Nos últimos dias, após a divulgação do "pibão" brasileiro crescendo à taxa chinesa de 9,3% (ainda que em cima de uma base de comparação fraca), vimos muitos jornalistas e economistas afirmarem que o Brasil não tolera esse ritmo de crescimento. Entre os muitos "temores" estariam a falta de poupança e de investimentos internos (?!?!). Ora, mas segundo dados obtidos na página do IBGE, foi justamente o contrário o que aconteceu: há informação de que a poupança interna aumentou, bem como a taxa de investimentos no Brasil. Aí o Sardemberg (lá da CBN) sai com esta:
"Não é bom e não é um problema só brasileiro. O país quando ele cresce além das suas possibilidades o que acontece? Começa a faltar estrada, começa a faltar porto, começa a entupir os aeroportos, começa a faltar mão de obra, começa a faltar matéria prima, etc. O correto para os bancos centrais, para os governos é não deixar a coisa estourar nesse ponto, é tomar medidas preventivas quando a economia ameaça crescer mais do que pode, que é o caso do Brasil e até o caso da China, que está crescendo mais do que pode lá no esquema deles, né?"
Profundo! Lembra um pouco a lógica de que só se deve distribuir renda depois que o bolo cresce. Existe sim problemas de infra-estrutura, capacitação de mão-de-obra, transportes, energia, comunicações, pesquisa tecnológica, etc. Mas, ao invés de se pensar que isto tem que ser resolvido primeiro para que se possa crescer a taxas mais robustas, creio que o mais correto é enxergar em tais deficiências oportunidades para novos empreendimentos que venham a alavancar de vez a economia do país. A relação tem que ser de paridade e não de sucessividade. Com toda a prudência não se pode permitir que uma política de juros elevados venha a prejudicar o crescimento do Brasil. A não ser que se dê prioridade apenas aos rentistas, o que seria um verdadeiro absurdo!
Essa linha de raciocínio (a do medo do pibão), lembra também aquela que, após trazermos a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, nos dizia: o Brasil é um país de corruptos, não seremos capazes de realizar tais eventos! Oras, só seremos capazes de realizá-los se acabarmos com a corrupção? E não há corrupção em outros países que já realizaram copas ou olimpíadas? Devemos sim combatê-la, refreá-la, controlá-la. Mas isto não pode nos impedir de realizar sonhos, de darmos passos cada vez mais largos no caminho de um país mais justo e mais desenvolvido.
Esse fenômeno interessante é bem analisado pelo Samuel Pinheiro Guimarães (Ministro Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos) num longo mas profundo texto publicado na Carta Maior, que revela que metas de crescimento (sem se descuidar da inflação) devem ser almejadas como forma de tirar o Brasil da esfera do subdesenvolvimento.
Samuel Pinheiro Guimarães: Crescer a 7%
Do site da Carta Maior
Se o objetivo central da sociedade brasileira for vencer o subdesenvolvimento, a economia terá de crescer a taxas mais elevadas do que as que têm ocorrido no passado recente, enquanto que as políticas de distribuição de renda terão de ser mais vigorosas para incorporar ao sistema econômico e social moderno as imensas massas que se encontram em situação de grave pobreza: cerca de 60 milhões de brasileiros. caso se deseje manter o Brasil como país pobre e subdesenvolvido, basta crescer a taxas modestas, obedecendo a todas as metas e a supostos potenciais máximos de crescimento, e, assim, lograr manter a economia estável porém miserável. O artigo é de Samuel Pinheiro Guimarães.
Principais análises e notícias sobre politica, economia, relações internacionais, etc., etc.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
O "Pibão" Brasileiro e a Cultura do Subdesenvolvimento
Samuel Pinheiro Guimarães
1. O subdesenvolvimento, situação em que a esmagadora maioria da população de um país não pode desfrutar dos bens e serviços que o avanço tecnológico e produtivo moderno permitem, é sempre uma questão relativa. Nenhum país é subdesenvolvido isoladamente; esta é sempre uma situação comparativa entre países e sociedades, desenvolvidas e subdesenvolvidas, em diferentes graus, em distintos momentos históricos.
2. Naturalmente, há indicadores objetivos de subdesenvolvimento: a exploração ao mesmo tempo insuficiente e predatória dos recursos naturais; a baixa escolaridade e qualificação média da mão de obra; a desintegrada rede de transportes; o pequeno consumo per capita de energia; a reduzida diversificação das exportações; o pequeno número de patentes registradas; o acesso restrito da população a saneamento básico; as precárias condições de saúde, educação e cultura; o alto percentual da população que se encontra abaixo da linha de pobreza etc.
3. A heterogeneidade é uma característica central do subdesenvolvimento. Regiões avançadas ao lado de regiões paupérrimas e de baixa produtividade. A ignorância ao lado da cultura. A moderna eficiência tecnológica convive com o uso de tecnologias do passado. A riqueza vizinha da miséria. E assim por diante. Essa heterogeneidade, ainda atual, é resultado da evolução de um sistema produtivo que se forma a partir de enclaves modernos, vinculados a centros econômicos externos, cuja maior produtividade não se difundiu para o resto do sistema nem deu origem a processos de geração e distribuição de renda devido à estrutura social, cuja base era o latifúndio agrícola, ou o enclave minerador, e o regime de mão-de-obra escrava ou servil.
4. O conjunto dessas deficiências leva a uma produção de bens e serviços por habitante relativamente pequena, o que, em termos monetários, se expressa por um baixo produto per capita e, em termos sociais, por uma precária qualidade de vida para a imensa maioria, ao lado de uma riqueza da qual pouquíssimos desfrutam.
5. A produção per capita representa o conjunto de bens e serviços a que o habitante médio de um país teria acesso por ano. Esta média hipotética será tanto mais representativa da realidade quanto mais igualitária for a distribuição de renda em uma sociedade, o que não ocorre no Brasil.
6. Por todos os critérios acima, o Brasil é um país subdesenvolvido, ainda que com importantes bolsões de riqueza e de produção moderna. Apesar dos esforços das últimas décadas, com significativas flutuações e longos períodos de estagnação, o Brasil continua a ser um país subdesenvolvido. Em relação a quem?
7. A situação de desenvolvimento do Brasil não pode ser comparada com a de países que, pelas características de território, população e PIB, não enfrentam os mesmos desafios que a sociedade brasileira. Pequenos e médios países europeus, asiáticos e sul-americanos, ainda que às vezes ostentem níveis de produto per capita ou indicadores sociais importantes, superiores aos brasileiros, não têm o mesmo potencial do Brasil nem têm de enfrentar desafios semelhantes aos nossos.
8. O Brasil é um país continental. Se fizermos três listas de países segundo o território, a população e o PIB, somente três países estarão entre os dez primeiros de cada uma dessas três listas: os Estados Unidos, a China e o Brasil.
9. Os países com quem o Brasil tem de ser comparado são países como os Estados Unidos, a China, a Rússia, a Índia, a Alemanha e a França. Esses têm de ser o nosso referencial e esses são os nossos competidores (e eventuais colaboradores) na dinâmica do sistema internacional e na disputa por poder político e pela apropriação de riqueza.
10. Todavia, a China e a Índia têm um produto per capita muito inferior ao do Brasil, enfrentam desafios sociais muito maiores e dispõem de recursos naturais inferiores aos nossos o que dificulta sua árdua tarefa de se tornarem países desenvolvidos. A Rússia, apesar de seus recursos naturais e do avanço tecnológico em certas áreas, enfrenta dificuldades extraordinárias em termos sociais e de reestruturação de sua economia. A Alemanha e a França, com todo o avanço que já alcançaram, enfrentam importantes dificuldades devido a suas limitações de território e de população e, portanto, apresentam vulnerabilidades decorrentes da necessidade de importar insumos e da dependência excessiva de sua economia em relação ao mercado internacional.
11. Talvez o melhor paradigma para o Brasil sejam os Estados Unidos. Nossas características territoriais e demográficas são semelhantes, enquanto que nosso PIB é muito distinto. Os Estados Unidos são o país mais poderoso do mundo em termos militares, de PIB e de tecnologia. Nossas sociedades democráticas, multiculturais e multiétnicas são semelhantes e grande é a diversidade de recursos naturais e a capacidade agrícola de ambos os países.
12. O produto per capita dos Estados Unidos em 1989 era 22.100 dólares e o do Brasil 3.400. A diferença era, portanto, naquela data de 18.700. Ora, o Brasil e os Estados Unidos cresceram em termos reais à mesma taxa nos últimos 20 anos: os Estados Unidos a 2,5% a.a. e o Brasil a 2,5% a.a.. Nos Estados Unidos, esta taxa de crescimento poderia ser considerada razoável e adequada mas, no caso do Brasil, ela reflete a estagnação da economia brasileira, da produção e do emprego, no período de 1989 a 2002. Esta situação se modificou entre 2002 e 2009, no Governo do Presidente Lula, período em que o Brasil cresceu à taxa média de 3,4% e os Estados Unidos à taxa média de 1,4% a.a..
13. Essas taxas de crescimento, devido às bases de PIB muito distintas de que partiam e às taxas diferentes de crescimento demográfico, fizeram com que a produção per capita americana passasse de 22.100 dólares, em 1989, para 46.400 dólares, em 2009, enquanto a do Brasil aumentou de 3.400 dólares para 8.200 dólares. Assim, o hiato de produto per capita entre os Estados Unidos e o Brasil aumentou entre 1989 e 2009, passando de 18.700 dólares para 38.200 dólares. O atraso relativo, o subdesenvolvimento, aumentou.
14. Se o objetivo central da sociedade brasileira for vencer o subdesenvolvimento, a economia terá de crescer a taxas mais elevadas do que as que têm ocorrido no passado recente, enquanto que as políticas de distribuição de renda terão de ser mais vigorosas para incorporar ao sistema econômico e social moderno as imensas massas que se encontram em situação de grave pobreza: cerca de 60 milhões de brasileiros.
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quarta-feira, 9 de junho de 2010
Velhas Mìdias, Novas Mìdias: O Declínio do Império Global
A imprensa é antes de tudo um negócio. Mas, como todo negócio ela tem um produto, ou não? O produto é a credibilidade, a seriedade com que se produz uma matéria, com que se noticia um fato. A maneira como se trata a informação, com o mínimo de ruídos possível e o máximo de honestidade.
Partindo desta constatação fica fácil entender porque o negócio muitas vezes (senão a maioria das vezes) se coloca tão longe da questão da credibilidade. Há fatores que influenciam na maneira de se noticiar um fato, que vão do espectro econômico ao político. Esses ruídos, que deveriam ser mínimos, quando tornam-se indutores de matérias, passam a afetar o produto da imprensa, ameançando a sua credibilidade. Isso porque, apesar de se tolerar o viés ideológico de um determinado meio de comunicação, mesmo aqueles afinados com tal viés não dispensam a informação correta e honesta. Pelo menos os que se querem bem informar.
Por muito tempo os principais meios de comunicação ficaram restritos ao rádio, jornais/revistas e televisão. A escala de valores envolvidas para desenvolver tais meios era muito alta para o cidadão comum, e, com isto, tais meios sempre se concentraram nas mãos de poucos, que, assim, conseguiam o monopólio da informação, o que atribuía grande poder a tais pessoas. Isto porque a publicidade e a política sempre andaram de mãos dadas com a imprensa.
Aí surge a internet concentrando uma gama imensa de novas mídias, que vão de blogs a redes sociais, portais de informações a comunidades virtuais. Com um PC e pagando o preço de uma conexão você tem acesso a tudo isto. Dessa forma vai se quebrando o paradigma do monopólio da informação. E em conseqüência da relação poder econômico, poder político, informação. Um exemplo é o caso do derramamento de petróleo no Golfo do México por uma empresa privada e a impotência do governo dos EUA em resolver o problema que já se afigura como o maior desastre ambiental que a humanidade já produziu em todos os tempos. Você pode acompanhar em tempo real pela internet as imagens do poço a despejar os milhares de barris de petróleo no outrora mar azul da região. Na mídia tradicional, supondo que a empresa fosse uma grande anunciante de um meio de comunicação, esse meio teria "dificuldades" para divulgar tal informação.
Pois bem, com a quebra do monopólio e a busca por informações menos truncadas pelos interesses já referidos, as mídias tradicionais, ainda que migrem para as novas mídias na internet, perderam força porque passaram a ser contestadas por aqueles que se propuseram a fugir da lógica do "negócio". Em pouco tempo, deuses do olimpo da informação, articulistas sagrados e jamais contestados, que com suas penas eram capazes de destruir num átimo a reputação de alguém ou elevar um produto de qualidade duvidosa ao panteão do estado da arte, tiveram que abrir suas caixas de textos para comentários de leitores, que passaram de simples consumidores para interatores da informação. É como se um piloto de formula 1 tivesse que dirigir "no braço", sem os coquetéis eletrônicos daquelas máquinas. A velocidade com que circula a informação e o contra-ponto são agora elementos que conspiram contra a velha mídia e os seus monstros sagrados.
Evidente que a velha mídia ainda tem seu poder, e que pode levar os velhos vícios para o meio virtual, mas não mais impunemente. E quanto mais pessoas tiverem acesso a este meio é bem provável que a idéia da grande Ágora se torne realidade, não mais restrita a um grupo de pessoas, mas bastante ampla, abarcando a todos que desejam se bem informar.
No ensejo é sintomático observarmos a queda de audiência da TV Globo. A emissora teve no mês de maio a menor audiência da sua história na Grande São Paulo, o maior mercado do país: 16,3 pontos. A audiência caiu meio ponto em relação a abril e dois pontos em relação a setembro do ano passado. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na região. Os dados são da coluna Ooops!, do UOL.
Partindo desta constatação fica fácil entender porque o negócio muitas vezes (senão a maioria das vezes) se coloca tão longe da questão da credibilidade. Há fatores que influenciam na maneira de se noticiar um fato, que vão do espectro econômico ao político. Esses ruídos, que deveriam ser mínimos, quando tornam-se indutores de matérias, passam a afetar o produto da imprensa, ameançando a sua credibilidade. Isso porque, apesar de se tolerar o viés ideológico de um determinado meio de comunicação, mesmo aqueles afinados com tal viés não dispensam a informação correta e honesta. Pelo menos os que se querem bem informar.
Por muito tempo os principais meios de comunicação ficaram restritos ao rádio, jornais/revistas e televisão. A escala de valores envolvidas para desenvolver tais meios era muito alta para o cidadão comum, e, com isto, tais meios sempre se concentraram nas mãos de poucos, que, assim, conseguiam o monopólio da informação, o que atribuía grande poder a tais pessoas. Isto porque a publicidade e a política sempre andaram de mãos dadas com a imprensa.
Aí surge a internet concentrando uma gama imensa de novas mídias, que vão de blogs a redes sociais, portais de informações a comunidades virtuais. Com um PC e pagando o preço de uma conexão você tem acesso a tudo isto. Dessa forma vai se quebrando o paradigma do monopólio da informação. E em conseqüência da relação poder econômico, poder político, informação. Um exemplo é o caso do derramamento de petróleo no Golfo do México por uma empresa privada e a impotência do governo dos EUA em resolver o problema que já se afigura como o maior desastre ambiental que a humanidade já produziu em todos os tempos. Você pode acompanhar em tempo real pela internet as imagens do poço a despejar os milhares de barris de petróleo no outrora mar azul da região. Na mídia tradicional, supondo que a empresa fosse uma grande anunciante de um meio de comunicação, esse meio teria "dificuldades" para divulgar tal informação.
Pois bem, com a quebra do monopólio e a busca por informações menos truncadas pelos interesses já referidos, as mídias tradicionais, ainda que migrem para as novas mídias na internet, perderam força porque passaram a ser contestadas por aqueles que se propuseram a fugir da lógica do "negócio". Em pouco tempo, deuses do olimpo da informação, articulistas sagrados e jamais contestados, que com suas penas eram capazes de destruir num átimo a reputação de alguém ou elevar um produto de qualidade duvidosa ao panteão do estado da arte, tiveram que abrir suas caixas de textos para comentários de leitores, que passaram de simples consumidores para interatores da informação. É como se um piloto de formula 1 tivesse que dirigir "no braço", sem os coquetéis eletrônicos daquelas máquinas. A velocidade com que circula a informação e o contra-ponto são agora elementos que conspiram contra a velha mídia e os seus monstros sagrados.
Evidente que a velha mídia ainda tem seu poder, e que pode levar os velhos vícios para o meio virtual, mas não mais impunemente. E quanto mais pessoas tiverem acesso a este meio é bem provável que a idéia da grande Ágora se torne realidade, não mais restrita a um grupo de pessoas, mas bastante ampla, abarcando a todos que desejam se bem informar.
No ensejo é sintomático observarmos a queda de audiência da TV Globo. A emissora teve no mês de maio a menor audiência da sua história na Grande São Paulo, o maior mercado do país: 16,3 pontos. A audiência caiu meio ponto em relação a abril e dois pontos em relação a setembro do ano passado. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na região. Os dados são da coluna Ooops!, do UOL.
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terça-feira, 8 de junho de 2010
A Impotência dos EUA, a BP, Israel e o Irã.
A BP deixa jorrar milhares de barris de petróleo nas proximidades da costa dos EUA há mais de um mês (e deve continuar por um bom tempo) provocando o maior desastre ecológico que se tem notícia, e até agora só birra do Obama e uma multa de US$ 65 milhões. Israel ataca barcos de ajuda humanitária, assassina integrantes de ONGs, desenvolve um programa nuclear subterrâneo, não assina o tratado de não proliferação nuclear, tentou vender a tecnologia para o regime do apartheid da África do Sul, cria um gueto em Gaza e nenhum pio da Hillary. Por sinal, após as críticas contundentes da mídia mundial a providência foi passar o "setembro negro" à exaustão nos canais de tv. E o Irã, tenham certeza, após demonizado no Ocidente, ainda que diga que não vai mais enriquecer urânio a 20%, ainda que tenha soberania e direito de fazê-lo, ainda que jogue todos os seus artefatos de produção de material nuclear no oceano, vai sofrer com a tentativa de imposição de sanções econômicas pelos EUA. Uma pergunta: Afinal, porque os EUA querem tanto impor sanções ao Irã? Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei (no caso, da lei deles - o governo dos EUA). Com tanta hipocrisia em jogo não dá pra não pensar que a implantação do multilateralismo nas relações internacionais se faz urgente, como um passo intermediário para instituições de direito internacional que um dia, quem sabe, venham a ter alguma eficácia frente aos poderes econômicos e militares que hoje indicam "gerentões" para essas mesmas instituições, garantindo assim que não serão importundados ou contrariados quando da imposição de seus interesses. Em relação ao caso da British Petroleum, é interessante observar as semelhanças com o caso da bolha especulativa que detonou a crise de 2008. Em ambas o interesse público está em último plano e apenas os ganhos privados estão em evidência. Resultado: prejuízo. Porque se a solidariedade não existe nas relações, vira anarquia. E onde poucos ganham sobram injustiça e sofrimento.
Vazamento exibe impotência do Estado diante de empresas
Do Terra Magazine
O jorro descontrolado de petróleo do poço da British Petroleum desde 20 de abril no fundo do Golfo do México, observável a qualquer momento pela internet, simboliza bem a absoluta impotência do governo mais poderoso do mundo diante da empresa responsável pelo maior desastre ecológico da história. Cada quatro dias de vazamento equivalem, segundo os cálculos mais pessimistas, a um desastre igual ao do rompimento do navio petroleiro Exxon Valdez, da Exxon Mobil, em 1989, agora a segunda maior catástrofe ecológica. O mundo, estático, assiste a uma demonstração inédita da capacidade de destruição de uma única empresa.
A pressa em retirar plataforma de exploração para recolocá-lo em outro local teria provocado o desastre. Outras causas são apontadas: um suposto defeito na fabricação do equipamento de perfuração e também o lobby pesado da BP. Unida a outras grandes companhias petrolíferas, teria envolvido órgãos do governo e instituições reguladoras de modo a obter um afrouxamento das normas e das exigências de segurança e de proteção ambiental.
No cômputo das responsabilidades, inclua-se uma decisão presidencial. O desastre põe na conta de Barack Obama o endosso ao frenesi de exploração de petróleo de George W. Bush, prócer da liberdade quase absoluta concedida a empresas e bancos. O atual presidente dos Estados Unidos, em vez de conter a exploração desregrada, ampliou a área marítima permitida para perfuração de poços de petróleo e a cada dia paga o preço político dessa decisão.
O nome da British Petroleum inclui-se agora na longa lista de gigantes empresariais e financeiros que contaram com uma liberdade de ação muito acima do que recomendariam cuidados mínimos de proteção da sociedade. A mesma liberdade que tiveram AIG, Lehman Brothers, J.P. Morgan, Citibank, Goldman Sachs e outros protagonistas da crise de 2008-2009, maior catástrofe financeira desde a que antecedeu a Grande Depressão da década de 1930.
Vazamento exibe impotência do Estado diante de empresas
Do Terra Magazine
Carlos Drummond
De Campinas (SP)
De Campinas (SP)
O jorro descontrolado de petróleo do poço da British Petroleum desde 20 de abril no fundo do Golfo do México, observável a qualquer momento pela internet, simboliza bem a absoluta impotência do governo mais poderoso do mundo diante da empresa responsável pelo maior desastre ecológico da história. Cada quatro dias de vazamento equivalem, segundo os cálculos mais pessimistas, a um desastre igual ao do rompimento do navio petroleiro Exxon Valdez, da Exxon Mobil, em 1989, agora a segunda maior catástrofe ecológica. O mundo, estático, assiste a uma demonstração inédita da capacidade de destruição de uma única empresa.
A pressa em retirar plataforma de exploração para recolocá-lo em outro local teria provocado o desastre. Outras causas são apontadas: um suposto defeito na fabricação do equipamento de perfuração e também o lobby pesado da BP. Unida a outras grandes companhias petrolíferas, teria envolvido órgãos do governo e instituições reguladoras de modo a obter um afrouxamento das normas e das exigências de segurança e de proteção ambiental.
No cômputo das responsabilidades, inclua-se uma decisão presidencial. O desastre põe na conta de Barack Obama o endosso ao frenesi de exploração de petróleo de George W. Bush, prócer da liberdade quase absoluta concedida a empresas e bancos. O atual presidente dos Estados Unidos, em vez de conter a exploração desregrada, ampliou a área marítima permitida para perfuração de poços de petróleo e a cada dia paga o preço político dessa decisão.
O nome da British Petroleum inclui-se agora na longa lista de gigantes empresariais e financeiros que contaram com uma liberdade de ação muito acima do que recomendariam cuidados mínimos de proteção da sociedade. A mesma liberdade que tiveram AIG, Lehman Brothers, J.P. Morgan, Citibank, Goldman Sachs e outros protagonistas da crise de 2008-2009, maior catástrofe financeira desde a que antecedeu a Grande Depressão da década de 1930.
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