Mídia e negocio. Jornalismo e, antes de tudo, negocio. Esses aforismos, em muitos casos, suplantam os preceitos de ética e moral que deveriam nortear o oficio de bem informar. Ocorre que interesses outros passaram a nortear tal função, sejam eles políticos, sejam econômicos. Alguns fatos sintomáticos: Ano passado a presidente da ANJ afirmou com todas as letras que, na falta de uma oposição forte, os jornais deveriam fazer as vezes da casa. Um pouco mais anteriormente, uma tentativa de golpe na Venezuela teve o apoio de grandes veículos de comunicação. Assim como o golpe de Honduras foi considerado por aqui como algo juridicamente correto, não faltando quem justificasse a legitimidade do ato em face da proximidade do Manuel Zelaya com o Hugo Chavez. Agora explode o escândalo do “The News of the World” do magnata das comunicações Rupert Murdoch, envolvendo chantagens e escutas ilegais.
Sabemos que não há inocentes em tudo isto. De fato, muitos paises adotam medidas de fiscalização e – suprema heresia aqui no Brasil –, controle da comunicação social. Esse fato do “The News of the World” tem levantado muitas criticas a OFCOM (Office of Comunications), que e um órgão de composição mista, formado também por membros da sociedade civil e funcionários públicos indicados pelo Estado britânico. La também existe a Press Complaints Commission (comissão de queixas sobre a imprensa), órgão formado pelos próprios jornais para se autorregular. Em Portugal e França temos a ERC e a CSA respectivamente. Na Argentina temos a Ley dos Médios e outros países também têm se empenhado em discutir com a sociedade civil uma forma de democratizar e fiscalizar as comunicações fazendo frente ao poder dos grupos de comunicação que se agigantaram – como o do Murdoch –, capazes de imporem seus interesses acima dos da sociedade. Alguém ouviu a Globo falar mal do Ricardo Teixeira no escândalo da venda de votos na FIFA? Na realidade a emissora teve a cara de pau de afirmar que a própria FIFA teria inocentado o gestor da CBF.
E bom ressaltar que toda vez que se fala em controle social dos meios de comunicação aqui no Brasil, convenientemente, os grande veículos se abespinham e partem para o contra-ataque, acusando a iniciativa de censura ou tentativa de cerceamento da liberdade de expressão. Será que na Inglaterra, França, Portugal e outros paises existe esta censura ou cerceamento?
Por fim, cito o Paulo Moreira Leite, que publicou no seu blog um excelente texto intitulado “A herança que chegou a todos nós”, e que afirmou:
"(...) Felizmente, não é em todo lugar que os repórteres contratam empresas de investigação para promover escutas telefônicas e bisbilhotar a saúde de crianças.
Nem todos os governos se curvam diante dos senhores da mídia de seus respectivos países.
Seria igualmente errado dizer que todas as empresas de comunicação aplicam os mesmos métodos e exibem a mesma falta de escrúpulos.
Mas é difícil negar que há um pouco de Robert Murdoch no pior do que a imprensa mundial exibe hoje, concorda?”