segunda-feira, 15 de março de 2010

Lula e a homenagem a Theodor Herzl

Ser protagonista no cenário internacional tem seu preço. Você fica mais visado e é muito mais cobrado, pois o jogo é complexo. É necessário ter paciência e muito cacife. Ora! Se Israel colocou o Vice-Presidente americano numa saia justa com a questão dos assentamentos, não colocaria o Presidente do Brasil? A questão é: se Lula se negar a homenagear o túmulo do criador do movimento sionista, estará sendo ofensivo para Israel e fechará portas no seu esforço de ser um interlocutor na questão palestina. Se aceitar, poderá estar sendo ofensivo aos palestinos, como que se alinhando com às idéias de Herzl que pregava o direito ancestral de Israel das terras palestinas. E agora? O texto a seguir é da BBC Brasil e trás mais informações sobre o fato.

Da BBC Brasil

A proposta de inclusão de uma visita ao túmulo de Theodor Herzl na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu giro por Israel e territórios palestinos está causando mal-estar no primeiro dia de visita oficial nesta segunda-feira.

De acordo com veículos de imprensa de Israel, o Brasil teria pedido esclarecimentos ao governo israelense sobre a inclusão da cerimônia de homenagem ao fundador do movimento Sionista na agenda de Lula na terça-feira. A comitiva brasileira afirmou que Lula não tem intenção de ir ao local.

A agenda de Lula originalmente previa para terça-feira apenas uma visita ao museu do Holocausto e depois um depósito de flores ao túmulo de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro israelense que iniciou o processo de paz com os palestinos e foi assassinado em 1995 por um extremista de direita israelense.

De acordo com a diretora do departamento de América Latina do ministério de Relações Exteriores de Israel, Dorit Shavit, o governo israelense vai fazer todos os esforços para convencer o presidente Lula de que não há intenções ocultas por trás do pedido de visita ao túmulo de Herzl, cujo sesquicentenário de nascimento está sendo celebrado neste ano.

No entanto, segundo a comitiva brasileira, também não há intenções "ocultas" por parte do presidente Lula em não ir ao túmulo.
"Não é uma questão de dar sinais políticos ocultos. Está se fazendo uma tempestade em copo d'água e a decisão não é uma desfeita por parte do presidente", disse a fonte.
A informação que chegou ao governo brasileiro é que a visita ao túmulo de Herzl não é praxe de viagens oficiais. Os dois últimos chefes de Estado que passaram por Israel - o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi - não visitaram o local.

'Insulto'

A eventual recusa de Lula em visitar o túmulo de Herzl pode provocar uma reação negativa em Israel, pelo menos na opinião de Michael Jankelowitz, porta-voz da Agência Judaica, instituição sionista que desde a criação do Estado de Israel cuida das relações com a comunidade judaica no exterior e intermedeia a imigração de judeus para o país.

Segundo Jankelowitz, uma eventual recusa em incluir a visita em sua agenda "seria considerada um insulto a Israel" e Lula iria "para a história como o primeiro chefe de Estado a se recusar a prestar essa homenagem em Israel".

Para ele, a possível decisão comprometeria as ambições do governo brasileiro de ser um mediador no conflito entre israelenses e palestinos.
"Isso mostraria que Lula não é um mediador justo", disse ele à BBC Brasil.

O presidente Lula chegou no domingo a Israel e foi recebido nesta segunda-feira em uma cerimônia oficial na residência do presidente Shimon Peres. Mais tarde ele fará um discurso no Parlamento e depois terá um encontro com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
Para mais notícias, visite o site da BBC Brasil

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