sábado, 1 de maio de 2010

A Manchete da Folha de São Paulo que sumiu


Deu no blog do Brizola Neto que a Folha de São Paulo, logo cedo, publicou uma determinada manchete. Depois, a manchete foi suprimida. Vocês imaginam que manchete foi essa?

Em tempo: o Luis Nassif deu a seguinte explicação -
Ontem circularam muitas notas mostrando que a Folha tinha mudado a manchete, colocando aquela sobre aumento dos crimes em São Paulo apenas na edição paulista.
Passou a impressão que a suprimiu na edição nacional.
Apenas uma dica. No fechamento do jornal, entra primeiro a edição nacional – enviada para locais mais distantes. O segundo fechamento se destina a São Paulo, com notícias mais frescas.
Logo, foi a manchete sobre o aumento dos crimes em São Paulo que substituiu a outra manchete – e não o contrário.

Ópera Mundi: Decisão do STF fulmina chance do Brasil no Conselho de Segurança, diz jurista

Da Agência Brasil

O jurista Fábio Konder Comparato, que formulou ação contestando a Lei da Anistia (Lei 6.683/79), acredita que a decisão de não revisar a legislação que perdoou crimes comuns cometidos por agentes do Estado durante o período militar é um “escândalo internacional”. Na quinta-feira (29/4), o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou a ação proposta pelo Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

“O Brasil é um país de duas faces. Lá no exterior, nós somos civilizados e respeitadores dos direitos humanos, sorridentes e cordiais. Por dentro, nós somos de um egoísmo feroz”, analisou. “Isso é um escândalo internacional. Nós somos o único país da América Latina que não julgou inválidas essas anistias.”

No Peru e no Chile, as leis de anistia foram revistas após julgamento na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Comparato acredita que o Estado brasileiro será condenado, na Corte Interamericana de Direitos Humanos, por causa da prisão arbitrária, tortura e desaparecimento de 70 pessoas na Guerrilha do Araguaia, na década de 1970. O julgamento na Corte está previsto para os dias 20 e 21 de maio.

Na avaliação do jurista, a condenação na Corte vai afetar pretensões da chancelaria brasileira. “Com isso cai por terra todo o projeto do Itamaraty de fazer com que o Brasil ocupe uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.”

Para Criméia Almeida, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos de São Paulo, o resultado do julgamento “era esperado”. “O Poder Judiciário tem a postura a favor da impunidade”, afirmou.

Segundo ela, a decisão de ontem “faz o que o João Batista de Oliveira Figueiredo [último presidente militar, que assinou a Lei da Anistia] não teve coragem de fazer”. “O ex-presidente foi mais dissimulado. A lei não diz que estão anistiados quem cometeu crime comum.”

Para o presidente do Clube Militar, general Gilberto Barbosa de Figueiredo, o Supremo não poderia tomar outra decisão. Em sua opinião, “ficaria complicado” rever o alcance da Lei da Anistia. “Seria uma reviravolta”, comentou.

O relatório da OEA, acatando a denúncia apresentado pela seção brasileira do CEJIL/Brasil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional) e pela HRWA (Human Rights Watch/Americas), está disponível aqui.

BBC Brasil: Mancha de petróleo nos EUA triplicou nos últimos dias, dizem cientistas



A mancha de petróleo que atinge o Golfo do México e a costa do sul dos Estados Unidos triplicou de tamanho nos últimos dias, segundo análise de imagens de satélite feita por cientistas da Universidade de Miami neste sábado.
Hans Graber, do Departamento de Física Marinha Aplicada da Universidade, disse à BBC que as imagens foram realizadas entre os dias 26 e 29 de abril.
Ventos fortes e águas agitadas estão dificultando os trabalhos para controlar a mancha, provocada por um vazamento ocorrido depois que uma plataforma de perfuração de petróleo explodiu e afundou no mar.
Acredita-se que o equivalente a até 5 mil barris de petróleo estejam vazando para o mar a cada dia, desde o desastre, no dia 20 de abril.
A Guarda Costeira tenta conter o avanço da mancha usando milhares de metros de barreiras absorventes colocadas no mar do Golfo do México, mas as marés estão empurrando a barreira para a costa.
O mau tempo ainda impediu a ajuda de embarcações pequenas e de aviões militares, destacados para pulverizar substâncias químicas que ajudam a dispersar o petróleo.

Leiam mais na BBC Brasil...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lula no Topo da Revista Time

O presidente Lula aparece novamente, numa edição da mídia internacional (das mais respeitadas e tradicionais), especificamente na revista Time, que o colocou encabeçando a lista da 100 personalidades que mais marcaram o ano de 2010.

Quem faz o comentário sobre o Presidente é o cineasta Michael Moore, uma espécie de dissidente no mundo do cinema, conhecido pelas críticas ao capitalismo americano, bem como a diversos aspectos da sociedade dos EUA, que vai desde a guerra do Iraque até o sistema de saúde adotado por eles.

No texto, ao abordar fatos da vida do Lula, o cineasta ressalta:“A grande ironia da presidência de Lula – ele foi eleito para o segundo mandato em 2006 e servirá até este ano – é que mesmo quando tenta impulsionar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas sociais como o Fome Zero, destinado a acabar com a fome, e planos para melhorar a educação disponível  à classe trabalhadora, os EUA se parecem a cada dia mais com o Terceiro Mundo”.

Nesta linha crítica, Moore finaliza: “Nós, nos EUA, em contraste onde a população 1% mais rica detém mais riqueza financeira do que o conjunto dos 95% mais pobres, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente se tornando parecida com o Brasil”.

Nassif: Pacto de Limpeza na Blogosfera

Do blog do Nassif

A esta altura do campeonato deve ter caído a ficha dos candidatos sobre o desgaste de imagem provocado pela permissividade com o baixo mundo da blogosfera. Um blog ou Twitter com baixarias – seja de que lado for – depõe profundamente contra os candidatos.

O próprio José Serra – o primeiro a estimular, dentro do PSDB, o apoio aos blogs de esgoto – deve estar reavaliando essa loucura de montar redes de baixarias contra adversários. Embora não esteja institucionalizado na campanha da Dilma Rousseff, também há blogs de baixarias praticando difamação, e usando o nome da candidata.

Não confundir (em ambos os lados) com blogs satíricos ou críticos, ainda que exacerbados. O que diferencia blogs de esgoto de blogs satíricos é o uso reiterado da difamação.

A benevolência com eles se deve à síndrome dos “radicais porém sinceros” que acomete toda liderança. Não se quer perder o apoio de ninguém e, com isso, acaba-se abrindo espaço para o rebotalho, expulsando os aliados de nível que não querem ser confundidos com o lixo. E transformando a campanha em um festival de baixarias.

O desmonte dessa estratégia do ex-Graeff – que apenas cumpre ordens, cá para nós – é um bom momento para ambas as campanhas reavaliarem procedimentos na Internet. Não apenas desmanchando esse exército das sombras, como desautorizando peremptoriamente blogs que, a pretexto de defender um candidato ou outro, pratiquem a difamação.

Leia mais no blog do Nassif...

Entrevista de Marcos Coimbra (da Vox Populi) na Band

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tijolaço: Desvendando os ataques Tucanos na Internet

Do blog do Brizola Neto
Começamos a furar o silêncio sobre a fraude


Acho que deu certo a gente detonar essa discussão sobre os ataques tucanos na internet. O PT já fala em medida judicial contra o PSDB e até a Folha de S.Paulo teve que entrar no assunto. Reproduzo abaixo o texto publicado na Folha Online.

Petistas acusam coordenador de Serra de comandar “guerra suja” na internet

TAI NALON
colaboração para a Folha
O PT estuda acionar juridicamente o PSDB pelo registro de sites que incitam uma suposta “guerra suja” entre militâncias na internet. Um dos sites questionados é o gentequemente.org.br, que traz críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à pré-candidata petista Dilma Rousseff.
O site entrou no ar em meados de 2009. Também causa polêmica o fato de o coordenador de campanha do pré-candidato à Presidência José Serra (PSBD), Eduardo Graeff, ter registrado o domínio petralhas.com.br –que está inativo. O nome de Graeff e do ISD (Instituto Social Democrata (ISD), entidade ligada ao PSDB, constam do registro do domínio do site.
Petistas usaram o episódio, nas redes sociais, para acusar Graeff de comandar uma “infantaria cibernética” que dispara boatos sobre a pré-candidata petista Dilma Rousseff e seus correligionários.
O deputado André Vargas, diretor de comunicação do PT, acusou Graeff em seu Twitter de ser “articulador das baixarias do PSDB” e incitar uma “guerra suja” na internet. O deputado Brizola Neto (PDT) reproduziu imagens do registro dos domínios em seu site e questionou a conduta tucana.
A Folha apurou que o site em questão está de fato no nome do coordenador de Serra. Graeff, além de membro do PSDB, é conselheiro do ISD, que, em seu estatuto, se apresenta como “uma sociedade civil sem fins lucrativos, destinada a promover o debate e a divulgação de idéias e teses da social democracia”. No registro do site na internet, o ISD e Graeff também aparecem como detentores de outros domínios, como sitedoserra.com.br e serra2010.com.br.
Outro site que dispara críticas aos petistas é o gentequemente.org.br, registrado pelo PSDB. Parecido com um blog, o endereço tem por objetivo desmentir declarações e fatos que envolvem petistas –notadamente Dilma.
Outro lado
Graeff admitiu ter registrado o domínio do site petralhas.com.br, mas negou participação na distribuição de boatos contra o PT. “De que forma um site inativo, isto é, um nome de domínio, se envolve em uma guerra cibernética?”, questionou.
Segundo ele, a ideia de registrar esse domínio foi inspirada no livro “O País dos Petralhas”, do jornalista Reinaldo Azevedo. Graeff disse que, na ocasião de seu lançamento, achou que o material rendia um site e que o nome era “divertido”.
Sobre o site “Gente Que Mente”, Graeff afirmou que as intenções do PSDB não são de disparar, mas de desmentir boatos. “Como o de que vamos acabar com o Bolsa Família, por exemplo”, disse.
Disputa judicial
André Vargas afirmou que o PT ainda está pensando se vai tomar providências jurídicas em relação aos sites.
Para ele, “o PSDB estimula a guerra suja” na internet com iniciativas desse tipo. Ele se disse surpreso com o envolvimento de coordenadores da campanha de Serra na criação dos sites. “Achava que eles iam fazer por trás, mas estão fazendo de frente”, disse.
Graeff ironizou o incômodo petista: “Estou pensando em mudar o nome do site de ‘Gente Que Mente’ para ‘Gente Que Mente e Não Gosta de Desvendar Mentiras’”.
Se eu fosse do PT e chamassem meu partido de petralha, ia para a Justiça perguntar se o senhor Graeff ia achar “divertido” que se contasse a história do governo do qual ele foi secretário-geral da Presidência da República com um título do tipo “No tempo dos Tucanalhas”.  Brucutu, cínico e desavergonhado.
PS: Houve alteração no título da matéria para atualizar mudança feita pela Folha Online

terça-feira, 27 de abril de 2010

Brasil faz apelo para retomar acordo de troca nuclear com Irã

A bem da verdade, neste imbróglio todo envolvendo o Irã, fazendo uma análise crua e abstraindo a questão economômica que secunda as intenções brasileiras, é preciso que se entenda que para que haja a “inserção global” do Brasil é necessário que o país entre para o clube, liderado pelos EUA. Mas para isto vai precisar se alinhar aos interesses estratégicos ocidentais, ou seja, aqueles que ainda sobrevivem com o viés ideológico da OTAN. Não precisa ser um alinhamento automático, mas não pode atrapalhar os interesses do clube. O Brasil não pode se dar ao luxo de “peitar” esta aliança estratégica, que se costurou desde a segunda grande guerra, se intensificou com a guerra fria, e hoje é ainda a mais poderosa, militar e economicamente falando, ainda que estejamos num mundo menos polarizado. Além do quê o Brasil não é do clube atômico, e, ainda que fosse, não tem “escala” para encarar esta parada. Entretanto, acredito que o governo Lula tenha feito uma aposta bem arriscada, contando com o peso dos BRICs (apenas para não enumerá-los um a um), para dissuadir a imposição de sanções contra o Irã. Neste caso optou pela sua própria aliança estratégica, que está sendo forjada nas relações sul-sul, como uma contrapartida a antiga aliança ocidental. Uma jogada de grande risco, que, aparentemente tem tudo para dar errado, haja vista que, ao contrário da aliança ocidental, entendo que ainda falta um amálgama importante, que vá além dos interesses econômicos, a unir tais países do sul, e aí entra também o componente histórico e cultural. Mas tudo é possível, e no xadrez global não é improvável que até a mais poderosa aliança fique em xeque num determinado momento.

Da Reuters

TEERÃ (Reuters) - O Brasil quer ver a retomada de um acordo de troca de combustível nuclear como forma de pôr fim ao impasse com o Irã sobre seu programa nuclear, disse o ministro de Relações Exteriores Celso Amorim nesta terça-feira.

Em visita a Teerã, Amorim disse que o Brasil queria ajudar a resolver a disputa que levou o Ocidente a buscar sanções da ONU contra o Irã, país que os Estados Unidos e seus aliados temem tentará construir uma bomba atômica.

O Brasil, membro temporário do Conselho de Segurança da ONU, vem resistindo à pressão dos EUA para apoiar novas sanções que Washington pretende aprovar nas próximas semanas, e Amorim fez um apelo para que todos os lados demonstrem "flexibilidade" para chegar a um acordo.

"Não existe consenso político de que o Irã deve ser isolado ou que o Brasil vá nessa direção", disse Amorim em coletiva de imprensa ao lado de seu colega iraniano.
Amorim disse que espera que um acordo de troca de combustível, acordado em princípio no outubro passado, fosse retomado.

O acordo inicial determinava que Teerã enviaria 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento --o suficiente para uma única bomba se purificado para um nível suficientemente alto-- para que a Rússia e a França o transformassem em combustível para um reator de pesquisa médica.

O Irã disse depois que aceitaria apenas uma troca simultânea em território iraniano, uma mudança que outros partidários do acordo disseram não aceitar porque seria um empecilho à construção de confiança.
"O Irã deve ter atividades nucleares para propósitos pacíficos e a comunidade internacional também deve receber garantias de que não haverá violação ou desvio para finalidades militares", disse Amorim a jornalistas.

Uma solução negociada deve significar que qualquer "ambiguidade" sobre o programa nuclear já terminou, disse ele.
"A razão pela qual damos alta importância a esse acordo de troca de combustível nuclear... é porque o acordo em si é um acordo importante e segundo, cria a confiança com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e alguns países ocidentais", disse Amorim.

"Temos esperança de que esse acordo deve ser feito, mas, como qualquer outra negociação, deve haver flexibilidade de ambos os lados."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que alertou contra "encurralar o Irã", deve visitar Teerã em maio, refletindo o fortalecimento de laços diplomáticos e econômicos entre os países.
(Reportagem de Robin Pomeroy)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Jornal argentino questiona posição de Serra sobre Mercosul

Primeiro, o lobo disse que o Mercosul era uma farsa e deixou subentendida a disposição de desmontá-lo. Como pegou mal dentro e fora do Brasil, o cordeiro usou então a edição de domingo da Folha para mitigar o estrago e imprimir seu recado em manchete de seis colunas: ‘Não quero acabar com o Mercosul’, acenou com patas de algodão, para em seguida cutucar com garras ardilosas: ‘o Mercosul deve ser flexibilizado’. ‘Flexibilizar’; ‘desregular’; ‘privatizar’ são pilares da santíssima trindade do conservadorismo na sua cruzada pró- mercados selvagens. ‘Flexibilizar o mercado de trabalho’, por exemplo, significa desmontar as conquistas históricas dos trabalhadores –algo que Serra já ensaiava na Constituinte (vide anais do Diap). ‘Flexibilizar’ o Mercosul, como defende agora o candidato da coalizão demotucana, implica nada menos que eliminar a TEC --a tarifa externa comum, uma proteção multilateral dentro do bloco para evitar que qualquer um de seus membros se transforme em cavalo de Tróia de importações destrutivas para os demais. Na eterna ambigüidade de quem não pode dizer a que veio, Serra, de um lado, critica a valorização do Real pelo incentivo a importações desmesuradas; de outro, sinaliza o fim da TEC que reduziria o Mercosul a um túnel de vento da invasão de mercadorias chinesas no Brasil
(Carta Maior, a farsa do conservadorismo e a cumplicidade midiática; 26-04)
 Da Agência Carta Maior

O jornal argentino Clarín questionou as declarações de José Serra, pré-candidato tucano à presidência da República, que classificou o Mercosul como uma “farsa” e “um obstáculo para que o Brasil faça seus próprios acordos individuais em comércio”. As declarações foram feitas durante encontro de Serra com empresários na Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Serra disse ainda que “não tem sentido carregar o Mercosul” e que “a união aduaneira é uma farsa exceto quando serve para impor barreiras” ao Brasil.

As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo que revelaram em relação ao processo de integração na América Latina. A sinalização de Serra foi clara: caso seja eleito, é o fim da integração.

As declarações do tucano, assinalou o Clarín, retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002. Essa visão, diz o jornal argentino, “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa, sem necessidade de “rastejar” diante de seus sócios”. Uma resolução do Mercosul, lembrou o jornal, estabelece que nenhum dos países do bloco pode realizar acordos comerciais separadamente sem discutir com os demais.

O Clarín também ironizou algumas afirmações do tucano. Serra disse que, sob um eventual governo seu, o mais importante será aumentar as exportações. “O certo”, diz o jornal”, “é que essa foi uma conquista obtida por Lula: desde que iniciou seu governo, no dia 1° de janeiro de 2003, o presidente conseguiu passar de 50 bilhões de vendas ao exterior para 250 bilhões. Ou seja, quintuplicou a presença brasileira nos mercados mundiais”.

Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz ainda o jornal, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, diz ainda a publicação Argentina, que conclui:

“O candidato socialdemocrata evitou dizer como pretende reformular a posição do Brasil. Mas ignora que não é simples passar, como pretende, de um mercado comum definido por uma unia aduaneira a uma simples zona de livre comércio como a que existe no NAFTA. Ele pode desde já conquistar o desprestígio regional, além de submeter-se a severas punições por conta da ruptura de contratos internacionais”.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16544 

Agência Brasil: Projeto de lei acaba com controle preventivo do TCU sobre obras suspeitas de irregularidades

Mas se fica pro próprio executor suspender a obra com base em indicativo do Tribunal de Contas da União, ainda que se observem todas as cautelas estabelecidas em lei, como se dará esta suspensão? Especificamente em relação à questão o ambiental, o problema não está resolvido, uma vez que, como estava acontecendo no TCU, a paralisação ou continuação estará sempre submetida ao crivo político de um grupo do poder. O que deveria ser um controle em que o aspecto técnico deveria ter um peso importante na decisão, passou a ser uma briga política em que o que menos está importando é  preservação do meio ambiente ou o interesse das comunidades atingidas. Não digo que não haja exageros, como no caso de uma obra paralisada por afetar o habitat de uma espécie de rã; ou mesmo o dano ao erário pela paralisação por tempo indefinido de obras necessárias a toda uma população. A questão é: como conciliar as políticas públicas necessárias com a preservação de um meio ambiente cada vez mais violentado e perto da exaustão?

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil


Brasília – O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2011 acaba com o controle preventivo do Congresso Nacional de obras e serviços suspeitos de indícios de irregularidades graves, exercido pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A afirmação consta de uma análise conjunta realizada por consultores de orçamento da Câmara dos Deputados e do Senado.

“Segundo o projeto de lei, a decisão de paralisação ou não desses empreendimentos não caberá mais ao Poder Legislativo, mas ao próprio Poder Executivo, a quem caberá adotar as medidas preventivas e saneadoras julgadas pertinentes”, afirmam o consultor-geral de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado, Orlando de Sá Cavalcante Neto, e o diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, Wagner Primo Figueiredo Júnior.

Com isso, os técnicos advertem que a atuação do TCU será apenas “indicativa”, uma vez que a identificação de obras com indícios de irregularidades graves reconhecidas pelo Congresso “não encontrará qualquer obstáculo” para a sua execução. Esta decisão, pela proposta da LDO, caberia ao gestor da obra, “a quem caberá adotar as medidas preventivas e saneadoras que julgar pertinentes”, ressaltam os consultores.

O projeto de lei, em seu Artigo 95, estabelece que a paralisação de uma obra com indício grave de irregularidade só ocorrerá “após esgotadas as medidas administrativas cabíveis”, dizem os técnicos. Neste aspecto, terão que ser levadas em consideração várias condicionantes.

Entre elas, os consultores destacam os impactos sociais, econômicos e ambientais decorrentes do atraso na execução; os riscos à segurança da população local; os riscos de depreciação, obsolescência e exaustão dos bens e serviços obtidos, ainda que não tenham sido concluídos; as despesas necessárias à conservação das instalações e serviços já executados; a preservação dos bens e equipamentos em estoque e do canteiro de obras; e as despesas inerentes à desmobilização e ao posterior retorno às atividades.

A nota informativa afirma que a proposta de LDO para o ano que vem não informa o conjunto de medidas tomadas para o controle de despesas correntes, especialmente gastos com diárias, passagens, locomoção e publicidade.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/home?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-4&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=3&_56_groupId=19523&_56_articleId=206712

Leandro Fortes: O Jogo Sujo na Rede

Dizer que esta eleição presidencial que se avizinha será a mais polarizada de todos os tempos é lugar comum. Dizer também que será a mais disputada, no que se refere à utilização de toda sorte de ferramentas para angariar votos e conseguir a vitória, é de uma certeza inabalável. Saindo um pouco da mídia tradicional (já bastante engajada numa das candidaturas) e entrando no âmbito da rede mundial de computadores, o texto a seguir, de Leandro Fortes (articulista da Carta Capital), traz informações sobre como o PT e o PSDB estão se organizando para travar esta batalha também na web, e de como até hackers estão sendo utilizados nesta disputa. Ao que parece a luta está apenas começando...

Do clipping do TSE
Por Leandro Fortes

NA MANHÃ da segunda feira 19, o publicitário Marcelo Branco, contratado para coordenar a campanha de Dilma Rousseff na internet, não sabia, mas estava prestes a encarnar o papel de Davi. Na noite do mesmo dia, menos de 24 horas depois de colocar no ar um jingle para comemorar 45 anos de existência muito semelhante ao slogan de campanha do PSDB, a Globo iria capitular a um movimento iniciado justamente por uma mensagem postada por Branco no Twitter, o microblog que se tornou febre no mundo."Jingle de comemoração dos 45 anos da TV Globo embute, de forma disfarçada, propaganda pró-José Serra", avisou o tuiteiro, antes das10 da manhã. Poucas horas depois, o comercial estava fora do ar.

"O Golias piscou", comemorou, em seu blog pessoal, o Tijolaço.com, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), herdeiro político do avô, o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que lutou até morrer, em 2004, contra o poder da família Marinho. O pedetista fez mais barulho, inexplicavelmente, do que o PT. Isso porque, com o Twitter de Branco, os petistas venceram a primeira batalha da guerra que se anuncia, sem quartel e sem trégua, na internet durante a campanha eleitoral. Até o departamento jurídico da emissora entrou em campo para precipitar o fim da campanha publicitária. Segundo Ricardo Noblat, jornalista da casa, advogados da empresa consultaram o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo lewandowski, e chegaram àconclusão de que o melhor era interromper a exibição do comercial.

O desfecho da histórica ilustra bem como vão funcionar estratégias montadas por todos os partidos, mas, sobretudo, entre petistas e tucanos, cujo alvos são as chamadas redes sociais da internet (Twitter, Orkut, Facebook e YouTube), que acumulam cerca de 60 milhões de usuários . Com o auxílio de especialistas, a rede tem sido mapeada de forma a estabelecer modelos de comportamento e de perfil dos usuários. Isso inclui análise permanente dos blogs, a partir de referências positivas, negativas
e neutras. Tudo organizado e transformado em relatórios quase diários para os comandos das campanhas.

No caso do PT, os assessores dizem pretender usar a web para disseminar o verdadeiro currículo de Dilma Rousseff, em contraposição à famosa ficha falsa do Dops, veiculada primeiramente pela Folha de São Paulo, depois de circular por sites de extrema-direita e imundar, em forma de spam, e-mail por todo o País. Aideia é mostrar, por exemplo, que a ex-ministra nunca participou diretamente da luta armada, nunca foi terrorista e foi condenada pelos tribunais da ditadura por crime de "subversão", a dois anos de cadeia - embora tenha sido esquecida na prisão, onde ficou por três anos. De resto, suberversivos eram considerados todos que contestatavam a legitimidade do regime ditatorial, entre eles José Serra eo ex-presidente Fernando Henrrique Cardoso. A estratégia da campanha virtual está a cargo da Pepper Cominicação Interativa, da publicitária brasiliense foi contratado, por indicação pessoal da pré-candidata petista.

Quem cuida do contúdo de internet para o PSDB é Arnon de Mello, filho do ex-presidente, atual senador e aliado recente de Lula, Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Arnon é um dos donos da Loops Mobilização Social e se apresenta como economista formado pela Universidade de Chicago e mestrado em Harvard, diretor do jornal Gazeta de Alagoas e funcionários do banco americano Lehman Brothers, epicentro da mais grave crise econômica mundial desde o crack de 1929. Um de seus sócios é João Falcão, ex-secretário de cultura de Olinda (PE), filho de Joaquim Falcão, ex-diretor da fundação Roberto Marinho e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Falcão pai também é um dos autores do livro DR. Roberto, de 2005. uma biografia autorizada do falecidor das Organizações Globo.

O sistema concebido por Eduardo Graeff, tesoureiro tucano, une o lado institucional a um exército de brucutus
A Loops foi a responsável, na internet, pela campanha do deputado Fernando Gabeira (PV) à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. Gabeira acabou derrotado pelo atual prefeito, Eduardo Paes, do PMDB. O parlamentar verde, contudo, deverá contratá-la outra vez, desta feita para a campanha ao governo estadual. Por enquanto, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet sobre Serra, sobretudo, às que circulam no ambiente das redes sociais. A empresa não terá plena autonomia na campanha tucana. Estará subordinada à agência de publicidade digital Sinc, do empresário paulista Sérgio Caruso, ligado ao publicitário José Roberto Vieira da Costa, o Bob, homem de confiança do ex-governador. O nome de Caruso foi avalizado pelo ex-deputado do PSDB e atual presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), Márcio Fortes, um dos responsáveis pela arrecadação de fundos no comitê serrista.

O PSDB ainda mantém outras frentes na internet. Participam da tropa virtual as empresas Knowtec e Talk Interactive. A primeira, com sede em Florianópolis, tem uma longa lista de serviços prestados ao antigo PFL, atual DEM, por meio de uma ligação histórica com o ex-senador Jorge Bornhausen. Em Brasília, tem como cliente a Confederação Nacional de Agricultura, presidida pela senadora Kátia Abreu. Quando o PFL mudou de nome em 2007, o novo portal do partido na internet foi montado pela Knowtec.

As duas empresas são administradas pelo mesmo executivo, o engenheiro Luiz AlbertoFerla. Ex-presidente do PFL
Jovem e atual conselheiro político da Juventude DEM, Ferla está à frente do Instituto de Estudos Avançados (IEA) de Florianópolis, ONG dona de um contrato de 4,6 milhões de reais com a prefeitura de São Paulo assinado sem licitação. O contrato prevê uma consultoria voltada à reformulação do portal de notícias da prefeitura paulistana, obra que, no fim das contas, saiu por cerca de 500 mil reais. Após o contrato vir a público, o prefeito Gilberto Kassab decidiu cancelá-lo.

A Knowtec foi a primeira empresa brasileira a ir aos Estados Unidos, no ano passado, em nome dos tucanos, para tentar contratar os marqueteiros virtuais que fizeram sucesso na campanha do presidente democrata Barack Obama. Joe Rospars, da Blue State Digital, e Scott Goodstein, da Revolution Messaging, acabaram, porém, por fazer uma opção ideológica. Preferiram negociar com a Pepper, de Brasília, para então fechar um contrato de consultoria para o PT. Alegaram não trabalhar em campanhas de partidos conservadores. Desde então, a dupla tem aparecido na capital federal para opinar na estrutura de internet da candidatura petista. Em 2008, Rospars e Goodstein conseguiram que Obama arrecadasse, via internet, 750 milhões de dólares, por meio de 31 milhões de doadores (93% doaram até cem dólares).

Tudo indica que os marqueteiros de Obama se livraram de uma fria. A Knowtec está entre as companhias de tecnologia de informática investigadas pelo Ministério Público Federal no escândalo de corrupção do Distrito Federal. Em 1° de outubro de 2008, quando ainda era o orgulho do DEM e cotado para vice na chapa de Serra, o ex -governador José Roberto Arruda assinou com a Knowtec, via Secretaria de Comunicação Social, um contrato de 8,7 milhões de reais. A função da empresa era cuidar do portal de notícias do governo.

Os responsáveis pelo contrato foram os jornalistas Weligton Moraes e Omésio Pontes, assessores diretos de Arruda na área de Comunicação. A dupla foi flagrada alegremente no festival de propinas filmado pelo delator Durval Barbosa. Moraes, chefe do esquema de publicidade do governo distrital, foi preso por participar da tentativa de suborno de uma testemunha do caso. Ficou 60 dias no presidio da Papuda, até ser solto recentemente. Pode ser o próximo a fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

De acordo com documentos levantados por CartaCapital no sistema de acompanhamento de gastos do Distrito Federal, apesar de o contrato ter sido de 8,7 milhões de reais, a Knowtec já embolsou12,6 milhões. Como o prazo final do contrato é somente em 1° de outubro de 2010, é possível que a empresa ainda receba mais dinheiro nos próximos seis meses. Segundo dados do Siggo, há ao menos uma nota de empenho ainda pendente, no valor de 700 mil reais.

Loops, Sinc, Knowtec e Talk Interactive formam a parte visível da estratégia de campanha virtual do PSDB, mas há um fator invisível que, antes mesmo de ter se tornado efetivo, virou um problema. E atende pelo nome de Eduardo Graeff. Atual tesoureiro nacional do PSDB, Graeff é um tucano intimamente ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário-geral no Palácio do Planalto e para quem, até hoje, redige discursos e artigos. Também é muito ligado a Eduardo Jorge, a quem sucedeu na Secretaria-Geral da Presidência. Os dois estão na origem da desastrosa reunião de apoio político, realizada no apartamento de FHC, em março, entre o ex-presidente e o ex-governador Joaquim Roriz, causa de grande constrangimento na campanha de Serra.

No ano passado, Graeff ficou responsável pela montagem de um núcleo interno com vistas a elaborar um projeto de campanha virtual para as eleições de 2010. O tesoureiro foi escolhido por ser espécie de guru da web no ninho tucano, graças a um site mantido por ele, desde 2003, o "eagora" -,que tanto pode ser interpretado como "Ágora eletrônica" como pelo sentido da pergunta "e agora?", segundo informações da página na internet.

Graeff organizou um grupo de tuiteiros e blogueiros para inserir mensagens na rede social da internet, inicialmente com conteúdo partidário a favor da candidatura de Serra. A realidade, no entanto, tem sido outra. Em vez de militantes tucanos formais, a rede de Graeff virou um ninho de brucutus que preferem palavrões, baixarias e frases feitas a qualquer tipo de debate civilizado. O objetivo dessa turma é espalhar insultos ou replicar mentiras na rede mundial de computadores. Não que do lado petista não prolifere um pessoal do mesmo nível a inundar a área de comentários de portais e blogs com a mesma falta de criatividade e torpeza. Termos como "tucanalha" ou absurdas teses conspiratórias fazem sucesso entre essa esquerda demente. Mas nada se compara, até agora, à ação orquestrada do lado da oposição.

Em consequência dessa estratégia, a assessoria jurídica de Serra o teria aconselhado a se afastar de Graeffe impedir que o nome do ex-secretário seja associado,organicamente, à campanha presidencial.

Ao menos um site ligado ao PSDB, replicado no Twitter, é assumidamente voltado para desqualificar o PT, o governo do presidente Lula e a candidatura de Dilma Rousseff.Trata-sedo"Gente que mente" , mantido, segundo a direção do PSDB, por "simpatizantes" do partido. na verdade, o site é criação de Cila Schulman, ex-secretária de Comunicação Social do governo do Paraná durante as gestões Jaime Lerner (DEM), entre 1994 e 2002. Cila trabalhou ainda na campanha de Kassab e presta serviços à presidência nacional do DEM.É filha de Maurício Schulman, ex-presidente do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH) durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), e último presidente do Bamerindus, banco falido em 1994 e incorporado ao HSBC.

Na equipe do PT, coube a Branco elaborar uma rede de comunicação virtual tanto para controlar conteúdo como para neutralizar a ação de trogloditas e hackers. Para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros dias de ftmcionamento do site da presidenciável petista , lançado na rede na segunda-feira19,foram registrados 7mil ataques de hackers, sem sucesso, baseados em um servidor registrado na Alemanha - expediente clássico da guerrilha virtual. Por enquanto, ainda não é possível identificá-los, mas os petistas registraram os IPs (identificadores dos computadores usados).

A Knowtec, de um jovem ex-pefelista, é investigada no escândalo de corrupção do Distrito Federal
Uma semana antes, o site do PT havia sido invadido, "pichado" com mensagens pró-Serra e reprogramado de modo a direcionar os usuários para o site do PSDB. Em seguida, foi a vez da página do PMDB. Acusados pelos petistas de terrorismo virtual, os tucanos contra-atacaram com um pedido à Polícia Federal para investigar o caso e deixar o assunto em pratos limpos. Os tucanos atribuem aos petistas a estratégia de se fazerem de vítimas e colocar a culpa nos adversários.

Um dos sites clássicos utilizados contra a pré-candidata do PT é o"Porra Petralhas" , repleto de baixarias, mas focado, em comum a outras páginas do gênero, em colocar em Dilma Rousseff a pecha de "terrorista" e "inexperiente", coincidentemente, duas teclas sistematicamente repetidas pela mídia nacional. O site não tem autor conhecido. Também no Twitter, o "Porra Petralhas" atua de forma massiva, sempre com xingamentos e acusações. A foto utilizada no perfil insinua um beijo na boca entre Dilma e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, dentro de uma moldura de coração. Dois outros perfis de microblog, "Dilma Hussein" e o conhecido "Gente que Mente", ajudam a desqualificar a candidata nas redes sociais. Um "retuíta" o outro, como se diz no jargão da internet.

Procurado por CartaCapital, Graeff mandou dizer que não vai se manifestar sobre o assunto. De acordo com Carlos Iberê, assessor de imprensa do PSDB, o ex-secretário participou apenas da formação do núcleo interno que discutiu a questão da campanha da internet e agora se dedica exclusivamente à função de tesoureiro. Cila Schulman não foi encontrada. A assessoria de Luiz Alberto Ferla informou não saber de "nada oficial" a respeito dos contratos ou do papel da empresa na campanha.

Fonte: http://clipping.tse.gov.br/noticias/2010/Abr/25/jogo-sujo-na-rede

domingo, 25 de abril de 2010

Entrevista com Celso Amorim no Estadão: É um absurdo achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado.

Roberto Simon - O Estado de S.Paulo

Ele está a 132 dias de bater o recorde de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, maior mito da diplomacia brasileira. Quando terminar o governo Lula, Celso Amorim será o chanceler que mais tempo esteve à frente do Itamaraty. Em entrevista ao Estado, ele defendeu a posição do Brasil durante a crise hondurenha, falou sobre sua filiação ao PT e disse que estão "equivocados" os que acham que o País está isolado na questão nuclear iraniana. A seguir, os principais trechos da conversa com o chanceler brasileiro.

Por que o sr, diplomata de carreira e chanceler, decidiu se filiar ao PT?
Estou terminando minha gestão no Itamaraty. Sou diplomata aposentado, além do mais. Mas aposentadoria não é a morte. Interesso-me por política - isso não significa que serei candidato. Se quisesse, teria sido agora. Quero ter um envolvimento na política e me identifico mais com o PT. A maioria dos meus antecessores, com exceção do governo militar, pertenciam a partidos.

Mas não diplomatas de carreira.
Não penso assim. Veja meu antecessor, Celso Lafer. Foi tesoureiro de campanha do PSDB. Roberto Campos, diplomata de carreira, não foi chanceler, mas foi ministro. Sinceramente, isso é um não-assunto.

O sr. seria chanceler em um eventual governo Dilma Rousseff?
Não sei, não tenho mais ambições. Pretendo levar da melhor maneira esse período final do governo, ao qual me orgulho de ter servido.

Seus críticos reclamam da ''partidarização'' da diplomacia, dizem que a agenda do PT está ofuscando tradicionais objetivos do Itamaraty.
Primeiro, o governo não é só o PT, mas o PT dentro de uma coligação. Eu, aliás, fico muito satisfeito quando vou ao Senado e à Câmara e - tirando esse período eleitoral - recebo muitos elogios.

Mas, da última vez, dois da membros oposição bateram boca com o sr.
É porque estamos em ano eleitoral. Respeito a opinião dos outros, não estou dizendo que estão certos ou errados. Há alguma diferença de concepção quanto à diplomacia, mas a maior distinção é que nós não nos limitamos a falar. Nós fizemos.

Há reclamações de uma afinidade excessiva da atual política externa com países como Venezuela e Cuba. O sr. discorda?
Não vejo isso de maneira tão dramática. Fui ministro do presidente Itamar (Franco) e levei a Cuba uma carta dele sobre certos temas. O próprio governo Fernando Henrique Cardoso teve uma cooperação razoável com Cuba.

Agora parece ser diferente. Na última visita a Havana, Lula comparou prisioneiros de consciência cubanos como criminosos comuns brasileiros.
Já comentei o que tinha de comentar a esse respeito. O presidente fez uma autocrítica em relação à greve de fome que fez em São Bernardo. Agora, cá entre nós, quando houve greve de fome na Irlanda do Norte ninguém nos pediu para romper com a Grã-Bretanha. Há maneiras de agir. É muito fácil fazer condenações e colocar um diploma na parede. O difícil é contribuir efetivamente para uma melhora.

Mas, ao comparar presos de consciência com criminosos comuns, o presidente não dá um voto de legitimidade ao sistema cubano?
Não vejo que ele tenha feito a comparação entre uns e outros. O presidente comparou situações. Cada um tem seu estilo, suas metáforas.

Outra frase do presidente Lula que marcou muito foi a de que os protestos, no Irã, contra a eleição de junho, eram "choro de perdedor, como uma coisa entre vascaínos e flamenguistas".
Vocês querem que eu comente o estilo do presidente. Esse estilo é apoiado por 85% dos brasileiros. O que interessa é que o Brasil não vai intervir em um tema interno iraniano e irá se relacionar de Estado para Estado com o Irã.

Mas, novamente, não foi uma intervenção? Não estaria Lula legitimando uma eleição amplamente contestada?
Não acho, de forma nenhuma, que seja uma intervenção. Reflete a experiência dele diante de coisas que assistiu no Brasil. Seria muito pretensioso, nesse caso específico, achar que teríamos alguma influência. O que temos procurado trabalhar com o Irã é o caso do dossiê nuclear.

Antes de falar sobre o programa nuclear, o sr. considera a questão de direitos humanos no Irã um empecilho para a aproximação do Brasil com Teerã?
O ideal é que o mundo todo fosse feito de democracias. De preferência com um componente social, como a nossa. Mas não é assim. Não vou responder a sua pergunta como você quer e a recoloco: a ausência de democracia é empecilho para os EUA - país que seu jornal mais admira, e eu também - estabelecer relações com alguém? Pergunte a um ministro americano se ele pensa em romper laços por causa de violações de direitos humanos.

O caso iraniano é bem particular. O Irã caminha desde junho para uma ditadura brutal, com repressão na rua e a Guarda Revolucionária tomando de assalto o país. Nesse contexto se dá a aproximação brasileira.
Não vejo da forma que você coloca. O Irã é formado por circunstâncias diversas, que vêm desde a traumática ruptura com os EUA.

Sobre o dossiê nuclear do Irã, há em paralelo um programa balístico e todos sabem que Teerã fez uma usina secreta em Qom...
Não defendemos nada disso. Queremos o que (o presidente Barack) Obama defendia até pouco tempo, mas parece estar desiludido. Tudo isso que você estava enumerando já existia. O que há de novo é uma proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a troca de urânio levemente enriquecido por elementos combustíveis para o reator de pesquisa de Teerã. Achamos que ainda é possível trabalhar sobre a proposta - assim como os turcos, membros da Otan e vizinhos do Irã, provavelmente os últimos a querer uma bomba iraniana. Chamam-nos de ingênuos, mas acho muito mais ingênuos os que acreditam em tudo o que o serviço de inteligência americano fala. Veja o caso do Iraque. O último relatório da AIEA sobre o Irã não traz fato novo. O que tem é um novo tom, pois mudou o diretor-geral. Converso com muita gente e não vejo o Irã perto de fazer uma bomba. A maioria dos analistas tampouco acredita que isso está próximo.

O artigo de capa da última "Foreign Affairs", prestigiada revista de especialistas, diz exatamente o oposto.
Mas isso virou uma polêmica ideológica. Um artigo publicado nos EUA colocava a estimativa mínima entre três e cinco anos para se obter uma bomba. Supondo ainda que eles queiram fazer. Não estou dizendo que eles querem ou não. Mas é possível fazer um acordo que dê conforto relativo - pois absoluto não há - de que o Irã não terá um arsenal nuclear mínimo a médio prazo, ao mesmo tempo respeitando o direito iraniano de ter energia nuclear para fins pacíficos. É absurdo achar que o Brasil é pró-Irã. Veja o que diz (Thomas) Pickering, que trabalhou com a (ex-secretária de Estado dos EUA) Madeleine Albright, ou o (ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew) Brzezinski. Outro dia até o Estadão publicou um artigo - fiquei feliz - defendendo a mesma coisa que nós. Dizer que Pickering é pró-Irã é estar no mundo da Lua, sinceramente.

Ahmadinejad fechou um acordo com AIEA e depois recuou. Como o sr. vê esse vaivém?
Os EUA também chegaram a condenar Honduras na OEA e depois recuaram, porque senadores não confirmavam um embaixador.

São situações comparáveis?
Claro que não. Estou dizendo que em todos os lugares há posições variadas. O Irã, independentemente do julgamento de valor, certamente tem um sistema político plural.

Não é o que pensam os dissidentes iranianos, sobretudo desde junho.
Um dos primeiros a condenar o acordo com a AIEA foi o (líder da oposição Mir Hossein) Mousavi. O Irã tem um sistema plural, apesar de todas as suas limitações. Não estou falando que é a democracia pluralista que queremos. Acho, honestamente, que o Irã devia ter aceito a oferta da AIEA que permitia o enriquecimento. Mas não é porque recusaram que diremos "então está bem, vamos para guerra". Ou "vamos para sanções", que podem não ter efeito ou punir a população.

Então, se uma resolução nos atuais termos vier, o Brasil votará contra.
Não darei essa informação. Ainda temos de analisar.

O vice-presidente José Alencar afirmou que uma bomba iraniana só teria fins defensivos. O sr. concorda?
Você só me pergunta sobre o que os outros dizem (risos). Respeito muito o vice-presidente e não comentarei. Surpreende-me a falta de informação. Achar que o Brasil é pró-Irã ou que está isolado é totalmente falso. Nem deveria invocar esses exemplos, mas como é tão importante para um certo grupo da elite brasileira saber o que os outros pensam... Outro dia na TV disseram que Honduras foi um "tropeço" nosso. Não vejo absolutamente nenhum tropeço nesse caso. Aliás, nossas posições públicas foram iguais às dos EUA. Eles nunca abriram a boca para nos criticar por dar abrigo ao (presidente Manuel) Zelaya. Só a mídia nacional e alguns políticos fizeram isso.

Hoje, olhando para trás, o sr. avalia que a decisão de abrigar Zelaya beneficiou a crise hondurenha?
Foi corretíssima, positiva para a coerência do Brasil. É espantoso que jornais que foram obrigados a publicar receita de bolo em suas páginas por causa da censura de um governo militar achem justificável um golpe de Estado. Isso me espanta. Houve um erro e não devemos permitir que ele sirva de exemplo. Aliás, mutatis mutandis, o golpe hondurenho se assemelha muito ao de 1964. Todo mundo diz que o Brasil cometeu um fiasco, como se não fosse correto dar abrigo a um presidente legitimamente eleito, tirado de sua casa na ponta de um fuzil.

Nenhum grande jornal do Brasil defendeu o golpe. Para o "Estado", o novo regime era "governo de facto". O que se questionou foi, por exemplo, o fato de Zelaya convocar uma "insurreição" - foi essa a palavra usada - de dentro da embaixada brasileira.
O que você queria que eu fizesse? Pegasse o Zelaya e botasse na rua? Aí sim teríamos uma chance de guerra civil. Chegamos para ele e dissemos "você fica, mas não fale mais isso". Eu, pessoalmente, disse a ele: "Presidente, por favor não use a palavra morte". E ele respeitou. Enviados americanos iam à embaixada brasileira falar com Zelaya. Só se chegou a uma conclusão - que, certamente, não foi a ideal - porque abrigamos Zelaya.

Recentemente, a revista "Foreign Policy" afirmou que o sr. é o "Henry Kissinger brasileiro". Como o sr. vê a comparação?
Não tenho o brilhantismo do professor Kissinger (risos). E ainda acho que sou um pouco mais idealista do que ele.

Marcos Coimbra: Da Discrepância entre as Pesquisas Eleitorais

Do blog do Noblat
Marcos Coimbra
Pesquisas Discrepantes


Estamos vivendo uma fase de pesquisas discrepantes, após meses de convergência das que foram publicadas a respeito das próximas eleições presidenciais
Se as diferenças entre as pesquisas surpreendem até quem as faz, imaginem-se as pessoas que não estão familiarizadas com elas. Desde o jornalista especializado ao cidadão comum, a surpresa pode se tornar perplexidade.
Estamos vivendo uma fase de pesquisas discrepantes, após meses de convergência das que foram publicadas a respeito das próximas eleições presidenciais. O que parecia um consenso entre institutos e levantamentos tornou-se uma polêmica.
É curioso notar que quem é hoje demonizado era, até ontem, tratado com consideração. Os institutos, seus responsáveis e métodos de trabalho não eram questionados por ninguém nem no meio político, pelos partidários de Dilma ou Serra, nem pela imprensa, que informava os resultados de cada um com a imparcialidade possível. Agora, parece que todo mundo virou culpado de alguma coisa.
De fato, para quem tem o hábito de acompanhar as pesquisas brasileiras, as diferenças recentes podem soar estranhas. Estamos acostumados, depois de muitas eleições, a não ver maiores variações entre elas. Os institutos tendem a acertar (quase sempre) e a errar (de vez em quando) juntos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, variações como as dos últimos dias, de até 10 pontos percentuais entre um e outro instituto, são consideradas normais. Seria até ridículo o Partido Republicano entrar na Justiça contra alguém que fez uma pesquisa mostrando Obama na frente. Já na Argentina, todos diriam que são modestas, pois a regra, por lá, é de as pesquisas apresentarem diferenças abissais. Em poucos países do mundo se daria atenção a que estamos vendo por aqui e, certamente, não se especularia sobre se essas pesquisas provêm de algo escuso.
Todos sabem que há diferenças de metodologia entre os institutos brasileiros, que decorrem de suas opções técnicas e operacionais. Nenhuma é melhor que a outra, pois todas apresentam prós e contras. Não existe, em nenhum lugar do mundo, o manual da pesquisa perfeita, a ser obedecido por todos. É um sonho autoritário (e inviável) imaginar o dia em que só haverá uma metodologia, aplicada por um só instituto. Se chegasse, nenhum democrata teria o que comemorar.
Uma das melhores coisas das pesquisas é que elas são inteiramente francas sobre algo que as outras informações que o eleitorado recebe costumam não explicitar: que são falíveis. Quem lê uma pesquisa foi avisado de que ela pode errar e é alertado sobre quanto. É como fumar conhecendo o que está escrito no maço.
Ao avaliar as pesquisas, as margens de erro não são coisas para registrar e esquecer, mas para lembrar. Não é o mais provável, mas é perfeitamente possível, que 10 pontos de diferença entre Serra e Dilma (consideradas as margens) sejam 5 pontos, o mesmo que diz uma pesquisa cujo resultado é uma diferença de um ponto entre os dois. Politicamente, 10 pontos ou 1 fazem uma enorme diferença, mas podem não ser nada (ou quase nada) em termos estatísticos.
Quem analisar com mais cuidado as pesquisas de agora, vai perceber que são unânimes na caracterização das intenções espontâneas de voto. Na mais recente do Ibope, Dilma tem 15% e Serra 14%. Na Vox, Dilma 15%, Serra 12%. No Datafolha, Dilma 13%, Serra 12%. Na Sensus, Dilma 16%, Serra 14%. Em qualquer lugar do mundo, quem olhasse esses números diria que os institutos brasileiros estão inteiramente de acordo sobre o que pensam os eleitores mais definidos, os que tendem a ser mais politizados e interessados nas eleições.
Mas o mesmo consenso não acontece na caracterização das intenções de voto dos que só respondem em quem votariam depois de estimulados. As diferenças de metodologia explicam parte da discrepância (mesmo que, do ponto de vista estatístico, sequer se possa afirmar que ela existe).
O mais provável, contudo, é que elas variem apenas por não haver, ainda, suficiente cristalização das intenções de voto no universo do eleitorado. É o fenômeno que se quer retratar que é volátil, não que alguma pesquisa esteja certa e as outras erradas.
Aliás, pesquisa certa ninguém sabe qual é. Só no dia 3 de outubro, teremos certeza sobre o que os eleitores, de fato, querem. Até lá, o máximo que podemos fazer são pesquisas bem feitas e isso todos tentam.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/