Enquanto o palanque de Dilma Rousseff já está armando há muito tempo, Serra insiste em definir sua candidatura para o final de março e início de abril. Com isto deixa incertezas na oposição em alguns Estados e torna frágil a formação de alianças importantes na formação de candidaturas oposicionistas que têm como escopo principal a engenharia política formada pela cadeia de cargos que envolve o projeto da Presidência da República, e passa pelo Congresso Nacional e pelas câmaras legislativas. A angústia dos líderes é que não podem botar o bloco na rua além de verem a candidata do governo crescer cada vez mais nas pesquisas. Um dos mais ferrenhos críticos desta postura é o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, que faz oposição ao governo Lula e que tenta erguer um palanque oposicionista no seu Estado com alguma chance de enfrentar um aliado importante do Presidente, o governador Eduardo Campos. Recente fato ocorrido sobre uma reunião com o possível candidato à sucessão presidencial, Jarbas tornou pública toda a sua irritação. O texto e do Josias de Souza.
Da Folha On line
Por Josias de Souza
Jarbas se irrita com Serra e desiste de reunião em SP
Há sete dias, pelo telefone, Jarbas Vasconcelos e José Serra pré-agendaram uma reunião. Ocorreria nesta semana, em São Paulo. Não vai mais acontecer.
Irritado com Serra, um ‘quase-talvez-provável-futuro’ presidenciável do PSDB, Jarbas desistiu do encontro. Perdeu o interesse.
Conversariam sobre a montagem de um palanque oposicionista para Serra em Pernambuco, sob o comando de Jarbas, dissidente do PMDB.
Ao tomar conhecimento, pelos jornais, de que Serra se mantém aferrado à idéia de só virar candidato no início de abril, Jarbas decidiu imitá-lo.
Adiou, também ele, a decisão sobre sua candidatura ao governo pernambucano. Só vai se definir depois que Serra sair do armário.
Caprichoso, Jarbas optou por levar sua decisão ao conhecimento de Serra pela mesma via utilizada pelo tucanato: os jornais. Mandou distribuir uma nota. No texto, escreve:
“Não faz mais sentido me reunir, neste momento, com o governador para tratar do palanque dos partidos de oposição em Pernambuco”.
Por quê? “A prioridade escolhida por Serra é justamente a conclusão a contento da sua passagem pelo governo de São Paulo”.
Portanto, “vou aguardar a desincompatibilização e posterior lançamento da candidatura do governador Serra à Presidência da República”.
Algo “que deve ocorrer no início do próximo mês de abril, conforme também informou à imprensa o senador Sérgio Guerra”, presidente do PSDB.
A menção à entrevista de Guerra não foi gratuita. Jarbas estranhara o fato de não ter merecido do amigo, pernambucano como ele, a gentileza de um telefonema.
Na noite passada, informado acerca do teor da nota de Jarbas, Serra mandou a secretária tocar o telefone para o senador.
Jarbas participava de uma reunião na Comissão de Justiça do Senado. De volta ao gabinete, soube que Serra o procurara. Optou por não ligar de volta. Aguardava pelo telefonema de Serra havia seis dias.
Na última conversa, ocorrida na quinta-feira (4) da semana passada, Serra ficara de ligar no dia seguinte. Informaria dia e hora da reunião.
Não ligou na sexta. Nada no final de semana. Na segunda, nem sinal. Tampouco na terça. Só ligaria na quarta, assim mesmo depois da divulgação nota.
Para Jarbas, Serra erra ao adiar o anúncio da candidatura num instante em que a rival Dilma Rousseff achega-se a ele nas pesquisas.
Dissera o que pensa ao próprio Serra. Depois, publicamente. A despeito de tudo, Jarbas admite meter-se numa eleição que não precisaria disputar.
Senador até 2014, não tinha o mais remoto interesse em concorrer à cadeira de governador de Pernambuco, que já ocupou por dois mandatos.
A pedido de Serra, deve ir às urnas a contragosto, conectado ao "projeto nacional". Considera merecedor de um pingo de consideração. Daí a sua irritação.
Em privado, Jarbas desabafou com um amigo: “Não preciso do Serra pra nada!” Talvez devolva a ligação do governador nesta quinta (11). Na noite passada, a pressa já lhe fugira.
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