segunda-feira, 15 de março de 2010

Eleições 2010: Começou a Guerra!

Você pode até dizer que não gosta de um candidato porque "não vai com a cara dele"; ou porque, pra você, ele é antipático, ou mesmo tem "cara de ladrão". Isto é uma questão sua, de foro íntimo e ninguém está obrigado, no seu voto, a desfiar um rosário de motivos políticos com base em teses sociológicas. Cada um está em seu momento, tem suas próprias razões, sejam elas de que natureza for, e, numa democracia, nada mais apropriado do que o "one man, one vote".

O problema é quando o jogo político pesa e você passa a ser uma presa fácil arrastada pelas mentiras perpetradas por aqueles que, ao invés de utilizarem de honestidade, passam a distorcer a realidade, ou mesmo mentir, para fazer proselitismo velado sobre uma determinada opção política em nome de seus próprios interesses. Se o fizessem abertamente, sem distorções, nada de mais. Mas o fazem deliberadamente, passando por cima de tudo e de todos. O que menos querem é o debate político de alto nível, mas apenas desqualificar o outro, tratando os eleitores como perfeitos trouxas. Pra vocês verem o nível do que será as eleições este ano: outro dia recebi um email sobre a questão do auxílio-reclusão, apresentado em tom de indignação, como se fosse uma figura criada por este governo, alcunhada de "Bolsa-marginal" ou "Bolsa-bandido".  Figura esta prevista desde o governo de Juscelino Kubtschek e hoje na própria Constituição no seu art. 201, IV.

Existem outros sendo espalhados pela internet, como o da Dilma “terrorista”. Segundo esse, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”. Tem também o do "filho encrenqueiro". De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil. Hoaxs deste tipo serão utilizados cada vez mais para desqualificar o atual governo e sua candidata.

Mas hoaxs sem fonte ou de fontes duvidosas espalhados por email não têm, nem de longe, o mesmo poder que uma emissora de televisão ou uma revista de grande circulação. Com a divulgação de pesquisas desfavoráveis ao candidato desse grupo de poder as estratégias foram lançadas. Segundo Mauro Carrara, no seu "Tempestade no Cerrado" (publicado no vermelho.org -http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=125750&id_secao=1), esses são os passos:

1)    Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.
2)     Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.
3)     Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.
4)     Elevar o tom de voz nos editoriais.
5)     Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.
6)     Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.
7)     Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.
8)     Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Há até quem defenda que este tipo de atitude é legítima num regime dito democrático. O problema é que o diabo está nas entrelinhas. Pior do que uma mentira escancarada é uma mentira escondida e travestida de verdade. E o que vale pra um vale pro outro. Assim, também é legítimo desmascarar mentiras, ainda que você não concorde ou nem venha a votar alinhado com o governo. O jogo deveria ser este, mas parece que com regras claras, para parte da sociedade brasileira e da grande mídia, não haveria possibilidade de vitória. Eu duvido, mas é uma questão de cultura e de comportamento, muitas vezes criticadas por aqueles mesmos que atacam a desfassatez da classe política. No final só sobram o preconceito e a mentira.

Será que o brasileiro vai decidir quem será o próximo ou próxima presidente com base nesses valores? Espero que não.

Querem saber o que eles realmente sentem pelo Lula?


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