Vão colocando na conta da coleção dos escândalos "esquecidos e guardados" pela grande(?)mídia. Porque o caso Lina Vieira arrefeceu? Pra se usado depois, em situações mais, vamos dizer, apropriadas, ou como uma alternativa à falta de proposições da oposição? Sim, porque no Brasil oposição só faz oposição pra apontar escândalos. E, claro, com ajuda da mídia partidarizada. Vejam o caso Bancoop, que já vem sendo apurado já há alguns anos, e que a revista Veja insiste em colocar na vitrine, ainda que a Justiça tenha recusado a denúncia. Estaria a Veja acima da lei, ou simplesmente fazendo o seu papel de braço midiático da oposição? Que emgloba também outros atores (já conhecidos) numa rede que se presta a escandalizar a todo custo na esperança que parte da elite deste país tem de voltar ao poder. O artigo a seguir é do Maurício Caleiro, no Observatório da Imprensa.
LEITURAS DE VEJA
A revista na guerra eleitoral
Por Maurício Caleiro em 16/3/2010
No decorrer das duas útimas semanas, evidências sucessivas sugerem que, após o convescote do Instituto Millenium, o comportamento do triunvirato midiático Globo-Veja-Folha de S.Paulo se tornou ainda mais agressivo e distante do que se espera de um setor encarregado da nobre missão de informar a sociedade. A hipótese de ações coordenadas, com vistas a interferir, de maneira pesada, no jogo eleitoral, parece se confirmar.
Senão, vejamos: o Jornal Nacional claramente subiu o tom, incluindo uma despropositada insinuação quanto ao triplex do presidente; O Globo vem oferecendo factóides em sequência – culminando com a "notícia" de que Lula pediria licença por dois meses, deixando ninguém menos que José Sarney como presidente interino; e a Folha de S.Paulo brinda seu cada vez mais reduzido leitorado com uma vendetta disfarçada de reportagem contra um jornalista que fora uma de suas estrelas por mais de uma década.
Porém, no quesito jornalismo tendencioso, Veja continua imbatível. A chamativa capa de semana passada, afirmando, em gíria da marginália, que a casa do partido X caiu, seria por si só – pela linguagem empregada, pelo escândalo buscado e, sobretudo, pela precariedade das acusações face às provas – evidência da, sejamos indulgentes, exaltação exacerbada de ânimos que se seguiu ao tal convescote.
No entanto, desmentida em questão de dias por decisão judicial que não apenas recusou as denúncias, mas criticou o promotor pelo parco embasamento das mesmas, a matéria – e o destaque a ela dado – suscita urgente discussão sobre quais os limites da mídia: essa absoluta e total liberdade de imprensa que ela defende para si, taxando de "censura" qualquer esboço de medida regulatória da atividade, equivale a um salvo-conduto para um arsenal de baixarias, infâmias, armações, matérias que deixam no ar a suspeita de difamação ou calúnia?
Todas as letras
Como se não tivesse sido suficiente, a insistência de Veja na denúncia recusada pela Justiça, na edição agora nas bancas não apenas subestima a inteligência do leitor, ao basear-se tão-somente nas palavras de um doleiro que a própria revista reconhece ser "um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país", mas despreza o fato de que as "informações" por ele repassadas – em troca do benefício da "delação premiada" – não foram convertidas em inquérito aceito pela Justiça, simplesmente por não terem sido corroboradas com provas. Ou seja, denúncias de três anos atrás, que, após terem sido exaustivamente examinadas, foram consideradas inúteis ou falsas pela Justiça, são ressuscitada pela revista com claras finalidades eleitorais.
Isso nos leva a uma questão ainda mais candente: estaria a mídia brasileira acima da Justiça? Pois em qualquer sociedade de fato democrática, em que a preservação da honra de cidadãos e instituições se sobrepõe às acusações levianas e não comprovadas da imprensa, Veja estaria, após os acontecimentos da semana passada, envolvendo as denúncias do promotor José Carlos Blat, judicialmente obrigada a ostentar na capa um desmentido cabal das acusações peremptórias feitas na semana anterior. Afinal, com sua alegada circulação acima do milhão de exemplares, o semanário buscou manchar a imagem de uma agremiação política – e, nominalmente, de alguns de seus e candidatos – com "evidências" que a própria Justiça não reconhece como incriminadoras.
Ao reincidir na denúncia, Veja joga na cara da Justiça (e da sociedade, e da democracia) brasileira, com todas as letras, que se considera acima dela.
Leia mais no O.I....
Veja também: Contra Dilma Veja apela para bandidos, do blog do Miro.
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