quinta-feira, 10 de junho de 2010

O "Pibão" Brasileiro e a Cultura do Subdesenvolvimento

Nos últimos dias, após a divulgação do "pibão" brasileiro crescendo à taxa chinesa de 9,3% (ainda que em cima de uma base de comparação fraca), vimos muitos jornalistas e economistas afirmarem que o Brasil não tolera esse ritmo de crescimento. Entre os muitos "temores" estariam a falta de poupança e de investimentos internos (?!?!). Ora, mas segundo dados obtidos na página do IBGE, foi justamente o contrário o que aconteceu: há informação de que a poupança interna aumentou, bem como a taxa de investimentos no Brasil. Aí o Sardemberg (lá da CBN) sai com esta:

"Não é bom e não é um problema só brasileiro. O país quando ele cresce além das suas possibilidades o que acontece? Começa a faltar estrada, começa a faltar porto, começa a entupir os aeroportos, começa a faltar mão de obra, começa a faltar matéria prima, etc. O correto para os bancos centrais, para os governos é não deixar a coisa estourar nesse ponto, é tomar medidas preventivas quando a economia ameaça crescer mais do que pode, que é o caso do Brasil e até o caso da China, que está crescendo mais do que pode lá no esquema deles, né?"

Profundo! Lembra um pouco a lógica de que só se deve distribuir renda depois que o bolo cresce. Existe sim problemas de infra-estrutura, capacitação de mão-de-obra, transportes, energia, comunicações, pesquisa tecnológica, etc. Mas, ao invés de se pensar que isto tem que ser resolvido primeiro para que se possa crescer a taxas mais robustas, creio que o mais correto é enxergar em tais deficiências oportunidades para novos empreendimentos que venham a alavancar de vez a economia do país. A relação tem que ser de paridade e não de sucessividade. Com toda a prudência não se pode permitir que uma política de juros elevados venha a prejudicar o crescimento do Brasil. A não ser que se dê prioridade apenas aos rentistas, o que seria um verdadeiro absurdo!

Essa linha de raciocínio (a do medo do pibão), lembra também aquela que, após trazermos a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, nos dizia: o Brasil é um país de corruptos, não seremos capazes de realizar tais eventos! Oras, só seremos capazes de realizá-los se acabarmos com a corrupção? E não há corrupção em outros países que já realizaram copas ou olimpíadas? Devemos sim combatê-la, refreá-la, controlá-la. Mas isto não pode nos impedir de realizar sonhos, de darmos passos cada vez mais largos no caminho de um país mais justo e mais desenvolvido.

Esse fenômeno interessante é bem analisado pelo Samuel Pinheiro Guimarães (Ministro Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos) num longo mas profundo texto publicado na Carta Maior, que revela que metas de crescimento (sem se descuidar da inflação) devem ser almejadas como forma de tirar o Brasil da esfera do subdesenvolvimento.

Samuel Pinheiro Guimarães: Crescer a 7%
Do site da Carta Maior

Se o objetivo central da sociedade brasileira for vencer o subdesenvolvimento, a economia terá de crescer a taxas mais elevadas do que as que têm ocorrido no passado recente, enquanto que as políticas de distribuição de renda terão de ser mais vigorosas para incorporar ao sistema econômico e social moderno as imensas massas que se encontram em situação de grave pobreza: cerca de 60 milhões de brasileiros. caso se deseje manter o Brasil como país pobre e subdesenvolvido, basta crescer a taxas modestas, obedecendo a todas as metas e a supostos potenciais máximos de crescimento, e, assim, lograr manter a economia estável porém miserável. O artigo é de Samuel Pinheiro Guimarães.

Um comentário:

  1. Pois é maguinho, acontece que a perda (cada vez maior) de credibilidade por parte do PIG (basta analisar o texto "Velha mídia, nova mídia: a queda do império global") aliada à situação cada vez mais estável do povo brasileiro leva a certeza de que, na hora do voto, a ideologia não vai pesar muito. O que vai fazer a diferença é a mudança de vida que muitos brasileiros vem sentido (principalmente no bolso).

    DÁ UMA LIDA. TRATA-SE DE DADOS ESTATÍSTICOS E NÃO DE MERA OPINIÃO.

    O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano de 2010, comparado com igual período do ano passado, foi de 9%, segundo foi anunciado essa semana. No artigo “Eleições presidenciais 2010: ruptura ou consolidação do pacto social”, publicado pela revista “Em Debate” da UFMG, o cientista político Ricardo Guedes Ferreira Pinto, do instituto de pesquisas Sensus, lembra que, de 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), até agora, as reservas internacionais pularam de US$ 35 bilhões para US$ 240 bilhões; o salário mínimo, de US$ 80 para US$ 280; o índice Gini caiu de 0,58 para 0,52 (quando mais próximo de zero, maior a igualdade); 30 milhões de pessoas das classes mais pobres ascenderam à classe média; 10,6 milhões mudaram de favelas. O PIB saiu de um patamar de US$ 500 bilhões para US$ 1,5 trilhão. Há uma forte identificação desses dados sociais e econômicos positivos com o governo Lula. Diz Guedes, citando pesquisa Sensus de maio, que 57% dos brasileiros acham que esses benefícios foram gerados pelo governo petista e apenas 17% consideram que eles vêm do governo de Fernando Henrique Cardoso.

    Não há como Zé Alagão ganhar. Vão ser derrotados ele, o PIG e toda essa gente aproveitadora e manipuladora que torce contra o Brasil.

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