A imprensa é antes de tudo um negócio. Mas, como todo negócio ela tem um produto, ou não? O produto é a credibilidade, a seriedade com que se produz uma matéria, com que se noticia um fato. A maneira como se trata a informação, com o mínimo de ruídos possível e o máximo de honestidade.
Partindo desta constatação fica fácil entender porque o negócio muitas vezes (senão a maioria das vezes) se coloca tão longe da questão da credibilidade. Há fatores que influenciam na maneira de se noticiar um fato, que vão do espectro econômico ao político. Esses ruídos, que deveriam ser mínimos, quando tornam-se indutores de matérias, passam a afetar o produto da imprensa, ameançando a sua credibilidade. Isso porque, apesar de se tolerar o viés ideológico de um determinado meio de comunicação, mesmo aqueles afinados com tal viés não dispensam a informação correta e honesta. Pelo menos os que se querem bem informar.
Por muito tempo os principais meios de comunicação ficaram restritos ao rádio, jornais/revistas e televisão. A escala de valores envolvidas para desenvolver tais meios era muito alta para o cidadão comum, e, com isto, tais meios sempre se concentraram nas mãos de poucos, que, assim, conseguiam o monopólio da informação, o que atribuía grande poder a tais pessoas. Isto porque a publicidade e a política sempre andaram de mãos dadas com a imprensa.
Aí surge a internet concentrando uma gama imensa de novas mídias, que vão de blogs a redes sociais, portais de informações a comunidades virtuais. Com um PC e pagando o preço de uma conexão você tem acesso a tudo isto. Dessa forma vai se quebrando o paradigma do monopólio da informação. E em conseqüência da relação poder econômico, poder político, informação. Um exemplo é o caso do derramamento de petróleo no Golfo do México por uma empresa privada e a impotência do governo dos EUA em resolver o problema que já se afigura como o maior desastre ambiental que a humanidade já produziu em todos os tempos. Você pode acompanhar em tempo real pela internet as imagens do poço a despejar os milhares de barris de petróleo no outrora mar azul da região. Na mídia tradicional, supondo que a empresa fosse uma grande anunciante de um meio de comunicação, esse meio teria "dificuldades" para divulgar tal informação.
Pois bem, com a quebra do monopólio e a busca por informações menos truncadas pelos interesses já referidos, as mídias tradicionais, ainda que migrem para as novas mídias na internet, perderam força porque passaram a ser contestadas por aqueles que se propuseram a fugir da lógica do "negócio". Em pouco tempo, deuses do olimpo da informação, articulistas sagrados e jamais contestados, que com suas penas eram capazes de destruir num átimo a reputação de alguém ou elevar um produto de qualidade duvidosa ao panteão do estado da arte, tiveram que abrir suas caixas de textos para comentários de leitores, que passaram de simples consumidores para interatores da informação. É como se um piloto de formula 1 tivesse que dirigir "no braço", sem os coquetéis eletrônicos daquelas máquinas. A velocidade com que circula a informação e o contra-ponto são agora elementos que conspiram contra a velha mídia e os seus monstros sagrados.
Evidente que a velha mídia ainda tem seu poder, e que pode levar os velhos vícios para o meio virtual, mas não mais impunemente. E quanto mais pessoas tiverem acesso a este meio é bem provável que a idéia da grande Ágora se torne realidade, não mais restrita a um grupo de pessoas, mas bastante ampla, abarcando a todos que desejam se bem informar.
No ensejo é sintomático observarmos a queda de audiência da TV Globo. A emissora teve no mês de maio a menor audiência da sua história na Grande São Paulo, o maior mercado do país: 16,3 pontos. A audiência caiu meio ponto em relação a abril e dois pontos em relação a setembro do ano passado. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na região. Os dados são da coluna Ooops!, do UOL.
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