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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Instabilidade na Venezuela preocupa Brasil, que quer ampliar parcerias para conter a crise
Da Agencia Brasil
Brasília - A crise política, econômica e social na Venezuela é observada com preocupação e cautela pelos negociadores brasileiros. A orientação no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é para que todos os setores se preparem para ampliar o apoio ao país vizinho e assim evitar o agravamento das tensões. O objetivo é conter o risco de desagregação e desmantelamento das instituições no governo do presidente Hugo Chávez.
Analistas internacionais avaliam que, sob pressão, a tendência é de Chávez intensificar sua campanha anti-Estados Unidos na tentativa de reduzir o foco das atenções sobre os problemas internos da Venezuela e buscar responsáveis externos para a crise. Porém, o governo brasileiro evitará conflitos e oficialmente afirmará que as questões do presidente venezuelano são de ordem interna.
Na última semana, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimermann, e o assessor especial para Asuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, seguiram para para Caracas na tentativa de ajudar o governo Chávez no setor energético. Antes, especialistas no assunto foram enviados à Venezuela. Paralelamente, o governo brasileiro amplia os estudos para mais parcerias nas áreas de pesquisas agrícolas, execução de projetos de casas populares e engenharia estratégica – como a fabricação de alumínio.
Para os observadores brasileiros, Chávez deve conter o agravamento da crise pelo menos no campo político. Segundo eles, isso deve ocorrer porque o governo venezuelano não sofre ameaças de uma oposição no Congresso Nacional ou nos estados e prefeituras. Porém, os negociadores advertem: é fundamental barrar o problema do desabastecimento no país.
Sem energia, água e com falta de alguns alimentos nos supermercados, a população é levada à revolta, afirmam os observadores brasileiros. A crise econômica foi gerada, segundo os negociadores, porque em 2002 Chávez não iniciou um processo de industrialização de base no país. O presidente optou em concentrar os investimentos no petróleo e derivados. Mas foi surpreendido com a baixa dos preços.
Para as autoridades venezuelanas, é mais viável importar do que produzir baseado no déficit na oferta de alimentos e de outros bens e serviços. Só na relação com o Brasil o governo Chávez tem um saldo de mais US$ 3 milhões – favoráveis aos brasileiros. Mas com a redução do preço do barril de petróleo no mercado, a política econômica adotada por Chávez se viu fragilizada.
Chávez foi obrigado a anunciar planos de racionamento de energia, principalmente nas grandes cidades, como Caracas e Mérica, e os venezuelanos se queixam da falta de mercadorias básicas, como leite e manteiga nas prateleiras.
Associado a isso, Chávez sofre com a permanente substituição de assessores diretos em cargos-chave. Só na última semana foram três baixas – o vice-presidente que acumulava a função de ministro da Defesa, a titular do Meio Ambiente e o presidente do Banco Central. A permanente troca de nomes leva à descontinuidade de atividades e o aumento da burocracia, afirmam os negociadores brasileiros.
Os observadores brasileiros afirmam que o clima de instabilidade no governo de Chávez costuma ter uma certa frequência. O momento considerado mais crítico, segundo os analistas, foi em abril de 2002. Na ocasião houve uma tentativa de golpe do Estado quando o presidente foi retirado do palácio do governo e levado preso para uma ilha. Depois, ele conseguiu retornar a Caracas acompanhado por uma multidão de seguidores.
A tentativa de golpe, organizada por militares de alta patente e empresários, foi causada pela decisão de Chávez de substituir o comando da PDVSA – que é a estatal venezuelana responsável pela exploração, produção e comercialização de petróleo, principal produto da balança comercial venezuelana.
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