Vazamento exibe impotência do Estado diante de empresas
Do Terra Magazine
Carlos Drummond
De Campinas (SP)
De Campinas (SP)
O jorro descontrolado de petróleo do poço da British Petroleum desde 20 de abril no fundo do Golfo do México, observável a qualquer momento pela internet, simboliza bem a absoluta impotência do governo mais poderoso do mundo diante da empresa responsável pelo maior desastre ecológico da história. Cada quatro dias de vazamento equivalem, segundo os cálculos mais pessimistas, a um desastre igual ao do rompimento do navio petroleiro Exxon Valdez, da Exxon Mobil, em 1989, agora a segunda maior catástrofe ecológica. O mundo, estático, assiste a uma demonstração inédita da capacidade de destruição de uma única empresa.
A pressa em retirar plataforma de exploração para recolocá-lo em outro local teria provocado o desastre. Outras causas são apontadas: um suposto defeito na fabricação do equipamento de perfuração e também o lobby pesado da BP. Unida a outras grandes companhias petrolíferas, teria envolvido órgãos do governo e instituições reguladoras de modo a obter um afrouxamento das normas e das exigências de segurança e de proteção ambiental.
No cômputo das responsabilidades, inclua-se uma decisão presidencial. O desastre põe na conta de Barack Obama o endosso ao frenesi de exploração de petróleo de George W. Bush, prócer da liberdade quase absoluta concedida a empresas e bancos. O atual presidente dos Estados Unidos, em vez de conter a exploração desregrada, ampliou a área marítima permitida para perfuração de poços de petróleo e a cada dia paga o preço político dessa decisão.
O nome da British Petroleum inclui-se agora na longa lista de gigantes empresariais e financeiros que contaram com uma liberdade de ação muito acima do que recomendariam cuidados mínimos de proteção da sociedade. A mesma liberdade que tiveram AIG, Lehman Brothers, J.P. Morgan, Citibank, Goldman Sachs e outros protagonistas da crise de 2008-2009, maior catástrofe financeira desde a que antecedeu a Grande Depressão da década de 1930.
Nenhum comentário:
Postar um comentário