segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Padrão Veja de Jornalismo e a Estratégia do Denuncismo

De há muito que a revista Veja tornou-se sinônimo de mal jornalismo para uma grande parcela da sociedade brasileira. De fato esta noção se deu, principalmente, após a cristalização da internet, hoje considerada a melhor opção para quem quer buscar informação de qualidade. Considero o Caso Veja do jornalista Luis Nassif o ponto de inflexão para se entender como funciona este tipo de mídia. A par dessas constatações é importante salientar que todo e qualquer órgão de imprensa tem direito a se posicionar no que se refere à sua opção política. O que não dá para aceitar é o jornalismo proselitista, que omite o maqueia informações, que apela para a desonestidade intelctual para impor suas escolhas amparadas nos interesses imediatos dos negócios, e que mistura notícia com opinião. Este caso da Ministra da Casa Civil é exemplar para que possamos entender como funciona este comportamento da velha mídia e os grupos políticos de poder e como a credibilidade de um órgão de imprensa pode ser prejudicada. O texto a seguir, do Alberto Dines no Observatório da Imprensa é bastante equilibrado e elucidativo sobre o tema.


CASO ERENICE GUERRA
O método Veja de jornalismo
Por Alberto Dines em 13/9/2010

Comentário para o programa radiofônico do OI, 13/9/2010
A revista Veja desenvolveu ultimamente um tipo de reportagem denuncista apoiada em misteriosos vazamentos, ilações, e não em investigações. Optou pelo gênero de jornalismo de cruzada (cruzading journalism), adjetivado, politizado, claramente engajado. Seus críticos sentem-se livres para reciprocar no mesmo tom, desconsiderando liminarmente o teor e a importância do que está sendo publicado.
A mais recente revelação do semanário, no último fim de semana, contém os velhos vícios e o mesmo estilo panfletário dos últimos tempos. Porém, algumas das suas revelações parecem consistentes: Israel Guerra, filho da atual ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, envolveu-se num esquema de favorecimentos em altas esferas da administração federal, especialmente nos Correios, em troca de "taxas de sucesso" (success fee), por intermédio de uma empresa de consultoria que tem o irmão como sócio.
Isto não significa que Erenice Guerra esteja implicada no esquema, embora tenha admitido que poderia ter encontrado os denunciantes-favorecidos em casa de familiares. E o fato de a ministra da Casa Civil ser amiga e ex-auxiliar da antecessora, a candidata Dilma Rousseff, não justifica sob hipótese alguma a menção do seu nome num ilícito praticado à sua revelia.
Contorcionismo editorial Veja também errou quando avisou que possuía a gravação dos depoimentos incriminadores, mas não os disponibilizou imediatamente em seu site.
Ficou claro também o acionamento do tradicional pool da grande imprensa: a manchete da Folha de S.Paulo no domingo (12/9) com desdobramentos das denúncias originais envolvendo além dos Correios, também a ANAC, evidencia que o jornal começou a investigar o assunto pelo menos um dia antes de a revista ir para as bancas.
A manchete da primeira página da Folha no domingo é uma exibição de contorcionismo para implicar a candidata do PT – "Filho do braço direito de Dilma atua como lobista".
Estado de S.Paulo e Globo também tiveram acesso prévio às investigações de Veja, mas certamente vão intervir no decorrer da semana.



http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=606IMQ022

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