sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ADM segue os concorrentes e prepara-se para fazer aquisições no Brasil

Do Ultimo Segundo


A ADM, sigla para Archer Daniels Midland, empresa americana com sede em Saint Louise e maior fabricante de etanol do mundo, decidiu reforçar sua posição no Brasil. Está avaliando usinas para fazer a primeira aquisição no país.

A nova estratégia leva em consideração as mudanças no mercado de etanol, que favorecem o combustível à base de cana-de-açúcar, e o avanço dos concorrentes Bunge e Louis Dreyfus, que se estabeleceram na produção do biocombustível com compra de usinas. “A ADM tinha optado por construir usinas e operar em parceria com quem entende a lógica do mercado brasileiro”, diz uma fonte do setor de açúcar e de álcool. “Mas agora está procurando usinas para comprar porque percebeu que é a melhor maneira de crescer nesse setor no Brasil.”
Desde novembro de 2008, a ADM é sócia do Grupo Cabrera, do ex-ministro da agricultura Antônio Cabrera, na criação de dois complexos canavieiros. Os projetos incluem o cultivo de terras, a construção de duas usinas e a implantação da logística de comercialização. As usinas localizam-se em Limeira do Oeste, no Estado de Minas Gerais, e em Jataí, Goiás.
Enquanto a ADM investiu tempo e dinheiro para erguer usinas do zero, seus concorrentes na área do agronegócio fizeram importantes movimentos de aquisição que lhes deram vantagem na produção. A Bunge comprou o grupo Moema, que incluiu o controle da usina Moema e participações em cinco outras unidades. A Dreyfus, por sua vez, adquiriu a Santa Elisa Vale, grupo com 13 usinas, o que a colocou no posto de segunda maior empresa do setor, atrás apenas da Cosan.
A decisão de ir às compras no Brasil reforça os planos de Patricia Woertz, presidente da ADM. Em visita ao país em agosto de 2008, Patrícia confirmou a intenção de investir no etanol de cana, sem deixar claro como, quanto e quando. Por diferentes razões, o momento seria agora.
Efeito Shell
Apesar de a mudança de rumo da ADM ter sido definida antes da parceria entre a Shell e Cosan, divulgada na segunda-feira, quem avalia o mercado de energia acredita que a entrada de uma petroleira tende a reforçar os planos de todas as empresas interessadas em melhorar a posição na produção de etanol de cana.
Segundo analistas do mercado de energia, a Shell terá o poder de influenciar a abertura de mercados para o etanol brasileiro em países estratégicos, como o Estados Unidos – e Patrícia, presidente da ADM, conhece o poder de convencimento das companhias de petróleo.
Antes de assumir o comando da ADM, foi executiva da americana Chevron, umas das maiores indústrias de petróleo do mundo. Poucos executivos do agronegócio têm tanto conhecimento do mercado de combustíveis quanto ela.
Em defesa do milho americano
Dois fatores adiaram investimentos mais expressivos da ADM no Brasil. O primeiro deles foi o custo político da medida. “A ADM é líder na produção de etanol a base de milho”, diz uma fonte do setor. “Trata os fazendeiros como parceiros e contribui com a campanha de deputados e senadores que defendem os interesses dos produtores no congresso americano.” Nesse contexto, investir em usinas a base de cana-de-açúcar em um país com o Brasil poderia prejudicar sua relação com  seus principais fornecedores.
Havia também a posição do governo americano, que apesar de pregar o uso de combustíveis limpos, não assumia medidas efetivas a seu favor. No último ano, os planos de investir de maneira mais agressiva no mercado brasileiro ainda foram atropelados pela crise financeira internacional, que fez o preço do petróleo cair e a demanda por biocombustíveis, arrefecer. Procurada pelo iG por meio de sua assessoria de imprensa para falar sobre as estratégias no Brasil, a ADM não retornou até a publicação desta matéria.

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