quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Brasil fica em 88o. no Ranking de Ensino

E verdade que os dados levantados sao eminentemente quantitativos, o que nao deixa tambem de ser preocupante. Mas o mais importante e que a qualidade do nosso ensino basico tambem e bastante contestavel. Houve um esforco do governo FHC em universalizar o ensino basico, de modo que a proporção de crianças de 7 a 14 anos que freqüentavam a escola passou de 87% para 97%. Tivemos salas de aula cheias, mas e a qualidade do ensino?
Verifica-se que o FUNDEB passou a investir mais no educador, principalmente a partir de 2006, mas os avancos nesta area sao lentos, de modo que levara ainda tempo para termos resultados positivos. Neste aspecto do ensino basico os indices do governo Lula tem deixado a desejar, embora nao se possa deixar de reconhecer o problema cronico da gestao compartilhada da educacao por parte dos Estados e Municipios, e do esforco em aumentar o numero de escolas tecnicas e universidades federais pelo pais.







Do Estadao Online
País fica em 88º em ranking de ensino

Estudo da Unesco, com 128 nações, mostra que Brasil está atrás de Paraguai e Argentina; qualidade é o gargalo

Lisandra Paraguassú
BRASÍLIA
O alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que o Brasil conquistou há dois anos não chegou à educação. O relatório Educação para Todos, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), mostra que a baixa qualidade do ensino nas escolas deixa as crianças para trás. É diretamente responsável por colocar o País na 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), com resultado 0,883 (a nota varia de 0 a 1, sendo 1 a mais alta). O Brasil está atrás de Paraguai, Equador e Bolívia.

Dos quatro dados utilizados pela Unesco, o Brasil vai bem em três e tem resultados acima de 0,900 - o mínimo para ser considerado de alto desenvolvimento educacional. São bons os números de atendimento universal, analfabetismo e igualdade de acesso à escola entre meninos e meninas. Já quando se analisa o índice que calcula quantas crianças que entram na 1ª série do ensino fundamental concluem a 5ª série, o País cai para 0,756, um baixo IDE.

Mais do que isso, a situação piorou. No estudo anterior, com dados de 2005, o índice brasileiro ficou em 0,901. O recente relatório utiliza informações de 2007, ano em que há números comparáveis para os 128 países.

Segundo Nicole Bella, analista de políticas da Unesco em Paris e uma das responsáveis pelo relatório, o Brasil perdeu pontos porque a matrícula caiu de 95,6% em 2005 para 93,5% em 2007 e a taxa de sobrevivência na 5ª série de 80,5% para 75,6% no mesmo período. "A reprovação e a retenção escolar, assim como a qualidade da educação, atrapalham o progresso do País."

O gargalo da 5ª série do ensino fundamental é conhecido. O relatório aponta três fatores que influenciam o resultado das crianças e a permanência na escola: a necessidade de identificar, nos primeiros anos de escolaridade, o quanto a criança está aprendendo e tomar medidas para sanar as dificuldades; ter escolas com um mínimo de infraestrutura física e um bom ambiente escolar; um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas seja de aprendizagem efetiva. Em nenhum deles o Brasil pode servir de exemplo.

Nas rede pública, a média de horas de aula por dia é de 4,5 no ensino fundamental e 4,3 no médio, quando seriam necessárias ao menos 6. Mais de 17,8 mil escolas não têm energia elétrica e só 37% possuem bibliotecas.

Para o presidente executivo do Movimento Todos pela Educação, Mozart Ramos, os dados reforçam que o maior desafio do País é a aprendizagem na educação básica. "Melhorar a qualidade é mais caro do que colocar a criança na escola." Para a educadora Ângela Soligo, da Unicamp, o País "investe demais em avaliação e de menos na melhoria da qualidade".

O Ministério da Educação informou que ainda vai analisar o relatório, mas, inicialmente, considerou os números "estranhos" porque houve a ampliação do ensino fundamental para nove anos e queda na evasão.

Colaborou Carlos Lordelo

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