No seu discurso do Estado da Uniao, em que apresenta as propostas de governo e prioridades a nacao via Congresso Americano, o Presidente dos EUA, Barack Obama, deu o tom das iniciativas que deverao nortear as acoes durante o seu mandato para este ano, sendo destaque a necessidade urgente de geracao de empregos e uma nova postura perante o sistema financeiro e os grandes investidores, bem diferente da adotada pelos Republicanos que priorizaram os cortes de impostos para os mais ricos, quando no final do discurso ele pontuou: "Continuaremos cortando impostos para as famílias de classe média - mas não para as companhias petrolíferas, não para os bancos de Wall Street, não para quem ganha mais de 250 mil dólares por ano. Não podemos pagar por isso". E isso que os americanos chamam de "guinada a esquerda"...
WASHINGTON, EUA — Em seu primeiro discurso do Estado da União, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que a criação de empregos será sua prioridade número um em 2010, numa tentativa de reacender a confiança da população em sua promessa de mudanças, após seu primeiro ano na Casa Branca.
Obama admitiu que seu governo sofreu alguns revezes ao longo de 2009 - alguns merecidos, ponderou. Falando num tom confiante, entretanto, prometeu: "nós não vamos desistir. Eu não desisto, vamos começar do zero", referindo-se às diferentes crises que enfrenta dentro e fora dos Estados Unidos.
Em um longo discurso de 68 minutos, pontuado por entusiasmados aplausos, o presidente expôs seus planos e prioridades para 2010, pediu colaboração entre republicanos e democratas para avançar reformas e dedicou grande parte do tempo à economia e a questões domésticas, afirmando que sua missão agora é ajudar a classe média alquebrada pela crise.
Além disso, fez uma avaliação de sua própria performance à frente do governo, que em um ano deixou de ser aprovada pela maioria dos americanos para afundar em níveis preocupantes de popularidade abaixo de 50%. No entanto, pediu apoio para levar adiante iniciativas arriscadas politicamente, como a reforma da saúde.
"Fiz minha campanha com uma promessa de mudança - uma mudança na qual podemos acreditar, dizia o slogan", disse Obama, evocando os dias de sua histórica campanha eleitoral.
"Neste exato momento, eu sei que muitos americanos não têm certeza se ainda podem acreditar em mudanças - ou, pelo menos, se eu serei capaz de fazê-las", estimou, acrescentando, em tom lacônico: "as mudanças não vieram rápido o suficiente".
No entanto, indicou, "nunca estive tão esperançoso sobre o futuro dos EUA quanto estou hoje. Apesar de nossas dificuldades, nossa união é forte. Nós não desistimos. Nós não deixamos o medo ou as divisões deprimirem nosso espírito".
Obama listou uma série de propostas e iniciativas, mas o ambiente político nos Estados Unidos este ano - com as eleições legislativas de novembro - é tão tenso, que dificilmente será possível contar com o apoio necessário para levar adiante tantas promessas.
Falando sobre a polêmica reforma do sistema de saúde que tenta aprovar no Congresso - uma semana depois de ter perdido a maioria democrata no Senado -, Obama prometeu não "abandonar" sua luta para concretizar a iniciativa.
"Depois de quase um século de governos democratas e republicanos, estamos muito próximos de conseguir" aprovar a reforma da saúde.
Ao mesmo tempo, afirmou que as ações de seu governo evitaram que o país afundasse em uma depressão semelhante à da década de 30.
"Quando cheguei ao governo, no meio desta crise, percebi que se nçao agíssemos poderíamos enfrentar outra recessão. E nós agimos imediatamente", disse Obama. "Há dois milhões de americanos trabalhando agora, que não estariam trabalhando" se não fosse pelo pacote aprovado pelo governo para reativar a economia.
Obama também falou sobre o resgate de vários bancos de investimento, responsabilizados pelo quase colapso do sistema financeiro.
"Nossa tarefa mais urgente ao assumir o governo era ajudar os mesmos bancos que haviam criado essa crise", disse. "Eu odiei isso, você odiou isso, mas quando eu concorri à presidência, prometi que não faria apenas o que fosse popular, mas também o que fosse necessário".
O presidente pediu ao Congresso que aprove "sem demora" uma outra lei, anunciada na noite desta quarta-feira, para estimular a criação de empregos, e afirmou que se o projeto apresentado não for forte o suficiente para recuperar o mercado de trabalho - que perdeu sete milhões de empregos nos últimos dois anos - ele o vetará até que o texto esteja de acordo com as necessidades do país.
"Os empregos precisam ser nosso foco número um em 2010", declarou Obama, anunciando que destinará 30 bilhões de dólares do dinheiro devolvido pelos bancos resgatados pelo governo no auge da crise, em 2008, para financiar crédito para as pequenas empresas, incentivando assim a criação de novos postos de trabalho.
Obama disse também que o país precisa dobrar o volume de exportações nos próximos cinco anos, o que abriria cerca de duas milhões de novas vagas. No entanto, entre tantos pedidos feitos ao Congresso, a análise de eventuais novos acordos comerciais não estava entre eles.
Obama só falou de política externa nos últimos minutos de seu discurso, claramente dominado pelas preocupações econômicas do governo, e não entrou em muitos detalhes. Rapidamente, alertou que o Irã enfrentará "crescentes consequências" se insistir em avançar seu programa nuclear.
Além disso, indicou que a Coreia do Norte estava cada vez mais isolada devido à insistência de manter armas nucleares.
Obama pediu à população que apóie as forças dos Estados Unidos no Afeganistão, e destacou que as tropas de combate americanas que ainda estão no Iraque voltarão para casa até o fim de agosto de 2010.
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