Pela própria natureza o Judiciário é um Poder hermético, com um linguajar, rituais e técnicas próprias, além de não ter nenhum representante eleito pelo povo. O processo de ingresso na magistratura se dá por concurso público e a nomeação para cargos superiores de segundo e terceiro graus, como desembargadores e ministros e para o STF, passa por critérios políticos que, em muitos dos casos, pouco tem a ver com a "indiscutível" capacidade técnica do indicado. Há também a questão do nepotismo, prática outrora muito comum, utilizada como poderosa moeda de troca nas transações para aquisição de posições dentro do Judiciário, e que ainda mantém alguns resquícios, embora a ação do CNJ tenha quase anulado o costume. Na verdade há muitas iniciativas dentro do Poder para torná-lo mais profissional e célere e, a par de exemplos que desabonam a instituição, os resultados têm sido positivos. A própria atuação de outras instituições contribui para uma maior transparência. É o que podemos destacar do MPF em Minas Gerais que faz denúncia sobre um grupo suspeito de vender sentenças e liminares na Justiça Federal daquele Estado.
Da Agência Brasil
Por Luciana Lima
Brasília - O Ministério Público Federal denunciou um grupo formado por desembargadores, juízes, advogados, despachantes, oficiais de Justiça, comerciantes e gerente de banco, todos suspeitos de envolvimento no esquema de venda de liminares e sentenças investigado pela Operação Passárgada, deflagrada em 2008. A denúncia, feita pelo subprocurador-geral da República Carlos Eduardo Vasconcelos, foi enviada nesta semana ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) onde será analisada pelo ministro Nilson Naves, relator do inquérito.
Entre os denunciados estão Francisco de Assis Betti e Ângela Maria Catão Alves, desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região; Weliton Militão dos Santos, juiz federal titular da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais; Aníbal Brasileiro da Costa, oficial de Justiça e diretor da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais; Wander Rocha Tanure, servidor aposentado da Justiça Federal, advogado e despachante; Paulo Sobrinho de Sá Cruz, representante comercial e dono da PCM Consultoria Municipal; e Francisco de Fátima Sampaio de Araújo, gerente do posto de atendimento bancário da Caixa Econômica Federal da Justiça Federal de Belo Horizonte.
Todos os denunciados são acusados pelo crime de formação de quadrilha. Além disso, de acordo com a participação de cada um dos integrantes, houve o cometimento dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, exploração de prestígio e prevaricação.
Além de oferecer a denúncia para julgamento, o subprocurador também pediu o imediato afastamento de Francisco Betti, Weliton Militão, Angela Catão e Aníbal Brasileiro de suas funções.
“A dignidade da Justiça, já tão escarnecida pelos denunciados, não permite que se aguarde o futuro recebimento da denúncia para suspendê-los de suas funções. A prova é robusta e não comporta tergiversações. Durante o inquérito, os denunciados, notadamente os magistrados, demonstraram que não têm pudor de usar suas funções jurisdicionais a serviço de sua defesa”, afirmou Carlos Vasconcelos que se baseou em interceptações telefônicas e de mensagens via e-mail, quebras de sigilo bancário e fiscal, interceptações ambientais de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos, além de farta documentação conseguida nas diligências de busca e apreensão realizadas pela Polícia Federal.
De acordo com a denúncia, o grupo, classificado pelo subprocurador como organização criminosa, operava um esquema de venda de liminares e sentenças para a liberação indevida do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) a prefeituras mineiras em débito com o Instituto Nacional da Seguro Social (INSS). O grupo atuava também, de acordo com o MPF, na expedição ilegal de certidão negativa de débitos e na exclusão do nome das cidades do Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin).
O MPF pediu ainda o ressarcimento à União dos valores comprovadamente recebidos pelos denunciados a título de propina e a perda dos cargos e das funções públicas. “Acrescente-se que os denunciados deverão responder outras ações penais e ações de improbidade na esfera jurisdicional própria, pelo que os bens apreendidos devem assim permanecer”, afirma Vasconcelos.
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sábado, 6 de março de 2010
Lula em Juazeiro: "(...) uma Dilminha incomoda muito mais".
Essa maneira de se comunicar com a população mais humilde, e também com os mais instruídos, é que realmente incomoda muita gente. É por essas e outras que muitos o consideram um estadista, um "cara" que, dentro do jogo democrático, soube se impor contra todos os tipos de interesses poderosos contrários e, mais importante, determinar uma política social de transferência de renda que passou a ser um ativo do Estado, norteadora de outras políticas públicas e que já não poderá ser abandonada, pois, de uma forma ou de outra, deverá ser abraçada por quem vier a ocupar a presidência deste imenso país.
Os Liberais contra o Estado Mínimo.
Aqui no Brasil, volta e meia, criticam-se os gastos públicos, apontando-os como a bolha que vai estourar lá na frente, ou como a herança maldita que o governo Lula deixará para o sucessor. Isto porque tais gastos aumentariam a dívida interna, inchariam a máquina pública desnecessariamente e por aí vai... Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Às vezes, o incremento dos gastos públicos é necessário, principalmente quando se passa por uma crise da envergadura como a que o mundo passou de 2008 pra cá. E são necessários para que se ofereça pelo menos o mínimo necessário à população no que se refere a um serviço público de qualidade. Há o problema do Estado indutor do desenvolvimento, suma heresia para os que ainda acreditam na "mão invisível" do mercado. O tamanho do Estado e o seu papel para com a sociedade depende do grau de desenvolvimento de uma nação e de suas particularidades, e deve obedecer sempre aos princípios da livre iniciativa e do trabalho, por sinal expressos na própria Constituição brasileira. De fato, é importante que se busque um equilíbrio, sem abrir mão dos imperativos de segurança e interesses nacionais. Sendo assim, Estado e iniciativa privada devem ser parceiros, aquele como garantidor do interesse público, e esta como ponta de lança de novas tecnologias e irradiação de riquezas.
Depois do fracasso no Chile, liberais atacam "estado mínimo"
Por Luiz Carlos Azenha
Santiago -- O retumbante fracasso do governo Bachelet na resposta ao terremoto da semana passada levou a uma situação curiosa, no Chile: os liberais agora atacam o estado mínimo, do qual o país sempre foi um exemplo cantado em prosa e verso.
Quanto ao fracasso, foi espetacular e, para mim, revelador.
Espetacular porque houve um completo fracasso nas comunicações intragovernamentais do país. Houve um estrondoso bate-cabeças que mediu 8.5 na escala Richter. Ficou claro que a fiscalização das obras é ineficaz, pelo grande número de prédios novos que veio abaixo. Os acréscimos não previstos na legislação da construção civil cairam em toda parte: tetos de gesso, passarelas e outros penduricalhos. Sem falar no completo despreparo para dar à população o mínimo atendimento que se requer em situações de emergência. A patética tentativa da presidente Bachelet de jogar a culpa nos vândalos me fez lembrar de José Serra e Gilberto Kassab nas enchentes paulistanas: a culpa é da população e do "dilúvio" propagandeado nas inserções televisivas do DEM.
Revelador porque, depois de passar uma semana no Chile, em contato com a população, me surpreendi com a crítica generalizada à mídia, que é acusada de mentir e de esconder a verdade sempre que interessa aos poderosos. Quando a mídia daqui propagandeava as ações do governo, boa parte do país ainda estava sem água, sem energia e sem comida. Algum marqueteiro esperto logo inventou uma campanha nacionalista e oportunista, destinada a, como sempre, mudar de assunto e evitar a responsabilização de governantes incompetentes e falastrões.
Aqui pouco se falou, por exemplo, no fato de que o toque de recolher em várias regiões foi, como sempre, uma forma de conter os pobres. O mesmo estado que não conseguiu levar água e comida despachou milhares de soldados para reprimir saques que não teriam acontecido se o mesmo estado tivesse conseguido levar água e comida antes que os soldados.
Lembram-se dos invisíveis cuja existência foi revelada pelo Katrina em New Orleans? Desta vez, foram os invisíveis chilenos que mostraram o rosto.
Ninguém pode acusar o jornal Mercurio de ser socialista. Trata-se, afinal, do mesmo jornal que recebeu dinheiro da CIA para promover uma campanha de propaganda contra Salvador Allende. Curiosamente, no entanto, coube ao jornal o papel de sintetizar o que ouvi de muitos chilenos e que, com raríssimas exceções, está ausente do discurso midiático aqui: o estado chileno fracassou de forma completa e retumbante. E com requintes de crueldade, já que anunciou oficialmente que não havia risco de tsunami na costa do país alguns minutos DEPOIS da primeira de três grandes ondas ter atingido a costa.
"Estes fatos deixaram inocultavelmente a nu as enormes deficiências de nosso Estado, muitas vezes escondidas por indicadores internacionais muito imperfeitos que o avaliam satisfatoriamente", escreveu o jornal em editorial.
A vitrine em que o Chile era a jóia dos neoliberais rachou, embora eu duvide que eles pretendam fazer mea culpa aumentando a capacitação, a formação e os salários do funcionalismo e os gastos públicos com políticas sociais e infraestrutura para os que hoje saqueiam. Aí já seria "estado demais".
Leia mais no blog do Azenha...
Depois do fracasso no Chile, liberais atacam "estado mínimo"
Por Luiz Carlos Azenha
Santiago -- O retumbante fracasso do governo Bachelet na resposta ao terremoto da semana passada levou a uma situação curiosa, no Chile: os liberais agora atacam o estado mínimo, do qual o país sempre foi um exemplo cantado em prosa e verso.
Quanto ao fracasso, foi espetacular e, para mim, revelador.
Espetacular porque houve um completo fracasso nas comunicações intragovernamentais do país. Houve um estrondoso bate-cabeças que mediu 8.5 na escala Richter. Ficou claro que a fiscalização das obras é ineficaz, pelo grande número de prédios novos que veio abaixo. Os acréscimos não previstos na legislação da construção civil cairam em toda parte: tetos de gesso, passarelas e outros penduricalhos. Sem falar no completo despreparo para dar à população o mínimo atendimento que se requer em situações de emergência. A patética tentativa da presidente Bachelet de jogar a culpa nos vândalos me fez lembrar de José Serra e Gilberto Kassab nas enchentes paulistanas: a culpa é da população e do "dilúvio" propagandeado nas inserções televisivas do DEM.
Revelador porque, depois de passar uma semana no Chile, em contato com a população, me surpreendi com a crítica generalizada à mídia, que é acusada de mentir e de esconder a verdade sempre que interessa aos poderosos. Quando a mídia daqui propagandeava as ações do governo, boa parte do país ainda estava sem água, sem energia e sem comida. Algum marqueteiro esperto logo inventou uma campanha nacionalista e oportunista, destinada a, como sempre, mudar de assunto e evitar a responsabilização de governantes incompetentes e falastrões.
Aqui pouco se falou, por exemplo, no fato de que o toque de recolher em várias regiões foi, como sempre, uma forma de conter os pobres. O mesmo estado que não conseguiu levar água e comida despachou milhares de soldados para reprimir saques que não teriam acontecido se o mesmo estado tivesse conseguido levar água e comida antes que os soldados.
Lembram-se dos invisíveis cuja existência foi revelada pelo Katrina em New Orleans? Desta vez, foram os invisíveis chilenos que mostraram o rosto.
Ninguém pode acusar o jornal Mercurio de ser socialista. Trata-se, afinal, do mesmo jornal que recebeu dinheiro da CIA para promover uma campanha de propaganda contra Salvador Allende. Curiosamente, no entanto, coube ao jornal o papel de sintetizar o que ouvi de muitos chilenos e que, com raríssimas exceções, está ausente do discurso midiático aqui: o estado chileno fracassou de forma completa e retumbante. E com requintes de crueldade, já que anunciou oficialmente que não havia risco de tsunami na costa do país alguns minutos DEPOIS da primeira de três grandes ondas ter atingido a costa.
"Estes fatos deixaram inocultavelmente a nu as enormes deficiências de nosso Estado, muitas vezes escondidas por indicadores internacionais muito imperfeitos que o avaliam satisfatoriamente", escreveu o jornal em editorial.
A vitrine em que o Chile era a jóia dos neoliberais rachou, embora eu duvide que eles pretendam fazer mea culpa aumentando a capacitação, a formação e os salários do funcionalismo e os gastos públicos com políticas sociais e infraestrutura para os que hoje saqueiam. Aí já seria "estado demais".
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O Submarino Nuclear Brasileiro
Do blog do Nassif
“Resumo da Palestra do Prosub
No dia 2 de março, às 10h, no auditório do Centro de Convívio dos Meninos do Mar (CCMar), o coordenador do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Prosub), almirante-de-esquadra José Alberto Accioly Fragelli, fez uma palestra sobre o assunto, dirigida aos militares, autoridades e pessoas da comunidade interessadas.
O leitor Gilberto Rezende esteve lá e enviou o seguinte resumo:
.
Primeiro o PLANO da Marinha do Brasil é construir 6 (SEIS) submarinos nucleares. Em três áreas de patrulha oceânicas e cada uma de responsabilidade de dois submarinos.
.
O Almirante confirmou a finalização da USEXA (usina de conversão de gás de urânio) em junho e o fechamento do ciclo nuclear completo em nível industrial.
.
O LABGENE que é a planta do reator nuclear piloto em terra está em andamento e será encerrada em 2014. Destacou que este passo é essencial para que o Brasil não repita os insucessos da França e da Índia que partiram diretamente para o seu primeiro submarino nuclear sem fazer o reator piloto em terra.
Segundo ele a Índia ano passado foi simplesmente incapaz de montar seu reator no interior do casco do seu submarino e a França (quando da construção do seu primeiro submarino nuclear) teve problemas tão graves de projeto que acabou por abandona-lo com apenas um ano e meio de vida operacional e a França teve que suportar o prejuízo total de seu primeiro projeto de submarino nuclear… E partir para a segunda tentativa…
.
Este reator do LABGENE servirá de base tanto para projetar os 6 reatores para os submarinos como para os 3 primeiros reatores civis na faixa de 600 a 800 MW (Angra I tem 1.000 MW) e serão construídos, pelo planejamento da Nuclebrás, após a conclusão de Angra III. O plano é que no futuro as novas plantas nucleares civis brasileiras sejam de projeto brasileiro apenas, sem mais aquisições de usinas no exterior.
.
Foi informado na palestra que as duas atuais usinas civis brasileiras usam urânio enriquecido de 3,2 a 4% e que o reator do submarino atômico brasileiro usará urânio enriquecido a 7% e que deverá ter a necessidade cíclica operacional de ter seus elementos combustíveis nucleares totalmente substituídos de quatro em quatro anos.
.
As imagens e planos exibidos na palestra mostraram dois diques TOTALMENTE COBERTOS para atender a duas embarcações submarinas nucleares ao mesmo tempo na chamada ILHA NUCLEAR onde os futuros submarinos nucleares serão construídos, receberão manutenção e onde se processará a troca do elemento combustível do reator quando necessário. Ela deverá ser construida num recorte da encosta e será instalada sobre leito firme de rocha ao contrário do resto do complexo que será feito sobre aterro e plataformas sobre o mar.
.
Foi explicado que o projeto da base e estaleiro de Itaguaí teve um processo EXTREMAMENTE COMPLEXO de licenciamento ambiental e licenciamento nuclear na CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e as múltiplas exigências fizeram que o projeto tivesse 24 variações de lay-out até a aprovação final e mesmo com as primeiras obras do estaleiro/base de Itaguaí tendo sido iniciadas em fevereiro (sem cerimônia oficial ainda) a parte da chamada ILHA NUCLEAR, que é o coração do projeto, ainda não teve a licença final da CNEN deferida. O que deve ocorrer ainda neste primeiro semestre de 2010.
.
O Estaleiro/Base ficará a cerca de 4 Km da Nuclep que é responsável pela construção das grandes seções cilindricas do casco submarino e uma unidade de integração de unidades metálicas ficará na área da Nuclep onde uma substancial parte de itens do submarino serão incorporadas nas seções feitas ali mesmo na Nuclep e seguirão por uma via reforçada até ao túnel de acesso do Estaleiro/Base que será grande o suficiente para possibilitar o acesso seguro das seções de submarino ao complexo.
.
Face ao período muito curto de troca dos elementos combustíveis nucleares nos modelos brasileiros, comparativamente em relação aos modelos americanos, ingleses e franceses, uma boa parte do esforço de engenharia do projeto do reator naval brasileiro estará se dando no sentido de permitir a troca dos elementos combustíveis num tempo bem mais curto que o normalmente é conseguido nos modelos de outras origens. A realização bem sucedida desta característica do projeto será essencial para permitir a maior operacionalidade possível da frota submarina nuclear que o Brasil pretende construir. Foi dito que quando a base estiver operacional tanto os submarinos convencionais como a própria força de submarinos da marinha sairão da Base de Mocanguê em Niteroi e passarão para Itaguaí… Como mostrado nos modelos tridimensionais do projeto onde uma das TAGs apontava um prédio como COMANDO DA FORÇA DE SUBMARINOS.
.
Outra imagem mostrou que o projeto brasileiro será de um hélice propulsionado por dois motores elétricos de propulsão. Portanto a energia nuclear será usada para mover uma turbina que movimentará um gerador elétrico para gerar força aos motores elétricos de propulsão.
.
Outras informações relevantes:
Muito interessante :
Sobre as ultracentrífugas brasileiras foi destacado que, sem qualquer ufanismo, elas são o melhor equipamento disponível a nível mundial e o maior segredo tecnológico militar-civil do Brasil. Sem obviamente detalhar seu funcionamento foi explicado que duas características básicas as tornam tão superiores ao modelos de outras nações:
1) seu motor eletromagnético de base que sustenta, alinha e ao mesmo tempo rotaciona o cilindro interno da centrífuga que é o verdadeiro “ovo de colombo” do sistema.
2) o próprio cilindro interno da centrífuga nacional que ao contrário do modelo original estrangeiro sobre que a Marinha se baseou no seu projeto que era de alumínio e pesava 7 Kg, nosso modelo nacional é feito de fibra de carbono e pesa apenas 700g!!!
Código secreto:
Talvez o grande segredo seja o que não foi falado, como se faz para rotacionar magneticamente um cilindro de fibra de carbono que supostamente é amagnético…
,
Destas características decorre que seu funcionamento, sem qualquer atrito mecânico significativo, torna virtualmente desnecesária a sua substituição operacional em tempo previsível. Isto significa que foi dito que a primeira centrífuga 100% operacional está em serviço CONTÍNUO a 20 anos em Aramar sem queda observável do seu desempenho original . O cilindro de fibra de carbono por ser 10 vezes mais leve que o similar metálico (e no mínimo tão resistente estruturalmente) demanda muito menos energia para seu acionamento e no caso improvável de falha durante o regime de plena rotação, a menor massa do cilindro interno em relação ao cilindro externo resulta que um acidente neste tipo de construção não tem o mesmo efeito catrastófico de uma falha de uma centrífuga mecânica onde a parte que é cineticamente girada pesa 10 vezes mais. Foi declarado que em geral as ultracentrífugas mecânicas usados por outros países rotacionam na faixa de 30/35 mil RPM (rotações por minuto) e a última geração das centrífugas brasileiras estariam atinguindo cerca de 66 mil RPM.
.
Citação:
As ultracentrifugas brasileiras por sua durabilidade/estabilidade virtualmente plena fariam assim ser praticamente desnecessárias as constantes paradas para substituição de mancais/centrífugas dos modelos mecânicos e PRINCIPALMENTE o tenso controle contínuo de desempenho de cada elemento individual exigido na operação das cascatas mecânicas (para evitar-se acidentes que levem a um colapso catastrófico em série) seja incomparavelmente menos crítico nas cascatas de ultracentrífugas por levitação magnética de projeto brasileiro.
Em cascatas de 3 a 4 mil ultracentrífugas como, por exemplo, as atuais da usina iraniana de NATANZ que já chegou a possuir no passado até 8.700 centrífugas, o lixo atômico gerado pelas ultragentrífugas que tem de ser substituídas e o custo econômico de substituí-las para manter o nível operacional da intalação torna o custo de operação industrial extremamente elevado e o fluxo de produção industrial intermitente.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=69092.
Quanto ao trabalhos de engenharia o Almirante Fragelli relatou que a Marinha apartir de agosto de 2010 mandará 4 turmas de 20 engenheiros (uma a cada 6 meses) e cada turma ficará em na França por 18 meses fazendo cursos sobre construção de submarinos e sistemas de submarinos nucleares (exceto propulsão). Um gráfico apresentado de emprego de engenheiros navais no projeto prevê um pico de mais de mais de 400 engenheiros navais empregados no programa PROSUB em 2016. Mas relatou que o gráfico refere-se unicamente a primeira unidade a ser produzida a ser entregue em 2020/21, assim que seja decidido a construção das demais unidades este numero poderá ser estabilizado próximo a este nível por um grande período.
.
Outra informação MUITO INTERESSANTE foi que atualmente a Engepron só pode contratar engenheiros navais para remuneração de 1.900 reais por mês… O que obviamente colide com o objetivo de contratar excelentes profissionais para se construir um submarino nuclear…
Por isso ainda este semestre a MB e o GF madarão uma lei para o congresso para criação de uma empresa estatal que se chamará AMAZUL (AMAZônia AZUL) que ficará responsável pela contratação dos engenheiros navais com salários a preço de mercado para trabalhar para o PROSUB, sobre este ponto o Almirante Fragelli dirigiu-se (após a palestra) aos jovens que compõe este ano a primeira turma do curso de Engenharia Naval que a FURG passa a oferecer (universidade federal local) que foram assistir a palestra para que estudem com afinco pois a necessidade da MB é tão grande que a USP e UFRJ (os dois tradicionais cursos brasileiros) não terão capacidade de, sozinhas, fornecer a quantidade de engenheiros navais que serão necessárias a MB (e não só ao programa PROSUB) e que ele está trabalhando para que estas vagas sejam disponibilizadas para uma atividade de ponta e bem remunerada.
Não foi dada nenhuma informação sobre os armamentos do submarino e foi citado que a marinha, a princípio, desistiu da construção de estações de VLF para envio de mensagens aos submarinos nucleares pelo custo elevado, por ser unidirecional (o navio não pode responder em VLF), estar em via de desuso pelos EUA e França e porque possivelmente depois de 2020 (quando a primeira unidade ficar pronta) o país deverá já dispor de um sistema orgânico de comunicação satélite militar.
Além da própria construção do submarino foi declarado que ainda está em estudo preliminar de que forma será modelada a carreira dos militares que servirão nestas unidades, requisitos, cursos e por que tempo. Que terá que ser diferenciada e ter estímulos específicos. Mas encontra severas restrições nas leis que regem a remuneração militar geral que teram de ser vencidas ou contornadas.”
http://www.naval.com.br/blog/2010/03/04/resumo-da-palestra-do-prosub/
Por Paulo Cezar
DETALHES MUITO INTERESSANTES SOBRE A CONSTRUÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO“Resumo da Palestra do Prosub
No dia 2 de março, às 10h, no auditório do Centro de Convívio dos Meninos do Mar (CCMar), o coordenador do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Prosub), almirante-de-esquadra José Alberto Accioly Fragelli, fez uma palestra sobre o assunto, dirigida aos militares, autoridades e pessoas da comunidade interessadas.
O leitor Gilberto Rezende esteve lá e enviou o seguinte resumo:
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Primeiro o PLANO da Marinha do Brasil é construir 6 (SEIS) submarinos nucleares. Em três áreas de patrulha oceânicas e cada uma de responsabilidade de dois submarinos.
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O Almirante confirmou a finalização da USEXA (usina de conversão de gás de urânio) em junho e o fechamento do ciclo nuclear completo em nível industrial.
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O LABGENE que é a planta do reator nuclear piloto em terra está em andamento e será encerrada em 2014. Destacou que este passo é essencial para que o Brasil não repita os insucessos da França e da Índia que partiram diretamente para o seu primeiro submarino nuclear sem fazer o reator piloto em terra.
Segundo ele a Índia ano passado foi simplesmente incapaz de montar seu reator no interior do casco do seu submarino e a França (quando da construção do seu primeiro submarino nuclear) teve problemas tão graves de projeto que acabou por abandona-lo com apenas um ano e meio de vida operacional e a França teve que suportar o prejuízo total de seu primeiro projeto de submarino nuclear… E partir para a segunda tentativa…
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Este reator do LABGENE servirá de base tanto para projetar os 6 reatores para os submarinos como para os 3 primeiros reatores civis na faixa de 600 a 800 MW (Angra I tem 1.000 MW) e serão construídos, pelo planejamento da Nuclebrás, após a conclusão de Angra III. O plano é que no futuro as novas plantas nucleares civis brasileiras sejam de projeto brasileiro apenas, sem mais aquisições de usinas no exterior.
.
Foi informado na palestra que as duas atuais usinas civis brasileiras usam urânio enriquecido de 3,2 a 4% e que o reator do submarino atômico brasileiro usará urânio enriquecido a 7% e que deverá ter a necessidade cíclica operacional de ter seus elementos combustíveis nucleares totalmente substituídos de quatro em quatro anos.
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As imagens e planos exibidos na palestra mostraram dois diques TOTALMENTE COBERTOS para atender a duas embarcações submarinas nucleares ao mesmo tempo na chamada ILHA NUCLEAR onde os futuros submarinos nucleares serão construídos, receberão manutenção e onde se processará a troca do elemento combustível do reator quando necessário. Ela deverá ser construida num recorte da encosta e será instalada sobre leito firme de rocha ao contrário do resto do complexo que será feito sobre aterro e plataformas sobre o mar.
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Foi explicado que o projeto da base e estaleiro de Itaguaí teve um processo EXTREMAMENTE COMPLEXO de licenciamento ambiental e licenciamento nuclear na CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e as múltiplas exigências fizeram que o projeto tivesse 24 variações de lay-out até a aprovação final e mesmo com as primeiras obras do estaleiro/base de Itaguaí tendo sido iniciadas em fevereiro (sem cerimônia oficial ainda) a parte da chamada ILHA NUCLEAR, que é o coração do projeto, ainda não teve a licença final da CNEN deferida. O que deve ocorrer ainda neste primeiro semestre de 2010.
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O Estaleiro/Base ficará a cerca de 4 Km da Nuclep que é responsável pela construção das grandes seções cilindricas do casco submarino e uma unidade de integração de unidades metálicas ficará na área da Nuclep onde uma substancial parte de itens do submarino serão incorporadas nas seções feitas ali mesmo na Nuclep e seguirão por uma via reforçada até ao túnel de acesso do Estaleiro/Base que será grande o suficiente para possibilitar o acesso seguro das seções de submarino ao complexo.
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Face ao período muito curto de troca dos elementos combustíveis nucleares nos modelos brasileiros, comparativamente em relação aos modelos americanos, ingleses e franceses, uma boa parte do esforço de engenharia do projeto do reator naval brasileiro estará se dando no sentido de permitir a troca dos elementos combustíveis num tempo bem mais curto que o normalmente é conseguido nos modelos de outras origens. A realização bem sucedida desta característica do projeto será essencial para permitir a maior operacionalidade possível da frota submarina nuclear que o Brasil pretende construir. Foi dito que quando a base estiver operacional tanto os submarinos convencionais como a própria força de submarinos da marinha sairão da Base de Mocanguê em Niteroi e passarão para Itaguaí… Como mostrado nos modelos tridimensionais do projeto onde uma das TAGs apontava um prédio como COMANDO DA FORÇA DE SUBMARINOS.
.
Outra imagem mostrou que o projeto brasileiro será de um hélice propulsionado por dois motores elétricos de propulsão. Portanto a energia nuclear será usada para mover uma turbina que movimentará um gerador elétrico para gerar força aos motores elétricos de propulsão.
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Outras informações relevantes:
Muito interessante :
Sobre as ultracentrífugas brasileiras foi destacado que, sem qualquer ufanismo, elas são o melhor equipamento disponível a nível mundial e o maior segredo tecnológico militar-civil do Brasil. Sem obviamente detalhar seu funcionamento foi explicado que duas características básicas as tornam tão superiores ao modelos de outras nações:
1) seu motor eletromagnético de base que sustenta, alinha e ao mesmo tempo rotaciona o cilindro interno da centrífuga que é o verdadeiro “ovo de colombo” do sistema.
2) o próprio cilindro interno da centrífuga nacional que ao contrário do modelo original estrangeiro sobre que a Marinha se baseou no seu projeto que era de alumínio e pesava 7 Kg, nosso modelo nacional é feito de fibra de carbono e pesa apenas 700g!!!
Código secreto:
Talvez o grande segredo seja o que não foi falado, como se faz para rotacionar magneticamente um cilindro de fibra de carbono que supostamente é amagnético…
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Destas características decorre que seu funcionamento, sem qualquer atrito mecânico significativo, torna virtualmente desnecesária a sua substituição operacional em tempo previsível. Isto significa que foi dito que a primeira centrífuga 100% operacional está em serviço CONTÍNUO a 20 anos em Aramar sem queda observável do seu desempenho original . O cilindro de fibra de carbono por ser 10 vezes mais leve que o similar metálico (e no mínimo tão resistente estruturalmente) demanda muito menos energia para seu acionamento e no caso improvável de falha durante o regime de plena rotação, a menor massa do cilindro interno em relação ao cilindro externo resulta que um acidente neste tipo de construção não tem o mesmo efeito catrastófico de uma falha de uma centrífuga mecânica onde a parte que é cineticamente girada pesa 10 vezes mais. Foi declarado que em geral as ultracentrífugas mecânicas usados por outros países rotacionam na faixa de 30/35 mil RPM (rotações por minuto) e a última geração das centrífugas brasileiras estariam atinguindo cerca de 66 mil RPM.
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Citação:
As ultracentrifugas brasileiras por sua durabilidade/estabilidade virtualmente plena fariam assim ser praticamente desnecessárias as constantes paradas para substituição de mancais/centrífugas dos modelos mecânicos e PRINCIPALMENTE o tenso controle contínuo de desempenho de cada elemento individual exigido na operação das cascatas mecânicas (para evitar-se acidentes que levem a um colapso catastrófico em série) seja incomparavelmente menos crítico nas cascatas de ultracentrífugas por levitação magnética de projeto brasileiro.
Em cascatas de 3 a 4 mil ultracentrífugas como, por exemplo, as atuais da usina iraniana de NATANZ que já chegou a possuir no passado até 8.700 centrífugas, o lixo atômico gerado pelas ultragentrífugas que tem de ser substituídas e o custo econômico de substituí-las para manter o nível operacional da intalação torna o custo de operação industrial extremamente elevado e o fluxo de produção industrial intermitente.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=69092.
Quanto ao trabalhos de engenharia o Almirante Fragelli relatou que a Marinha apartir de agosto de 2010 mandará 4 turmas de 20 engenheiros (uma a cada 6 meses) e cada turma ficará em na França por 18 meses fazendo cursos sobre construção de submarinos e sistemas de submarinos nucleares (exceto propulsão). Um gráfico apresentado de emprego de engenheiros navais no projeto prevê um pico de mais de mais de 400 engenheiros navais empregados no programa PROSUB em 2016. Mas relatou que o gráfico refere-se unicamente a primeira unidade a ser produzida a ser entregue em 2020/21, assim que seja decidido a construção das demais unidades este numero poderá ser estabilizado próximo a este nível por um grande período.
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Outra informação MUITO INTERESSANTE foi que atualmente a Engepron só pode contratar engenheiros navais para remuneração de 1.900 reais por mês… O que obviamente colide com o objetivo de contratar excelentes profissionais para se construir um submarino nuclear…
Por isso ainda este semestre a MB e o GF madarão uma lei para o congresso para criação de uma empresa estatal que se chamará AMAZUL (AMAZônia AZUL) que ficará responsável pela contratação dos engenheiros navais com salários a preço de mercado para trabalhar para o PROSUB, sobre este ponto o Almirante Fragelli dirigiu-se (após a palestra) aos jovens que compõe este ano a primeira turma do curso de Engenharia Naval que a FURG passa a oferecer (universidade federal local) que foram assistir a palestra para que estudem com afinco pois a necessidade da MB é tão grande que a USP e UFRJ (os dois tradicionais cursos brasileiros) não terão capacidade de, sozinhas, fornecer a quantidade de engenheiros navais que serão necessárias a MB (e não só ao programa PROSUB) e que ele está trabalhando para que estas vagas sejam disponibilizadas para uma atividade de ponta e bem remunerada.
Não foi dada nenhuma informação sobre os armamentos do submarino e foi citado que a marinha, a princípio, desistiu da construção de estações de VLF para envio de mensagens aos submarinos nucleares pelo custo elevado, por ser unidirecional (o navio não pode responder em VLF), estar em via de desuso pelos EUA e França e porque possivelmente depois de 2020 (quando a primeira unidade ficar pronta) o país deverá já dispor de um sistema orgânico de comunicação satélite militar.
Além da própria construção do submarino foi declarado que ainda está em estudo preliminar de que forma será modelada a carreira dos militares que servirão nestas unidades, requisitos, cursos e por que tempo. Que terá que ser diferenciada e ter estímulos específicos. Mas encontra severas restrições nas leis que regem a remuneração militar geral que teram de ser vencidas ou contornadas.”
http://www.naval.com.br/blog/2010/03/04/resumo-da-palestra-do-prosub/
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Para evitar retaliação do Brasil, EUA devem sugerir acordo para pesquisas no setor de algodão
Da Agência Brasil
Brasília – A ameaça do Brasil de retaliar os Estados Unidos por causa dos subsídios dados aos produtores norte-americanos de algodão pode ser encerrada com a formalização de um acordo para o desenvolvimento de pesquisas. O objetivo é que os norte-americanos transfiram em recursos e tecnologias as pesquisas referentes ao setor algodoeiro. As negociações, segundo informações de especialistas à Agência Brasil, avançam a cada dia, mas só devem ser concluídas em um mês.
O acordo envolve cerca de US$ 830 milhões. No final do ano passado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos naquele valor. A decisão foi provocada pelos subsídios considerados irregulares concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão.
Há oito anos, o processo é negociado. Segundo especialistas brasileiros, um dos setores que podem ser afetados é o de medicamentos, pois a retaliação envolve a criação de barreiras temporárias às importações. A lista com a relação de produtos que poderão ser alvos da reação brasileira será divulgada na próxima segunda-feira (8) pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O assunto foi tema de reunião da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, anteontem (3), em Brasília. Hillary afirmou que tinha a impressão de que a discussão fazia parte do enredo de um filme já conhecido de todos.
“Isso vai ser discutido como proposta de compensação. Temos tempo para tentar resolver isto de maneira pacífica e produtiva. É grande o comércio entre os nossos países e espero que possamos resolver esta questão”, afirmou a secretária, sinalizando que haverá esforço por parte dos norte-americanos para evitar a retaliação.
Segundo Amorim, não há possibilidade concreta de o governo norte-americano querer impor uma espécie de contrarretaliação aos produtos brasileiros em decorrência da decisão de retaliar as mercadorias dos Estados Unidos - como insinuou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, na sua primeira entrevista coletiva.
“Não posso acreditar que os Estados Unidos vão promover [uma contrarretaliação]. Deste susto eu não morro”, disse Amorim, ao conceder entrevista ao lado de Hillary, no último dia 3. “A lista será publicada na semana que vem e haverá 30 dias [de prazo para negociar]. Então haverá tempo, com base no que foi autorizado dentro da lei.”
Brasília – A ameaça do Brasil de retaliar os Estados Unidos por causa dos subsídios dados aos produtores norte-americanos de algodão pode ser encerrada com a formalização de um acordo para o desenvolvimento de pesquisas. O objetivo é que os norte-americanos transfiram em recursos e tecnologias as pesquisas referentes ao setor algodoeiro. As negociações, segundo informações de especialistas à Agência Brasil, avançam a cada dia, mas só devem ser concluídas em um mês.
O acordo envolve cerca de US$ 830 milhões. No final do ano passado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos naquele valor. A decisão foi provocada pelos subsídios considerados irregulares concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão.
Há oito anos, o processo é negociado. Segundo especialistas brasileiros, um dos setores que podem ser afetados é o de medicamentos, pois a retaliação envolve a criação de barreiras temporárias às importações. A lista com a relação de produtos que poderão ser alvos da reação brasileira será divulgada na próxima segunda-feira (8) pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O assunto foi tema de reunião da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, anteontem (3), em Brasília. Hillary afirmou que tinha a impressão de que a discussão fazia parte do enredo de um filme já conhecido de todos.
“Isso vai ser discutido como proposta de compensação. Temos tempo para tentar resolver isto de maneira pacífica e produtiva. É grande o comércio entre os nossos países e espero que possamos resolver esta questão”, afirmou a secretária, sinalizando que haverá esforço por parte dos norte-americanos para evitar a retaliação.
Segundo Amorim, não há possibilidade concreta de o governo norte-americano querer impor uma espécie de contrarretaliação aos produtos brasileiros em decorrência da decisão de retaliar as mercadorias dos Estados Unidos - como insinuou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, na sua primeira entrevista coletiva.
“Não posso acreditar que os Estados Unidos vão promover [uma contrarretaliação]. Deste susto eu não morro”, disse Amorim, ao conceder entrevista ao lado de Hillary, no último dia 3. “A lista será publicada na semana que vem e haverá 30 dias [de prazo para negociar]. Então haverá tempo, com base no que foi autorizado dentro da lei.”
sexta-feira, 5 de março de 2010
Fórum Democracia e Liberdade de Expressão - A Conferência dos Patrões
Do Ópera Mundi
Por Gilberto Marigoni (Excertos)
O evento, promovido pelo Instituto Millenium, foi uma espécie de Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) particular da direita brasileira, facção grande mídia. Revezaram-se nos microfones convidados internacionais, donos de conglomerados e seus funcionários de confiança. Fala-se aqui da Editora Abril, da Rede Globo, da Rede Brasil Sul (RBS), da Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e agregados. Como se sabe, tais setores resolveram boicotar a I Confecom, um processo democrático ocorrido em todos os estados da Federação, que culminou em uma etapa nacional, realizada em dezembro último. Presentes nesta, cerca de 1,3 mil delegados, entre empresários, movimentos sociais e governo. O total de pessoas envolvidas em suas fases regionais envolveu cerca de 12 mil participantes.
Pois o Instituto Millenium fez seu convescote para cerca de 180 participantes. Eram empresários, jornalistas e interessados, que desembolsaram R$ 500 cada um, por um dia de atividades. Na mira dos palestrantes, os governos de centro esquerda da América Latina, os movimentos sociais, o governo Lula e o PNDH. As intervenções mais moderadas foram as de Roberto Civita (Abril) e Otávio Frias Filho (Folha), que buscaram, de certa forma, situar seus interesses na cena política. Externaram o que se espera de proprietários de monopólios.
Visão particular da história
A primeira mesa trouxe três convidados externos: o argentino Adrian Ventura (Clarín), o âncora da televisão equatoriana Carlos Vera (Ecuavisa) e o venezuelano Marcel Granier (dono da RCTV, cuja concessão não foi renovada em 2007). Arrogante e inflamado, Vera afirmou que em seu país “não existe liberdade de expressão”. Reclamou que seu canal de TV não recebe mais publicidade estatal e acusou o presidente Rafael Correa – “um ditador” – de ter sido eleito “por prostitutas”. Já Marcel Granier foi saudado como uma espécie de símbolo da luta pela liberdade de imprensa pelo apresentador Marcelo Rech, diretor da RBS.
O proprietário da rede venezuelana denuncia “o autoritarismo do governo Hugo Chávez”. Relata o que diz serem provocações, intimidações e a certa altura, de passagem, fala da “renúncia” de Chávez. Em nenhum momento, menciona o golpe de Estado de 2002 e o papel da grande mídia de seu país. Parece que toda a tensão em seu país nasceu por geração espontânea. Uma visão particular da história, sem dúvida.
Granier e seus colegas de mesa não deixam de deplorar a existência de aliados dos tais governos ditatoriais entre os empresários da mídia. Aliados, não. “Cúmplices”, sublinha o mediador Rech, com anuência dos convidados.
Logo após a mesa inicial, chega o convidado mais aguardado da manhã chuvosa, o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Com seu inimitável penteado, fala o que a “seleta platéia”, conforme sua expressão, queria ouvir. Busca esvaziar a Confecom de qualquer significado maior. “Através de três ministros, Luiz Dulci, Franklin Martins e eu, o governo foi unânime em decidir que em hipótese alguma se aceitará algum tipo de controle social da mídia”. E enfatizou: “Isso não foi, não é e não será discutido”, enfatiza para gáudio da maioria dos presentes. Genial. O membro do primeiro escalão confraterniza-se com os que deploram seu governo como marcado por tendências discricionárias.
(...)
Outro lado pra quê?!
A quarta mesa – “Liberdade de expressão e Estado democrático de direito” – contou com a participação de três luminares: Reinaldo Azevedo (Veja), Marcelo Madureira (Casseta & Planeta) e o Dr. Roberto Romano (Unicamp), os dois últimos tentando ver quem era mais Reinaldo Azevedo que o próprio Reinaldo Azevedo.
O próprio é um fenômeno da natureza. Um criador de personagens. É uma espécie de Walt Disney de si próprio. Disney inventou o Mickey, o Pato Donald, o Pateta e uma plêiade de figuras inesquecíveis. Reinaldo Azevedo criou Reinaldo Azevedo. “Sou de direita!”, avisa de saída. “A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos na mídia”.
Madureira foi mais um a alardear sua condição de ex-comunista. Fez piadinhas, embora não se saiba se seu cachê incluía chistes e gags. Atacou tendências autoritárias e “recadinhos” oficiais. “O governo pressiona os editores com os anúncios da Petrobras e do Banco do Brasil. Isso é censura!”. Com a presença do patrão na plateia, logo sublinhou: “A Globo não nos censura”.
Mas o humorista da tarde foi o Dr. Roberto Romano. Este revelou ao mundo uma nova teoria, que vai pegar. É sobre a militância. Atenção: “O partido de militantes causa a corrosão do caráter”. Guardem essa! Depois de A corrosão do caráter, de Richard Sennet, que fala dos vínculos trabalhistas e sociais tênues e sua influência no comportamento humano, um livro sério, o Dr. Romano vem com sua versão pândega. E explica: “No partido de militância não tem mais jornalista, médico e nem nada. Tem o militante que se reporta ao chefe”. Isso, para as muitas luzes do Dr. Romano, corrói o caráter. Olha lá, Brasil! A partir de agora, só se falará em outra coisa!
As pesquisas científicas do Dr. Romano o levaram a constatar, além de tudo, que “90% das ONGs são totalitárias”. Como o mediador William Waack prometeu publicar a fala original do Dr. Romano no site do Instituto Millenium, o mundo aguarda ansioso as fontes empíricas de tão bombástica revelação.
No fim de tudo, na última palestra, o deputado Antonio Pallocci veio confraternizar com aqueles que malharam sem dó seu partido e o governo que integrou até há poucos anos. Para agradar, também criticou o PNDH, no que foi cumprimentado ao final.
Leia mais no Ópera Mundi...
Por Gilberto Marigoni (Excertos)
O evento, promovido pelo Instituto Millenium, foi uma espécie de Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) particular da direita brasileira, facção grande mídia. Revezaram-se nos microfones convidados internacionais, donos de conglomerados e seus funcionários de confiança. Fala-se aqui da Editora Abril, da Rede Globo, da Rede Brasil Sul (RBS), da Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e agregados. Como se sabe, tais setores resolveram boicotar a I Confecom, um processo democrático ocorrido em todos os estados da Federação, que culminou em uma etapa nacional, realizada em dezembro último. Presentes nesta, cerca de 1,3 mil delegados, entre empresários, movimentos sociais e governo. O total de pessoas envolvidas em suas fases regionais envolveu cerca de 12 mil participantes.
Pois o Instituto Millenium fez seu convescote para cerca de 180 participantes. Eram empresários, jornalistas e interessados, que desembolsaram R$ 500 cada um, por um dia de atividades. Na mira dos palestrantes, os governos de centro esquerda da América Latina, os movimentos sociais, o governo Lula e o PNDH. As intervenções mais moderadas foram as de Roberto Civita (Abril) e Otávio Frias Filho (Folha), que buscaram, de certa forma, situar seus interesses na cena política. Externaram o que se espera de proprietários de monopólios.
Visão particular da história
A primeira mesa trouxe três convidados externos: o argentino Adrian Ventura (Clarín), o âncora da televisão equatoriana Carlos Vera (Ecuavisa) e o venezuelano Marcel Granier (dono da RCTV, cuja concessão não foi renovada em 2007). Arrogante e inflamado, Vera afirmou que em seu país “não existe liberdade de expressão”. Reclamou que seu canal de TV não recebe mais publicidade estatal e acusou o presidente Rafael Correa – “um ditador” – de ter sido eleito “por prostitutas”. Já Marcel Granier foi saudado como uma espécie de símbolo da luta pela liberdade de imprensa pelo apresentador Marcelo Rech, diretor da RBS.
O proprietário da rede venezuelana denuncia “o autoritarismo do governo Hugo Chávez”. Relata o que diz serem provocações, intimidações e a certa altura, de passagem, fala da “renúncia” de Chávez. Em nenhum momento, menciona o golpe de Estado de 2002 e o papel da grande mídia de seu país. Parece que toda a tensão em seu país nasceu por geração espontânea. Uma visão particular da história, sem dúvida.
Granier e seus colegas de mesa não deixam de deplorar a existência de aliados dos tais governos ditatoriais entre os empresários da mídia. Aliados, não. “Cúmplices”, sublinha o mediador Rech, com anuência dos convidados.
Logo após a mesa inicial, chega o convidado mais aguardado da manhã chuvosa, o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Com seu inimitável penteado, fala o que a “seleta platéia”, conforme sua expressão, queria ouvir. Busca esvaziar a Confecom de qualquer significado maior. “Através de três ministros, Luiz Dulci, Franklin Martins e eu, o governo foi unânime em decidir que em hipótese alguma se aceitará algum tipo de controle social da mídia”. E enfatizou: “Isso não foi, não é e não será discutido”, enfatiza para gáudio da maioria dos presentes. Genial. O membro do primeiro escalão confraterniza-se com os que deploram seu governo como marcado por tendências discricionárias.
(...)
Outro lado pra quê?!
A quarta mesa – “Liberdade de expressão e Estado democrático de direito” – contou com a participação de três luminares: Reinaldo Azevedo (Veja), Marcelo Madureira (Casseta & Planeta) e o Dr. Roberto Romano (Unicamp), os dois últimos tentando ver quem era mais Reinaldo Azevedo que o próprio Reinaldo Azevedo.
O próprio é um fenômeno da natureza. Um criador de personagens. É uma espécie de Walt Disney de si próprio. Disney inventou o Mickey, o Pato Donald, o Pateta e uma plêiade de figuras inesquecíveis. Reinaldo Azevedo criou Reinaldo Azevedo. “Sou de direita!”, avisa de saída. “A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos na mídia”.
Madureira foi mais um a alardear sua condição de ex-comunista. Fez piadinhas, embora não se saiba se seu cachê incluía chistes e gags. Atacou tendências autoritárias e “recadinhos” oficiais. “O governo pressiona os editores com os anúncios da Petrobras e do Banco do Brasil. Isso é censura!”. Com a presença do patrão na plateia, logo sublinhou: “A Globo não nos censura”.
Mas o humorista da tarde foi o Dr. Roberto Romano. Este revelou ao mundo uma nova teoria, que vai pegar. É sobre a militância. Atenção: “O partido de militantes causa a corrosão do caráter”. Guardem essa! Depois de A corrosão do caráter, de Richard Sennet, que fala dos vínculos trabalhistas e sociais tênues e sua influência no comportamento humano, um livro sério, o Dr. Romano vem com sua versão pândega. E explica: “No partido de militância não tem mais jornalista, médico e nem nada. Tem o militante que se reporta ao chefe”. Isso, para as muitas luzes do Dr. Romano, corrói o caráter. Olha lá, Brasil! A partir de agora, só se falará em outra coisa!
As pesquisas científicas do Dr. Romano o levaram a constatar, além de tudo, que “90% das ONGs são totalitárias”. Como o mediador William Waack prometeu publicar a fala original do Dr. Romano no site do Instituto Millenium, o mundo aguarda ansioso as fontes empíricas de tão bombástica revelação.
No fim de tudo, na última palestra, o deputado Antonio Pallocci veio confraternizar com aqueles que malharam sem dó seu partido e o governo que integrou até há poucos anos. Para agradar, também criticou o PNDH, no que foi cumprimentado ao final.
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Cotas no STF: O Pronunciamento de Demóstenes Torres e a Opinião de Hillary Clinton
O discurso do referido Senador começa lá pelos 32min do vídeo.
E aqui, abstraindo-se o deslumbramento provinciano do JN, lá pelos 2min20, a opinião de Hillary Clinton em palestra proferida na Universidade Zumbi dos Palmares.
Tv Justiça on line...
E aqui, abstraindo-se o deslumbramento provinciano do JN, lá pelos 2min20, a opinião de Hillary Clinton em palestra proferida na Universidade Zumbi dos Palmares.
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LHC confirma teoria de físico brasileiro
Do sitio Inovação Tecnológica
Contribuição brasileira à física
Maior instrumento científico já construído, o acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider, ou "grande colisor de hádrons") acaba de gerar outro destaque importante: seu primeiro artigo científico.
O artigo consagra uma das mais importantes contribuições brasileiras à física mundial. Uma das conclusões do trabalho é que a estatística de Tsallis - enunciada em 1988 por Constatino Tsallis, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - é ideal para descrever o sistema no qual a distribuição das partículas é medida.
Na verdade, um primeiro artigo científico do LHC já havia sido noticiado aqui no Site Inovação Tecnológica no início de Dezembro de 2009, mas agora ele está sendo classificado como de natureza técnica, assim como outros que o seguiram, e não de física propriamente dita.
Detector do LHC
Com participação de vários brasileiros entre os mais de 2 mil coautores de 157 instituições internacionais, o artigo foi publicado no último exemplar da revista Journal of High Energy Physics (JHEP).
O artigo se baseou em dados gerados em dezembro de 2009 pelo CMS (sigla em inglês para "Solenóide de Múon Compacto") - um dos quatro detectores do LHC - e apresentou a primeira medida de distribuição de partículas observadas em colisões ocorridas em altíssimas energias: 2,36 teraelétron-volts (TeV).
Do Brasil, participaram pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
Estatística de Tsallis
Teoria que generaliza a mecânica estatística de Boltzmann-Gibbs, a estatística de Tsallis é utilizada para o entendimento dos sistemas complexos e já foi abordada em mais de 2 mil artigos científicos em todo o mundo. Mas, com o experimento do LHC, deixou de ser apenas uma importante conjectura.
De acordo com Tsallis - que por modéstia prefere referir-se à sua teoria como "mecânica estatística não-extensiva" - a colaboração CMS já havia gerado artigos em áreas técnicas, mas, por ser a primeira publicação em física produzida pelo experimento, o trabalho é um marco para a física.
"Como o CMS forneceu dados que não se acomodaram com a estatística de Boltzman-Gibbs, os pesquisadores decidiram experimentar a mecânica estatística não-extensiva. Verificaram que ela funcionou muito bem, encaixando-se com propriedade. No fundo, trata-se de algo muito simples e, por isso mesmo, maravilhoso", disse Tsallis.
Tsallis revelou que, por meio de uma colega do CBPF - Maria Elena Pol, uma das coautoras do artigo - ficou sabendo que a mecânica estatística não-extensiva seria utilizada para a descrição do comportamento das partículas.
"A teoria é sempre algo plausível, mas que só se torna real por meio de um experimento ou da verificação. É o sonho de qualquer físico teórico que a natureza confirme a sua suspeita. Quando isso ocorre, com um experimento desse porte, a sensação é de estupor", descreveu Tsallis.
Colisões de alta energia
De acordo com um dos autores do artigo, Sérgio Ferraz Novaes, professor do Instituto de Física Teórica da Unesp, o primeiro trabalho de física a utilizar os dados do LHC é importante por realizar medidas das colisões em níveis de energia sem precedentes, mas também por confirmar a eficiência do acelerador.
"Essa é a primeira medida feita em regime de energia tão alta, o que é importante porque permite a extrapolação dos dados anteriores. O experimento, por um lado, serviu como calibração do equipamento, mostrando resultados satisfatórios e coerentes com o que esperávamos. Por outro lado, os dados gerados ainda motivarão muitos outros artigos. Essa primeira publicação é o começo de uma história que será contada nos próximos dez anos", afirmou.
Primeiro artigo de física do LHC
O artigo apresentou a primeira medida de distribuição em momentum transverso e pseudo-rapidez (análoga à medida de distribuição angular) das partículas observadas nas colisões próton-próton ocorridas em altas energias, a 2.36 TeV. Segundo Novaes, os experimentos realizados até agora haviam feito medições em regimes de energia de no máximo 2 TeV.
Cada TeV equivale a 1 trilhão de elétron-volts. Um elétron-volt é a quantidade de energia cinética ganha por um elétron quando acelerado por uma diferença de potencial elétrico de um volt, no vácuo.
"De agora em diante haverá mais trabalhos científicos com base nos dados gerados pelo LHC, pois o equipamento irá gerar novas colisões, com intensidade maior de energia dos feixes de prótons. Nos próximos dois anos, iremos operar com 7 TeV. A previsão é que, posteriormente, o equipamento chegue a trabalhar com até 14 TeV", explicou.
Conceitos relativísticos
As medidas de momentum transversal e longitudinal, segundo Novaes, são bem conhecidas em outros aceleradores. Mas ainda não tinham sido realizadas no LHC. "Enquanto não tínhamos feixe, a calibração e o alinhamento dos diversos componentes do acelerador eram feitas, em geral, com raios cósmicos", disse.
O momentum medido, segundo Novaes, é o análogo relativístico da definição da física básica: o produto da massa e velocidade de uma partícula. "Quando falamos do momentum transversal e longitudinal, estamos nos referindo à projeção do momentum na direção do feixe, ou na direção perpendicular a ele", disse.
De acordo com Novaes, quando se mede a distribuição de uma partícula, ela está imersa em um banho térmico formado por todas as demais partículas produzidas na reação. "A distribuição de momentum dessa partícula é melhor descrita pela estatística de Tsallis, que generaliza a estatística de Boltzmann-Gibbs", afirmou.
LHC
O LHC, construído pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) na fronteira entre Suíça e França, foi inaugurado oficialmente em outubro de 2008, com o objetivo de buscar respostas para alguns dos principais mistérios da ciência, investigando as partículas mais elementares da matéria.
Depois de paradas forçadas por problemas técnicos, o LHC está sendo "aquecido", com sua energia sendo elevada paulatinamente, e deverá começar a produzir experimentos reais a partir dos próximos meses.
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Contribuição brasileira à física
Maior instrumento científico já construído, o acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider, ou "grande colisor de hádrons") acaba de gerar outro destaque importante: seu primeiro artigo científico.
O artigo consagra uma das mais importantes contribuições brasileiras à física mundial. Uma das conclusões do trabalho é que a estatística de Tsallis - enunciada em 1988 por Constatino Tsallis, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - é ideal para descrever o sistema no qual a distribuição das partículas é medida.
Na verdade, um primeiro artigo científico do LHC já havia sido noticiado aqui no Site Inovação Tecnológica no início de Dezembro de 2009, mas agora ele está sendo classificado como de natureza técnica, assim como outros que o seguiram, e não de física propriamente dita.
Detector do LHC
Com participação de vários brasileiros entre os mais de 2 mil coautores de 157 instituições internacionais, o artigo foi publicado no último exemplar da revista Journal of High Energy Physics (JHEP).
O artigo se baseou em dados gerados em dezembro de 2009 pelo CMS (sigla em inglês para "Solenóide de Múon Compacto") - um dos quatro detectores do LHC - e apresentou a primeira medida de distribuição de partículas observadas em colisões ocorridas em altíssimas energias: 2,36 teraelétron-volts (TeV).
Do Brasil, participaram pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
Estatística de Tsallis
Teoria que generaliza a mecânica estatística de Boltzmann-Gibbs, a estatística de Tsallis é utilizada para o entendimento dos sistemas complexos e já foi abordada em mais de 2 mil artigos científicos em todo o mundo. Mas, com o experimento do LHC, deixou de ser apenas uma importante conjectura.
De acordo com Tsallis - que por modéstia prefere referir-se à sua teoria como "mecânica estatística não-extensiva" - a colaboração CMS já havia gerado artigos em áreas técnicas, mas, por ser a primeira publicação em física produzida pelo experimento, o trabalho é um marco para a física.
"Como o CMS forneceu dados que não se acomodaram com a estatística de Boltzman-Gibbs, os pesquisadores decidiram experimentar a mecânica estatística não-extensiva. Verificaram que ela funcionou muito bem, encaixando-se com propriedade. No fundo, trata-se de algo muito simples e, por isso mesmo, maravilhoso", disse Tsallis.
Tsallis revelou que, por meio de uma colega do CBPF - Maria Elena Pol, uma das coautoras do artigo - ficou sabendo que a mecânica estatística não-extensiva seria utilizada para a descrição do comportamento das partículas.
"A teoria é sempre algo plausível, mas que só se torna real por meio de um experimento ou da verificação. É o sonho de qualquer físico teórico que a natureza confirme a sua suspeita. Quando isso ocorre, com um experimento desse porte, a sensação é de estupor", descreveu Tsallis.
Colisões de alta energia
De acordo com um dos autores do artigo, Sérgio Ferraz Novaes, professor do Instituto de Física Teórica da Unesp, o primeiro trabalho de física a utilizar os dados do LHC é importante por realizar medidas das colisões em níveis de energia sem precedentes, mas também por confirmar a eficiência do acelerador.
"Essa é a primeira medida feita em regime de energia tão alta, o que é importante porque permite a extrapolação dos dados anteriores. O experimento, por um lado, serviu como calibração do equipamento, mostrando resultados satisfatórios e coerentes com o que esperávamos. Por outro lado, os dados gerados ainda motivarão muitos outros artigos. Essa primeira publicação é o começo de uma história que será contada nos próximos dez anos", afirmou.
Primeiro artigo de física do LHC
O artigo apresentou a primeira medida de distribuição em momentum transverso e pseudo-rapidez (análoga à medida de distribuição angular) das partículas observadas nas colisões próton-próton ocorridas em altas energias, a 2.36 TeV. Segundo Novaes, os experimentos realizados até agora haviam feito medições em regimes de energia de no máximo 2 TeV.
Cada TeV equivale a 1 trilhão de elétron-volts. Um elétron-volt é a quantidade de energia cinética ganha por um elétron quando acelerado por uma diferença de potencial elétrico de um volt, no vácuo.
"De agora em diante haverá mais trabalhos científicos com base nos dados gerados pelo LHC, pois o equipamento irá gerar novas colisões, com intensidade maior de energia dos feixes de prótons. Nos próximos dois anos, iremos operar com 7 TeV. A previsão é que, posteriormente, o equipamento chegue a trabalhar com até 14 TeV", explicou.
Conceitos relativísticos
As medidas de momentum transversal e longitudinal, segundo Novaes, são bem conhecidas em outros aceleradores. Mas ainda não tinham sido realizadas no LHC. "Enquanto não tínhamos feixe, a calibração e o alinhamento dos diversos componentes do acelerador eram feitas, em geral, com raios cósmicos", disse.
O momentum medido, segundo Novaes, é o análogo relativístico da definição da física básica: o produto da massa e velocidade de uma partícula. "Quando falamos do momentum transversal e longitudinal, estamos nos referindo à projeção do momentum na direção do feixe, ou na direção perpendicular a ele", disse.
De acordo com Novaes, quando se mede a distribuição de uma partícula, ela está imersa em um banho térmico formado por todas as demais partículas produzidas na reação. "A distribuição de momentum dessa partícula é melhor descrita pela estatística de Tsallis, que generaliza a estatística de Boltzmann-Gibbs", afirmou.
LHC
O LHC, construído pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) na fronteira entre Suíça e França, foi inaugurado oficialmente em outubro de 2008, com o objetivo de buscar respostas para alguns dos principais mistérios da ciência, investigando as partículas mais elementares da matéria.
Depois de paradas forçadas por problemas técnicos, o LHC está sendo "aquecido", com sua energia sendo elevada paulatinamente, e deverá começar a produzir experimentos reais a partir dos próximos meses.
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Onda Gigante atinge Cruzeiro
Do Portal IG
Onda gigante mata 2 e fere 6 em cruzeiro com destino a Barcelona
Pelo menos duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas a bordo do cruzeiro cipriota "Louis Majesty", atingido por uma onda gigante no trajeto de Marselha a Barcelona, informaram as autoridades gregas.
O incidente ocorreu no golfo de León, quando a embarcação, de bandeira maltesa, estava com 1.350 passageiros e 580 membros da tripulação a bordo.
Onda gigante mata 2 e fere 6 em cruzeiro com destino a Barcelona
Pelo menos duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas a bordo do cruzeiro cipriota "Louis Majesty", atingido por uma onda gigante no trajeto de Marselha a Barcelona, informaram as autoridades gregas.
O incidente ocorreu no golfo de León, quando a embarcação, de bandeira maltesa, estava com 1.350 passageiros e 580 membros da tripulação a bordo.
Com Serra presente, milhares gritam em MG: Aécio presidente!
Do Terra Magazine
Por Bob Fernandes
Às 11h55, no primeiro ato inauguração da Cidade Administrativa Tancredo Neves, de Minas Gerais, presentes o governador José Serra e a cúpula do PSDB. Milhares de convidados atropelam o ritual tucano e gritam:
- Aécio presidente! Aécio presidente!.
Na sequência do coro, o badalar de sinos anuncia o início da cerimônia. A festa, numa manhã de chuva fina, se dá sob o vão livre projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Às 11h, ainda não havia começado. De três a seis mil presentes, segundo as estimativas variáveis de sempre. Em sucessivas camadas, os convidados, de acordo com a importância política e social. Nas primeiras filas, os poderes. Lá no fundo os operários da Cidade e o botons com a inscrição na camisa: "Eu construí".
No corredor, entre as duas fileiras de convidados com direito à proximidade do palco, manifestações. O prefeito de Duque de Caxias, Zito (PSDB-RJ), diz sobre Serra:
-Encontramos com ele, íamos almoçar e nada. O cara é gelado. Imagine quando era ministro.
Às 11h25, a profusão de telefonemas ligados embanana as linhas ligeira pane dos telefones.
Às 11h34, o cerimonial pede que se esvazie o corredor entre as duas filas de cadeiras, onde se sentam cerca de 500 convidados "vips". Vem a suplica: -Por favor, esvaziem o corredor, que o governador está vindo com o cortejo.
No palco, ao fundo, um telão eletrônico com a bandeira de Minas. Entre a platéia ecumênica, o vice-presidente José Alencar, o presidente do STF Gilmar Mendes, os senadores Eduardo Azeredo, Álvaro Dias, Tasso Jereissati, Pedro Simon, Wellington Salgado (vulgo Cabelo), os governadores Luiz Henrique, Teotônio Vilela Filho e Yeda Crusius, os deputados Michel Temer, José Anibal, Ronaldo Caiado, Rodrigo Maia, Henrique Alves e ACM Neto, grandes empresários, os ex-ministros Francelino Pereira (DEM) e Ibrahim Abi-Akel.
Os tucanos Aloysio Nunes Ferreira, vice-governador de São Paulo, e Geraldo Alckmin chegam juntos. Antonio Anastasia, o vice-governador mineiro e candidato de Aécio a sucede-lo, é recebido com uma explosão de palmas. O avanço desenfreado para abraços e apertos de mão dá mostras de seu prestígio na Cidade que ajudou a pensar e construir. De costas para Aloysio Nunes, o presidenciável Ciro Gomes troca figurinha com José Alencar.
O centro administrativo do governo mineiro foi projetado por Niemeyer. Até fim de outubro, mais de 16 mil servidores públicos atualmente distribuídos em 53 endereços de Belo Horizonte serão transferidos para a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves (veja aqui os detalhes).
A atriz Christiane Torloni, depois de rogar pela desocupação do corredor central, apresenta a cerimônia. Às 12h20, à capela, Fafá de Belém canta o Hino Nacional.
12h27. O governador Aécio Neves cumprimenta operários, põe um capacete e volta a ser saudado por novo coro de:
-Aécio presidente!. Aécio presidente!
Telão ao fundo mostra imagens do avô, Tancredo, nas campanhas pela eleição Diretas e na indireta, em 1984. No palco, Milton Nascimento entoa o hino daqueles tempos, "Coração de Estudante".
Extraordinários
Depois de saudar os "anônimos e anônimas como os verdadeiros donos da festa", senadores e deputados e governadores, Aécio Neves derrama-se em adjetivos para acarinhar José Alencar e Itamar Franco. De Serra, diz: -O governador de São Paulo José Serra, grande companheiro desta e de outras lutas.
Em seguida, saca adjetivos para "o amigo, companheiro extraordinário, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral". Do mesmo alforje de adjetivos tira um "extraodinário exemplo" para Ciro Gomes.
Aécio Neves usa "extraordinário" também para qualificar o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), com quem fez parceria em 2008 e, em sociedade com o Partido dos Trabalhadores, elegeu Márcio Lacerda (PSB). Pimentel é pré-candidato ao governo mineiro.
A festa chega ao fim. Sob aplausos, Aécio Neves conclui: - Minas é minha casa, minha causa, meu chão, minha pátria
Por Bob Fernandes
Às 11h55, no primeiro ato inauguração da Cidade Administrativa Tancredo Neves, de Minas Gerais, presentes o governador José Serra e a cúpula do PSDB. Milhares de convidados atropelam o ritual tucano e gritam:
- Aécio presidente! Aécio presidente!.
Na sequência do coro, o badalar de sinos anuncia o início da cerimônia. A festa, numa manhã de chuva fina, se dá sob o vão livre projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Às 11h, ainda não havia começado. De três a seis mil presentes, segundo as estimativas variáveis de sempre. Em sucessivas camadas, os convidados, de acordo com a importância política e social. Nas primeiras filas, os poderes. Lá no fundo os operários da Cidade e o botons com a inscrição na camisa: "Eu construí".
No corredor, entre as duas fileiras de convidados com direito à proximidade do palco, manifestações. O prefeito de Duque de Caxias, Zito (PSDB-RJ), diz sobre Serra:
-Encontramos com ele, íamos almoçar e nada. O cara é gelado. Imagine quando era ministro.
Às 11h25, a profusão de telefonemas ligados embanana as linhas ligeira pane dos telefones.
Às 11h34, o cerimonial pede que se esvazie o corredor entre as duas filas de cadeiras, onde se sentam cerca de 500 convidados "vips". Vem a suplica: -Por favor, esvaziem o corredor, que o governador está vindo com o cortejo.
No palco, ao fundo, um telão eletrônico com a bandeira de Minas. Entre a platéia ecumênica, o vice-presidente José Alencar, o presidente do STF Gilmar Mendes, os senadores Eduardo Azeredo, Álvaro Dias, Tasso Jereissati, Pedro Simon, Wellington Salgado (vulgo Cabelo), os governadores Luiz Henrique, Teotônio Vilela Filho e Yeda Crusius, os deputados Michel Temer, José Anibal, Ronaldo Caiado, Rodrigo Maia, Henrique Alves e ACM Neto, grandes empresários, os ex-ministros Francelino Pereira (DEM) e Ibrahim Abi-Akel.
Os tucanos Aloysio Nunes Ferreira, vice-governador de São Paulo, e Geraldo Alckmin chegam juntos. Antonio Anastasia, o vice-governador mineiro e candidato de Aécio a sucede-lo, é recebido com uma explosão de palmas. O avanço desenfreado para abraços e apertos de mão dá mostras de seu prestígio na Cidade que ajudou a pensar e construir. De costas para Aloysio Nunes, o presidenciável Ciro Gomes troca figurinha com José Alencar.
O centro administrativo do governo mineiro foi projetado por Niemeyer. Até fim de outubro, mais de 16 mil servidores públicos atualmente distribuídos em 53 endereços de Belo Horizonte serão transferidos para a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves (veja aqui os detalhes).
A atriz Christiane Torloni, depois de rogar pela desocupação do corredor central, apresenta a cerimônia. Às 12h20, à capela, Fafá de Belém canta o Hino Nacional.
12h27. O governador Aécio Neves cumprimenta operários, põe um capacete e volta a ser saudado por novo coro de:
-Aécio presidente!. Aécio presidente!
Telão ao fundo mostra imagens do avô, Tancredo, nas campanhas pela eleição Diretas e na indireta, em 1984. No palco, Milton Nascimento entoa o hino daqueles tempos, "Coração de Estudante".
Extraordinários
Depois de saudar os "anônimos e anônimas como os verdadeiros donos da festa", senadores e deputados e governadores, Aécio Neves derrama-se em adjetivos para acarinhar José Alencar e Itamar Franco. De Serra, diz: -O governador de São Paulo José Serra, grande companheiro desta e de outras lutas.
Em seguida, saca adjetivos para "o amigo, companheiro extraordinário, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral". Do mesmo alforje de adjetivos tira um "extraodinário exemplo" para Ciro Gomes.
Aécio Neves usa "extraordinário" também para qualificar o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), com quem fez parceria em 2008 e, em sociedade com o Partido dos Trabalhadores, elegeu Márcio Lacerda (PSB). Pimentel é pré-candidato ao governo mineiro.
A festa chega ao fim. Sob aplausos, Aécio Neves conclui: - Minas é minha casa, minha causa, meu chão, minha pátria
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quinta-feira, 4 de março de 2010
STF prossegue com debates sobre cotas
Do Último Segundo
As audiências, iniciadas na quarta-feira, foram convocadas pelo ministro Ricardo Lewandowski e têm o intuito de auxiliar os outros ministros a julgar o mérito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186. Os debates seguem até sexta-feira, encerrando a audição de um total de 38 expositores.
A ação ajuizada pelo Partido Democratas contra o sistema de cotas da UnB pedia a suspensão da matrícula dos alunos cotistas selecionados no último vestibular da universidade. O pedido foi indeferido pelo presidente do STF, Gilmar Mendes. Agora, os ministros do tribunal terão de julgar a outra solicitação do DEM: que o programa seja considerado inconstitucional. O julgamento ainda não tem data para ocorrer.
Os debates servirão ainda para julgar outro processo que tramita no STF. O Recurso Extraordinário 597285, interposto por um estudante que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para o reitor da UnB, o julgamento dessas ações pelo STF serão muito relevantes. “Ele vai permitir que a sociedade discuta algumas de suas questões mais silenciadas. É um assunto que mobiliza a sociedade”, comenta.
Assista ao vivo.
As audiências, iniciadas na quarta-feira, foram convocadas pelo ministro Ricardo Lewandowski e têm o intuito de auxiliar os outros ministros a julgar o mérito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186. Os debates seguem até sexta-feira, encerrando a audição de um total de 38 expositores.
A ação ajuizada pelo Partido Democratas contra o sistema de cotas da UnB pedia a suspensão da matrícula dos alunos cotistas selecionados no último vestibular da universidade. O pedido foi indeferido pelo presidente do STF, Gilmar Mendes. Agora, os ministros do tribunal terão de julgar a outra solicitação do DEM: que o programa seja considerado inconstitucional. O julgamento ainda não tem data para ocorrer.
Os debates servirão ainda para julgar outro processo que tramita no STF. O Recurso Extraordinário 597285, interposto por um estudante que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para o reitor da UnB, o julgamento dessas ações pelo STF serão muito relevantes. “Ele vai permitir que a sociedade discuta algumas de suas questões mais silenciadas. É um assunto que mobiliza a sociedade”, comenta.
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Controladores de aeroporto de Nova York deixaram menino orientar aviões
Do R7
Os controladores aéreos do Aeroporto Internacional John F. Kennedy de Nova York deixaram uma criança monitorar, pelo rádio, a decolagem de vários aviões, até ser suspenso pela autoridade aeronáutica americana.
O porta-voz do aeroporto, Jim Peters, afirmou:
- Esta conduta não é aceitável e não demonstra o tipo de profissionalismo que esperamos de todos os empregados da Associação Federal da Aviação.
O diálogo entre a torre de controle e o avião do voo 171 da companhia aérea Jet Blue foi captado em uma tarde de fevereiro pelo canal de televisão Fox de Boston, que o divulgou e desencadeou a polêmica. A voz infantil falando com os pilotos do avião, que esperavam autorização para partir do aeroporto Kennedy com destino a Sacramento (Califórnia), dizia:
- Jet Blue 171, tem autorização para decolar.
O piloto, rindo, responde ao jovem controlador aéreo:
- Estamos saindo Jet Blue 171, um bom trabalho.
Em outra conversa, o menino dá autorização ao voo 195 da mesma companhia, com destino a Las Vegas (Nevada), e depois a um voo internacional, ao dar instruções a um piloto da Aeroméxico. O piloto da aeronave mexicana, antes de decolar com destino à Cidade do México:
- MX 403, contato de saída, adeus! Contato de saída Aeroméxico 403. Adeus!
Da torre de controle, ouve-se a voz do adulto que parece acompanhar o menino comentar com um dos pilotos:
- Isto é o que acontece quando as crianças não vão à escola.
A FAA informou que abriu uma investigação.
Agência americana abriu investigação para apurar denúncia
Os controladores aéreos do Aeroporto Internacional John F. Kennedy de Nova York deixaram uma criança monitorar, pelo rádio, a decolagem de vários aviões, até ser suspenso pela autoridade aeronáutica americana.
O porta-voz do aeroporto, Jim Peters, afirmou:
- Esta conduta não é aceitável e não demonstra o tipo de profissionalismo que esperamos de todos os empregados da Associação Federal da Aviação.
O diálogo entre a torre de controle e o avião do voo 171 da companhia aérea Jet Blue foi captado em uma tarde de fevereiro pelo canal de televisão Fox de Boston, que o divulgou e desencadeou a polêmica. A voz infantil falando com os pilotos do avião, que esperavam autorização para partir do aeroporto Kennedy com destino a Sacramento (Califórnia), dizia:
- Jet Blue 171, tem autorização para decolar.
O piloto, rindo, responde ao jovem controlador aéreo:
- Estamos saindo Jet Blue 171, um bom trabalho.
Em outra conversa, o menino dá autorização ao voo 195 da mesma companhia, com destino a Las Vegas (Nevada), e depois a um voo internacional, ao dar instruções a um piloto da Aeroméxico. O piloto da aeronave mexicana, antes de decolar com destino à Cidade do México:
- MX 403, contato de saída, adeus! Contato de saída Aeroméxico 403. Adeus!
Da torre de controle, ouve-se a voz do adulto que parece acompanhar o menino comentar com um dos pilotos:
- Isto é o que acontece quando as crianças não vão à escola.
A FAA informou que abriu uma investigação.
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Visita de Hillary Clinton ao Brasil reflete prioridade da política externa dos EUA
Do Herald Tribune
Por Julia E. Sweig
Em sua campanha à presidência, Hillary Rodham Clinton mal proferiu a palavra Brasil. Mas como secretária de Estado, Clinton reconheceu o Brasil como sendo o país mais poderoso na América do Sul e uma potência global em ascensão. Sua atual visita pode refletir um desejo político de tornar o relacionamento com o Brasil uma prioridade estratégica para a política externa americana.
Com um início tão tardio, a urgência parece permear a visita. Os Estados Unidos estão perdendo terreno à medida que a América Latina cria mais outra organização regional que os excluem. Da mesma forma, a atenção do Brasil em breve se voltará para dentro, à medida que sua campanha presidencial começar de fato.
Mas ir ao Brasil pode ser o passo mais fácil. Os Estados Unidos contam com pouca largura de banda para sustentar o foco no Brasil. A agenda doméstica do presidente Obama está consumida pela criação de empregos, reforma da saúde, infraestrutura e solvência financeira. No exterior, grande parte da atenção permanecerá concentrada no Afeganistão, Paquistão, Irã, Iraque e China.
O Brasil também pode carecer de incentivo para investir no relacionamento com os Estados Unidos como Clinton poderia desejar. Também bastante concentrado nas condições doméstica, o Brasil sobreviveu à crise financeira global, formou uma classe média crescente, reduziu a pobreza e a desigualdade e consolidou a democracia. Corrupção, criminalidade, violência e drogas agora se destacam na agenda do eleitorado.
Internacionalmente, os últimos sete anos catapultaram o Brasil ao palco global. Os Estados Unidos representam apenas uma fatia da agenda global do Brasil: a ênfase brasileira na multipolaridade e no multilateralismo presume o declínio da influência americana.
De qualquer forma, dada sua insistência histórica na autonomia das grandes potências, dificilmente se esperaria do Brasil que subordinasse seus interesses aos dos Estados Unidos. Todavia, alguns americanos veem às vezes o ethos de autonomia do Brasil na política externa como uma tentativa deliberada de frustrar a diplomacia americana. Essa percepção equivocada pode atrapalhar as boas intenções.
Outro obstáculo potencial: os Estados Unidos ainda agem como uma potência imperialista. Quando Hillary Clinton diz “parceria”, os brasileiros podem pensar que ela realmente quer dizer deferência aos interesses americanos. Para lidar com os problemas na agenda bilateral, regional e global, Clinton terá que superar o ceticismo em Brasília a respeito do compromisso de Washington de praticar um verdadeiro dar e receber.
O Brasil terá que dar a ela o benefício da dúvida e dizer claramente o que deseja dos Estados Unidos, usando a visita e seus resultados para avaliar o que o governo Obama deseja do Brasil.
Bilateralidade, impostos, tarifas e comércio, até mesmo gênero e raça, estarão no topo da agenda. O Haiti surgirá como um uso bem mais produtivo dos talentos de ambos os países do que as disputas envolvendo a Colômbia e Honduras. A secretária ouvirá a posição do Brasil a respeito da região andina e sua visão para a integração sul-americana. Talvez ela explique o ritmo glacial do movimento de Washington em relação às políticas para Cuba. Discussões sobre a mudança climática e as finanças globais avançarão.
Mas é o Irã que provavelmente ganhará mais espaço nos noticiários. Um falcão a respeito desse assunto, a secretária Clinton insiste que as potências emergentes se juntem aos Estados Unidos e à Europa na pressão contra o Irã, enquanto o governo Lula considera as sanções como um caminho para a força militar. Por mais anátema que possa ser o apoio público do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao negador do Holocausto, Mahmoud Ahmadinejad, o canal do Brasil para um Teerã cada vez mais caótico e imprevisível não deve ser desprezado como uma postura antiamericana.
A visita de Hillary Clinton não resultará na intimidade de um “relacionamento especial”, ou no abraço desconfortável que Washington frequentemente concede aos seus melhores amigos na região. Mas se ela partir com um reconhecimento do excepcionalismo do Brasil –uma qualidade que os brasileiros entendem plenamente nos Estados Unidos– um respeito mútuo saudável e claro poderá começar a surgir.
(Julia E. Sweig é diretora de estudos latino-americanos no Conselho de Relações Exteriores.)
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2010/03/03/visita-de-hillary-clinton-ao-brasil-reflete-prioridade-da-politica-externa-dos-eua.jhtm
Por Julia E. Sweig
Em sua campanha à presidência, Hillary Rodham Clinton mal proferiu a palavra Brasil. Mas como secretária de Estado, Clinton reconheceu o Brasil como sendo o país mais poderoso na América do Sul e uma potência global em ascensão. Sua atual visita pode refletir um desejo político de tornar o relacionamento com o Brasil uma prioridade estratégica para a política externa americana.
Foto: Sérgio Lima/Folha Imagem
Clinton entende que os Estados Unidos precisam se adaptar a um mundo multipolar, trabalhando com potências como a China, Rússia e Índia. Mas em 2009, a diplomacia americana com o Brasil foi vítima das disputas em torno de Honduras, das bases militares na Colômbia, políticas domésticas e das tensões a respeito do Irã.Com um início tão tardio, a urgência parece permear a visita. Os Estados Unidos estão perdendo terreno à medida que a América Latina cria mais outra organização regional que os excluem. Da mesma forma, a atenção do Brasil em breve se voltará para dentro, à medida que sua campanha presidencial começar de fato.
Mas ir ao Brasil pode ser o passo mais fácil. Os Estados Unidos contam com pouca largura de banda para sustentar o foco no Brasil. A agenda doméstica do presidente Obama está consumida pela criação de empregos, reforma da saúde, infraestrutura e solvência financeira. No exterior, grande parte da atenção permanecerá concentrada no Afeganistão, Paquistão, Irã, Iraque e China.
O Brasil também pode carecer de incentivo para investir no relacionamento com os Estados Unidos como Clinton poderia desejar. Também bastante concentrado nas condições doméstica, o Brasil sobreviveu à crise financeira global, formou uma classe média crescente, reduziu a pobreza e a desigualdade e consolidou a democracia. Corrupção, criminalidade, violência e drogas agora se destacam na agenda do eleitorado.
Internacionalmente, os últimos sete anos catapultaram o Brasil ao palco global. Os Estados Unidos representam apenas uma fatia da agenda global do Brasil: a ênfase brasileira na multipolaridade e no multilateralismo presume o declínio da influência americana.
De qualquer forma, dada sua insistência histórica na autonomia das grandes potências, dificilmente se esperaria do Brasil que subordinasse seus interesses aos dos Estados Unidos. Todavia, alguns americanos veem às vezes o ethos de autonomia do Brasil na política externa como uma tentativa deliberada de frustrar a diplomacia americana. Essa percepção equivocada pode atrapalhar as boas intenções.
Outro obstáculo potencial: os Estados Unidos ainda agem como uma potência imperialista. Quando Hillary Clinton diz “parceria”, os brasileiros podem pensar que ela realmente quer dizer deferência aos interesses americanos. Para lidar com os problemas na agenda bilateral, regional e global, Clinton terá que superar o ceticismo em Brasília a respeito do compromisso de Washington de praticar um verdadeiro dar e receber.
O Brasil terá que dar a ela o benefício da dúvida e dizer claramente o que deseja dos Estados Unidos, usando a visita e seus resultados para avaliar o que o governo Obama deseja do Brasil.
Mas é o Irã que provavelmente ganhará mais espaço nos noticiários. Um falcão a respeito desse assunto, a secretária Clinton insiste que as potências emergentes se juntem aos Estados Unidos e à Europa na pressão contra o Irã, enquanto o governo Lula considera as sanções como um caminho para a força militar. Por mais anátema que possa ser o apoio público do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao negador do Holocausto, Mahmoud Ahmadinejad, o canal do Brasil para um Teerã cada vez mais caótico e imprevisível não deve ser desprezado como uma postura antiamericana.
A visita de Hillary Clinton não resultará na intimidade de um “relacionamento especial”, ou no abraço desconfortável que Washington frequentemente concede aos seus melhores amigos na região. Mas se ela partir com um reconhecimento do excepcionalismo do Brasil –uma qualidade que os brasileiros entendem plenamente nos Estados Unidos– um respeito mútuo saudável e claro poderá começar a surgir.
(Julia E. Sweig é diretora de estudos latino-americanos no Conselho de Relações Exteriores.)
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2010/03/03/visita-de-hillary-clinton-ao-brasil-reflete-prioridade-da-politica-externa-dos-eua.jhtm
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Serra convida, mas Aécio recusa vaga de vice na chapa
BRASÍLIA (Reuters) - O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, formalizou o que há tempos já prometia: recusou o convite do governador de São Paulo, José Serra, para assumir a vaga de vice em sua chapa presidencial.
A informação foi dada à Reuters, na noite de quarta-feira, por um parlamentar do PSDB sob condição de anonimato.
Apesar da negativa de Aécio, a fonte afirmou que o mineiro se comprometeu a fazer o que for preciso para eleger o colega de legenda.
Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, é crucial para os objetivos de Serra. Sem o engajamento de Aécio, a conquista do Estado é bastante difícil.
Segundo a fonte, a conversa teria ocorrido na noite de terça-feira, em Brasília. Na manhã de quarta-feira, os dois participaram da solenidade de homenagem a Tancredo Neves no Senado.
José Serra tem protelado o anúncio de sua pré-candidatura, mesmo diante da pressão dos partidos oposicionistas para que declare seu intenção de concorrer.
Os apelos cresceram após pesquisa do Datafolha mostrar crescimento da ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e queda do tucano.
Sua resistência em antecipar a decisão acabou alimentando rumores na última semana de que poderia não se lançar à disputa. O convite a Aécio Neves, porém, indica que, ao menos, ele está se movimentando.
(Reportagem de Natuza Nery)
A informação foi dada à Reuters, na noite de quarta-feira, por um parlamentar do PSDB sob condição de anonimato.
Apesar da negativa de Aécio, a fonte afirmou que o mineiro se comprometeu a fazer o que for preciso para eleger o colega de legenda.
Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, é crucial para os objetivos de Serra. Sem o engajamento de Aécio, a conquista do Estado é bastante difícil.
Segundo a fonte, a conversa teria ocorrido na noite de terça-feira, em Brasília. Na manhã de quarta-feira, os dois participaram da solenidade de homenagem a Tancredo Neves no Senado.
José Serra tem protelado o anúncio de sua pré-candidatura, mesmo diante da pressão dos partidos oposicionistas para que declare seu intenção de concorrer.
Os apelos cresceram após pesquisa do Datafolha mostrar crescimento da ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e queda do tucano.
Sua resistência em antecipar a decisão acabou alimentando rumores na última semana de que poderia não se lançar à disputa. O convite a Aécio Neves, porém, indica que, ao menos, ele está se movimentando.
(Reportagem de Natuza Nery)
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quarta-feira, 3 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
As Oposições e o Caos
A última pesquisa Data-Folha, além de acender a luz amarela nas hostes tucanas, mostrou agora como os bastidores da oposição para as eleições presidenciais andam agitados. Segundo análises políticas mais sérias há um grave problema com a candidatura Serra que continua a cair nas intenções de voto, enquanto a da ministra Dilma Rousseff segue em crescente consistente. Neste caso, apenas uma chapa puro-sangue com Aécio Neves seria capaz de uma mudança do quadro. Mas, ao que tudo indica, o mineiro não está disposto a se sacrificar pela "causa", principalmente pelo fato da candidatura Serra ter sido imposta a contra-gosto de Aécio, incluído aí métodos não muito ortodoxos de persuasão utilizados pela facção paulista da legenda. Ao que parece este é o momento em que o governador mineiro vai dar o pulo do gato e, dependendo dos próximos acontecimentos, atrair para si a liderança do PSDB e da oposição no país, e, quem sabe, encabeçar a chapa "puro-sangue".
Do blog do Brizola Neto
Aécio saboreia o frio prato da vingança
Os jornais de hoje são um retrato do caos que tomou conta do tucanato e da mídia conservadora (ou seja, quase toda). O Estadão fala que uma “romaria a Minas tenta fazer de Aécio vice” , o que O Globo diz que terá seu ponto alto numa”festa em Minas para tentar criar fato novo em torno de Serra e Aécio” . Mas a Folha esfria o tacho, dizendo que Ciro e Lula (com Dilma) foram convidados para esta festa – o centenário de nascimento de Tancredo Neves – e isso deixou Serra e o tucanato rangendo os dentes de ódio. Não querem ir, mas podem faltar porque precisam manter Aécio Neves, ao menos pró-forma, na canoa serrista, que faz água.
O próprio Aécio, ontem, jogou um balde de gelo na fervura em torno da possibilidade de recuar e ser vice de Serra:
- Eu sou mestiço. Como vou participar de uma chapa “puro-sangue”?
Está evidente que Aécio Neves, com o devido decoro, não vai mover uma palha para socorrer Serra e, muito menos, se deixar puxar para o fundo pelo famoso “abraço do afogado”. Ao contrário, está diante da possibilidade de, mesmo antes das eleições, conseguir o impensável: transferir para si o centro político do PSDB.
Quem tiver um pouco de memória verá que Aécio sempre refugou, por natureza e raciocínio estratégico, a posição de anti-Lula. Dialogou com os partidos da base de apoio do Governo, como o PSB e o PDT, apostou sua carreira no exemplo que teve do avô, Tancredo, cujo conservadorismo jamais impediu a boa relação com a esquerda e a conversa com quem quer que fosse.
E vai colher os frutos deste comportamento no passo que definiu – a candidatura a Senador – para continuar a ser um pólo na política nacional. Quem quiser perder umas moedas, aposte que a base governista terá dois candidatos fortes ao Senado em Minas.
E depois, que razão pessoal teria Aécio para ter solidariedade pessoal a quem, segundo todos dizem, no mínimo estimulou todo o tipo de intrigas e boatos que o desqualificavam, até mesmo como ser humano? Não falo nenhuma novidade aqui ao diver que o Governador de São Paulo tem fama de possuir um caldeirão para cozinhar os que não aceitam seu poder imperial.
Aécio Neves pode – embora seja improbabilíssimo - até ver-se em situação de aceitar a vice, mas também isso representará uma humilhação a Serra, que teria de admitir-se publicamente fraco e dependente do Governador de Minas.
Então, folhear os jornais é quase ver que, com a paciência mineira, Aécio saboreia, sem lambuzar-se, o frio prato da vingança.E olhem já se não tem, lá em São Paulo, embora dependente de Serra, outro na fila do “bandejão”, o Geraldo Alckmin, de quem Serra tirou a prefeitura de São Paulo. A gente nunca sabe…não é?
Vá ao blog do Brizola Neto
Do blog do Brizola Neto
Aécio saboreia o frio prato da vingança
Os jornais de hoje são um retrato do caos que tomou conta do tucanato e da mídia conservadora (ou seja, quase toda). O Estadão fala que uma “romaria a Minas tenta fazer de Aécio vice” , o que O Globo diz que terá seu ponto alto numa”festa em Minas para tentar criar fato novo em torno de Serra e Aécio” . Mas a Folha esfria o tacho, dizendo que Ciro e Lula (com Dilma) foram convidados para esta festa – o centenário de nascimento de Tancredo Neves – e isso deixou Serra e o tucanato rangendo os dentes de ódio. Não querem ir, mas podem faltar porque precisam manter Aécio Neves, ao menos pró-forma, na canoa serrista, que faz água.
O próprio Aécio, ontem, jogou um balde de gelo na fervura em torno da possibilidade de recuar e ser vice de Serra:
- Eu sou mestiço. Como vou participar de uma chapa “puro-sangue”?
Está evidente que Aécio Neves, com o devido decoro, não vai mover uma palha para socorrer Serra e, muito menos, se deixar puxar para o fundo pelo famoso “abraço do afogado”. Ao contrário, está diante da possibilidade de, mesmo antes das eleições, conseguir o impensável: transferir para si o centro político do PSDB.
Quem tiver um pouco de memória verá que Aécio sempre refugou, por natureza e raciocínio estratégico, a posição de anti-Lula. Dialogou com os partidos da base de apoio do Governo, como o PSB e o PDT, apostou sua carreira no exemplo que teve do avô, Tancredo, cujo conservadorismo jamais impediu a boa relação com a esquerda e a conversa com quem quer que fosse.
E vai colher os frutos deste comportamento no passo que definiu – a candidatura a Senador – para continuar a ser um pólo na política nacional. Quem quiser perder umas moedas, aposte que a base governista terá dois candidatos fortes ao Senado em Minas.
E depois, que razão pessoal teria Aécio para ter solidariedade pessoal a quem, segundo todos dizem, no mínimo estimulou todo o tipo de intrigas e boatos que o desqualificavam, até mesmo como ser humano? Não falo nenhuma novidade aqui ao diver que o Governador de São Paulo tem fama de possuir um caldeirão para cozinhar os que não aceitam seu poder imperial.
Aécio Neves pode – embora seja improbabilíssimo - até ver-se em situação de aceitar a vice, mas também isso representará uma humilhação a Serra, que teria de admitir-se publicamente fraco e dependente do Governador de Minas.
Então, folhear os jornais é quase ver que, com a paciência mineira, Aécio saboreia, sem lambuzar-se, o frio prato da vingança.E olhem já se não tem, lá em São Paulo, embora dependente de Serra, outro na fila do “bandejão”, o Geraldo Alckmin, de quem Serra tirou a prefeitura de São Paulo. A gente nunca sabe…não é?
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Tremor no Chile pode ter alterado eixo da Terra e deixado dias mais curtos
Simulação mostra o dia 1,26 microssegundo mais curto
Do R7
O terremoto que chacoalhou 80% do território do Chile no último sábado, deixando mais de 700 mortos, pode ter alterado o eixo da Terra, fazendo com que os dias passem a ser mais curtos. A informação é baseada em um estudo feito pelo geofísico Richard Gross, do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa (agência espacial americana), que por meio de nota divulgada nesta terça-feira (2) confirmou o estudo preliminar.
Segundo uma simulação matemática, o eixo foi deslocado oito centímetros.
A mudança é mínima, mas permanente, segundo os cientistas americanos. Cálculos preliminares indicam que os dias ficarão 1,26 microssegundo mais curtos. Um microssegundo, no entanto, é a milionésima parte de um segundo. Portanto, é pouco provável que as pessoas lamentem ter menos tempo a partir de agora.
A simulação matemática feita por Gross nos avançados sistemas de computação mostram que o terremoto deslocou o eixo terrestre em cerca de oito centímetros. O eixo é a referência de equilíbrio do planeta em relação ao Sol.
Ele disse, porém, que novas análises do próprio terremoto podem alterar os números indicados em sua simulação.
O fenômeno apontado por Gross já consta no estudo de outro cientista da Nasa. Segundo pesquisa Benjamin Fong Chao, do Goddard Space Flight Center, "qualquer evento planetário que envolva o movimento das massas [terrestres] afeta a rotação da Terra". De acordo com estudos da Física, um forte terremoto desloca quantidades imensas de rocha, o que acaba alterando a distribuição da massa terrestre. Quando isso acontece, há um impacto direto na velocidade da rotação do planeta. Nesse caso, a Terra passa a dar uma volta em torno de si mesma de maneira mais rápida. Logo, o movimento de rotação (que dura 24 horas ou um dia) acaba ficando levemente mais rápido.
Não é a primeira vez que o dia fica mais curto por conta de um terremoto ou maremoto. O forte tremor de 9,1 graus de intensidade que deu origem ao tsunami que devastou países da Ásia em 2004 deixou o dia 6,4 microssegundos mais curto. Mas o dia também pode ficar mais comprido: quando o reservatório da usina hidrelétrica de Três Gargantas na China (o maior do mundo) estiver completamente cheio, os 40 km cúbicos de água devem também alterar o o volume de massa do planeta. Nesta vez, aumentando o dia em 0.06 microssegundo.
Do R7
O terremoto que chacoalhou 80% do território do Chile no último sábado, deixando mais de 700 mortos, pode ter alterado o eixo da Terra, fazendo com que os dias passem a ser mais curtos. A informação é baseada em um estudo feito pelo geofísico Richard Gross, do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa (agência espacial americana), que por meio de nota divulgada nesta terça-feira (2) confirmou o estudo preliminar.
Segundo uma simulação matemática, o eixo foi deslocado oito centímetros.
A mudança é mínima, mas permanente, segundo os cientistas americanos. Cálculos preliminares indicam que os dias ficarão 1,26 microssegundo mais curtos. Um microssegundo, no entanto, é a milionésima parte de um segundo. Portanto, é pouco provável que as pessoas lamentem ter menos tempo a partir de agora.
A simulação matemática feita por Gross nos avançados sistemas de computação mostram que o terremoto deslocou o eixo terrestre em cerca de oito centímetros. O eixo é a referência de equilíbrio do planeta em relação ao Sol.
Ele disse, porém, que novas análises do próprio terremoto podem alterar os números indicados em sua simulação.
O fenômeno apontado por Gross já consta no estudo de outro cientista da Nasa. Segundo pesquisa Benjamin Fong Chao, do Goddard Space Flight Center, "qualquer evento planetário que envolva o movimento das massas [terrestres] afeta a rotação da Terra". De acordo com estudos da Física, um forte terremoto desloca quantidades imensas de rocha, o que acaba alterando a distribuição da massa terrestre. Quando isso acontece, há um impacto direto na velocidade da rotação do planeta. Nesse caso, a Terra passa a dar uma volta em torno de si mesma de maneira mais rápida. Logo, o movimento de rotação (que dura 24 horas ou um dia) acaba ficando levemente mais rápido.
Não é a primeira vez que o dia fica mais curto por conta de um terremoto ou maremoto. O forte tremor de 9,1 graus de intensidade que deu origem ao tsunami que devastou países da Ásia em 2004 deixou o dia 6,4 microssegundos mais curto. Mas o dia também pode ficar mais comprido: quando o reservatório da usina hidrelétrica de Três Gargantas na China (o maior do mundo) estiver completamente cheio, os 40 km cúbicos de água devem também alterar o o volume de massa do planeta. Nesta vez, aumentando o dia em 0.06 microssegundo.
China mantém abordagem diplomática ao Irã
Da Reuters
Por Chris Buckley
PEQUIM (Reuters) - A China reiterou que a diplomacia é a melhor forma de resolver o impasse em torno do programa nuclear iraniano, enquanto diplomatas dos EUA chegavam a Pequim para discutir as ambições nucleares de Teerã e da Coreia do Norte.
O subsecretário de Estado James Steinberg é a principal autoridade dos EUA a visitar Pequim desde a onda de atritos entre os dois países por causa de questões relativas a censura na Internet, comércio, venda de armas a Taiwan e liberdades no Tibet.
Washington e outros governos ocidentais querem o apoio da China para novas sanções da ONU ao Irã, por causa das suspeitas de que o país estaria desenvolvendo armas nucleares -- intenção que Teerã nega reiteradamente possuir.
Dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, a China é o mais resistente ao uso de sanções contra o Irã, argumentando que a diplomacia poderia resolver a questão.
Qin Gang, porta-voz da chancelaria chinesa, sugeriu na terça-feira que Pequim vai levar o tempo que for necessário na negociação. "Acreditamos que ainda há margem para esforços diplomáticos, e que as partes envolvidas devem intensificar esses esforços", afirmou Qin a jornalistas.
Analistas e autoridades estrangeiras dizem que a China irá resistir a eventuais sanções que ameacem a oferta de petróleo e os investimentos chineses no Irã, mas a maioria acredita que Pequim aceitaria sanções mais "engessadas", com efeito mais simbólico do que prático.
O Irã foi no ano passado a terceira principal fonte de petróleo importado para a China.
De acordo com Philip Crowley, porta-voz do Departamento de Estado, Steinberg deve discutir também a questão da Coreia do Norte, cujo arsenal nuclear alarma os vizinhos do regime comunista e também os EUA.
Os cinco países envolvidos nas negociações nucleares com Pyongyang tentam retomar o processo, abandonado por iniciativa norte-coreana há um ano. Em geral, a Coreia do Norte impõe condições para retomar o diálogo, em especial o fim das sanções da ONU e uma negociação direta com Washington para a assinatura de um tratado que paz que substitua o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53).
Washington espera que a visita de Steinberg e do diretor de assuntos asiáticos do Conselho de Segurança Nacional, Jeffrey Bader, leve a uma melhora nas relações sino-americanas.
"Passamos por um caminho um pouco acidentado, e acho que há um interesse tanto dentro dos Estados Unidos quanto na China de normalizar as coisas assim que possível", disse Crowley a jornalistas.
Por Chris Buckley
PEQUIM (Reuters) - A China reiterou que a diplomacia é a melhor forma de resolver o impasse em torno do programa nuclear iraniano, enquanto diplomatas dos EUA chegavam a Pequim para discutir as ambições nucleares de Teerã e da Coreia do Norte.
O subsecretário de Estado James Steinberg é a principal autoridade dos EUA a visitar Pequim desde a onda de atritos entre os dois países por causa de questões relativas a censura na Internet, comércio, venda de armas a Taiwan e liberdades no Tibet.
Washington e outros governos ocidentais querem o apoio da China para novas sanções da ONU ao Irã, por causa das suspeitas de que o país estaria desenvolvendo armas nucleares -- intenção que Teerã nega reiteradamente possuir.
Dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, a China é o mais resistente ao uso de sanções contra o Irã, argumentando que a diplomacia poderia resolver a questão.
Qin Gang, porta-voz da chancelaria chinesa, sugeriu na terça-feira que Pequim vai levar o tempo que for necessário na negociação. "Acreditamos que ainda há margem para esforços diplomáticos, e que as partes envolvidas devem intensificar esses esforços", afirmou Qin a jornalistas.
Analistas e autoridades estrangeiras dizem que a China irá resistir a eventuais sanções que ameacem a oferta de petróleo e os investimentos chineses no Irã, mas a maioria acredita que Pequim aceitaria sanções mais "engessadas", com efeito mais simbólico do que prático.
O Irã foi no ano passado a terceira principal fonte de petróleo importado para a China.
De acordo com Philip Crowley, porta-voz do Departamento de Estado, Steinberg deve discutir também a questão da Coreia do Norte, cujo arsenal nuclear alarma os vizinhos do regime comunista e também os EUA.
Os cinco países envolvidos nas negociações nucleares com Pyongyang tentam retomar o processo, abandonado por iniciativa norte-coreana há um ano. Em geral, a Coreia do Norte impõe condições para retomar o diálogo, em especial o fim das sanções da ONU e uma negociação direta com Washington para a assinatura de um tratado que paz que substitua o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53).
Washington espera que a visita de Steinberg e do diretor de assuntos asiáticos do Conselho de Segurança Nacional, Jeffrey Bader, leve a uma melhora nas relações sino-americanas.
"Passamos por um caminho um pouco acidentado, e acho que há um interesse tanto dentro dos Estados Unidos quanto na China de normalizar as coisas assim que possível", disse Crowley a jornalistas.
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segunda-feira, 1 de março de 2010
Mauro Santayana: O impasse em Cuba e a arrogância de Madri
Do JB On Line
Em ‘Iogue e o Comissário’, Arthur Koestler discute o problema da desigualdade entre os homens e as teorias para combatê-la. O iogue – ideia que resume o humanismo de fundo ético – busca ajustar o coração do homem, lavá-lo das crostas do egoísmo, torná-lo limpo como o dos santos, para que o mundo volte a ser o paraíso. Os comissários, agentes políticos da esquerda, pensam de forma contrária: só com a mudança total da sociedade, mediante a ditadura dos oprimidos, os homens aprenderão a ser solidários.
As ideias revolucionárias de liberdade, igualdade e fraternidade surgem sempre com o iogue. Foram ideias rousseaunianas que derrubaram a Bastilha, depois de armar a guilhotina, que decapitou o rei e a rainha. A mesma lâmina cortou depois os pescoços dos iogues e comissários de 1792 e 1793, Danton, Robespierre, Saint-Just. Seja como for, há um terceiro caminho, mais seguro, para melhorar a sociedade e o homem: o paciente exercício da política.
A Ilha é um dos casos mais dramáticos de luta histórica pela autonomia política. Os espanhóis a mantiveram sob mão de ferro até que, vencidos pelos norte-americanos, entregaram-na ao destino de canavial e lupanar dos novos senhores, sob tiranetes que Washington sustentava e destituía, conforme interesses ocasionais. A Revolução de 1959, embora seu matiz esquerdista, não propunha aventuras radicais, mesmo contando com o iogue e comissário unidos na personalidade de Guevara. Seu objetivo inicial foi o saneamento imediato da ilha, com o julgamento implacável dos rufiões e criminosos do governo de Fulgencio Batista, e a independência econômica e política do país – submetido à tutela de Washington, desde a ocupação militar em 1898, e a Emenda Platt, de 1901. Quando Castro anunciou a nacionalização do refino do petróleo, a reação dos Estados Unidos não lhe deixou outro caminho que não o de buscar a ajuda soviética. O bloqueio posterior agravou a situação.
Por mais defendamos os êxitos sociais de Cuba e o seu direito à autodeterminação, o sistema envelheceu, e cresce a insatisfação interna. Nem por isso devemos aplaudir a histeria norte-americana e europeia diante da morte do opositor Zapata, que estava em greve de fome. O governo cubano, preocupado em deter a oposição, incentivada desde Miami, manteve-se duro e surdo, diante de uma morte praticamente anunciada.
O governo de Havana poderia ter libertado o prisioneiro e, mesmo como medida arbitrária, negociado o seu exílio. Enfrentaria, é certo, o show da imprensa internacional no endeusamento do herói da resistência, o que seria muito mais cômodo do que enfrentar a santificação do mártir.
Os espanhóis se esmeram na hipocrisia. Eles extinguiram os índios caribenhos e, em 1512, queimaram vivo o cacique taino Hatuey, que defendia a liberdade de seus povos. Mantiveram a colônia sob o jugo de seus señoritos durante 400 anos, com o terror e a ignorância. E tivemos em pleno século 20 os anos de franquismo, com a repressão contra os trabalhadores e intelectuais, o “garrote vil” e o fuzilamento sumário, não só durante o confronto de 1936-39 mas até os momentos finais do regime, em 1974 e 1975. Se há um povo, como povo, vítima preferencial do franquismo e da teimosia remanescente de Madri, é o basco – que já vivia nos Pireneus antes que os romanos e celtas chegassem. O que os franquistas fizeram, ao pedir aos alemães que bombardeassem sua cidade sagrada de Guernica, é um dos mais bárbaros crimes contra a Humanidade. Os bascos continuam lutando pela sua independência, sem que os espanhóis se disponham a negociar solução histórica para o problema.
O regime cubano se renova, na aceitação da atividade política republicana, ou corre o risco de fim melancólico. Mas as suas dificuldades não autorizam aos dirigentes espanhóis e americanos o tom arrogante e imperial em exigir de Havana a liberdade dos presos políticos. Antes disso, que soltem os seus, os muçulmanos que se encontram em Guantánamo, território cubano, e os bascos das prisões espanholas.
Como algozes históricos de Cuba, não têm autoridade moral para exprobrar o seu governo.
Em ‘Iogue e o Comissário’, Arthur Koestler discute o problema da desigualdade entre os homens e as teorias para combatê-la. O iogue – ideia que resume o humanismo de fundo ético – busca ajustar o coração do homem, lavá-lo das crostas do egoísmo, torná-lo limpo como o dos santos, para que o mundo volte a ser o paraíso. Os comissários, agentes políticos da esquerda, pensam de forma contrária: só com a mudança total da sociedade, mediante a ditadura dos oprimidos, os homens aprenderão a ser solidários.
As ideias revolucionárias de liberdade, igualdade e fraternidade surgem sempre com o iogue. Foram ideias rousseaunianas que derrubaram a Bastilha, depois de armar a guilhotina, que decapitou o rei e a rainha. A mesma lâmina cortou depois os pescoços dos iogues e comissários de 1792 e 1793, Danton, Robespierre, Saint-Just. Seja como for, há um terceiro caminho, mais seguro, para melhorar a sociedade e o homem: o paciente exercício da política.
A Ilha é um dos casos mais dramáticos de luta histórica pela autonomia política. Os espanhóis a mantiveram sob mão de ferro até que, vencidos pelos norte-americanos, entregaram-na ao destino de canavial e lupanar dos novos senhores, sob tiranetes que Washington sustentava e destituía, conforme interesses ocasionais. A Revolução de 1959, embora seu matiz esquerdista, não propunha aventuras radicais, mesmo contando com o iogue e comissário unidos na personalidade de Guevara. Seu objetivo inicial foi o saneamento imediato da ilha, com o julgamento implacável dos rufiões e criminosos do governo de Fulgencio Batista, e a independência econômica e política do país – submetido à tutela de Washington, desde a ocupação militar em 1898, e a Emenda Platt, de 1901. Quando Castro anunciou a nacionalização do refino do petróleo, a reação dos Estados Unidos não lhe deixou outro caminho que não o de buscar a ajuda soviética. O bloqueio posterior agravou a situação.
Por mais defendamos os êxitos sociais de Cuba e o seu direito à autodeterminação, o sistema envelheceu, e cresce a insatisfação interna. Nem por isso devemos aplaudir a histeria norte-americana e europeia diante da morte do opositor Zapata, que estava em greve de fome. O governo cubano, preocupado em deter a oposição, incentivada desde Miami, manteve-se duro e surdo, diante de uma morte praticamente anunciada.
O governo de Havana poderia ter libertado o prisioneiro e, mesmo como medida arbitrária, negociado o seu exílio. Enfrentaria, é certo, o show da imprensa internacional no endeusamento do herói da resistência, o que seria muito mais cômodo do que enfrentar a santificação do mártir.
Os espanhóis se esmeram na hipocrisia. Eles extinguiram os índios caribenhos e, em 1512, queimaram vivo o cacique taino Hatuey, que defendia a liberdade de seus povos. Mantiveram a colônia sob o jugo de seus señoritos durante 400 anos, com o terror e a ignorância. E tivemos em pleno século 20 os anos de franquismo, com a repressão contra os trabalhadores e intelectuais, o “garrote vil” e o fuzilamento sumário, não só durante o confronto de 1936-39 mas até os momentos finais do regime, em 1974 e 1975. Se há um povo, como povo, vítima preferencial do franquismo e da teimosia remanescente de Madri, é o basco – que já vivia nos Pireneus antes que os romanos e celtas chegassem. O que os franquistas fizeram, ao pedir aos alemães que bombardeassem sua cidade sagrada de Guernica, é um dos mais bárbaros crimes contra a Humanidade. Os bascos continuam lutando pela sua independência, sem que os espanhóis se disponham a negociar solução histórica para o problema.
O regime cubano se renova, na aceitação da atividade política republicana, ou corre o risco de fim melancólico. Mas as suas dificuldades não autorizam aos dirigentes espanhóis e americanos o tom arrogante e imperial em exigir de Havana a liberdade dos presos políticos. Antes disso, que soltem os seus, os muçulmanos que se encontram em Guantánamo, território cubano, e os bascos das prisões espanholas.
Como algozes históricos de Cuba, não têm autoridade moral para exprobrar o seu governo.
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PT quer 500 mil "guerrilheiros virtuais" em ações pró-Dilma
Do Vermelho.org
O PT prepara uma operação de guerra na internet a fim de dar fôlego à campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ideia é municiar com textos, áudios e vídeos os 518.912 filiados que participaram, em novembro de 2009, das eleições internas do partido. Eles terão a missão de reproduzir e distribuir o material de propaganda em blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter e Google Buzz. Uma das prioridades do novo secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR), a estratégia tenta transplantar para o mundo virtual a base social da legenda, considerada um dos trunfos na ofensiva para derrotar o PSDB na sucessão presidencial.
“O PT já conta com uma imensa base social, ao contrário dos tucanos. A nossa militância tem discurso e será estimulada a divulgá-lo”, diz Vargas. “Vamos trabalhar fortemente na internet. O Twitter, por exemplo, pauta a mídia e é um instrumento formador de opinião.” A direção nacional petista ainda não sabe como tirar o plano do papel. Nem sequer tem orçamento definido para tanto. O valor dependerá do desempenho na arrecadação de doações eleitorais. Há, no entanto, propostas à mesa. Vargas prevê a criação de milhares de comitês virtuais, que teriam a tarefa de adaptar o discurso nacional às realidades regionais.
Cogita, ainda, montar estruturas físicas que seriam usadas pelos filiados para inundar as redes sociais de elogios a Dilma e críticas ao concorrente da oposição na disputa pela Presidência da República — provavelmente, o governador de São Paulo, José Serra. “A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação”, afirma Vargas. A menção do deputado à contrainformação não é à toa. O páreo presidencial deste ano tende a ser acirrado e de baixo nível, segundo governistas e oposicionistas.
Marqueteiro de Lula e de Dilma, João Santana manterá a linha “paz e amor” na propaganda da ministra. Reforçará as realizações da gestão petista, comparando-a com os oitos anos de mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, e apresentará propostas para acelerar o ritmo da suposta herança bendita deixada pelo atual presidente.
Em outubro do ano passado, o PT lançou um novo portal na internet, com emissora de rádio e canal de televisão. O projeto custou cerca de R$ 600 mil ao partido. Além disso, há previsão de um custo mensal de R$ 60 mil com a manutenção do espaço virtual. Segundo o deputado federal André Vargas (PR), 30 mil pessoas assistiram a trechos do discurso de Dilma Rousseff em 20 de fevereiro, quando a ministra foi aclamada candidata da sigla à Presidência da República. O dado seria uma das provas do acerto da legenda ao apostar na rede mundial de computadores.
PSDB também investe pesado na internet
Não apenas o PT, mas também o PSDB está se armando para uma verdadeira "guerra virtual" na campanha presidencial de 2010.
Embora a candidatura de José Serra ainda não tenha sido formalizada, a estrutura de pré-campanha que o PSDB está montando tem a cara e a chancela, em todas as áreas, do governador de São Paulo.
Sem uma militância organizada e engajada como a do PT, o PSDB aposta numa estratégia de comunicação on-line --a cargo da Loops Mobilização Social-- e já convidou um especialista em marketing digital para a coordenação das ações dos tucanos na internet.
Os dois foram avalizados por Serra. Além do desafio de mobilização de militantes para um partido nascido da vida parlamentar, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet, com especial atenção na conversação no ambiente das redes sociais.
Recém-criada por quatro jovens --entre eles, Arnon de Mello, filho do senador Fernando Collor--, a Loops vai atuar sob a coordenação do empresário Sérgio Caruso, da agência Sinc.
A Loops já tem experiência em trabalhos com partidos políticos, pois trabalhou para o PV em 2008 e também deve cuidar da estratégia de mobilização na web da campanha de Fernando Gabeira ao governo do Rio.
Segundo o secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge Caldeira Pereira, Caruso deverá "gerenciar o projeto de atuação na internet". O PSDB não informou o valor dos contratos.
Há um mês, o partido exibe, em caráter experimental, um blog com munição para militantes. Batizado de "Brasil é com S", oferece argumentos para o debate político.
Isso explica, em boa medida, a preocupação quase nula com o visual: o blog prioriza conteúdo informativo sobre os governos Serra, em São Paulo, e, na esfera federal, FHC e Lula. Os textos são publicados na página em categorias como "Bolsa Família" e "Mensalão".
Desde o ano passado, o PSDB leva ao ar o site "Gente que Mente", sob a responsabilidade da jornalista Cila Schulman. Secretária de comunicação dos governos de Jaime Lerner, no Paraná, Schulman também foi contratada pelo PSDB --o domínio de internet está registrado em nome do próprio partido, o que é bastante raro.Essas contratações aconteceram à revelia do jornalista Luiz Gonzalez, cotado para assumir a coordenação de comunicação da campanha de Serra.
Em agosto de 2009, o PSDB já havia feito um outro investimento alto na comunicação online, com a criação do site tucano.org.br, mas parece que a iniciativa ainda não gerou os frutos que o partido esperava ( leia mais em PSDB paulista lança 'megaportal' para ajudar Serra em 2010 ).
Da redação, com informações do Correio Braziliense
O PT prepara uma operação de guerra na internet a fim de dar fôlego à campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ideia é municiar com textos, áudios e vídeos os 518.912 filiados que participaram, em novembro de 2009, das eleições internas do partido. Eles terão a missão de reproduzir e distribuir o material de propaganda em blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter e Google Buzz. Uma das prioridades do novo secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR), a estratégia tenta transplantar para o mundo virtual a base social da legenda, considerada um dos trunfos na ofensiva para derrotar o PSDB na sucessão presidencial.
“O PT já conta com uma imensa base social, ao contrário dos tucanos. A nossa militância tem discurso e será estimulada a divulgá-lo”, diz Vargas. “Vamos trabalhar fortemente na internet. O Twitter, por exemplo, pauta a mídia e é um instrumento formador de opinião.” A direção nacional petista ainda não sabe como tirar o plano do papel. Nem sequer tem orçamento definido para tanto. O valor dependerá do desempenho na arrecadação de doações eleitorais. Há, no entanto, propostas à mesa. Vargas prevê a criação de milhares de comitês virtuais, que teriam a tarefa de adaptar o discurso nacional às realidades regionais.
Cogita, ainda, montar estruturas físicas que seriam usadas pelos filiados para inundar as redes sociais de elogios a Dilma e críticas ao concorrente da oposição na disputa pela Presidência da República — provavelmente, o governador de São Paulo, José Serra. “A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação”, afirma Vargas. A menção do deputado à contrainformação não é à toa. O páreo presidencial deste ano tende a ser acirrado e de baixo nível, segundo governistas e oposicionistas.
Marqueteiro de Lula e de Dilma, João Santana manterá a linha “paz e amor” na propaganda da ministra. Reforçará as realizações da gestão petista, comparando-a com os oitos anos de mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, e apresentará propostas para acelerar o ritmo da suposta herança bendita deixada pelo atual presidente.
Em outubro do ano passado, o PT lançou um novo portal na internet, com emissora de rádio e canal de televisão. O projeto custou cerca de R$ 600 mil ao partido. Além disso, há previsão de um custo mensal de R$ 60 mil com a manutenção do espaço virtual. Segundo o deputado federal André Vargas (PR), 30 mil pessoas assistiram a trechos do discurso de Dilma Rousseff em 20 de fevereiro, quando a ministra foi aclamada candidata da sigla à Presidência da República. O dado seria uma das provas do acerto da legenda ao apostar na rede mundial de computadores.
PSDB também investe pesado na internet
Não apenas o PT, mas também o PSDB está se armando para uma verdadeira "guerra virtual" na campanha presidencial de 2010.
Embora a candidatura de José Serra ainda não tenha sido formalizada, a estrutura de pré-campanha que o PSDB está montando tem a cara e a chancela, em todas as áreas, do governador de São Paulo.
Sem uma militância organizada e engajada como a do PT, o PSDB aposta numa estratégia de comunicação on-line --a cargo da Loops Mobilização Social-- e já convidou um especialista em marketing digital para a coordenação das ações dos tucanos na internet.
Os dois foram avalizados por Serra. Além do desafio de mobilização de militantes para um partido nascido da vida parlamentar, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet, com especial atenção na conversação no ambiente das redes sociais.
Recém-criada por quatro jovens --entre eles, Arnon de Mello, filho do senador Fernando Collor--, a Loops vai atuar sob a coordenação do empresário Sérgio Caruso, da agência Sinc.
A Loops já tem experiência em trabalhos com partidos políticos, pois trabalhou para o PV em 2008 e também deve cuidar da estratégia de mobilização na web da campanha de Fernando Gabeira ao governo do Rio.
Segundo o secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge Caldeira Pereira, Caruso deverá "gerenciar o projeto de atuação na internet". O PSDB não informou o valor dos contratos.
Há um mês, o partido exibe, em caráter experimental, um blog com munição para militantes. Batizado de "Brasil é com S", oferece argumentos para o debate político.
Isso explica, em boa medida, a preocupação quase nula com o visual: o blog prioriza conteúdo informativo sobre os governos Serra, em São Paulo, e, na esfera federal, FHC e Lula. Os textos são publicados na página em categorias como "Bolsa Família" e "Mensalão".
Desde o ano passado, o PSDB leva ao ar o site "Gente que Mente", sob a responsabilidade da jornalista Cila Schulman. Secretária de comunicação dos governos de Jaime Lerner, no Paraná, Schulman também foi contratada pelo PSDB --o domínio de internet está registrado em nome do próprio partido, o que é bastante raro.Essas contratações aconteceram à revelia do jornalista Luiz Gonzalez, cotado para assumir a coordenação de comunicação da campanha de Serra.
Em agosto de 2009, o PSDB já havia feito um outro investimento alto na comunicação online, com a criação do site tucano.org.br, mas parece que a iniciativa ainda não gerou os frutos que o partido esperava ( leia mais em PSDB paulista lança 'megaportal' para ajudar Serra em 2010 ).
Da redação, com informações do Correio Braziliense
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Internacional: Pesquisadores apontam grandes cidades como zonas propensas a terremotos e novas tragédias
Do New York Times
(Portal UOL)
Andrew C. Revkin
Em Istambul (Turquia)Enquanto investiga as ruas desta ampla megacidade, Mustafa Erdik, o diretor de um instituto de engenharia de terremotos daqui, diz que às vezes se sente como um médico diagnosticando uma ala lotada de hospital.
Não se trata tanto do lado moderno da cidade, onde duas Torres Trump reluzentes e um imenso terminal de aeroporto foram construídos para suportar um grande terremoto, que é considerado inevitável nas próximas poucas décadas. Erdik também não agoniza a respeito dos monumentos antigos de Istambul, cujas paredes de vários metros de espessura já suportaram mais de uma dúzia de golpes sísmicos potentes ao longo dos últimos dois milênios.
Sua maior preocupação é com as dezenas de milhares de prédios por toda a cidade, erguidos com pressa, despreparados e não inspecionados, à medida que a população saltava de 1 milhão para 10 milhões em apenas 50 anos, o que alguns sismólogos chamam de “escombros à espera”.
“Os terremotos sempre encontram o ponto mais fraco”, disse Erdik, um professor da Universidade de Bogazici daqui.
Istambul é uma das várias cidades ameaçadas por terremotos no mundo em desenvolvimento onde as populações cresceram mais rapidamente do que a capacidade de fornecer moradias seguras, as deixando propensas a um desastre de um tamanho que poderia, em alguns casos, ultrapassar a devastação causada pelo terremoto do mês passado no Haiti.
Roger Bilham, um sismólogo da Universidade do Colorado que passou décadas estudando grandes terremotos ao redor do mundo, incluindo o recente sismo no Haiti, disse que a crescente população urbana do planeta, projetada para aumentar em mais 2 bilhões de pessoas até meados do século, exigindo 1 bilhão de moradias, enfrenta “uma arma de destruição em massa não reconhecida: as moradias”.
Sem grandes esforços para mudar as práticas de construção e educar as pessoas, de prefeitos a pedreiros, sobre formas simples de reforçar as estruturas, ele disse, a tragédia do Haiti quase certamente será superada em algum momento deste século, quando um grande terremoto atingir Karachi, no Paquistão; Katmandu, no Nepal; Lima, no Peru; ou qualquer uma de uma longa lista de grandes cidades pobres que inevitavelmente enfrentarão grandes terremotos.
Em Teerã, a capital do Irã, Bilham calculou que 1 milhão de pessoas poderiam morrer em um terremoto previsto, semelhante em intensidade ao do Haiti, que o governo haitiano estima que matou 230 mil pessoas. (Alguns geólogos iranianos pressionam seu governo há décadas para mudar a capital, devido ao ninho de falhas geológicas ao seu redor.)
Quanto a Istambul, um estudo liderado por Erdik mapeou uma situação na qual um terremoto poderia matar de 30 mil a 40 mil pessoas e ferir gravemente 120 mil.
A cidade está repleta de prédios com falhas gritantes, como andares térreos com paredes ou colunas removidas para abrir espaço para vitrines de lojas, ou uma sucessão de acréscimos de novos andares ilegais a cada período eleitoral, com base na suposição de que as autoridades locais farão vista grossa. Em muitos prédios, os andares superiores se equilibram precariamente sobre a calçada, tirando proveito de um velho processo de permissão que rege apenas a base do prédio.
Repetindo a posição de outros engenheiros e planejadores que tentam reduzir a vulnerabilidade de Istambul, Erdik disse que a melhor esperança, considerando a escala do problema, seria a de um progresso econômico acontecer rápido o suficiente a ponto dos proprietários de imóveis substituírem os piores imóveis, já existentes, antes do chão tremer.
“Se o sismo nos der algum tempo, nós podemos reduzir as perdas com a simples rotatividade”, disse Erdik. “Se acontecer amanhã, haverá um número imenso de mortes.”
Mas quando um terremoto potente ocorreu a 80 quilômetros de distância em 1999, matando mais de 18 mil pessoas, incluindo 1.000 nos arredores de Istambul, a cidade foi lembrada de que o tempo pode não estar ao seu lado. Aquele terremoto ocorreu na falha Anatólia Norte, que passa sob o Mar de Mármara, a poucos quilômetros da zona sul densamente povoada da cidade.
A falha, que é muito semelhante à de San Andreas na Califórnia, parece ter um padrão de sismos sucessivos, o que significa que um provavelmente ocorrerá no trecho próximo de Istambul, disse Tom Parsons, que estudou a falha para o Levantamento Geológico dos Estados Unidos.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2010/02/25/pesquisadores-apontam-grandes-cidades-como-zonas-propensas-a-terremotos-e-novas-tragedias.jhtm
(Portal UOL)
Andrew C. Revkin
Em Istambul (Turquia)Enquanto investiga as ruas desta ampla megacidade, Mustafa Erdik, o diretor de um instituto de engenharia de terremotos daqui, diz que às vezes se sente como um médico diagnosticando uma ala lotada de hospital.
Não se trata tanto do lado moderno da cidade, onde duas Torres Trump reluzentes e um imenso terminal de aeroporto foram construídos para suportar um grande terremoto, que é considerado inevitável nas próximas poucas décadas. Erdik também não agoniza a respeito dos monumentos antigos de Istambul, cujas paredes de vários metros de espessura já suportaram mais de uma dúzia de golpes sísmicos potentes ao longo dos últimos dois milênios.
Sua maior preocupação é com as dezenas de milhares de prédios por toda a cidade, erguidos com pressa, despreparados e não inspecionados, à medida que a população saltava de 1 milhão para 10 milhões em apenas 50 anos, o que alguns sismólogos chamam de “escombros à espera”.
“Os terremotos sempre encontram o ponto mais fraco”, disse Erdik, um professor da Universidade de Bogazici daqui.
Istambul é uma das várias cidades ameaçadas por terremotos no mundo em desenvolvimento onde as populações cresceram mais rapidamente do que a capacidade de fornecer moradias seguras, as deixando propensas a um desastre de um tamanho que poderia, em alguns casos, ultrapassar a devastação causada pelo terremoto do mês passado no Haiti.
Roger Bilham, um sismólogo da Universidade do Colorado que passou décadas estudando grandes terremotos ao redor do mundo, incluindo o recente sismo no Haiti, disse que a crescente população urbana do planeta, projetada para aumentar em mais 2 bilhões de pessoas até meados do século, exigindo 1 bilhão de moradias, enfrenta “uma arma de destruição em massa não reconhecida: as moradias”.
Sem grandes esforços para mudar as práticas de construção e educar as pessoas, de prefeitos a pedreiros, sobre formas simples de reforçar as estruturas, ele disse, a tragédia do Haiti quase certamente será superada em algum momento deste século, quando um grande terremoto atingir Karachi, no Paquistão; Katmandu, no Nepal; Lima, no Peru; ou qualquer uma de uma longa lista de grandes cidades pobres que inevitavelmente enfrentarão grandes terremotos.
Em Teerã, a capital do Irã, Bilham calculou que 1 milhão de pessoas poderiam morrer em um terremoto previsto, semelhante em intensidade ao do Haiti, que o governo haitiano estima que matou 230 mil pessoas. (Alguns geólogos iranianos pressionam seu governo há décadas para mudar a capital, devido ao ninho de falhas geológicas ao seu redor.)
Quanto a Istambul, um estudo liderado por Erdik mapeou uma situação na qual um terremoto poderia matar de 30 mil a 40 mil pessoas e ferir gravemente 120 mil.
A cidade está repleta de prédios com falhas gritantes, como andares térreos com paredes ou colunas removidas para abrir espaço para vitrines de lojas, ou uma sucessão de acréscimos de novos andares ilegais a cada período eleitoral, com base na suposição de que as autoridades locais farão vista grossa. Em muitos prédios, os andares superiores se equilibram precariamente sobre a calçada, tirando proveito de um velho processo de permissão que rege apenas a base do prédio.
Repetindo a posição de outros engenheiros e planejadores que tentam reduzir a vulnerabilidade de Istambul, Erdik disse que a melhor esperança, considerando a escala do problema, seria a de um progresso econômico acontecer rápido o suficiente a ponto dos proprietários de imóveis substituírem os piores imóveis, já existentes, antes do chão tremer.
“Se o sismo nos der algum tempo, nós podemos reduzir as perdas com a simples rotatividade”, disse Erdik. “Se acontecer amanhã, haverá um número imenso de mortes.”
Mas quando um terremoto potente ocorreu a 80 quilômetros de distância em 1999, matando mais de 18 mil pessoas, incluindo 1.000 nos arredores de Istambul, a cidade foi lembrada de que o tempo pode não estar ao seu lado. Aquele terremoto ocorreu na falha Anatólia Norte, que passa sob o Mar de Mármara, a poucos quilômetros da zona sul densamente povoada da cidade.
A falha, que é muito semelhante à de San Andreas na Califórnia, parece ter um padrão de sismos sucessivos, o que significa que um provavelmente ocorrerá no trecho próximo de Istambul, disse Tom Parsons, que estudou a falha para o Levantamento Geológico dos Estados Unidos.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2010/02/25/pesquisadores-apontam-grandes-cidades-como-zonas-propensas-a-terremotos-e-novas-tragedias.jhtm
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domingo, 28 de fevereiro de 2010
Os Direitos Humanos em Cuba
Da Folha de São Paulo
JANIO DE FREITAS
Cuba e seus amigos
Um dos problemas de Cuba são os seus simpatizantes, que colaborariam com menos conformismo
ALÉM de patéticos, inverdadeiros – estes foram os atributos que Lula e outros de sua comitiva preferiram para os seus comentários sobre a morte, por greve de fome, de um oposicionista ao regime cubano. E pior ainda, consideradas suas intenções, desceram ao grotesco convictos de que prestavam uma colaboração importante aos líderes e ao governo de Cuba.
A situação, é verdade, era difícil para a comitiva, que chegava a Havana na condição de convidada, para uma visita de cordialidades. E foi recebida, também, pela coincidente morte do oposicionista Orlando Zapata – por outra coincidência, não um intelectual ou acadêmico, mas um operário que decidira aderir à militância política na oposição e em nome de mais direitos civis.
A segunda dificuldade, muito maior, não era exclusiva dos visitantes. É generalizada. Trata-se do complicado problema dos direitos civis cubanos, dos quais deriva o tão questionado problema dos direitos humanos. Na mesma conjuntura em que a liberdade de imprensa convencional é inexistente, uma cubana faz grande sucesso no Ocidente com seu blog de oposição fortíssima feito em Havana (no dia da morte de Zapata, o blog transmitiu uma entrevista da mãe do oposicionista, com graves e não respondidas acusações ao governo).
O regime de partido único não admite, e pune com severidade, toda prática de política institucional fora do Partido Comunista. Mas comissões de iniciativa da população, de sentido oposicionista, são inúmeras. Inclusive comissões de direitos humanos, como a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, liderada por Elizardo Sánchez, alcançável sem maior embaraço por telefonema do exterior. E por aí vai, em uma composição de possíveis e proibidos só compreensível, se for, pelos próprios cubanos.
Para maior complicação, dos cerca de 200 presos políticos que indicam haver em Cuba, entidades especializadas qualificam pouco mais de 50 como presos de consciência. Em que sentido os outros são presos políticos, que espécie de crime político praticaram, digamos, sem envolver sua consciência política? Pode-se argumentar que isso não importa, bastando a existência de presos políticos para configurar o regime de repressão aos direitos civis. Ainda assim, a complexidade persiste, tanto mais que o governo cubano é muito parcimonioso, quando não é silencioso de todo, a respeito dos atos dos réus e de comprovações que eliminassem suspeitas de abusos repressivos.
Na própria condição de visitantes, porém, estava a resposta honesta, e diplomaticamente correta, de Lula e de sua comitiva. Algo fácil como “estamos aqui na condição de convidados, e não nos cabem considerações sobre eventos internos, nem temos informações sobre as peculiaridades desse fato”. Em vez disso, Lula preferiu uma segunda condenação a Orlando Zapata: “Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome”. Um estúpido, portanto.
E “morrer por uma greve de fome”? Não seria pelo acréscimo de 36 anos de cadeia uma vez cumprida a sua pena de 3 anos? E o porquê desse acréscimo tem muita importância: se não matou ninguém com meios bárbaros, e disso não foi acusado, o que pode ter feito esse preso dentro da cadeia para mais 36 anos de condenação, o restante de sua vida? Disseram que agrediu carcereiros e foi sempre agitador. Uma sentença de 36 anos, para o que o Orlando Zapata tenha feito na cadeia sem haver crime de morte, vale como demonstração da perda de senso e medida do regime cubano para assegurar-se sua sobrevivência.
Adendo de Lula a si mesmo, já em outras circunstâncias: “Eu aprendi que não se deve dar palpite sobre outros países, porque às vezes a gente mete o dedo onde não deve”. Mas na véspera, quando ainda em Cuba: “Estou convencido de que o presidente Obama (…) deveria tomar essa decisão”, de acabar com o bloqueio a Cuba. “Uma coisa que tenho dito (…) é que ele não tem que fazer nada mais do que fez o povo americano, que teve a ousadia de votar no Obama. É essa ousadia do povo americano que permite que ele seja ousado e resolva o problema do embargo”.
E, não por acaso, logo tínhamos a notícia de que “Lula vai conversar sobre direitos humanos no Irã”. O que tem coerência com o comunicado do seu governo em plena ONU, assim como a atitude do seu ministro do Exterior na Espanha, de que o Brasil intercedeu junto a Ahmadinejad para que “o governo iraniano dialogue de modo respeitoso com os dissidentes e minorias” sob repressão no Irã.
Como complemento, o assessor especial Marco Aurélio Garcia, em negação à sua capacidade, bastou-se em dizer, sobre o assunto Zapata, que “em todos os países há desrespeito a direitos humanos”. E o que isso justifica ou, vá lá, explica? Há de tudo pelo mundo afora, e por isso tudo está bem, e é aceitável ao menos pelo indignado Marco Aurélio Garcia?
Um dos problemas de Cuba são os seus simpatizantes. Muito mais colaborariam com menos conformismo e com visões mais abertas e íntegras, para juntar às vistas isoladas e cansadas dos cubanos.
https://acesso.uol.com.br/login.html?dest=CONTENT&url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2802201006.htm&COD_PRODUTO=7
JANIO DE FREITAS
Cuba e seus amigos
Um dos problemas de Cuba são os seus simpatizantes, que colaborariam com menos conformismo
ALÉM de patéticos, inverdadeiros – estes foram os atributos que Lula e outros de sua comitiva preferiram para os seus comentários sobre a morte, por greve de fome, de um oposicionista ao regime cubano. E pior ainda, consideradas suas intenções, desceram ao grotesco convictos de que prestavam uma colaboração importante aos líderes e ao governo de Cuba.
A situação, é verdade, era difícil para a comitiva, que chegava a Havana na condição de convidada, para uma visita de cordialidades. E foi recebida, também, pela coincidente morte do oposicionista Orlando Zapata – por outra coincidência, não um intelectual ou acadêmico, mas um operário que decidira aderir à militância política na oposição e em nome de mais direitos civis.
A segunda dificuldade, muito maior, não era exclusiva dos visitantes. É generalizada. Trata-se do complicado problema dos direitos civis cubanos, dos quais deriva o tão questionado problema dos direitos humanos. Na mesma conjuntura em que a liberdade de imprensa convencional é inexistente, uma cubana faz grande sucesso no Ocidente com seu blog de oposição fortíssima feito em Havana (no dia da morte de Zapata, o blog transmitiu uma entrevista da mãe do oposicionista, com graves e não respondidas acusações ao governo).
O regime de partido único não admite, e pune com severidade, toda prática de política institucional fora do Partido Comunista. Mas comissões de iniciativa da população, de sentido oposicionista, são inúmeras. Inclusive comissões de direitos humanos, como a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, liderada por Elizardo Sánchez, alcançável sem maior embaraço por telefonema do exterior. E por aí vai, em uma composição de possíveis e proibidos só compreensível, se for, pelos próprios cubanos.
Para maior complicação, dos cerca de 200 presos políticos que indicam haver em Cuba, entidades especializadas qualificam pouco mais de 50 como presos de consciência. Em que sentido os outros são presos políticos, que espécie de crime político praticaram, digamos, sem envolver sua consciência política? Pode-se argumentar que isso não importa, bastando a existência de presos políticos para configurar o regime de repressão aos direitos civis. Ainda assim, a complexidade persiste, tanto mais que o governo cubano é muito parcimonioso, quando não é silencioso de todo, a respeito dos atos dos réus e de comprovações que eliminassem suspeitas de abusos repressivos.
Na própria condição de visitantes, porém, estava a resposta honesta, e diplomaticamente correta, de Lula e de sua comitiva. Algo fácil como “estamos aqui na condição de convidados, e não nos cabem considerações sobre eventos internos, nem temos informações sobre as peculiaridades desse fato”. Em vez disso, Lula preferiu uma segunda condenação a Orlando Zapata: “Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome”. Um estúpido, portanto.
E “morrer por uma greve de fome”? Não seria pelo acréscimo de 36 anos de cadeia uma vez cumprida a sua pena de 3 anos? E o porquê desse acréscimo tem muita importância: se não matou ninguém com meios bárbaros, e disso não foi acusado, o que pode ter feito esse preso dentro da cadeia para mais 36 anos de condenação, o restante de sua vida? Disseram que agrediu carcereiros e foi sempre agitador. Uma sentença de 36 anos, para o que o Orlando Zapata tenha feito na cadeia sem haver crime de morte, vale como demonstração da perda de senso e medida do regime cubano para assegurar-se sua sobrevivência.
Adendo de Lula a si mesmo, já em outras circunstâncias: “Eu aprendi que não se deve dar palpite sobre outros países, porque às vezes a gente mete o dedo onde não deve”. Mas na véspera, quando ainda em Cuba: “Estou convencido de que o presidente Obama (…) deveria tomar essa decisão”, de acabar com o bloqueio a Cuba. “Uma coisa que tenho dito (…) é que ele não tem que fazer nada mais do que fez o povo americano, que teve a ousadia de votar no Obama. É essa ousadia do povo americano que permite que ele seja ousado e resolva o problema do embargo”.
E, não por acaso, logo tínhamos a notícia de que “Lula vai conversar sobre direitos humanos no Irã”. O que tem coerência com o comunicado do seu governo em plena ONU, assim como a atitude do seu ministro do Exterior na Espanha, de que o Brasil intercedeu junto a Ahmadinejad para que “o governo iraniano dialogue de modo respeitoso com os dissidentes e minorias” sob repressão no Irã.
Como complemento, o assessor especial Marco Aurélio Garcia, em negação à sua capacidade, bastou-se em dizer, sobre o assunto Zapata, que “em todos os países há desrespeito a direitos humanos”. E o que isso justifica ou, vá lá, explica? Há de tudo pelo mundo afora, e por isso tudo está bem, e é aceitável ao menos pelo indignado Marco Aurélio Garcia?
Um dos problemas de Cuba são os seus simpatizantes. Muito mais colaborariam com menos conformismo e com visões mais abertas e íntegras, para juntar às vistas isoladas e cansadas dos cubanos.
https://acesso.uol.com.br/login.html?dest=CONTENT&url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2802201006.htm&COD_PRODUTO=7
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