terça-feira, 8 de junho de 2010

A Impotência dos EUA, a BP, Israel e o Irã.

A BP deixa jorrar milhares de barris de petróleo nas proximidades da costa dos EUA há mais de um mês (e deve continuar por um bom tempo) provocando o maior desastre ecológico que se tem notícia, e até agora só birra do Obama e uma multa de US$ 65 milhões. Israel ataca barcos de ajuda humanitária, assassina integrantes de ONGs, desenvolve um programa nuclear subterrâneo, não assina o tratado de não proliferação nuclear, tentou vender a tecnologia para o regime do apartheid da África do Sul, cria um gueto em Gaza e nenhum pio da Hillary. Por sinal, após as críticas contundentes da mídia mundial a providência foi passar o "setembro negro" à exaustão nos canais de tv. E o Irã, tenham certeza, após demonizado no Ocidente, ainda que diga que não vai mais enriquecer urânio a 20%, ainda que tenha soberania e direito de fazê-lo, ainda que jogue todos os seus artefatos de produção de material nuclear no oceano, vai sofrer com a tentativa de imposição de sanções econômicas pelos EUA. Uma pergunta: Afinal, porque os EUA querem tanto impor sanções ao Irã? Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei (no caso, da lei deles - o governo dos EUA). Com tanta hipocrisia em jogo não dá pra não pensar que a implantação do multilateralismo nas relações internacionais se faz urgente, como um passo intermediário para instituições de direito internacional que um dia, quem sabe, venham a ter alguma eficácia frente aos poderes econômicos e militares que hoje indicam "gerentões" para essas mesmas instituições, garantindo assim que não serão importundados ou contrariados quando da imposição de seus interesses. Em relação ao caso da British Petroleum, é interessante observar as semelhanças com o caso da bolha especulativa que detonou a crise de 2008. Em ambas o interesse público está em último plano e apenas os ganhos privados estão em evidência. Resultado: prejuízo. Porque se a solidariedade não existe nas relações, vira anarquia. E onde poucos ganham sobram injustiça e sofrimento.

Vazamento exibe impotência do Estado diante de empresas
Do Terra Magazine
Carlos Drummond
De Campinas (SP)

O jorro descontrolado de petróleo do poço da British Petroleum desde 20 de abril no fundo do Golfo do México, observável a qualquer momento pela internet, simboliza bem a absoluta impotência do governo mais poderoso do mundo diante da empresa responsável pelo maior desastre ecológico da história. Cada quatro dias de vazamento equivalem, segundo os cálculos mais pessimistas, a um desastre igual ao do rompimento do navio petroleiro Exxon Valdez, da Exxon Mobil, em 1989, agora a segunda maior catástrofe ecológica. O mundo, estático, assiste a uma demonstração inédita da capacidade de destruição de uma única empresa.

A pressa em retirar plataforma de exploração para recolocá-lo em outro local teria provocado o desastre. Outras causas são apontadas: um suposto defeito na fabricação do equipamento de perfuração e também o lobby pesado da BP. Unida a outras grandes companhias petrolíferas, teria envolvido órgãos do governo e instituições reguladoras de modo a obter um afrouxamento das normas e das exigências de segurança e de proteção ambiental.

No cômputo das responsabilidades, inclua-se uma decisão presidencial. O desastre põe na conta de Barack Obama o endosso ao frenesi de exploração de petróleo de George W. Bush, prócer da liberdade quase absoluta concedida a empresas e bancos. O atual presidente dos Estados Unidos, em vez de conter a exploração desregrada, ampliou a área marítima permitida para perfuração de poços de petróleo e a cada dia paga o preço político dessa decisão.

O nome da British Petroleum inclui-se agora na longa lista de gigantes empresariais e financeiros que contaram com uma liberdade de ação muito acima do que recomendariam cuidados mínimos de proteção da sociedade. A mesma liberdade que tiveram AIG, Lehman Brothers, J.P. Morgan, Citibank, Goldman Sachs e outros protagonistas da crise de 2008-2009, maior catástrofe financeira desde a que antecedeu a Grande Depressão da década de 1930.

Nenhum comentário:

Postar um comentário