do que os de Thatcher. Estas palavras ainda hoje provocam um instinto de fuga – fuga para longe dos conservadores. Na década de oitenta, foram montadas nas ruas barricadas em chamas, e a polícia entrou em confronto com manifestantes. Foi uma época que os britânicos não esqueceram.

Leia mais: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2010/03/18/reino-unido-vive-a-sua-propria-tragedia-grega-e-tera-que-fazer-cortes-orcamentarios.jhtm

Interpol coloca Maluf em lista vermelha

Do Portal R7
Agência Estado


Alerta limita deslocamentos do ex-prefeito de SP. Defesa vai tentar anular a medida.

O nome do deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi incluído na difusão vermelha da Interpol - a polícia internacional que mantém representação em 181 países - a partir de solicitação dos Estados Unidos. A informação foi divulgada na última quinta-feira (18) pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. A defesa do ex-prefeito (1993-1996) declarou que já está providenciando ação específica para anular a medida, que classifica como "uma afronta ao Congresso brasileiro".

A difusão vermelha é o alerta máximo da Interpol e limita os deslocamentos do alvo. Se ingressar em território que integra a comunidade policial, Maluf pode ser imediatamente detido. Para derrubar essa restrição os advogados do ex-prefeito apresentaram em fevereiro medida que busca excluí-lo do índex da Organização Internacional de Polícia Criminal.

Maluf é acusado em ação da promotoria criminal dos Estados Unidos perante o Grande Júri de Nova York. Robert Morgenthau, promotor público norte-americano, o denunciou por suposta "conspiração com objetivo de roubar dinheiro da cidade de São Paulo a fim de possuir fundos no Brasil, Nova York e outros lugares, e ocultar dinheiro roubado".

O processo aponta Maluf como artífice de suposto esquema de superfaturamento de obras na Prefeitura da capital paulista. Ele nega categoricamente a prática de desvios em sua gestão. Destaca que o Tribunal de Contas do Município aprovou todos os anos da administração, e afirma que nunca teve recursos no exterior.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Pepe Escobar: O Brasil interpõe-se entre Israel e Irã

"Nunca antes na história deste país". A frase bem conhecida e "patenteada" pelo Presidente Lula deve ser aplicada ao atual momento por que passa a diplomacia brasileira. Ao colocar o Brasil como protagonista importante de assuntos complexos como este, do Oriente Médio, envolvendo Irã, Israel e EUA, na posição de interlocutor privilegiado, capaz de falar firme e ponderadamente a favor de uma postura de não confrontação e de diálogo, o país passa a adquirir respeito da comunidade internacional, fazendo, juntamente com os outros BRICs, um contraponto ao stablishment mais radical, os senhores da guerra, que querem o confronto a qualquer custo. Deixou o Brasil de ser quase que um mero espectador, que não se metia em assuntos dos quais todo país de peso e importância geopolítica não poderia se furtar, se alinhando automaticamente com o bloco EUA-Europa, quase que pedindo desculpas em situações que exijiam um posicionamento mais claro. Nesse jogo de xadrez, torcemos pela paz, esperarando pelos próximos acontecimentos...

Do Asia Times
Via blog do Azenha
Por Pepe Escobar

Por falar em Via Dolorosa, Luiz Inacio Lula da Silva foi o primeiro presidente do Brasil a visitar oficialmente Israel. Louvado por seu carisma, habilidade e formidáveis capacidades de negociador – Obama, dos EUA, refere-se a ele como “O cara” –, mal sabia o presidente Lula que, para conseguir conversar seu anfitrião, essa semana, teria de passar a perna no próprio profeta Abraão em pessoa, nada mais, nada menos.
Ao fim e ao cabo, Lula não se deixou enrolar. Não fez concessões. E, diferente do vice-presidente dos EUA Joseph Biden, semana passada, conseguiu não ser humilhado publicamente pelos donos da casa.
Lula é homem habituado a enfrentar interlocutores duros. Avigdor Lieberman, ministro de Negócios Internacionais de Israel, boicotou seu discurso no Parlamento e o encontro com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O motivo: Lula não visitou o túmulo do fundador do sionismo Theodor Herzl. Ora essa! Nem Nicolas Sarkozy da França, nem Silvio Berlusconi da Itália visitaram o tal túmulo, quando visitaram Israel.
Brasília – como Paris e Roma – sabe muito bem que visitar túmulos não é obrigatório em viagens presidenciais. Ainda assim, um coro dos colonos judeus sionistas fanáticos do partido Likud em Israel não mediu palavras para ‘diagnosticar’ que a não-visita feriria de morte a competência do governo do Brasil para atuar com o mediador no conflito Israel-Palestina.

Lula ovacionado
No Parlamento, Lula enfrentou tentativa de linchamento, inclusive por Netanyahu, por sua política de não-confrontação e de diálogo com o Irã. O presidente do Brasil nem piscou. Condenou, com igual peso, tanto o holocausto quanto o terrorismo; lembrou os donos da casa que o Brasil e a América Latina têm posição assumida contra as armas nucleares; insistiu nas vias do “diálogo” e da “compaixão” para superar o conflito no Oriente Médio; defendeu uma solução viável de dois Estados para Israel e Palestina. Nem por isso deixou de criticar as construções de casas exclusivas para judeus em Jerusalém Leste. Foi ovacionado. Segundo depoimento de deputados israelenses, “foi muito mais aplaudido que George W. Bush”.

O profeta tropical
Nem que encarnasse o Abraão dos Abraões, Lula conseguiria convencer os sionistas fanáticos e seus lugares-tenentes. Mas, sim, Lula disse ao jornal israelense Ha’aretz o que os atores mais sérios no Oriente Médio já sabem mas não dizem; o “processo de paz” está sem rumo; não há outra alternativa além de incluir novos mediadores na mesa de negociação – parceiros novos, como o Brasil.
O mesmo se aplica à discussão do dossiê iraniano: “Os líderes mundiais com os quais conversei creem que temos de agir rapidamente, ou Israel atacará o Irã.” Lula está convencido de que novas sanções contra o programa nuclear iraniano serão contraproducentes. E suas palavras ecoaram pelo planeta: “Não podemos permitir que aconteça no Irã o que aconteceu no Iraque. Antes de novas sanções, temos de tentar, por todos os meios possíveis, construir a paz no Oriente Médio”.
A visão oficial do governo do Brasil – que ecoa e é ouvida em praticamente toda a comunidade internacional (vale dizer, não só no clube exclusivo de Washington e entre os suspeitos europeus de sempre) – é que nada, até agora, foi satisfatoriamente discutido com o Irã, sobre seu dossiê nuclear. Lula foi muito firme e claro: o Irã tem, sim, direito de desenvolver um programa nuclear para fins pacíficos nos termos admitidos pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear do qual o país é signatário.
O Brasil ocupa hoje um dos assentos do Conselho de Segurança da ONU. Como a China, o país também não aprova e não apoiará novas sanções que os EUA querem impor ao Irã – e diga o que disser o secretário de Estado Robert Gates, que anda espalhando boatos de que os EUA já teriam os votos necessários para aprovar uma quarta rodada de sanções, porque a Arábia Saudita teria afinal convencido a China. A China jamais votará contra seus próprios interesses de segurança nacional – e o Irã é, sim, assunto de segurança nacional para os chineses.
Em maio, Lula estará em Teerã e, outra vez, reunir-se-á com o presidente Mahmud Ahmadinejad. Os sionistas linha-dura estão – como é rotina – fumegando.
Lula sabe muito bem que as chamadas “sanções espertas” [ing. smart sanctions], que visam principalmente o Corpo dos Guardas Revolucionários Islâmicos [ing. Islamic Revolutionary Guards Corps (IRGC)] – que controla o centro do poder econômico e político no Irã – também afetarão milhões de civis conectados às empresas e negócios controladas pelo IRGC, ou seja, imporá novos sofrimentos à população em geral, que já paga o alto preço imposto pelas atuais sanções. O IRGC controla pelo menos 60 portos no Golfo Persa. Impedir que a Ásia negocie c om o Irã implica bloqueio naval. E bloqueio naval é declaração de guerra.

Não pressionar o Irã
Lula chega ao Oriente Médio em conjuntura muito especial: no momento em que o governo de Netanyahu decidiu construir mais casas exclusivas para judeus em Jerusalém Leste e na Cisjordânia, mesmo ao preço de perder o apoio crucial dos EUA no front iraniano.
Ironicamente, o Brasil pode estar começando a seduzir o establishment israelense, mas mais no front econômico, que no front geopolítico.
Israel assinou um acordo de livre-comércio [ing. “free-trade agreement” (FTA)] com o Mercosul[2] – o quinto maior bloco em termos de produto interno bruto. O acordo não agradou aos palestinos, para quem o FTA que foi assinado fortalecerá o complexo industrial-militar de Israel.
E é nesse momento que o Brasil diz bem claramente que defende um Estado palestino viável, nos limites das fronteiras demarcadas em 1967. Esse acordo de livre-comércio implica uma cláusula estratégica: permite transferir tecnologia de armas aos países-membro do Mercosul. As armas que fazem a repressão em Gaza estarão, em pouco tempo, disponíveis na América Latina.
Num front paralelo, ao elogiar o papel do Brasil como mediador, o presidente Shimon Peres sugeriu pessoalmente a Lula que o Brasil fizesse coincidir, em território brasileiro, duas visitas: do presidente da Síria Bashar al-Assad e a de Netanyahu. Assad visitará o Brasil ainda esse ano; e, na semana corrente, Netanyahu também aceitou convite para visitar o Brasil. Uma reunião tropical, informal, entre Síria e Israel, poderia criar a circunstância ideal para começar a quebrar o gelo. Lula e Netanyahu organizaram um sistema bilateral de encontro entre chefes de Estado e principais ministros a cada dois anos.
Mas… e quanto aos EUA, em tudo isso? Há vigente hoje um acordo estratégico entre EUA e Brasil, pelo qual estão previstos dois encontros de nível ministerial (ministérios de Relações Exteriores) por ano, um nos EUA, outro no Brasil.
O ministro brasileiro de Relações Exteriores chanceler Celso Amorim tem excelentes relações com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Em recente visita ao Brasil, Clinton insistiu muito fortemente para que Lula e Amorim apoiassem nova rodada de sanções contra o Irã. Os brasileiros recusaram polidamente e firmemente.
À Clinton restou a alternativa de reclamar, em conferência de imprensa, que o Irã estaria “usando” o Brasil, a Turquia e a China para escapar das sanções. Amorim, por sua vez, sempre lembra o desastre iraquiano: “Eu era embaixador na ONU nos dias críticos das decisões sobre o Iraque. E o que nós vimos lá foi um enorme erro.”
Lula foi meridianamente claro e específico: “Não é inteligente empurrar o Irã contra a parede. Quero para o Irã o que quero para o Brasil: usar a energia nuclear para fins pacíficos. Se o Irã for além disso, então não aceitaremos.” Exatamente a posição dos chineses.
Lula e Obama deram sinais de estar em sincronia sobre o Irã, desde o encontro que tiveram durante uma reunião dos Grupo dos 8+5 em Aquila, Itália, há nove meses. Então, Obama chegou a encorajar o diálogo Brasília-Teerã, desde que o Brasil pressionasse o Irã a aceitar o compromisso de manter seu programa nuclear estritamente para finalidades pacíficas. Foi exatamente o que Lula disse a Ahmadinejad quando se encontraram no Brasil. O que mudou foi a posição do governo de Obama, o qual, depois daqueles dias endureceu muito.
Os diplomatas brasileiros insistem que Ahmadinejad jamais fechou a porta a negociações. Em encontros diplomáticos bilaterais discretos, funcionários dos EUA admitem a diplomatas brasileiros que Ahmadinejad não é, de modo algum, intransigente; como tampouco é intransigente o Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei. Em discurso de 19 de fevereiro no batizado de um destróier iraniano, Khamenei mais uma vez negou que o Irã esteja trabalhando para ter armas atômicas; e destacou que as armas atômicas são ilegais, nos termos da lei islâmica, porque sempre mataram grande número de civis inocentes.
O problema, se não foi inventado, foi, no mínimo, muito aumentado pela mídia dos EUA e Europa. Por causa disso, a própria Clinton, em momento de rara sinceridade, durante viagem à América Latina, teve de admitir que as sanções ainda demorariam “vários meses” para ser implantadas, se o forem.
Mesmo antes da visita de Clinton, o ministro das Relações Exteriores do Irã Manouchehr Mottaki já admitira a jornalistas brasileiros, sem pedir sigilo, que o Brasil poderia ser uma “ponte” entre o Irã e a frente EUA-União Europeia, por causa da “posição realista” do governo e da diplomacia brasileira. Mottaki não vê o Brasil como “mediador”. Prefere falar de “um facilitador de consultas”, uma vez que Teerã entende que nenhum outro país deva falar pelos interesses iranianos.
Brasília tampouco pediu para mediar coisa alguma. Mottaki informou que ele próprio tem “trabalhado substancialmente, fazendo diplomacia telefônica” com o chanceler Amorim. Teerã evidentemente vê os benefícios de estabelecer um canal de diálogo com o ocidente industrializado mediante um país em desenvolvimento.

Os BRICs como a nova superpotência
A estratégia do presidente Lula de tentar posicionar-se como uma “ponte” é especialmente bem-vinda, uma vez que o dossiê iraniano está chegando a fase crucial, na qual as facções mais linha-dura do bloco EUA-UE-Israel estão fazendo de tudo para desmentir e apagar qualquer prova (mesmo dos serviços de inteligência) de que o Irã não está construindo bomba alguma; e já houve tentativas sistemáticas de ‘corrigir’ informes de inteligência para que sirvam como ‘prova’ do oposto do que de fato comprovam (ecos do Iraque?).
A entrada de Lula nesse cenário e arena também implica maior destaque para os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China), que já atuam como uma nova superpotência – ante uma ‘dominação’ cada vez mais desorientada e sem rumo, dos EUA. Nenhum dos BRICs é favorável ao isolamento do Irã; muito mais contrários são, é claro, a qualquer ataque ao Irã. E assim continuará, enquanto acreditarem que o Irã realmente não está próximo de construir sua bomba atômica, como o comprovam montanhas de evidências; nesse caso, um ataque ao Irã terá o efeito altamente indesejável de acelerar a proliferação nuclear no Golfo Persa.
Os BRICs também sabem que EUA e Irã podem, sim, se entender bem e bem rapidamente, mesmo nas questões mais espinhosas. Por exemplo, sobre o Afeganistão.
Só resta, pois, sobre a mesa, a estratégia do elefante na loja de porcelanas, de Israel. É hora de os BRICs pagarem para ver o jogo de Israel.
Se o governo de Netanyahu pode humilhar Obama e Biden no que digam sobre expansão de colônias exclusivas para judeus em Jerusalém Leste e na Cisjordânia, é razoável assumir que ignorará todas as súplicas do comandante do Estado-maior do Exército dos EUA Mike Mullen, que já disse repetidas vezes que qualquer ataque contra o Irã criará “problemas grandes, grandes, muito grandes, para todos nós”.
Israel (e também Washington) pode estar querendo apenas uma mudança de regime no Irã – que, sim, pode ser bem útil e necessária. Para isso, pode usar armas atômicas táticas e destruir as instalações nucleares do Irã. É possível que Israel esteja pronta para declarar outra guerra preventiva (conceito e ideia desenvolvidos em Israel e completamente encampados pelo governo de George W Bush). Claro que os israelenses contam com apoio logístico e político dos EUA.
Lula não avançou até tão longe. Mas o posicionamento do governo Lula do Brasil contêm embriões de todas essas espinhosas questões com as quais os BRICs devem fazer frente a Israel. Então, sim, quando isso acontecer, todo o planeta saberá que rabo, afinal, está mesmo sacudindo o cachorro.

Pepe Escobar[1] é autor de Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War [O Globalistão: Como o mundo globalizado está se dissolvendo em guerra líquida] (Nimble Books, 2007) e Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge [O blues da Zona Vermelha: instantâneos de Bagdá sob ataque]. Acaba de lançar Obama does Globalistan [Obama cria globalistões] (Nimble Books, 2009).

Projeto FX-2: A FAB opta pelos Rafale

Saiu no Correiro Braziliense que a FAB teria optado pelos caças franceses Rafale, obsevando-se critérios como a diminuição de preço, a América Latina como mercado exclusivo do Brasil para exportar a produção, a transferência de tecnologia - com a abertura dos códigos-fonte, o que permitiria ao Brasil reconfigurar o sistema de navegação e armas da aeronave de modo a diminuir a possibilidade de surpresas como o "desligamente à distância", uma hipótese não descartável de interferência alienígena nos sistemas como, por exemplo, dos EUA nos radares do SIVAM, já que a tecnologia é deles! Nesta briga de alta patente, parece que o Brasil, finalmente, está se preparando para fazer o anúncio final.

Relatório da FAB considera proposta francesa a "mais consistente"
do Correio Braziliense

 Após dois dias de reuniões em Brasília, O Alto Comando da Aeronáutica endossou a possibilidade de o governo escolher o caça Rafale, da Dassault, mesmo sendo o mais caro dos três concorrentes. Foi entregue, nesta quarta-feira (17/3), um ofício-resposta ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que considera não ser responsabilidade da Força Aérea Brasileira (FAB) a decisão política de escolher o novo caça. No entanto, a Aeronáutica reavaliou que, considerando a Estratégia de Defesa Nacional, os caças franceses representam a “proposta mais consistente”.



O relatório reitera, no entanto, que os três modelos que participam da concorrência - Gripen, F-18 e Rafale - atendem à Aeronáutica nos aspectos operacionais e logísticos. O ministro da Defesa deve apresentar, dentro de alguns dias, seu próprio relatório ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a decisão final. O Brasil pretende comprar 36 caças em um negócio que pode chegar a US$ 10 bilhões.

Tecnologia irrestrita
Os Rafale possuem dois motores e os franceses afirmam que transferem tecnologia de forma irrestrita, além de oferecerem o mercado da América do Sul para o Brasil exportar a produção.

Leia mais no Correio Braziliense...

Roberto Vieira: O Pré-Açúcar.

O artigo é do blog do Roberto Vieira (que, além de especialista no futebol pernambucano, publica relatos históricos interessantíssimos sobre o futebol brasileiro e mundial). Neste caso o Roberto Vieira, saindo um pouco da rotina do futebol, traz considerações interessantes sobre a questão do pré-sal fazendo uma comparação com aquilo que ele chamou de "pré-açúcar", ou, os acontecimentos históricos que formaram a identidade nacional e que tiveram como protagonistas os estados de Pernambuco e Rio de janeiro, suas vicissitudes e sua evolução. Nestes tempos de engajamento político, com os cariocas defendendo seus interesses com unhas e dentes, é bom refletirmos sobre como resolver este problema, não prejudicando quem  já se beneficia, tampouco esquecendo dos demais irmãos brasileiros, afinal somos ou não uma federação? Apenas alguns Estados se beneficiarem de uma riqueza que está no fundo do mar e que é explorada pela União não parece ser a situação mais justa. Se há realmente tanta riqueza ela deve ser repartida com todos, ainda que os Estados "produtores" tenham direito a uma fatia mais generosa. No final, só a título de ilustração de como esse tema pode ser tratado de forma irresponsável, uma crônica "tresloucada" do Arnaldo Jabor (o cara perdeu o senso do ridículo!). E olhe que é porque o Rio sediou o PAN, vai sediar as Olímpiadas de 2016, provavelmente a final da Copa de 2014, e tem investimentos da União de mais de 15 bilhões de dólares.

O PRÉ-AÇÚCAR
Por ROBERTO VIEIRA


A gritaria geral do Rio de Janeiro em relação à divisão das riquezas do pré-sal parece justa. Por que dividir o lucro com outros estados da Federação se quem produz a riqueza é o território carioca? Por que dividir o dinheiro se o Rio de Janeiro vai arcar com os prejuízos ambientais? Lógico que não faz sentido. Pelo menos do ponto de vista econômico, vale a pena até chantagear com a não realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Porém, o que acontece se examinamos a questão do ponto de vista histórico?

Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello no instigante livro 'A Outra Independência', a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808 foi um desastre para a economia nordestina, em particular de Pernambuco. A riqueza do estado, baseada na produção de algodão e açúcar, foi repassada em forma de impostos para o estabelecimento dos nobres portugueses no Rio de Janeiro. O comércio de Pernambuco com a Europa e os EUA foi sobretaxado. O dinheiro era extorquido de Pernambuco e dos demais estados nordestinos até para iluminar as ruas da capital de Dom João. Foi o início do declínio da outrora poderosa capitania.

A insatisfação reinante levou Pernambuco a se insurgir contra o déspota Dom João VI. Os nativos puseram os holandeses pra correr sem auxílio de Portugal, por que então se submeter ao jugo dos refugiados das guerras napoleônicas? No dia 6 e 7 de março de 1817, a revolta explodiu com a tomada do poder local e proclamação de uma República com liberdade de imprensa e igualdade de direitos entre seus cidadãos.

Nunca os portugueses foram tão severos como na punição dos revoltosos pernambucanos. Após a derrota do movimento de 1817, os seus líderes foram enforcados e esquartejados em praça pública. As prisões se encheram de sangue e tortura. Mas o problema persistiu apesar da violência. Sete anos depois, uma nova revolta se estabeleceu. Dom Pedro I ocupava o lugar do seu pai e o Brasil se julgava independente. Foi quando o coturno de Pedro I espalhou destruição novamente em Pernambuco. A Confederação do Equador foi apagada da história do Império. Império que nunca confiou muito nos pernambucanos.

Mas Pernambuco já não era o mesmo. O Leão do Norte cambaleava com a sangria de suas riquezas materiais e filosóficas. Toda uma geração, onde se destavaca Frei Caneca, foi exilada, presa, morta ou corrompida. Pernambuco tornou-se fogo morto. Uma terra respirando o passado, seus estudantes aprendendo absurdos na escola, ignorando que a Corte Portuguesa era seu martírio, e nunca motivo de comemoração. Teve gente que cresceu admirando Pedro I nas imagens de Tarcísio Meira nos cinemas.

Repito: A gritaria geral do Rio de Janeiro em relação à divisão das riquezas do pré-sal parece justa. Por que dividir o lucro com outros estados da Federação se quem produz a riqueza é o território carioca? Por que dividir o dinheiro se o Rio de Janeiro vai arcar com os prejuízos ambientais? Lógico que não faz sentido. Pelo menos do ponto de vista econômico. Porém, o que acontece se examinamos a questão do ponto de vista histórico?

O que acontece se a gente for debater o pré-açúcar e o pré-algodão?

Leia mais no blog do Roberto Vieira...

Estadão: ''Lula ajudará se pedir ao Irã que se afaste do Hamas''

Entrevista
Mahmoud Abbas
Presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah

CV: Figura central na política palestina e líder do Fatah desde a morte de Yasser Arafat, em 2004, Abbas tem 75 anos - 50 deles dedicados à luta por um Estado palestino. Antes de assumir a presidência da Autoridade Palestina (AP), em 2005, serviu como primeiro-ministro palestino.

A Autoridade Palestina (AP) dispensou a mediação do Brasil em seu diálogo com o Hamas. Mas quer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveite a visita a Teerã, em maio, para tratar do envolvimento do Irã com o Hamas. Em entrevista exclusiva ao Estado, o presidente da AP, Mahmoud Abbas, deixou clara a mensagem: "Atores influentes da região dificultam a reconciliação nacional, particularmente o Irã, que não se mostra interessado no diálogo nacional palestino com base em uma agenda palestina." Na troca de perguntas e respostas com o Estado, por escrito, encerrada ontem em Ramallah, o presidente da ANP foi taxativo: "Pedimos ao presidente Lula que inclua o tema palestino no seu diálogo com o Irã."

Quais serão os pré-requisitos da AP para o início de negociações com Israel, mediadas pelos EUA?
Nós questionamos os Estados Unidos sobre as bases das negociações que conduziriam. Pedimos que o objetivo final das conversas fosse a coexistência de dois Estados, vivendo lado a lado de acordo com as fronteiras de 1967, conforme foi definido em resoluções da ONU. Nós também pedimos aos EUA que esclareçam qual será o seu papel como mediador e o que farão caso uma das partes não respeite os termos do acordo ou não seja séria para cumprir os compromissos.O que (Israel) está fazendo nos territórios ocupados, particularmente em Jerusalém Oriental, é um bom teste para termos uma clara noção do papel do mediador.

A suspensão da decisão de Israel de construir mais 1.600 casas em Jerusalém Oriental é precondição para o início do diálogo? Outros países, como o Brasil, podem contribuir ou seria preferível manter apenas os EUA como mediador?
Os palestinos não têm precondição para o lançamento das negociações. Nós somente pedimos a Israel que cumpra suas obrigações de congelar os assentamentos, incluindo em Jerusalém Oriental, conforme o Mapa da Estrada (acordo de 2006). Se Israel é sério quanto à solução de dois Estados, não faz sentido continuar a construção ilegal de assentamentos em terras da Palestina ocupada, nas quais supostamente nós criaremos o futuro Estado da Palestina.

E os outros países, como o Brasil?
O fato de o governo de Barack Obama ter oferecido seu apoio ao processo de paz não significa que outros países não terão serventia. A América Latina pode ter um papel construtivo se parar de comercializar com os assentamentos de Israel, se não reconhecer Jerusalém e outras áreas palestinas ocupadas como territórios de Israel, se não emitir passaportes e certidões de nascimento para os ocupantes dessas áreas e se advertir seus cidadãos a não investirem nem se mudarem para os assentamentos. A América Latina pode atuar como uma terceira parte, o que incentivará Israel a se retirar dos territórios palestinos. Por exemplo, o acordo de livre-comércio entre Mercosul e Israel não foi um passo construtivo. Ele foi ratificado por um parlamento sob comando do (premiê, Binyamin) Netanyahu, que está fazendo tudo contra a paz. E não há garantias de que produtos de colonos estarão excluídos de seus benefícios. Se assim for, (o Mercosul) mandará a mensagem errada.

O governo israelense insiste que ofereceu aos palestinos um plano de desenvolvimento, caso as negociações de paz sejam concluídas com sucesso. A AP aceitará tal cooperação?

Se as negociações forem bem-sucedidas, teremos nosso Estado independente e veremos de quem vamos aceitar a cooperação para o nosso desenvolvimento. Mas desenvolvimento econômico e ocupação são termos antagônicos. Ninguém acredita que uma ocupação ilegal possa trazer desenvolvimento econômico à Palestina.
Para dar um exemplo, o corredor de 30 quilômetros entre Ramallah, Jerusalém Oriental e Belém representa 35% da nossa economia. Como você espera que tenhamos uma economia viável se Israel preserva o objetivo de separar essas três cidades, uma das outras, e continua a expandir suas colônias, como as de Gilo, Har Homa, Pisgat Ze"ev e Neve Ya"koub? O que dizer dos postos de controle? Do muro? O que dizer da ideia de Israel de propor uma política de assentamento que conduza à "paz econômica"? Essa é outra proposta que não faz sentido.

É possível negociar com Israel sem antes haver um acordo entre o Fatah e o Hamas?
O Hamas jamais questionou a legitimidade da AP para travar negociações com Israel. Mas questiona as negociações como meio de retomar nossos direitos, o que é legítimo para um partido no nosso sistema político. Vários partidos do Parlamento de Israel não dizem apenas que são contra as negociações. Eles acrescentam que querem a transferência dos palestinos para a Jordânia. Então, por que o foco nas demandas do Hamas? A única demanda relevante é chamar um referendo nacional assim que tenhamos um acordo com Israel. E isso nós faremos com ou sem as exigências do Hamas.

Fatah e Hamas podem chegar a um acordo neste ano? Esse diálogo pode ser mediado pelo presidente Lula, como ele sugeriu em novembro?
Isso depende do Hamas porque nós já expressamos nossa convicção de alcançar a reconciliação nacional. As eleições são necessárias para renovar os conselhos Nacional e Legislativo, assim como os municípios e a presidência da AP. Atores influentes da região dificultam a reconciliação nacional, particularmente o Irã, que não se mostra interessado no diálogo palestino com base em uma agenda palestina.
Para o nosso diálogo com o Hamas, nós temos os nossos irmãos árabes, que têm sido muito ativos. Mas pedimos ao presidente Lula que inclua o tema palestino no seu diálogo com o Irã.

O senhor mantém sua decisão de não concorrer na próxima eleição presidencial, apesar dos apelos de vários chefes de Estado?
Quando candidato, formulei um programa político claro: não-violência, crescimento econômico e avanço nas negociações de uma solução com Israel. Foi por isso que fui eleito com 60% dos votos e tive um forte apoio da comunidade internacional. Junto com o premiê Salam (Fayyad), honrei todas as nossas obrigações do Mapa da Estrada e continuei a construir as instituições de um futuro Estado palestino. O que ganhei em troca? Um cerco e um massacre em Gaza, mais assentamentos construídos em áreas palestinas, demolições de casas, expulsões e revogação de carteiras de identidade de palestinos em Jerusalém Oriental e declarações de Netanyahu de que, mesmo que chegássemos a um acordo, várias áreas estratégicas da Cisjordânia continuariam como parte de Israel.
Então, por que continuar? Se não posso alcançar o que prometi para o meu povo, então é tempo de ficar de lado nas eleições. Eu agradeci o que ouvi do presidente Lula e de outros lideres sobre a minha decisão. Mas, a todos eles, dei a mesma mensagem: nossa gente vai encontrar alguém para me substituir. O fracasso do processo de paz não se deve à minha decisão de sair de cena, mas à decisão de Israel de expandir seus assentamentos. Se quiserem salvar o diálogo, em vez de pedirem para eu ficar, peçam que Israel pare.

Como membro não permanente do Conselho de Segurança, o Brasil pode adotar posições mais ativas em relação às demandas palestinas?
O governo e o povo brasileiros são nossos amigos. O fato de termos um campo de refugiados popularmente chamado "Brasil" mostra como esse país está na mente da nossa gente. O Brasil pode liderar os esforços da América Latina em relação à paz no Oriente Médio, assim como nas alianças que mantém com outros países, como África do Sul e Índia. Pode ainda defender a lei internacional no Conselho de Segurança, parar com o ingresso de produtos de assentamentos em seu mercado interno e trazer outros países latino-americanos ao tema. O discurso do presidente do Panamá (Ricardo Martinelli), na semana passada, de que Israel se tornou o "guardião de Jerusalém", causou preocupações e merece não apenas a nossa condenação, mas também a de toda a América Latina. Honestamente, confiamos no Brasil.

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Governador de Pernambuco fala sobre os royalties do pré-sal

Pesquisa Ibope em situação de "impugnada" no TSE e o Voto Espontâneo.

Depois que se viu, nas páginas amarelas da Veja, o diretor do IBOPE, o Sr. Augusto Montenegro, dizer com todas as letras que a ministra Dilma Rousseff não se elegeria, jogou-se uma sombra de suspeita sobre o instituto. Declaração não condizente com quem comanda um instituto de pesquisa. Agora, segundo página do TSE, a pesquisa divulgada pelo IBOPE encontra-se em situação de "impugnada" (http://www.tse.gov.br/sadAdmPesqEleConsulta/procPesquisa.jsp). É necessário que se vejam as razões e se elas serão aceitas pela Corte Eleitoral. Mas fica a anotação.

 Mas há uma outra situação interessante: Observemos a questão da pesquisa espontânea. Notem a diferença entre os institutos Datafolha e CNI/IBOPE, tendo-se em mente que esta última foi realizada menos de 15 dias depois da do Datafolha. As tabelas foram retiradas do blog Tijolaço do Brizola Neto que arremata com o seguinte argumento:

O número de pessoas que, espontâneamente, dizem que “vão votar no Lula” pula para cima. Chega a 20%, o dobro do que diz o Datafolha ou, estatisticamente, uma diferença de 100%. Curioso é que as menções espontâneas a Dilma também crescem, atingindo 14%. A soma de Lula + Dilma dá 34%, contra 20% do Datafolha ou, se conderarmos também a referência ao “candidato do Lula, 24%.
Variar um, dois, três por cento – se os números são altos – é totalmente possível. Não foi essa a explicação que deram para finalmente reconhecerem que margem de erro não é um valor absoluto?















Mas como explicar uma variação destas na resposta espontânea em favor de Lula, que dobra? Ou da soma dos campos políticos, que varia quase 50% (24% Datafolha x 34% Ibope)?
Num país sério, a Justiça Eleitoral estaria auditando estas pesquisas. Mas não, os resultados saem uma semana depois, e uma semana depois você não pega nem tartaruga manca.

Não sei se este seria o motivo da impugnação da pesquisa do IBOPE, mas, infelizmente, fica a constatação de que até pesquisa eleitoral sofre da pecha de desonestidade neste país.

Atualização às 11h40 - A impugnação foi impetrada pelo PRTB por não ter, a pesquisa, incluído o candidato do partido, o Sr. Levy Fidelix, e foi indeferida pelo ministro auxiliar Aldir Passarinho Júnior.(Clique aqui para ir ao push do TSE - prot. 5429-2010)

Ciro: Lula correu risco de Golpe de Estado

BBC Brasil: Um quarto de bilhão de pessoas deixou favelas na última década, diz ONU

A ONU afirma que quase um quarto de bilhão de pessoas em todo o mundo deixaram suas favelas na última década, segundo o relatório State of the World's Cities 2010/2011.

O relatório afirma que China e Índia deram "passos gigantes" para melhorar as condições de moradia de suas populações.

Mas o crescimento populacional e o êxodo rural fizeram com que no total o número de favelados crescesse de 77,7 milhões para 827,6 milhões durante a década.

Os autores do estudo calculam que, mantida a taxa atual, o número de habitantes de favelas chegará a 889 milhões em 220.

Metade deste crescimento veio de pessoas que já viviam em favelas, um quarto de migrantes do campo para áreas urbanas e outro quarto de pessoas que viviam em áreas rurais nas bordas das cidades e que tiveram suas residências engolidas pelo crescimento urbano.

Brasil O relatório afirma que o Brasil reduziu em 16% a população de habitantes de favelas. Cerca de 10,4 milhões de pessoas deixaram este tipo de habitação.

A fatia de pessoas que moram em favelas diminuiu de 31.5% para 26,4% em dez anos devido a adoção de políticas econômicas e sociais, a diminuição da taxa de natalidade e da migração do campo para a cidade.

Além disso, a criação do ministério das Cidades, a adoção de uma emenda constitucional afirmando o direito do cidadão à moradia e os subsídios de materiais de construção, terrenos e serviços são apontados como responsáveis pela diminuição do número de favelados.

Dos países pesquisados, o Brasil está atrás apenas de China, Índia e Indonésia.

Onde está a Lina e o Partidarismo da Veja.

Vão colocando na conta da coleção dos escândalos "esquecidos e guardados" pela grande(?)mídia. Porque o caso Lina Vieira arrefeceu? Pra se usado depois, em situações mais, vamos dizer, apropriadas, ou como uma alternativa à falta de proposições da oposição? Sim, porque no Brasil oposição só faz oposição pra apontar escândalos. E, claro, com ajuda da mídia partidarizada. Vejam o caso Bancoop, que já vem sendo apurado já há alguns anos, e que a revista Veja insiste em colocar na vitrine, ainda que a Justiça tenha recusado a denúncia. Estaria a Veja acima da lei, ou simplesmente fazendo o seu papel de braço midiático da oposição? Que emgloba também outros atores (já conhecidos) numa rede que se presta a escandalizar a todo custo na esperança que parte da elite deste país tem de voltar ao poder. O artigo a seguir é do Maurício Caleiro, no Observatório da Imprensa.

LEITURAS DE VEJA
A revista na guerra eleitoral
Por Maurício Caleiro em 16/3/2010

No decorrer das duas útimas semanas, evidências sucessivas sugerem que, após o convescote do Instituto Millenium, o comportamento do triunvirato midiático Globo-Veja-Folha de S.Paulo se tornou ainda mais agressivo e distante do que se espera de um setor encarregado da nobre missão de informar a sociedade. A hipótese de ações coordenadas, com vistas a interferir, de maneira pesada, no jogo eleitoral, parece se confirmar.

Senão, vejamos: o Jornal Nacional claramente subiu o tom, incluindo uma despropositada insinuação quanto ao triplex do presidente; O Globo vem oferecendo factóides em sequência – culminando com a "notícia" de que Lula pediria licença por dois meses, deixando ninguém menos que José Sarney como presidente interino; e a Folha de S.Paulo brinda seu cada vez mais reduzido leitorado com uma vendetta disfarçada de reportagem contra um jornalista que fora uma de suas estrelas por mais de uma década.

Porém, no quesito jornalismo tendencioso, Veja continua imbatível. A chamativa capa de semana passada, afirmando, em gíria da marginália, que a casa do partido X caiu, seria por si só – pela linguagem empregada, pelo escândalo buscado e, sobretudo, pela precariedade das acusações face às provas – evidência da, sejamos indulgentes, exaltação exacerbada de ânimos que se seguiu ao tal convescote.

No entanto, desmentida em questão de dias por decisão judicial que não apenas recusou as denúncias, mas criticou o promotor pelo parco embasamento das mesmas, a matéria – e o destaque a ela dado – suscita urgente discussão sobre quais os limites da mídia: essa absoluta e total liberdade de imprensa que ela defende para si, taxando de "censura" qualquer esboço de medida regulatória da atividade, equivale a um salvo-conduto para um arsenal de baixarias, infâmias, armações, matérias que deixam no ar a suspeita de difamação ou calúnia?

Todas as letras

Como se não tivesse sido suficiente, a insistência de Veja na denúncia recusada pela Justiça, na edição agora nas bancas não apenas subestima a inteligência do leitor, ao basear-se tão-somente nas palavras de um doleiro que a própria revista reconhece ser "um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país", mas despreza o fato de que as "informações" por ele repassadas – em troca do benefício da "delação premiada" – não foram convertidas em inquérito aceito pela Justiça, simplesmente por não terem sido corroboradas com provas. Ou seja, denúncias de três anos atrás, que, após terem sido exaustivamente examinadas, foram consideradas inúteis ou falsas pela Justiça, são ressuscitada pela revista com claras finalidades eleitorais.

Isso nos leva a uma questão ainda mais candente: estaria a mídia brasileira acima da Justiça? Pois em qualquer sociedade de fato democrática, em que a preservação da honra de cidadãos e instituições se sobrepõe às acusações levianas e não comprovadas da imprensa, Veja estaria, após os acontecimentos da semana passada, envolvendo as denúncias do promotor José Carlos Blat, judicialmente obrigada a ostentar na capa um desmentido cabal das acusações peremptórias feitas na semana anterior. Afinal, com sua alegada circulação acima do milhão de exemplares, o semanário buscou manchar a imagem de uma agremiação política – e, nominalmente, de alguns de seus e candidatos – com "evidências" que a própria Justiça não reconhece como incriminadoras.

Ao reincidir na denúncia, Veja joga na cara da Justiça (e da sociedade, e da democracia) brasileira, com todas as letras, que se considera acima dela.

Leia mais no O.I....

Veja também: Contra Dilma Veja apela para bandidos, do blog do Miro.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Pré-Sal: A Emenda Ibsen Pinheiro

Do Observatório da Imprensa
Por Luciano Martins Costa

O deputado gaúcho Ibsen Pinheiro, do PMDB, desatou a ira dos deuses da mídia ao propor uma alteração no sistema de partilha dos recursos provenientes do petróleo explorado na camada de pré-sal. Desde que a Câmara aprovou a emenda, na quarta-feira (10/3), um intenso debate vem ocupando os jornais, vazando também para as emissoras de rádio e a televisão.
Todos os chamados jornais de influência nacional se colocaram claramente contra a proposta, mas nenhum deles, evidentemente, de maneira tão intensa quanto o Globo.
Os jornais alardeiam que, se a mudança se concretizar, o estado do Rio de Janeiro poderá perder a maior parte da receita projetada para custear a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Há quem diga que está sendo produzido muito alvoroço e pouca reflexão. Por exemplo, o comitê organizador dos Jogos Olímpicos de 2016 vem a público, com destaque na edição do Globo de terça-feira (16/3), para afirmar que, se o Rio não receber sua parte privilegiada dos royalties do pré-sal, não haverá recursos suficientes para as obras e as Olimpíadas poderão não se realizar.
Na véspera, o eterno presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, havia dito que, se não entrasse dinheiro do pré-sal, o governo federal iria garantir a realização das obras.

Centro do debate Há quem questione o senso de responsabilidade dos administradores dos projetos da Copa e das Olimpíadas, uma vez que eles iniciaram as campanhas para trazer os eventos para o Brasil ainda antes que fosse conhecido o potencial dos campos de petróleo em alta profundidade.
Mas esse detalhe escapou rapidamente das análises produzidas pelos jornais.
Por motivos óbvios, o Globo é o jornal que dá mais destaque ao tema, persistindo na discussão sobre a suposta ilegalidade da emenda Ibsen Pinheiro, porque a mudança altera as regras de contratos já em vigor.
O deputado tenta emendar a emenda no Senado, com ajuda do seu colega Pedro Simon, propondo aumentar de 40% para 60% a parcela dos royalties destinada à União, que poderia então redistribuir um quinhão maior para os estados e municípios produtores de petróleo.
Mas o centro do debate se desloca dos valores de royalties para um tema que já estava superado, mas que ainda contraria as preferências da mídia: o papel do Estado na economia.

A questão do Estado
O governador do Rio, Sérgio Cabral, rejeita a nova iniciativa do deputado gaúcho, afirmando que tudo deve voltar a ser como foi proposto pelo governo. Mas os jornais não perderam a oportunidade: aproveitam a discussão para estimular outro debate, sobre o sistema de exploração das reservas do pré-sal, assunto que está resolvido há meses.
Ainda inconformados com o sistema de partilha, que substituiu o processo anterior, de concessão a empresas privadas, vários articulistas e editorialistas já entram em campo para colocar na mesa novamente a questão da presença do Estado no negócio.


Vá ao Observatório da Imprensa. 

Der Spiegel: Benjamin Netanyahu ignora a atual proximidade entre judeus e árabes

Por Bernhard Zand

Raramente em ocasiões anteriores judeus e árabes estiveram tão unidos frente à ameaça iraniana. Mas o governo de Israel está ignorando deliberadamente esta oportunidade histórica de fazer com que o processo de paz progrida. De fato, o governo de Benjamin Netanyahu parece estar satisfeito com a situação atual

Uma das doutrinas fundamentais perenes relativas ao conflito do Oriente Médio afirmava que os elementos de linha dura no governo israelense são os únicos capazes de obter um acordo de paz – os políticos mais brandos seriam muito fracos para conseguir tal resultado.
Uma segunda doutrina dizia que os líderes árabes necessitam do conflito para justificarem as suas próprias hesitações e os seus regimes não democráticos.

A terceira doutrina postulava: o inimigo do meu inimigo é meu amigo.
Com a farsa que está protagonizando neste momento em cima do seu aliado, os Estados Unidos, o governo israelense retirou simultaneamente de cena as três doutrinas, e isto não é uma boa notícia.
Primeiro, o ministro israelense do Interior, Eli Yishai, fez de bobo Joe Biden, presidente dos Estados Unidos e um amigo comprovado de Israel, que na semana passada garantiu ao Estado judeu que os Estados Unidos têm um “compromisso absoluto, total, direto com a segurança de Israel”. Como resposta, Yishai garantiu a aprovação de 1.600 novos apartamentos em setores de Jerusalém Oriental reivindicados pelos árabes.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu desculpou-se pelo momento infeliz em que foi feito o anúncio e alegou que não sabia nada a respeito dos 1.600 apartamentos. Dá para acreditar que o primeiro-ministro não estivesse ciente do maior projeto de construção atual na cidade?
O “incidente” foi “prejudicial”, afirmou Netanyahu, antes de nomear autoridades graduadas para investigar os acontecimentos “a fim de assegurar a adoção de procedimentos para impedir que tais tipos de incidentes ocorram no futuro”. Netanyahu também indicou rapidamente qual foi a punição draconiana que reservou para o seu ministro: nenhuma. “Houve um incidente lamentável, que ocorreu inocentemente”, afirmou ele prematuramente, antes que a comissão tivesse sequer dado início à investigação.

A primeira doutrina acabou desaguando em uma conclusão: nenhum indivíduo que integra o governo israelense está atualmente interessado em conversações de paz – nem os elementos de linha dura nem os mais brandos:

Em janeiro, agentes do Mossad escolheram logo Dubai como cena do crime de assassinato premeditado perpetrado contra o líder do Hamas, Mahmoud al-Mabhouh. Dubai é um dos dois emirados do Golfo Pérsico que ignoraram o boicote árabe e receberam um ministro israelense.

Em fevereiro, Netanyahu declarou que os sepulcros de Raquel, na cidade de Belém, que é controlada pelos palestinos, e de Abraão, em Hebron (os dois sepulcros são sagrados tanto para cristãos quanto para muçulmanos) são “heranças culturais sionistas”.

E, em março, uma semana antes de o ultra-ortodoxo ministro do Interior Yishai ter aprovado a construção dos 1.600 apartamentos, o ministro trabalhista da Defesa, Ehud Barak, autorizou a construção de 112 novos prédios no assentamento Beitar Ilit, no território ocupado da Cisjordânia, onde supostamente estaria em vigor uma suspensão de dez meses de todas as construções.

A segunda doutrina também não tem mais nenhum valor – na verdade, o contrário é que se aplica. Não são mais os líderes árabes que necessitam de conflito para justificarem os seus regimes. Netanyahu é que precisa de conflito para manter coeso o seu governo heterogêneo formado por esquerda e direita.

Leia mais: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2010/03/17/benjamin-netanyahu-ignora-a-atual-proximidade-entre-judeus-e-arabes.jhtm

Uruguai defende mais integração; oferece porto para uso regional

Da Reuters

MONTEVIDÉU (Reuters) - O presidente uruguaio, José Mujica, defendeu nesta terça-feira uma maior integração sul-americana e reiterou uma oferta para instalar um porto que seja usado por países sem saída ao mar, como Bolívia e Paraguai.

Mujica, que tomou posse em meados de março, esteve no Chile e Bolívia na semana passada e visitará Brasil e Venezuela no fim do mês com o objetivo de estreitar laços.

O presidente propõe a eventual instalação de um porto sobre o oceano Atlântico que seja propriedade de governos da região, para que possa ser utilizado pelos países mediterrâneos do continente.
"Integrar significa construir infraestrutura que nos integre, oferecer com generosidade à região a existência de algum porto que inclusive possa ser, no melhor dos casos, propriedade dos governos regionais", disse Mujica em seu programa de rádio.
"Que o Paraguai possa sair com sua madeira, seus minerais, sua soja rumo ao (oceano) Atlântico desde nosso país, e que o mesmo possa fazer a Bolívia, significa desenvolvimento para a região e um trabalho logístico de mão-de-obra para o Uruguai", acrescentou.

O presidente também colocou como exemplo de integração o intercâmbio em nível energético, que permitiria enfrentar de uma melhor maneira as situações de déficit que sofrem várias nações.
Durante sua visita à Bolívia e depois de uma reunião com o presidente Evo Morales, Mujica disse que para seu país seria "importantíssimo" poder comprar gás boliviano.

O Uruguai faz parte do Mercosul, junto a Argentina, Brasil e Paraguai, com Chile e Bolívia como associados e a Venezuela em processo de ingresso ao bloco.
(Reportagem de Conrado Hornos)

terça-feira, 16 de março de 2010

Lieberman leva Israel ao Isolacionismo

Após boicotar a visita do presidente Lula à Israel, o ministro Avigdor Lieberman é alvo de críticas em seu próprio país, sendo acusado de adotar uma postura isolacionista em relação a possíveis aliados, inclusive a aliados tradicionais. Entre outras atitudes estão a de colocar o primeiro ministro turco em um sofá abaixo dos representantes israelenses, em sinal de humilhação; em noticiar novos assentamentos quando da visita do vice-presidente americano, Joe Biden e, agora, em exigir que o Presidente brasileiro visitasse o túmulo do criador do movimento sionista, Theodor Herzl.

Do blog do Nassif


Lieberman leva Israel ao isolamento

(IsraelNN.com) Ex-Vice-Ministro dos Negócios Exteriores MK Majalli Wahabi do Kadima, disse em resposta à decisão do ministro Avigdor Lieberman de boicotar a visita do presidente brasileiro Lula da Silva que, “com tais boicotes e humilhação, ele em breve não terá mais ministros estrangeiros para boicotar”.

Segundo Wahabi, “Lieberman está determinado a conseguir o isolamento internacional de Israel, e trabalha com excelência para atingir seu objetivo. Depois da Suécia, Noruega, Turquia e os Estados Unidos, agora é a vez do Brasil, e só nos resta perguntar quem será o próximo Estado. ”

http://www.israelnationalnews.com/News/Flash.aspx/182624

segunda-feira, 15 de março de 2010

Lula e a homenagem a Theodor Herzl

Ser protagonista no cenário internacional tem seu preço. Você fica mais visado e é muito mais cobrado, pois o jogo é complexo. É necessário ter paciência e muito cacife. Ora! Se Israel colocou o Vice-Presidente americano numa saia justa com a questão dos assentamentos, não colocaria o Presidente do Brasil? A questão é: se Lula se negar a homenagear o túmulo do criador do movimento sionista, estará sendo ofensivo para Israel e fechará portas no seu esforço de ser um interlocutor na questão palestina. Se aceitar, poderá estar sendo ofensivo aos palestinos, como que se alinhando com às idéias de Herzl que pregava o direito ancestral de Israel das terras palestinas. E agora? O texto a seguir é da BBC Brasil e trás mais informações sobre o fato.

Da BBC Brasil

A proposta de inclusão de uma visita ao túmulo de Theodor Herzl na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu giro por Israel e territórios palestinos está causando mal-estar no primeiro dia de visita oficial nesta segunda-feira.

De acordo com veículos de imprensa de Israel, o Brasil teria pedido esclarecimentos ao governo israelense sobre a inclusão da cerimônia de homenagem ao fundador do movimento Sionista na agenda de Lula na terça-feira. A comitiva brasileira afirmou que Lula não tem intenção de ir ao local.

A agenda de Lula originalmente previa para terça-feira apenas uma visita ao museu do Holocausto e depois um depósito de flores ao túmulo de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro israelense que iniciou o processo de paz com os palestinos e foi assassinado em 1995 por um extremista de direita israelense.

De acordo com a diretora do departamento de América Latina do ministério de Relações Exteriores de Israel, Dorit Shavit, o governo israelense vai fazer todos os esforços para convencer o presidente Lula de que não há intenções ocultas por trás do pedido de visita ao túmulo de Herzl, cujo sesquicentenário de nascimento está sendo celebrado neste ano.

No entanto, segundo a comitiva brasileira, também não há intenções "ocultas" por parte do presidente Lula em não ir ao túmulo.
"Não é uma questão de dar sinais políticos ocultos. Está se fazendo uma tempestade em copo d'água e a decisão não é uma desfeita por parte do presidente", disse a fonte.
A informação que chegou ao governo brasileiro é que a visita ao túmulo de Herzl não é praxe de viagens oficiais. Os dois últimos chefes de Estado que passaram por Israel - o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi - não visitaram o local.

'Insulto'

A eventual recusa de Lula em visitar o túmulo de Herzl pode provocar uma reação negativa em Israel, pelo menos na opinião de Michael Jankelowitz, porta-voz da Agência Judaica, instituição sionista que desde a criação do Estado de Israel cuida das relações com a comunidade judaica no exterior e intermedeia a imigração de judeus para o país.

Segundo Jankelowitz, uma eventual recusa em incluir a visita em sua agenda "seria considerada um insulto a Israel" e Lula iria "para a história como o primeiro chefe de Estado a se recusar a prestar essa homenagem em Israel".

Para ele, a possível decisão comprometeria as ambições do governo brasileiro de ser um mediador no conflito entre israelenses e palestinos.
"Isso mostraria que Lula não é um mediador justo", disse ele à BBC Brasil.

O presidente Lula chegou no domingo a Israel e foi recebido nesta segunda-feira em uma cerimônia oficial na residência do presidente Shimon Peres. Mais tarde ele fará um discurso no Parlamento e depois terá um encontro com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
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Eleições 2010: Começou a Guerra!

Você pode até dizer que não gosta de um candidato porque "não vai com a cara dele"; ou porque, pra você, ele é antipático, ou mesmo tem "cara de ladrão". Isto é uma questão sua, de foro íntimo e ninguém está obrigado, no seu voto, a desfiar um rosário de motivos políticos com base em teses sociológicas. Cada um está em seu momento, tem suas próprias razões, sejam elas de que natureza for, e, numa democracia, nada mais apropriado do que o "one man, one vote".

O problema é quando o jogo político pesa e você passa a ser uma presa fácil arrastada pelas mentiras perpetradas por aqueles que, ao invés de utilizarem de honestidade, passam a distorcer a realidade, ou mesmo mentir, para fazer proselitismo velado sobre uma determinada opção política em nome de seus próprios interesses. Se o fizessem abertamente, sem distorções, nada de mais. Mas o fazem deliberadamente, passando por cima de tudo e de todos. O que menos querem é o debate político de alto nível, mas apenas desqualificar o outro, tratando os eleitores como perfeitos trouxas. Pra vocês verem o nível do que será as eleições este ano: outro dia recebi um email sobre a questão do auxílio-reclusão, apresentado em tom de indignação, como se fosse uma figura criada por este governo, alcunhada de "Bolsa-marginal" ou "Bolsa-bandido".  Figura esta prevista desde o governo de Juscelino Kubtschek e hoje na própria Constituição no seu art. 201, IV.

Existem outros sendo espalhados pela internet, como o da Dilma “terrorista”. Segundo esse, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”. Tem também o do "filho encrenqueiro". De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil. Hoaxs deste tipo serão utilizados cada vez mais para desqualificar o atual governo e sua candidata.

Mas hoaxs sem fonte ou de fontes duvidosas espalhados por email não têm, nem de longe, o mesmo poder que uma emissora de televisão ou uma revista de grande circulação. Com a divulgação de pesquisas desfavoráveis ao candidato desse grupo de poder as estratégias foram lançadas. Segundo Mauro Carrara, no seu "Tempestade no Cerrado" (publicado no vermelho.org -http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=125750&id_secao=1), esses são os passos:

1)    Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.
2)     Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.
3)     Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.
4)     Elevar o tom de voz nos editoriais.
5)     Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.
6)     Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.
7)     Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.
8)     Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Há até quem defenda que este tipo de atitude é legítima num regime dito democrático. O problema é que o diabo está nas entrelinhas. Pior do que uma mentira escancarada é uma mentira escondida e travestida de verdade. E o que vale pra um vale pro outro. Assim, também é legítimo desmascarar mentiras, ainda que você não concorde ou nem venha a votar alinhado com o governo. O jogo deveria ser este, mas parece que com regras claras, para parte da sociedade brasileira e da grande mídia, não haveria possibilidade de vitória. Eu duvido, mas é uma questão de cultura e de comportamento, muitas vezes criticadas por aqueles mesmos que atacam a desfassatez da classe política. No final só sobram o preconceito e a mentira.

Será que o brasileiro vai decidir quem será o próximo ou próxima presidente com base nesses valores? Espero que não.

Querem saber o que eles realmente sentem pelo Lula?


BBC Brasil: Lula faz visita inédita ao Oriente Médio em meio a nova crise

Silvia Salek
Enviada especial da BBC Brasil a Jerusalém
 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou neste domingo ao Oriente Médio para uma visita oficial inédita a Israel e aos Territórios Palestinos, em meio a uma nova crise na região.
Desde que D. Pedro 2º passou pela Terra Santa há 150 anos, nenhum chefe de Estado brasileiro esteve no local em visita oficial.

A crise atual foi detonada durante a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, na semana passada. Biden planejava lançar um novo processo de negociações indiretas entre os dois lados do conflito, quando o Ministério da Defesa de Israel aprovou a construção de 112 residências no assentamento de Beitar Ilit, em território ocupado na Cisjordânia.

O anúncio foi visto como uma ameaça à retomada das negociações, mas a pá de cal veio no dia seguinte, quando o ministério do Interior, controlado pelo Shas, partido ultraortodoxo e a favor da ampliação dos assentamentos, divulgou a aprovação da construção de 1,6 mil casas em Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital de seu futuro Estado.

Fracasso americano

A decisão, classificada por muitos como uma humilhação a Biden, azedou relações entre Estados Unidos e Israel e marcou o fracasso da visita do vice de Barack Obama.

Não tardou para que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, se retirasse das negociações, Israel decretasse o fechamento temporário do acesso à Cisjordânia e reforçasse o policiamento em Jerusalém.
Em meio a essa crescente tensão, Lula chega para sua primeira visita com a ambição de se lançar como mediador de um processo de paz congelado desde dezembro de 2008, quando o presidente palestino suspendeu o diálogo com o ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert

Na época, Israel tinha iniciado uma nova ofensiva militar na Faixa de Gaza.
Segundo o governo brasileiro, a visita de Lula "coroa" um processo iniciado há cinco anos com a aproximação gradual do Oriente Médio.

Estado palestino

Não está claro se o Brasil traz na manga alguma proposta nova. A posição do Brasil, no entanto, é conhecida.

Segundo a Presidência, a criação de um Estado palestino é uma necessidade urgente, e a ampliação dos assentamentos, inadmissível para o reinício das negociações.

Mas o papel exato que o Brasil pretende desempenhar é questionado por muitos em Israel. O ponto-chave da crítica ao Brasil está na aproximação de Lula e do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que não disfarça suas posições incendiárias como a negação do Holocausto e o objetivo de riscar Israel do mapa.

Israel tentará, mais um vez, alertar o Brasil sobre o "perigo" representado pelo Irã e defender a sua tese de que apenas duras sanções contra o país podem impedi-lo de desenvolver uma bomba atômica. Mas o alerta esbarra na conhecida posição de engajamento da diplomacia brasileira.

A visita oficial começa nesta segunda-feira e termina na quarta, quando Lula parte para a Jordânia.