quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Crise Européia e uma Lembrança Distante

Quem viveu as décadas de 80 e 90 presenciou o Brasil sofrer com diversas crises financeiras e ir bater às portas do FMI. Tínhamos ódio daqueles senhores e senhoras que vinham ao país expor as condições de empréstimos - era como se a nossa soberania não valesse de nada. Fazíamos isto porque as contas públicas do país jamais fechavam e por isto nos endividávamos, buscando em organismos internacionais como o FMI ou instituições que formavam o Clube de Paris os subsídios necessários. Vivemos o período sob o signo do arrocho fiscal e da hiperinflação. Trocamos de moedas várias vezes e ainda por cima tivemos que reaprender a viver num regime democrático com todos os vícios trazidos de um longo período ditatorial. Com a tríade de governos Itamar-FHC-Lula, começamos a sair do fundo do poço, tendo sido necessário mais de vinte anos. O Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a valorização do salário mínimo, a orfeta de crédito, as políticas de inclusão social, o aumento do mercado interno e a diversificação dos parceiros comerciais, entre tantas outras medidas, transformaram o Brasil num país melhor. Agora vemos nossos irmãos europeus sofrerem com essas mesmas agruras, como no caso da Grécia e Irlanda, e ainda em menor grau, Portugal e Espanha. Passamos por situações semelhantes e sabemos quanto sofrimento esses ajustes trazem para a população. Só que agora estamos numa fase diferente, que nos permite olhar para o passado e contemplarmos esses fatos como uma lembrança distante, e que, Deus queira, jamais voltará. A seguir um excerto do Financial Times sobre a dívida da zona do euro e os temores que envolvem os mercados internacionais.

Temores da dívida da zona do euro se aprofundam
Do Financial Times
via Portal UOL.



David Oakley, Victor Mallet e Michael Mackenzie*
Em Londres (Reino Unido), Madri (Espanha) e Nova York (EUA)
Os mercados globais caíram nesta terça-feira (04) com o crescimento dos temores de que a crise da dívida da zona do euro está se aprofundando, assim como com as preocupações com a saúde da economia chinesa.
Uma grande venda de papéis nos mercados asiáticos, acelerada na Europa e nos Estados Unidos, ocorreu devido à maior preocupação de que o pacote internacional de resgate à Grécia, no valor de 110 bilhões de euros, não seria suficiente para impedir o contágio a outros mercados de dívida da zona do euro.
O euro caiu ao ponto mais baixo em um ano frente ao dólar, as ações europeias caíram para o ponto mais baixo em dois meses, enquanto os mercados de títulos das economias mais fracas da zona do euro caíram, à medida que investidores preocupados buscavam vender.

Nick Chamie, estrategista da RBC Capital Markets, disse: “É uma grande venda. Está ocorrendo por todo o globo e quase em todas as classes de ativos”.
O índice Vix, um termômetro da volatilidade do mercado de equity, atingiu seu nível mais alto em 11 semanas, diante da conversa de que a Espanha estava buscando empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) por causa da deterioração de suas finanças públicas.
José Luis Rodríguez Zapatero, o primeiro-ministro espanhol, negou furiosamente as sugestões de que a Espanha estava negociando um empréstimo de 280 bilhões de euros junto ao FMI como “insanidade completa”. O FMI também negou a negociação.
Falando de Bruxelas, Zapatero disse que era “simplesmente intolerável” que rumores como esse causem danos aos interesses da Espanha e possam aumentar o custo da tomada de dinheiro pelo Estado, por meio da emissão de títulos.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/fintimes/2010/05/05/temores-da-divida-da-zona-do-euro-se-aprofundam.jhtm

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