domingo, 3 de janeiro de 2010

Tragedia Brasil - Angra dos Reis

Quando nos ressentimos de politicas publicas consistentes que minimizem e evitem situacoes como essas, devemos nos lembrar do dever de cada cidadao em exigir dos seus representantes atencao a ocupacao urbana. Apesar das leis de ocupacao do solo e protecao ambiental, que a maioria dos municipios possuem, interesses outros se sobrepoem a seguranca e planejamento urbanos, dando margem a ocorrencia de tragedias, como a que vimos em Angra, embora a da pousada da Ilha Grande nao se encaixe exatamente neste aspecto, vez que ali existia uma cobertura de Mata Atlantica. A quem reclamar no momento em que a contagem de corpos esta em 42? Havera um engajamento do Ministerio Publico, da midia e da sociedade organizada? Nao e possivel que fiquemos apenas a culpar o "El Nino" ou o comportamento das pessoas em face da ausencia de educacao ambiental. Os governos tem que dar o pontape inicial e a sociedade fiscalizar e exigir providencias definitivas!

Um comentário:

  1. Ignacy Sachs é uma autoridade em desenvolvimento sustentável. Sua teoria considera o desenvolvimento como um casamento bem sucedido do crescimento econômico com a preservação ambiental, tendo como fruto o aumento igualitário do bem-estar social. Acredito que o artigo postado pelo moderador tem tudo a ver com a resposta que Sachs deu a revista Estudos Avançados, da USP, adiante transcrita:
    "A pobreza e a poluição
    ESTUDOS AVANÇADOS - Os relatórios do programa das Nações Unidas para o meio ambiente dizem que os atuais padrões de consumo no mundo estão além da capacidade de reposição da biosfera. O senhor concorda? É possível mudar esse quadro? Ignacy Sachs - Certamente, concordo. Diria que, por ter participado da preparação da conferência de Estocolmo em 1972, que foi a primeira reunião das Nações Unidas sobre o meio ambiente, e, vinte anos mais tarde, da Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, este é um tema absolutamente central. Para compatibilizar os objetivos sociais, econômicos e ambientais, temos de nos dedicar ao que chamaria de um jogo de harmonização. Nesse jogo temos que mudar, por um lado, os padrões da demanda e, por outro lado, os padrões da oferta. Estes últimos são os mais fáceis de manejar e vão nos remeter ao problema dos recursos naturais, aos tipos de energia, às tecnologias e à localização espacial das produções, porque as mesmas produções têm impactos ambientais diferenciados, segundo o lugar onde elas acontecem. A mudança do padrão da demanda é logicamente a variável mais importante nesse jogo de harmonização, porém, ela passa pela modificação dos estilos de vida e dos padrões de consumo, assim é uma variável extremante difícil de se manipular e exige, antes de mais nada, um enorme esforço de educação. As margens de manobra seriam muito maiores se estivéssemos vivendo num mundo mais igualitário. Porque é muito difícil pregar a simplicidade voluntária quando se tem uma massa de excluídos, de pobres, que não vivem numa simplicidade voluntária. Vivem numa miséria imposta, um "castelo sem ponte levadiça", no dizer de Albert Camus. Essa discussão sobre a mudança dos padrões de consumo e dos estilos de vida deve levar em conta que o desenvolvimento é a construção de uma civilização do ser na partilha equalitária do ter, na definição lapidar do padre Lebret e, portanto, é impossível apostar numa mudança da civilização do ser antes que essa partilha aconteça na realidade. Este é o impasse atual. A parte mais importante da revolução ambiental no pensamento que ocorreu nos anos de 1970 foi a percepção de que não se pode dissociar a problemática ambiental da social. Em Estocolmo, a então primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, fez um discurso memorável no qual disse que a pobreza é a pior das poluições. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300023

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